quinta-feira, 8 de agosto de 2019

A ORIGEM JUDAICA DE CRISTÓVÃO COLOMBO


Poderia ter sido Colombo judeu?*
Guillermo García de la Riega

O tema da possível origem judaica de Colombo tem sido estudado extensivamente por vários autores, entre os quais, Celso García de la Riega. Provavelmente pode haver tantos argumentos em prol do seu judaísmo quanto tantos outros contra, isto é, que nom está absolutamente esclarecido.

Entre os autores que defendem que Colombo era judeu estão: Salvador de Madariaga, Menéndez Pidal, Blasco Ibáñez, José María Lacalle, Simon Wiesenthal... Há referências muito anteriores desta origem judaica de Colombo, a primeira referência escrita que o Almirante era judeu aparece num documento diplomático. Cinquenta anos depois de sua morte, o embaixador francês na Espanha, Burdau, escreve ao seu país sobre "Colombo judeu".

Há duas possibilidades do judaísmo de Colombo: que ele era um converso, isto é, que ele se juntou ao cristianismo abandonando toda a prática judaica, ou que ele era um marrano, ou seja, aqueles Judeus que se convertiam mas que ainda continuavam a praticar escondidamente alguns ritos judaicos.

Relativamente aos apelidos utilizados polos Judeus galegos, nos séculos XIII, XIV e XV, podiam-se diferenciar vários grupos, mas entre eles temos os documentos em que aparece a extensom "O Velho" implicando que com o mesmo nome é documentada a existência doutra pessoa mais nova. Nos documentos fornecidos por Celso García de la Riega havia dous que eram: Domingo de Collón o velho e Domingo de Collón "o moço", isto é, conforme o antedito, Domingo de Collón o moço e o velho seriam judeus.

Apoio de Judeus em favor de Cristóvão Colombo

Os esforços dos Judeus sefarditas para ajudar Colombo foram manifestos; no começo, ele teve o apoio mal sucedido de Isaac Abrabanel e Abraham Sênior, vultos importantes dentro do judaísmo e cuja influência e riqueza eram tam reconhecidas que os seus correligionários encarregaram-nos de negociar com os Reis Católicos para nom serem expulsos.

A situaçom melhorou para Colombo quando se envolveram Judeus conversos como Luis de la Cerda, o duque de Medinaceli. Quando ele conheceu Colombo, interessou-se com os seus projetos e alojou-o na sua casa durante dous anos. Juan Cabrero, o camareiro de Fernando, um dos amigos mais próximos do rei, repetidamente recomendou os planos de Colombo. Juan Coloma, Secretário de Estado do Reino de Aragón de origem judaica pola linha materna, assinou a Capitulaçom de Santa Fe e a Carta de Privilégios de 1492. Luis de Santángel, notário da Ración do Reino de Aragón. Gabriel Sánchez, tesoureiro-mor do reino de Aragão. Frei Diogo de Deça, ilustre teólogo, apresentou-o ao astrônomo hebreu Abrahám Zacuto, professor de astronomia na Universidade de Salamanca. De Deça sempre apoiou Colombo, de modo que o almirante escreve aos Reis: "Desde que cheguei a Castela, esse prelado aumentou o meu prestígio. A ele, junto com Chamberlan Cabrero, suas majestades devem a posse das Índias". Beatriz Fernández de Bobadilla e o seu marido Andrés Cabrera, Marqués de Moya. Juana de Torres, confidente da rainha Isabel e aia do príncipe herdeiro D. Juan.

Colombo deliberadamente adiou a partida de sua expediçom até 3 de agosto de 1492, apesar de todo estar pronto para a véspera, que era o dia do jejum no dia 9 de Ab, dia que comemora a destruiçom dos Templos de Jerusalém por Nabucodonosor e também por Tito, porque ele esperou até o dia seguinte, 10 Ab, meia hora antes do abrente? Se calhar porque o dia anterior era de azar para os Judeus, e nengum judeu iria começar nada. Estava Colombo ciente desse aniversário e dessa tradiçom?

Factos e escritos que podem ligar Colombo ao judaísmo

A um conhecido converso, Diego Rodríguez Cabezudo, encarregou Colón o cuidado do seu filho Diogo quando chegou a Castela, em 1485.

