Mostrar mensagens com a etiqueta DIÁSPORA. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta DIÁSPORA. Mostrar todas as mensagens

domingo, 17 de novembro de 2024

O REGRESSO DE TRUMP E O VOTO DISPUTADO DOS JUDEUS

 Com o seu movimento MAGA (Make America Great Again), Donald Trump foi eleito o 47º presidente dos Estados Unidos em 6 de novembro de 2024, derrotando a vice-presidenta Kamala Harris por 53 votos eleitorais.


Ele tornou-se o segundo presidente na história dos EUA eleito para mandatos nom consecutivos depois do ex-presidente Grover Cleveland (reeleito em 1893). Ele também foi projetado para se tornar o primeiro republicano em duas décadas a garantir o voto popular nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Os Republicanos do Movimento MAGA ganharam o controlo da Casa Branca, Senado e Câmara dos Representantes (e contam com maioria 6-3 no Supremo Tribunal)

A recente eleiçom americana trouxe à tona algumhas reflexões sobre o voto da comunidade judaica dos Estados Unidos. 


A comunidade judaica americana tem umha longa tradiçom de apoio ao Partido Democrata. Segundo a Jewish Virtual Library, Trump obteve 30% dos votos judaicos em 2020 e 24% dos votos judaicos em 2016. Perante as eleições de 2024 os inquéritos apontavam para um novo alinhamento no voto judaico, atingindo o voto no MAGA por volta de 40%.


Trump, Israel e os Judeus

Durante a campanha Donald Trump lançou mensagens muito fortes para aliciar o voto da comunidade judaica:

> “Israel deve atacar as instalações nucleares do Irão. Essa é a maior ameaça que temos. Ataque as instalações nucleares e preocupe-se com o resto mais tarde.”

> "Apoiarei o direito de Israel de vencer a sua guerra contra o terrorismo. Deve ser apoiado. Deve ser vencido. Deve acabar. E em vez de agradar aos simpatizantes da jihad e aos radicais que odeiam a América, iremos deportá-los. Iremos deportá-los muito rapidamente. Nom temos outra opçom".

> “Na minha primeira semana de regresso ao Salom Oval, a minha administraçom informará todos os reitores que, se nom acabarem com a propaganda antissemita, perderão a sua acreditaçom e o apoio dos contribuintes federais.”

> “Nom subsidiaremos a criaçom de simpatizantes do terrorismo e certamente nom o faremos em solo americano. Em seguida, informarei todas as instituições de ensino do nosso país que, se permitirem violência, assédio ou ameaças contra os alunos judeus, as escolas serão responsabilizadas por violações da lei dos direitos civis.” 

O candidato Trump tentou aliciar o voto judaico 

Antes das eleições um inquérito do centro de estudos Manhattan Institute assinalava que Kamala Harris iria receber a maior parte dos votos judeus (+36% a respeito de Trump). Segundo o estudo, apesar da tradicional identidade democrata, os Judeus estavam a manifestar mais inquietaçom polo crescente antissemitismo no Partido Democrata que dentro do Partido Republicano, assinalando que a "segurança, Israel e o antissemitismo" eram os tópicos mais fracos de Harris comparada com Trump. "É provável que muitos judeus se incomodem com a tolerância dos democratas face as vozes que criticam Israel em termos extremos, como qualificar o Estado judeu de genocida", o que se evidencia polo facto de 95% dos Judeus apoiarem Israel.

Segundo a sondagem, Kamala Harris contaria com apoio maioritário dos filiados e nom confessionais (+45%), seguida polos votantes judeus conservadores (+14%) enquanto os judeus ortodoxos seriam favoráveis a Trump em +18%.

Assim sendo, num evento de campanha Trump zombou das sondagens que mostravam que os democratas ganhavam o voto judaico por 60%, o que ele atribuiu ao facto de o Partido Democrata amaldiçoar os judeus. “40% nom é aceitável porque temos umha eleiçom para ganhar”, disse Trump.

> “Estive lá quatro anos, dei-lhes milhares de milhões de dólares. Fui o melhor amigo que Israel já teve, e ainda em 2020, agora, fiz todas estas cousas, por isso agora o povo judeu nom tem desculpa”.

> “Infelizmente, e tenho de dizer isto, e custa-me dizer isto, ainda vai votar nos democratas e isso nom faz sentido” 

> “Digo a toda a hora que qualquer judeu que vote nela, especialmente agora, nela ou no Partido Democrata, deve examinar a cabeça.”

Trump nom concebe a ligaçom dos judeus americanos aos valores democratas 

A maioria dos Judeus norte-americanos votou nos democratas

Por todo isto, esperava-se que o pleito de 2024 registasse um aumento de votos dos Judeus para o Trump. Porém, a maioria dos Judeus americanos ainda escolheu maioritariamente o Partido Democrata e a Vice-Presidenta Kamala Harris.

Se bem que algumhas sondagens à boca de urna apontavam para umha maioria esmagadora do voto judaico no Partido Democrata, outros inquéritos pós-eleitorais e fontes sugerem um aumento de votos para Trump, o que colocaria umha mudança significativa que levanta muitas questões. 

> Sondagens à boca de urna

CNN

78% de Judeus votaram no Partido Democrata contra 22% no Trump.

88% das mulheres judias apoiaram Kamala Harris contra 12%

71% dos homens judeus apoiaram Kamala Harris contra 19%


NBC News

79% de Judeus norte-americanos votaram no Partido Democrata contra 21% em Trump.


> Sondagens pós-eleitorais

7/11/2024: GBAO Strategies para J-Street (mostra de 800 eleitores judeus) 

71% de Judeus votaram em Harris contra 26% no Trump

75% de Judeus votaram em Harris na Pensilvânia contra 23% no Trump apesar das reivindicações e de um investimento republicano significativo no estado.

8/11/2024: Inquérito da Fox News

66% de Judeus votaram em Harris contra 32% em Trump

15/11/2024: Instituto Eleitoral Judaico/Mellman (mostra de 1.093 eleitores judeus)

71% de Judeus votaram em Harris contra 26% no Trump

Entre os eleitores ortodoxos Trump teria obtido 74% contra 22% de Harris.

48% de todos os eleitores judeus disseram que Trump apoiará mais Israel do que Biden.

De acordo com a sondagem, Trump teve um melhor desempenho entre os eleitores judeus que pensavam que Harris apoiaria menos Israel do que Biden.

Kamala Harris recebeu em 2024 o apoio maioritário dos Judeus norte-americanos

No dia 8 de novembro o JDCA (Conselho Democrata Judaico da América) divulgou umha declaraçom política afirmando que a maioria esmagadora do voto judaico foi para os democratas.

Esta semana foi penosa. Ao lado de muitos de vós, colocámos o nosso coraçom nestas eleições e os resultados são devastadores. Mas nem tudo estava perdido. A JDCA realizou um trabalho notável –garantimos que o voto judaico nom influenciava Trump ou os republicanos– e estamos a aprender com as derrotas e a saborear as vitórias.

À medida que analisamos os dados eleitorais e consideramos o que correu bem e o que correu mal, umha cousa é certa: o voto judaico manteve-se forte para Kamala Harris e os Democratas. Na verdade, o voto judaico representou um dos poucos segmentos do eleitorado onde Donald Trump nom conseguiu fazer incursões significativas, apesar dumha campanha sem precedentes de gastos do Partido Republicano, desinformaçom e outros esforços dirigidos aos Judeus americanos.

Os Judeus americanos votaram esmagadoramente nos democratas. Os números simplesmente nom eram suficientemente próximos para alterar o resultado das eleições presidenciais. 

Há muitas sondagens à saída que demonstram elevadas percentagens de eleitores judeus a apoiar Kamala Harris –esta sondagem à saída da CNN/Edison indica que 78% dos eleitores judeus apoiaram Kamala Harris, enquanto 22% apoiaram Donald Trump. De acordo com esta sondagem, 88% das mulheres judias e 71% dos homens judeus apoiaram Kamala Harris em vez de Trump.

A sondagem metodologicamente mais sólida sobre o voto dos judeus, ponderada de acordo com os padrões da Pew Polling para os eleitores judeus e conduzida pola sondagem da GBAO em nome da J Street, indica que 71% dos eleitores judeus apoiaram Kamala Harris e 26% apoiaram Donald Trump (75% contra 23% na Pensilvânia). Isto é consistente com a sondagem de outubro da JDCA, que indicava que mais de sete em cada dez eleitores judeus apoiariam Harris – graças aos nossos esforços, assim o fizeram.

Numha mensagem encaminhada à comunidade judaica: O nosso trabalho nom termina com esta eleiçom. A segurança dos judeus americanos depende da segurança da democracia americana e vamos continuar a lutar por ela. Para juntar-se a nós e apoiar a JDCA hoje, considere investir ou aprofundar o seu investimento– nos nossos esforços contínuos.


Os Judeus são culpados

Perante a tentativa de tornar retroativamente o Estado Judeu como bode expiatório para a derrota democrata (referida num artigo publicado polo NYT) o filósofo Bernard Henri-Levy referiu que "a verdade é que os EUA estão a tornar-se num país onde os Judeus estão protegidos, mas com condições. Para uns, com a condiçom de votarem nos republicanos. Para outros, na condiçom de votarem nos democratas (ou, polo menos, de se distanciarem de Israel). Mas a ideia de apoio incondicional está gradualmente a desaparecer do cenário ideológico". Porém, foram eleitos até 318 candidatos sionistas apoiados polo comité de açom política pro-Israel (AIPAC).

Para a Stop Antisemitism foram os radicais antissemitas e anti-americanos que custaram aos democratas tanto a Pensilvânia como a Casa Branca. Em vez de EVITAR estes radicais e escolher um orgulhoso governador judeu com uma taxa de aprovaçom de 50% como o seu companheiro de candidatura, Harris envolveu-se com os radicais, agradou-os, abraçou-os e, finalmente, Harris perdeu com eles.


O voto dos Judeus de Nova Iorque

A cidade de Nova Iorque alberga a maior comunidade judaica do mundo fora de Israel (960.000) e tem hoje o segundo maior número de Judeus numha área metropolitana (1.372.000), atrás de Telavive, em Israel.

Quase 1,4 milhões de pessoas na área da Grande Nova Iorque foram identificadas como judias em 2023, de acordo com um estudo da Federaçom de Nova Iorque da UJA, abrangendo os cinco distritos da cidade de Nova Iorque (Manhattan, Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island), bem como os condados de Nassau, Suffolk e Westchester.

Um em cada dous Judeus da Cidade de Nova Iorque mora no distrito de Brooklyn (48,1%), seguido por Manhattan (28,9%) e Queens (15,6%).

Há quase tantos Judeus neste momento em Brooklyn (462.000) do que em qualquer outro lugar do mundo, incluindo a cidade de Telavive (423.755). Os Judeus constituem 16,9% da populaçom do distrito, localizando-se os principais centros em Crown Heights, Boro Park e Williamsburg

Em Manhattan a comunidade judaica representa 16,3% da populaçom do distrito e localiza-se especialmente na área que circunda Central Park, nos bairros do Upper East Side e Upper West Side.

Quase metade (47%) dos Judeus de Nova Iorque nom se identificaram com nengumha denominaçom religiosa judaica, cerca de 20% identificaram-se com o movimento reformista, 19% disseram que eram ortodoxos e 15% consideraram-se judeus conservadores.

Nas eleições de 5 de novembro a comunidade judaica de Nova Iorque votou maioritariamente nos democratas, contribuindo para as elevadas percentagens atingidas pola candidatura de Harris em 4 dos 5 distritos da cidade: Manhattan (80,8%), Bronx (72,7%), Brooklyn (71,6%) e Queens (62%). Todavia, no distrito de Staten Island foi Trump que ganhou com os 65,4% contra 34,6%. 

Fonte: Election Atlas NYC

Harris | Trump

Nos bairros de Manhattan com notável presença judaica registou-se um voto maciço em Harris:

Distrito de Manhattan (ver dados):

> Harlem (87,4%) 

> Lower East Side (76,8%)

> The Upper West Side (86,7%)

> The Upper East Side (75,6%)

> Washington Heights (74,1%)

> Inwood (65,6%)

> Lower Manhattan (80,8%)


No entanto, umha sondagem pré-eleitoral da Fox News alertava que essa maioria do voto judaico para Harris produzir-se-ia numha margem mais apertada (56%-43%). Essa tendência confirmar-se-ia nos resultados nos distintos bairros de Brooklyn com presença judaica.

Distrito de Brooklyn (ver dados):

> Borough Park (90%)

> Flatbush (87%) / Midwood (72%) / Kensington (63%)

> Williamsburg (80%) / South Williambsburg (76%)

> Coney Island (59%) / Brighton Beach (72%) / Sheepshead Bay (64%)

> Bensonhurst (61%) / Gravesand (67%) / Bay Ridge (54%)

> Kings Bay / Madison (70%)

> Canarsie (92%) / Mill Basin (64%)

> Crown Heights (81%)

> Brownstone (89%)

Áreas judaicas e resultados das eleições presidenciais no distrito de Brooklyn 


O rabi e politólogo Uriel Romano descreve este processo nos seguintes termos:  "a minha comunidade acho que é um bom exemplo da evoluçom do voto judaico, pois vinte ou trinta anos atrás teria sido 90% democrata. Porém, a 5 de novembro a votaçom caiu para 65%".