Numha carta de Hernando de Talavera, entom prior do mosteiro de Prado e depois arcebispo de Granada, na véspera da descoberta, escreveu à rainha pedindo-lhe a cancelaçom da viagem projetada por Colombo. No final da carta Talavera despachava-se escrevendo: "Se Vossa Alteza confiar Colombo às mãos da Inquisiçom, posso assegurar-lhe que seu destino nom será um navio"

A lista de nomes bíblicos na toponímia colombina é outro factor a levar em conta, exemplos: a enseada de Abrahám na Isabela, a ponta de Isaque na ilha de Santa Maria a Antigua, o Cabo Salomom em Guadalupe, a enseada de David em Jamaica e o Monte Sinai em Granada. Esse conhecimento bíblico era, nessa altura, suspeito e perigoso para umha pessoa cristã.

O almirante estava possuído por uma ideia fixa: a conquista de Jerusalém e a reconstruçom do Templo. A reconstruçom do templo tam desejada por Colombo é umha crença que nom se ajusta à ortodoxia cristã, mesmo que seja parte da escatologia da Igreja, umha vez que o construtor do Templo deve ser o Anticristo, o Messias judeu.

Na biblioteca de Colombo há livros sobre o judaísmo como "A Guerra dos Judeus" de Flávio Josefo, obra do ex-rabino Samuel Ibn Abbas, do qual ele copiou capítulos, e de "Nativitatibus", do erudito Abraham Ibn Esras. Nas suas leituras preferia "O Livro dos Profetas", que ele copiou em parte e que cita no diario e nas suas cartas.

Chama a atençom o seu extenso conhecimento do Antigo Testamento e das escrituras sagradas; num dos seus livros, "Historia rerum ubique gestarum" do papa Pio II, mostra que está familiarizado com a cronologia hebraica. Depois de se referir ao ano de 1481, aquele em que ele estava a escrever o comentário, logo a seguir regista o correspondente do cálculo hebraico, 5421, a idade que o mundo tinha entom de acordo com a Bíblia e daí passa a referir que Adám morreu aos 130 anos, e que a destruiçom do segundo templo que ele chama -segunda casa-, denominaçom tipicamente hebraica, nunca usada por nom-judeus teria acontecido 1413 anos atrás. Como essa nota conservam-se muitas outras. Prova que Colombo dominava a história hebraica.

Colombo, que cita e medita com fruiçom os textos sagrados, nunca usou a palavra Jesus Cristo; ele falou do Senhor e, nas suas interjeições e comentários, cita nomes bíblicos como: Israel, David, Jerusalém, Judá e o Rei de Israel. Numha carta a Diogo Deça, o preceptor do príncipe Juan, escreve: "dê-me o nome que quiserem, que David, o rei muito sábio, guardou ovelhas e depois tornou-se Rei de Jerusalém; eu sou servo daquele mesmo Senhor que colocou David neste estado" e noutro escrito: "Eu sou um servo do mesmo Deus que criou David".

O diário da primeira viagem contém umha página muito significativa, datada de 23 de setembro de 1492. A viagem demorava-se e ainda nom havia terra. Entom Colombo comenta: "de modo os altos mares foram muito necessários para mim, que nom pareceu, salvo o tempo dos Judeus quando deixaram o Egito contra Moisés, que os tirou do cativeiro".

Poderia um cristão da época ter escrito todas as anotações de Colombo sobre os seus conhecimentos judaicos? Seria mais fácil para um judeu converso exagerar o seu zelo católico, mencionando amiudadamente a Santíssima Trindade, nas suas variadas expressões, do que para um católico escrever abertamente sobre factos ou eventos judaicos.

Por outro lado, apesar da religiosidade do almirante e de sua constante observaçom dos deveres religiosos, tanto próprios como alheios, umha das acusações mais sérias que cairam contra foi a de ter-se recusado a batizar numerosos povos indígenas ou ter colocado todos os atrancos possíveis para realizar esses batismos, contrariando seriamente umha das principais razões da conquista e colonização: a expansom do cristianismo em terras desconhecidas. Porque seria isso? Talvez por querer ter mais Judeus do que católicos nas terras descobertas por ele.

*Fonte: PontevedraViva (1/08/2018)
Original em espanhol traduzido para o galego-português por CAEIRO.

1 comentário:

  1. O próprio irmão de Colombo teria sido queimado (um absurdo até para escrever) por ser Judeu. Logo está claro que Colombo era Judeu.

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