Segundo ele por três causas:

"1. Há mais judeus latinos: Esmagadoramente pró-Trump polo "fenômeno Milei" e a retórica dele, antepassados na América Latina, as ambições de progresso econômico...

2. Mais judeus israelitas a operar segundo a seguinte lógica: Israel e ver a Biden-Harris como fracos que permitiram esta guerra.

3. Viragem à direita: Nom radical, nem tanto, moderada mas constante". 

Finalmente, "existem muitas cousas ligadas aos democratas como o wokismo, indefiniçom em temas de impostos, imigraçom, situaçom do mercado de trabalho... que levaram alguns judeus identificados como democratas tradicionais para votar no Trump".

Segundo este rabi de tendência reformada, "o judaísmo sempre foi um reservatório (simbólico, mas importante na retórica e nas doações) do Partido Democrata. Porém, com as mudanças demográficas (mormente a teor do crescimento da ortodoxia judaica) seguiremos a ver umha tendência para os republicanos, e ousaria a dizer que se no futuro houver um candidato menos repulsivo do retórico e trajetória como o Trump (embora muitos Judeus democratas concordarem com muitas das suas políticas) a percentagem teria sido mesmo mais alta".

Em consequência, o crescimento da ortodoxia judaica explicaria a votaçom do movimento MAGA registada em bairros do distrito de Brooklyn como Willemsburg Sul, Crown Heights, Midwood ou Borough Park.

A questom é: será que estamos a ver umha reavaliaçom das prioridades da comunidade judaicas ou apenas umha resposta ao contexto específico?


As eleições na Carolina do Norte

Nas eleições estaduais de Carolina do Norte o candidato democrata Josh Stein foi eleito governador a 5 de novembro, derrotando o candidato MAGA Mark Robinson e mantendo a liderança democrata na chefia do executivo estadual.

Josh Stein derrotou o candidato trumpista na Carolina do Norte

Stein será o primeiro governador judeu do estado. A campanha de M. Robinson, foi grandemente prejudicada polas mensagens antissemitas num site de pornografia online, onde declarou ser um “NAZI negro”.

De facto, Robinson promoveu a sua candidatura como um "guerreiro cultural conservador ousado e sem filtros" a partir dumha agenda alicerçada em:

  • Negacionismo climático
  • Oposiçom à legalizaçom da cannabis recreativa
  • Remoçom das ciências e dos estudos sociais do currículo escolar

Os órgãos de comunicaçom social identificaram as suas opiniões como de direita, extrema-direita ou ultraconservadoras na linha mais neofascista do movimento MAGA. Enquanto Trump ganhou as eleições presidenciais por estreita margem, o candidato democrata-judeu obteve a presidência estadual.


A vitória de Stein significa que 6% dos governadores dos  EUA são judeus chamados Josh: Josh Shapiro na Pensilvânia e Josh Green no Havai.


Israel torceu por Trump

Segundo um inquérito divulgado a 29 de outubro polo Canal 12 de Israel, Donald Trump contava com o apoio dos 66% de israelitas contra 17% de Kamala Harris. Antes de Harris liderar a candidatura democrata o presidente Biden encabeçava a simpatia dos israelitas, especialmente pola sua decidida atitude em prol de Israel após o brutal ataque do HAMAS de 7 de outubro de 2023.

Cartaz nas ruas de Telavive: "Parabéns! Trump, faz Israel grande"

Logo depois das eleições um setor da coligaçom de governo de Netanyahu propôs aproveitar o regresso de Trump para tentar lograr a anexaçom unilateral da Judeia e Samaria (Cisjordânia) sem esperar um acordo bilateral. Porém, Trump tem um plano já programado segundo a soluçom de dous estados e parece dificil que se mova do mesmo.

Bibi tentará tirar proveito da sua relaçom privilegiada com Trump

O voto árabe também foi para Trump

Segundo o inquérito do CAIR (Conselho de Relações Americano-Islâmicas) o Partido Verde da candidata Jill Stein (judia assimilada) teria recebido a maioria (53%) de votos da comunidade islâmica dos EUA, seguidos por Trump (21%) e Harris (20%). Porém, um dado interessante para pensarmos a polarizaçom nas eleições americanas: na cidade de Dearborn (Michigan), a maior comunidade árabe-armericana com a maioria dos eleitores (54%) de origem árabe, Donald Trump obteve 47% dos votos contra 21% de Harris. A votaçom da comunidade árabe do Michigan foi decisiva para a vitória trumpista nesse estado.

A maior comunidade árabe-americana votou no Trump


Paradoxalmente, para os votantes árabes norte-americanos o movimento MAGA tem mais influência sobre Netanyahu da que tinha Biden e por isso confiam em que, a diferença de Biden, o Trump traerá a paz ao Próximo Oriente.


📷Voto das comunidades judeu-ortodoxo e islâmica em Detroit (Michigan)

📷Acima: A votaçom dos distritos judeus ortodoxos no Michigan a balançar 20% em prol de Trump.

📷Abaixo: Distritos árabes/bangladeshianos no Michigan a balançar 70% em prol de Trump.

Enquanto o lado árabe recebeu a mensagem “Kamala é pró-Israel de mais”, o lado judeu recebeu as mensagens de “Kamala estar do lado do HAMAS”. Se ambos os lados do conflito votaram no mesmo candidato, um dos lados ficará insatisfeito com o resultado. 

Assim sendo, a 11 de novembro os árabe-americanos de Dearborn enviaram umha carta (encaminhada à Casa Branca) instando o presidente eleito a cumprir as suas promessas à comunidade e a trabalhar num cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e no Líbano.

O que resta do governo Biden

Faltam dous meses para o fim da administraçom Biden (2021-2025). Lembremos que Obama, nos seus últimos dias no poder, deixou passar (nom vetou) umha resoluçom anti-Israel na ONU e aprovou a entrega de aviões F-15 ao Qatar sabendo que no minuto 90 nom havia opções para o lobby pró-Israel evitá-lo.

Embora estarmos certos de que Biden nom tentará prejudicar Israel (de facto, nunca o fez antes), no seu gabinete há muitos progressistas que aproveitariam de bom grado os seus últimos dias no poder para promover medidas anti-Israel procurando o favor dos poderosos lobbies pró-árabes.


Para neutralizar essa hipótese, o passado dia 12 de novembro o Presidente de Israel, Isaac Herzog, visitou Biden com a seguinte mensagem:

“Estou aqui em nome do povo de Israel, da naçom de Israel e do Estado de Israel para lhe dizer, Senhor Presidente, muito obrigado! Como dizemos em hebraico: Nunca esqueceremos como nos apoiou nos nossos momentos mais escuros.”

Encontro I. Herzog - J. Biden

Na sua resposta, o Presidente Biden retorquiu: "Hoje tive o prazer de receber o Presidente Herzog de Israel de volta ao Salom Oval. É um amigo pessoal para mim –e para a nossa naçom– há muito tempo. Tal como lhe recordei hoje, o compromisso dos Estados Unidos para com Israel é inflexível".


Para saber mais:

O voto judeu nas eleições EUA de 2016

O voto judeu nas eleições EUA de 2020

Trumpismo e antissemitismo 


quinta-feira, 31 de outubro de 2024

POPULAÇOM JUDAICA EM TODO O MUNDO ATINGE OS 15,8 MILHÕES EM 2024

 Segundo o Escritório de Estatísticas da Agência Judaica, divulgado a 2 de outubro de 2024, na véspera de Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico, a populaçom judaica global atingiu os 15,8 milhões. 

  • Israel: 7.300.000 (46,2%)
  • Diáspora: 8.500.000 (53,8%)

Dos 8,5 milhões de Judeus que vivem fora de Israel, a maioria (6,3 milhões) reside nos EUA e 2,2 milhões estão noutros países.

✡️ O destino das comunidades judaicas da Diáspora está ligado ao Estado de Israel 🇮🇱

Os dados baseiam-se na investigaçom realizada polo demógrafo Prof. Sergio Della Pergola, da Universidade Hebraica de Jerusalém, para o Anuário Judaico Americano (2024 AJYB). O valor para Israel é calculado após umha correçom técnica feita polo Gabinete Central de Estatísticas de Israel relativamente às definições de residência em Israel.

Os dados deste estudo referem-se ao que é definido como o núcleo da populaçom judaica; isto é, pessoas que se identificam como Judeus e/ou filhos e filhas de polo menos um dos pais judeus e que nom são membros doutra religiom.


Maiores populações judaicas no mundo por países

O núcleo da populaçom judaica por país, nos países com um total de polo menos 10.000 Judeus, em janeiro de 2024 (sem incluir definições amplas dos que têm direito à Lei do Retorno) é o seguinte:

Israel: 7300000

EUA: 6300000

França: 438500

Canadá: 400000

Reino Unido: 313000

Argentina: 170000

Alemanha: 125000

Rússia: 123000

Austrália: 117000

Brasil: 90300

África do Sul: 49500

Hungria: 45000

México: 41000

Holanda: 35000

Ucrânia: 32000

Bélgica: 29000

Itália: 26800

Suíça: 20500

Uruguai: 16100

Chile: 15500

Turquia: 15000

Suécia: 14900

Espanha: 13000

Áustria: 10300

Panamá: 10000

Resto do mundo: 49600


As estimativas da populaçom judaica para a Rússia e a Ucrânia foram ajustadas pola imigraçom significativa que se seguiu à guerra naquele país. 

Nalguns países, os cálculos foram feitos de acordo com inquéritos recentes e noutros países, o total foi determinado de acordo com dados estatísticos e ferramentas aceites para avaliaçom demográfica.

Maiores populações judaicas no mundo por cidades

Nova Iorque alberga a maior cidade judaica no mundo

> Diáspora
New York City (EUA): 970000
Los Angeles (EUA): 519200
Chicago (EUA): 291800
Paris (França): 277000
Boston (EUA): 248000
Buenos Aires (Argentina): 244000
San Francisco (EUA): 227800
Washington, D.C. (EUA): 215600
Philadelphia (EUA): 214600
Toronto (Canadá): 188710
Moscow (Rússia): 165000
London (Reino Unido): 160000
Atlanta (EUA): 119800
Miami (EUA): 119000
Kyiv (Ucrânia): 111000
San Diego (EUA): 100000
Montreal (Canadá): 90780
Cleveland (EUA): 86600
Denver (EUA): 83900
Phoenix (EUA): 82900
Las Vegas (EUA): 80000
Budapest (Hungria): 80000
São Paulo (Brasil): 75000
Detroit (EUA): 71750
Marseille (França): 70000
Minneapolis-St Paul (EUA): 64800
Seattle (EUA): 63400
Dnipro (Ucrânia): 60000
Dallas (EUA): 57800
Melbourne (Austrália): 55643
St. Louis (EUA): 54500
Tampa (EUA): 51100
Sydney (Austrália): 50000
Johannesburg (África do Sul): 50000
Pittsburgh (EUA): 49200
Houston (EUA): 48400
Portland (EUA): 47500
Odesa (Ucrânia): 45000
Kharkiv (Ucrânia): 45000
Saint Petersburg (Federaçom Russa): 40000
Rio de Janeiro (Brasil): 40000
Mexico City (México): 39777
Hartford (EUA): 34500
New Haven (EUA): 29700
Cincinnati (EUA): 27000
Vancouver (Canadá): 26255
Milwaukee (EUA): 25800
Manchester (Reino Unido): 25000
Berlin (Alemanha): 25000
Lyon (França): 25000
Istanbul (Turquia): 24000
Toulouse (França): 23000
Tucson (EUA): 22900
Rochester (EUA): 22500
Columbus (EUA): 22500
Montevideo (Uruguai): 20000
Amsterdam (Países Baixos): 20000
Antwerp (Bélgica): 20000
Brussels (Bélgica): 20000
Nice (França): 20000
Kansas City (EUA): 19000
Orlando (EUA): 19000
Austin (EUA): 16300
Strasbourg (França): 16000
Cape Town (África do Sul): 16000
Porto Alegre (Brasil): 15000
Jacksonville (EUA): 15000
Panama City (Panamá): 15000
Providence (EUA): 14200
Ottawa (Canadá): 14010
Winnipeg (Canadá): 13690
Rome (Itália): 13000
Buffalo (EUA): 13000
San Antonio (EUA): 12740
Richmond (EUA): 12500
Albany (EUA): 12500
Charlotte (EUA): 12000
New Orleans (EUA): 12000
Nashville (EUA): 11000
Singapore (Singapura): 10500
Frankfurt (Alemanha): 10500
Munich (Alemanha): 9200
Stockholm (Suécia): 9000
Milan (Itália): 8000
Vienna (Áustria): 7000
Perth (Austrália): 5187
Minsk (Bielorrússia): 4800
Bucharest (Roménia): 2481
Dublin (Irlanda): 1439
Helsinki (Finlândia): 1200
Oslo (Noruega): 950
Monterrey (México): 500

Telavive é a grande metrópole judaica de Israel

> Estado de Israel
Jerusalém: 570100
Telavive: 401500
Rishon LeZiyyon: 229300
Petah Tikva: 220900
Haifa: 217600
Ashdod: 200400
Netanya: 196300
Be'er Sheva: 181000
Ramat Gan: 175000

Segundo dados de Jewish Data Bank


Evoluçom recente

Durante o ano passado, o número de Judeus em todo o mundo aumentou em 100.000 pessoas. Vale a pena notar que em 1939, a populaçom judaica global era de 17 milhões. Hoje, o número de Judeus em todo o mundo é ainda menor do que antes do Holocausto.


A ligaçom da judiaria com Israel

Ao longo do último ano, após os trágicos acontecimentos de 7 de outubro de 2023, quando 1.200 pessoas foram mortas num ataque do Hamas e mais de 250 foram feitas prisioneiras, a ligaçom entre os Judeus de todo o mundo e Israel fortaleceu-se. Estes tempos difíceis lembraram mais umha vez às comunidades judaicas que o seu destino está inseparavelmente ligado ao Estado de Israel e que o seu apoio hoje é vital.

Comentando a importância dos números globais da populaçom judaica, o presidente da Agência Judaica, major-general (res.) Doron Almog, afirmou: “A relaçom existencial entre as comunidades judaicas de todo o mundo e o Estado de Israel fortaleceu-se no ano passado. Estamos a assistir a um apoio sem precedentes que nos dá força e esperança para continuar. A difícil guerra que nos foi imposta, juntamente com a luta dos Judeus de todo o mundo contra o crescente antissemitismo, enfatiza o destino partilhado e a missom da Agência Judaica -ser umha ponte viva entre os Judeus globais e o Estado de Israel, ser a casa de todos os Judeus de todo o mundo– de todas as denominações e setores. Continuaremos a unir e a aproveitar o poder do povo judeu para restaurar o Estado de Israel e construir umha sociedade modelo baseada nos valores da responsabilidade mútua e do amor incondicional.”

terça-feira, 15 de outubro de 2024

CRISTOVÃO COLOMBO E O MUNDO DOS JUDEUS CONVERSOS VALENCIANOS

 Francesc Albardaner


É sabido e reiterado que se Cristovão Colombo pôde fazer a sua primeira viagem ao Novo Mundo foi graças à decisom e ao impulso de Lluís de Santàngel, que, deixando de lado raciocínios teológicos ou geográficos, baseado unicamente na economia e investimentos de risco, deu total apoio ao projeto colombiano. A outra figura da corte de Fernando o Católico que apoiou Colombo foi o tesoureiro geral da Coroa de Aragom, Gabriel Sánchez. Tanto um como outro eram membros de famílias de conversos de origem aragonesa, mas também estabelecidos em Valência. Assim sendo, o irmão do tesoureiro e o seu tenente-general, Alfonso Sánchez, morava em Valência e era o chefe dumha empresa comercial muito poderosa que enviava os seus navios de Alexandria para Bristol e Galway. Nom admira, portanto, que das três cartas enviadas por Colombo desde Lisboa nas quais anunciava o sucesso da sua expediçom ao Novo Mundo, duas fossem encaminhadas a Lluís de Santàngel e Gabriel Sánchez e a terceira, logicamente, aos reis católicos.

Estudos do ADN permitiram desvendar a identidade de Cristovão Colombo

Seguindo a teoria do Cristoforo Colombo genovês, que impedia um conhecimento prévio do descobridor com esses personagens em fases anteriores da sua vida, o apoio recebido por Colombo por esses judeus-conversos seria simplesmente umha aposta arriscada dos dous súditos de Fernando o Católico com base em critérios estritamente comerciais e geopolíticos do momento.

 

Mas se aceitarmos a nossa teoria de que a família Colom residia em Valência e frequentava os ambientes dos judeus conversos no mundo da arte da seda valenciana, o apoio de Santàngel e da família Sánchez poderia ter-se baseado em ligações mais antigas entre estas personagens, mesmo familiares.


A chave de tudo está na personalidade da mãe dos irmãos Colom. Quem foi na realidade a mãe de Cristovão Colombo? Tendo em conta tudo o apontado anteriormente e também polo referido mais adiante sobre aspetos muito importantes que definem umha cultura judaico-conversa do próprio Colombo, tudo aponta para o facto de a mãe de Colombo ser oriunda dumha família de judeus conversos valencianos, que tinham como ofício a arte e o comércio da seda. Portanto, o retrato robô da família Colombo, de acordo com a nossa nova teoria, é o seguinte relato:


Um jovem mestre genovês tecelão de seda ou veludo, originário da cidade de Gênova, ou melhor, da cidade de Savona, como o clã Gavoto, migra para a cidade de Valência por volta do ano de 1440 para exercer o seu ofício e logo depois casa com umha jovem dumha família de sedeiros valencianos judeu-conversos. Como existem em Valência várias linhagens de famílias judaico-conversas da linhagem Colombo, a linhagem genovesa Colombo do nosso jovem marido é rapidamente alterada para a forma mais curta e mais conhecida de Colom. O mesmo aconteceu com os Gavoto de Savona que muito rapidamente ficaram conhecidos como Gavot em Valência.

 

Mas temos que admitir que a linhagem da mãe judia de Cristóvão Colombo é completamente desconhecida. Escolha o leitor entre os apelidos dos judeus-conversos valencianos e sedeiros o sobrenome que mais lhe agradar entre as listas do recenseamento inquisitorial de conversos do ano de 1506 (1), já que qualquer um deles poderia ser da linhagem materna de Colombo. Muitas mulheres destas linhagens foram processadas pola nova Inquisiçom Castelhana e relaxadas, o que significa queimadas vivas. Nom queremos nem por um momento pensar que o principal motivo da ocultaçom do seu passado desejada por Colombo nom foi apenas o facto de ser filho dumha mãe judeu-conversa, mas também filho dumha mulher valenciana queimada viva por ser herege! Se isto fosse verdade, compreenderíamos agora a relutância do Vaticano em mostrar-nos os documentos relativos a Colombo, que sabemos estão guardados nos arquivos do Palazzo di San Callisto del Trastevere romano e que nom nos deixam ver!


Somente a partir da análise dos escritos de Cristovão Colombo, muitos autores (2) já presumiram que ele era descendente dumha família judia ou conversa. Nom podemos entrar, agora e aqui, na análise dos diferentes raciocínios que delatam a origem judaica de Colombo, mas destacaremos o facto da presença da expressom judaica "B'ezrat Hashem", escrita da direita para a esquerda, que foi encontrada na margem de treze cartas manuscritas enviadas por Colombo a seu filho e herdeiro Diego. Este facto incontestável, estudado por vários autores e especialmente por Nito Verdera (3), é a prova definitiva da ligaçom de Colombo ao mundo judaico.

Siglas "Beth-hai", equivalente a "Besrath hashem"(com o favor do Senhor) nas cartas de Cristovão Colom ao seu filho Diogo

Seguindo a nossa nova teoria, o seu pai da Ligúria era cristão e o próprio Colombo comportava-se como um cristão de gema, mas nos seus escritos há sempre um desejo de superaçom, de síntese das duas religiões, a cristã e a judaica. Podemos mesmo dizer que Colombo procurava um sincretismo de todas as religiões, quando afirmou que:

  “Digo que el Espíritu Santo obra por igual en cristianos, judíos, moros y en otros de toda secta.”

 Considero esta frase muito importante, pois acho que apenas poderia ser dita por um homem que viveu desde a infância numha sociedade multicultural em que mouros, judeus e cristãos coexistiam, de forma mais ou menos pacífica, e pudesse ver na bondade das pessoas além da sua religiom ou crença. E nom era precisamente esta a situaçom do antigo Reino de Valência e, sobretudo, da sua capital em meados do século XV? Nom será esta a demonstraçom definitiva de que Colombo e os seus irmãos eram valencianos?

(1) Josep Maria Cruselles Gómez, Enric Cruselles Gómez, Josep Bordes García: “Conversos de la Ciudad de Valencia. El Censo Inquisitorial de 1506”. Institució Alfons el Magnànim. Estudis Universitaris 140. (2015).

(2)  Como exemplo podemos citar: Simon Wiesenthal, “Operation Neue Welt. Judenvefolgung und Columbus-Reise”; Editions Robert Laffont, Paris 1991. / Sarah Leibovici: “Christophe Colomb Juif”; Editions Maisonneuve et Larose; Paris 1986.

(3) Nito Verdera: “Cristóbal Colón, originario de Ibiza y criptojudío”; Consell Insular d’Eivissa i Formentera, Conselleria de Cultura. Eivissa 1999.

Fonte: Portal de Francesc Albardaner


segunda-feira, 14 de outubro de 2024

A TEORIA VALENCIANA CONFIRMA A ORIGEM JUDAICA DE COLOMBO

 A seguir mostramos as ideias-força da teoria judeu-valenciana sobre a origem de Cristovão Colombo, formulada polo investigador catalão Francesc Albardaner e confirmada polos resultados dos testes de ADN recentemente divulgados pola Universidade de Granada.

Testes de ADN confirmaram a origem judaica de Cristovão Colombo

Cristovão Colombo (também Cristóbal Colom) nasceu em Valência (Países Catalães) no seio dumha família de conversos, cujo ofício era o de tecelões de seda. 

A mãe dele era valenciana e, portanto, a sua língua materna era o catalão. O pai dele foi um emigrante da Ligúria, de ofício mestre  tecedor de seda, que emigrou para Valência com o clã dos  Gavoto de Savona. 

A partir de 1445 (ou mesmo um pouco antes) o clã paterno cria empresas de tecidos de seda e brocados e moinhos de papel em Valência.


O casal pode ser considerado intragremial, feito frequente nessa altura. Por ser filho dum casal misto, tanto se poderia apresentar como "genovês de naçom", por ser filho dum pai genovês, ou como súbdito natural da Coroa de Aragom-Catalunha, por ter nascido no Reino de Valência.


Cristovão Colombo teve umha educaçom também dual: cristã na esfera pública e judaica no seio familiar. Na realidade Colom foi um criptojudeu a quem nom interessava que se conhecesse a sua origem hebraica nos tempos difíceis da imposiçom da Inquisiçom castelhana em todos os territórios da Coroa de Aragom-Catalunha. A sua origem judaico sefardita foi um dos motivos principais que o obrigaram a nom difundir a sua procedência.


Esta teoria foi confirmada recentemente polos resultados da análise de ADN mitocondrial e do cromosoma Y de Cristovão Colombo, do seu filho Fernando e do seu irmão Diogo, realizada pola Universidade de Granada, ao comprovar que o perfil genético do navegador é compatível co dum cluster de mulheres sefarditas.


A confirmaçom da presença em Cristovão Colombo do "ADN sefardita" põe em causa a teoria (oficial) da origem genovesa do navegador ao nom existir comunidades judaicas em Gênova nessa altura. Assim sendo, segundo autores italianos "na Itália do século XV os judeus nom podiam viver no campo e deviam concentrar-se nas cidades e o bisavó (de Colombo) morava na aldeia camponesa de Moconesi" (Paolo Emilio Taviani) E "Domenico  Colombo, pai de Cristoforo Colombo, nom poderia ser guardião dumha porta de Génova se fosse judeu, porque o cargo estava reservado a cristãos" (tese Ernesto Lunardi e Granzotto). 


A origem hebraica de Cristovão Colombo segundo a teoria valenciana

1. Colombo mostrou sempre umha teimosia na reconquista de Jerusalém e a reconstruçom do seu templo, ao que o navegador se referia, como muitos Judeus, como "Casa Santa". Segundo Juan Gil "atávicas crenças fazem desejar a Colón que o templo seja reconstruído: a chamada do subconsciente é forte demais para que o almirante a possa vencer. A esta luz a doentia mania de Colón por Jerusalém é totalmente compreensível (...) porque Colón, a julgar por estas passagens, foi educado de criança na religiom judaica".


2. Uso da cronologia hebraica numha nota à "Rerum Ubiquem Gestarum" do papa Pio II, traduzindo a data de 1484 por 5241 segundo a cronologia hebraica.


3. Colom adiou da saída dos navios do porto de Palos para 3 de agosto, para evitar o azar de coincidir com o dia 2 (Tisha B'Av), aniversário da destruiçom dos dous templos de Jerusalém. Talvez polo medo à Inquisçom ou à existência de Judeus na expediçom, o navegador exigiu que a tripulaçom embarcasse antes da meia-noite de 2 de agosto.


4. Os franciscanos chamavam (em gíria) os descendentes de Colom em Santo Domingo (atual República Dominicana) como "rei faraó" para dizer que eram Judeus.


5. Numha carta encaminhada aos reis católicos a 7 de julho de 1503 Cristovão identifica-se com o judaismo: 

> A expressom "y de los cristãos cobraste tan honrada fama" para S. Madariaga "apenas podia ser escrito por alguém que se sentisse fora da cristandade".

> Todo o conteúdo do que diz "a piedosa voz" é umha declaraçom de judaismo: "Una voz muy piadosa aí diziendo: 'O stulto y tardo a creer y a servir a tu Dios y Dios de todos, ¿qué hizo Él más por Moysés o por David, su siervo? Desque nasçistes siempre Él tubo de tí gran cargo. Cuando te vido en hedad de que Él fue contento. Maravillosamento hizo sonar tu nombre en la tierra. Las Yndias, que son parte del mundo, tan ricas, te las dió por tuyas,..." (...)"¿Qué hizo Él más al tu pueblo de Ysrael cuando lo sacó de Egipto, ni por David, que de pastor lo hizo rey de Judea?".


6. Numha carta a frei Gaspar Gorricio (7 de julho de 1502) Colom escreveu "... yo esperaría de bebir más de çien gibileos" (o jubileu é umha expressom da tradiçom hebraica).


7. No seu testamento (19 de maio de 1506), Cristovão Colombo incluiu umha cláusula habitual na tradiçom judaica: "A um judeu que morava à Porta da Judiaria de Lisboa, o a quem mandar um sacerdote, o valor de meio marco de prata". 


8. O criptograma da assinatura tem certa semelhança às lápides funerárias judaicas. No seu testamento navegador ordena ao seu filho e herdeiro que também a utilize, o que pode comportar umha mensagem de linhagem familiar e, portanto, no criptograma poder-se-ia esconder o nome do pai e da mãe dele. Segundo Estelle Irizarry a sua  assinatura significa "Shemá Israel", umha das principais rezas judaicas, mais antiga e repetida do judaismo

Criptograma da assinatura de Cristôvão Colombo


9. Colom mostrava um fervor messiánico, idêntico e visível nos escritos judaicos da mesma época, a expectaçom perante a libertaçom iminente de Jerusalém. O libertador seria Fernando o Católico, que recuperaria a cidade sagrada, esmagaria o poder do islám e dos turcos. Segundo Juan Fernández Valverde a cita de Isaias faz referência ao início da alegria imensa que cria a chegada da era mesiánica, o gozo terrenal e paz bucólica que surgiram nessa altura, mas todo isto dum ponto de vista judaico porque é a partir dessa interpretaçom, a judaica, a literal da Escritura, como se pode entender que a era mesiánica está por chegar, já que para os cristãos essa era já chegou.


10. O navegador mostra umha visom sincretista das três religiões do livro numha carta aos reis de 1501: "Digo que o Espírito Santo obra igual em cristãos, Judeus, mouros e em todos doutra seita, e nom apenas nos sábios, mas nos ignorantes".


11. A paralisaçom da causa de beatificaçom de Cristovão Colombo no Vaticano, iniciada em 1866 e promovida polo francês Roselly de Lorgues logo de ter sido proposta até tres vezes por dous papas (Pio IX e Leom XIII) sustentados por 850 bispos, confirma que para a Sacra Congregaçom de Ritos da igreja o navegador carecia de méritos para a postulaçom.


12. Nas cartas de Cristovão Colombo ao seu filho Diego utiliza notas nas margens com referências judaicas, nomeadamente as siglas "Beth-hai", equivalente a "Besrath Hashem" (com o favor de d'us).


domingo, 13 de outubro de 2024

FINALMENTE, CRISTÓVÃO COLOMBO ERA JUDEU

 Após vinte e dous anos de investigaçom, hoje foram divulgados pola televisom pública espanhola (RTVE) os resultados dum estudo realizado polo catedrático José Antonio Lorente da Universidade de Granada assinalando que o ADN dos restos de Colombo teriam umha origem hebraica, o que confirma a tese judeu sefardita, embora sem identificar o local de nascimento.


O mesmo estudo confirma que os restos do navegador responsável por liderar a frota que alcançou o continente americano em 12 de outubro de 1492 são os que se acham soterrados na Catedral de Sevilha (Andaluzia, Espanha). Para além de descartar a teoria genovesa (italiana) da origem de Colombo, o documentário "Colombo ADN, a sua verdadeira origem", divulgado a 13 de outubro de 2024, desmonta oito teses até encontrar a coincidência genética, bem como confirma a relaçom paterno-filial entre Cristovão e Fernando Colombo.

Investigações com base no ADN confirmaram a origem judaica de Colombo


A análise do ADN de Fernando resolveu o enigma: "Tanto no cromosoma 'Y' como no mitocondrial de Fernando há riscos compatíveis com a origem judaica".


A linha de investigaçom liderada polo catalão Francesc Albardaner, ex-presidente do Centre d'Estudis Colombins de Barcelona, foi a ganhadora neste inquérito que formulou a investigaçom como umha competiçom entre oito teorias existentes. Lorente certifica que Colombo era judeu, localizando-o numha área geográfica concreta: "Mediterrâneo ocidental" e que Albardaner situa no Reino de Valência (Países Catalães).

Francesc Albardaner, o investigador catalão da origem judaica de Colombo

O investigador catalão está convencido de que os resultados do ADN descartam completamente a história de que Colombo procedia de Génova: “Todos os historiadores muito importantes da Itália, todos eles, escreveram preto no branco que é impossível que Colombo seja judeu. Noutras palavras, há umha incompatibilidade total. Toda a teoria genovesa de Colombo entra em crise se for aceite que Colombo é judeu". E porque? Segundo Albardaner, Gênova expulsou os Judeus no século XII, “nom havia nem pessoas, nem comunidade, nem sinagoga, nada mesmo. Os Judeus só podiam ficar em Gênova por três dias para fazer negócios e depois deviam partir."


Além disso, como apontam até mesmo os defensores doutras teorias, todas as cartas conservadas de Colombo, e há muitas, são escritas em espanhol e nunca é apreciada qualquer influência ou palavra italiana. Mesmo escreveu em espanhol ao Banco de Gênova. Aliás, segundo as pesquisas de Albardaner, a caligrafia do navegador apresenta a fasquia da usada nos Países Catalães, diferente da usada na Coroa de Castela ou no Reino de Aragom.

Perseguiçom aos Judeus

Segundo os livros de história Colombo era considerado um bom cristão, mas Albardaner, apoiado na genética, vê a sua teoria apoiada: "Porque é que Cristóvão Colombo teve de esconder a sua identidade? Bem, por umha razom muito mais forte do que o facto de que fora de classe humilde. Os Judeus estavam a sofrer as maiores perseguições desde que se estabeleceram na Península Ibérica. Muitos foram forçados a se converter ao catolicismo. Outros foram forçados a emigrar para cidades como Lisboa, que foi precisamente onde viveu durante vários anos. E no ano de 1492 é dado um ultimato: todos os Judeus que nom se convertessem ao cristianismo deviam deixar os domínios dos Reis Católicos." O investigador catalão arrisca ainda mais: “Cristovão Colombo, durante toda a vida, teve que fingir que era cristão, católico, apostólico e romano. Se tivesse errado, esse homem teria ido parar na pira, num auto-da-fe, mas ele estava protegido polos reis. Entom a Inquisiçom o respeitava”.


Judeu de naçom

Francesc Albardaner sempre defendeu, além da teoria judaica, que Colombo era valenciano: “Ele nasceu numha família de tecelões de seda de Valência, onde havia umha longa tradiçom dentro da comunidade judaica de tecelões de seda. Colombo era judeu, judeu por cultura, judeu por religiom, judeu por naçom aqui e acima de tudo de coraçom, porque este homem exala judaísmo nos seus escritos."


Ligações às monarquias ibéricas

O aceso direto que Colombo teve tanto aos reis de Castela quanto a João II de Portugal explicar-se-ia "porque houve muitos Judeus e judeus conversos que o ajudaram, entre eles o duque de Medinaceli, com quem viveu vários anos. E também Luis de Santángel, ministro das Finanças do Rei Fernando o Católico e que financiou pessoalmente a expediçom à América, dando grande apoio a Cristóvão Colombo. Também contou com o apoio de Andrés Cabrera, conselheiro muito afim e responsável polas contas de Isabel a Católica. Eles eram todos dum grupo que se protegiam", frisou Albardaner.


Fim do dilema

Descartadas todas as teorias galego-portuguesas, maiorquina, basca-navarra e castelhana, José Antonio Lorente ousa escolher a teoria judaica mediterrânica: “O ADN indica que Cristóvão Colombo teve origem mediterrânica no Mediterrâneo ocidental. O que se passa? Se em Gênova nom havia Judeus no século XV, as chances de ser de lá também são mínimas. Também nom havia umha grande presença judaica no resto da península itálica, fazendo com que fossem muito fracas. Nom existem teorias sólidas nem indicações claras de que Cristóvão Colombo poderia ser francês. O que nos restaria?, o arco mediterrâneo espanhol: as Ilhas Baleares e a Sicília. Mas a Sicília também seria estranha, porque caso contrário Cristóvão Colombo teria escrito com alguns traços da língua italiana ou siciliana, com o qual o mais provável é que a sua origem esteja no arco mediterrâneo espanhol ou nas Ilhas Baleares, que naquela época pertenciam à Coroa de Aragom."

sábado, 17 de agosto de 2024

FINOU SÍLVIO SANTOS, JUDEU POR TODOS OS LADOS E O MAIOR COMUNICADOR BRASILEIRO

 À idade de 93 anos finou hoje Senor Abravanel (em hebraico סניור אברבנאל), mais conhecido polo nome artístico Silvio Santos. Ele foi um apresentador de televisom e empresário brasileiro considerado o maior comunicador da história do Brasil. Ativo na TV desde 1960, expandiu os seus negócios e construiu um grupo empresarial que leva seu nome. Também teve atividades na música e na política entre 1988 e 1992.

Senor Abravanel 1930-2024

Foi proprietário do Grupo Silvio Santos, conglomerado que inclui entre as suas empresas o Sistema Brasileiro de Televisão (popularmente conhecido pela sigla SBT), umha das maiores redes de TV do país, a Liderança Capitalização (administradora do título Tele Sena), a Jequiti e a TV Alphaville. O seu patrimônio líquido foi estimado em 1,3 bilhom de dólares em 2013, sendo a única celebridade brasileira na lista de bilionários da revista Forbes. Em 2001, Silvio Santos foi homenageado pela escola de samba carioca Tradição.


Origem judaica

Senor Abravanel nasceu em 12 de dezembro de 1930, na Travessa Bemtevi, no bairro da Lapa, na regiom central da cidade do Rio de Janeiro, entom capital do Brasil e sede do entom Distrito Federal.

Filho primogênito dum casal de imigrantes judeus do Império otomano vindo em 1924 para o Brasil: Alberto Abravanel (1897–1976), um imigrante judeu sefardita nascido na cidade de Tessalônica (que passou a fazer parte da Grécia depois da Primeira Guerra mundial), e Rebecca Caro (1907—1989) também judia de origem sefardita nascida na cidade de Esmirna (atual Izmir na Turquia). Ambos os pais nasceram como súditos do Império Otomano e em cidades do Mediterrâneo Oriental que possuíam expressivas populações judaicas. 

Silvio é descendente direto, na linhagem paterna, de Isaac Abravanel, um estadista judeu português, filósofo, comentador da Bíblia e financista. O nome Senor vem do seu avô Señor Abram Abravanel, morto em 1933. Segundo ele, "o homem que me deu origem consertou as finanças de Portugal, depois foi chamado pelos reis católicos, Isabel e Fernando, para a Espanha. Era o Dom Isaac Abravanel. Consertou as finanças da Espanha, depois quando chegou a inquisiçom, os reis católicos disseram 'você fica e o povo judeu vai'. Ele disse: 'nom, o povo judeu vai e eu vou junto'."


Silvio possui outros cinco irmãos: Beatriz (a mais velha), Perla, Sara (Sarita), Leon (Léo) e Henrique (o mais novo). Os seus pais estão sepultados no Cemitério Comunal Israelita do Caju, Rio de Janeiro.

A mãe de Senor é quem o chamava de "Silvio". O sobrenome artístico surgiu quando Senor foi participar do programa de calouros comandado pelo apresentador Jorge Curi e o produtor Mário Ramos


Descendência

Com a sua primeira mulher, Maria Aarecida Vieira Abravanel (Cidinha), teve a sua primeira filha, Cíntia Vieira Abravanel (1962), além de adotar Silvia (1971). A sua primeira esposa morreu em 1977, vítima dum cancro. Em 1981 foi o seu segundo casamento com Íris Pássaro, com quem teve quatro filhas: Daniela (1976), Patrícia (1977), Rebeca (1980) e Renata (1985).


Afastamento da televisom

A pandemia de Covid-19 fez Silvio Santos ficar afastado das gravações do seu programa. O seu último programa foi gravado em setembro de 2022 e exibido no dia 26 de fevereiro de 2023. Desde entom, Silvio preferiu ficar afastado da televisom, embora nom tenha anunciado oficialmente a sua reforma. Em abril de 2023, Daniela Beyruti, filha de Silvio, assumiu a vice-presidência do SBT, ganhando mais poder na gestom da emissora.


Morte em Shabbat

No dia 17 de agosto de 2024, Silvio morreu em São Paulo, aos 93 anos, por broncopneumonia, após H1N1. Em 18 de julho o comunicador foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, para se recuperar. Teve alta dous dias depois. Em 1º de agosto, voltou a ser hospitalizado, segundo a assessoria de imprensa da emissora, para passar por exames de imagem, ficando internado desde entom.

Na tradiçom judaica, falecer no Shabbat, é considerado um grande mérito. A palavra usada para descrever essas pessoas é “tzadik” (צַדִּיק), que significa “justo” ou “virtuoso”.


As nossas condolências.