domingo, 5 de novembro de 2023

ESSE PÚTRIDO E FÉTIDO ANTISSEMITISMO VIVO ENTRE NÓS

 Existe no sistema político galego umha formaçom política que, apesar de ser segunda força nas eleições galegas de julho de 2020, é percebida por determinados setores sociais qualificados, como o que os britânicos denominam "nasty party"; isto é, umha organizaçom antipática, rígida e pouco atrativa que, de resto, nom é capaz de incentivar convenientemente a inclusom de nova filiaçom e na que também se podem dar sérios problemas para admitir o pluralismo e ideias entre os filiados. 

O BNG é o nasty party do sistema político galego

Dito fenômeno nom é alheio ao facto de o BNG estar hegemonizado por um partido politico, a UPG, autodefinido de "partido comunista patriótico" de tendência estalinista, ao jeito do PCP. Em 2012 abriu alegremente as portas para que saísse umha notável parcela da militância "bloqueira" sob a tese de "os expurgos afortalarem a organizaçom".

Essa rigidez e radicalidade extrema, mais do que nunca, está a ser percebida nos últimos tempos pola sociedade galega. Em primeiro lugar, polo apoio dado pola UPG/BNG e o seu "holding" à agressom imperialista da Rússia à Ucrânia ou, como referido aqui, ter apoiado a "Resistência" palestiniana logo depois do massacre da populaçom civil do sul Israel o passado 7 de outubro.

A concepçom marxista-leninista de partido de vanguarda e a impotência de nom ter recebido nunca o suficiente apoio desse povo galego que alveja libertar fazem com que a política internacional se torne um refúgio e ser "mais papistas que o Papa", postura muito espanhola, por outro lado.

De facto, o palestinismo mítico é o valor refúgio mais prezado destes anti-imperialistas, mesmo quando o nacionalismo árabe da Palestina nada fez em defesa do direito de independência dos povos sob o jugo espanhol. Assim sendo, iniciado o processo independentista na Catalunha, o embaixador da Autoridade Palestiniana em Madrid nom hesitou a afirmar que "umha Espanha unida apoia melhor a causa palestiniana" (sic). 

Cientes dessa falta de solidariedade internacionalista, o Junts por Catalunha (JxC) é um partido independentista coerentemente pró-israelita. Nom por acaso, Israel foi um dos últimos estados relevantes a apoiar a unidade de Espanha após a crise de outubro de 2017. Demoraram cinco semanas! A ERC, outro partido independentista catalão, tambem nom poupou fazer escárnio desse palestinismo mágico.


Vejamos como a defesa da causa palestiniana está a ser instrumentalizada entre nós para espalhar posições políticas que coclamam o ódio a Israel na linha do mais pútrido e fétido antissemitismo.

Antecedentes

No 2007 a UPG/BNG iniciou umha perseguiçom política contra o militante Pedro Gómez-Valadés, membro do Conselho Comarcal de Vigo do BNG, por ter umha visom dissidente da oficial a respeito do conflito árabe-israelita e por ter fundado, em dezembro de 2006, a Associaçom Galega de Amizade com Israel (AGAI) com o objecto de reivindicar a herança judaica da Galiza e defender o direito à existência e autodeterminaçom do povo judeu no Estado de Israel lado a lado com o povo árabe.

A 29 de março de 2007 a direçom comarcal de Vigo tomava a decisom de expulsar esse militante pró-israelita. Apesar de fazerem parte da AGAI meio cento de filiados, de mesmo haver um posicionamento em contra de significativos setores da opinom pública galega e da intelectualidade afim ao nacionalismo e de que o entom vice-presidente do Governo galego, Anxo Quintana, ter sido requirido por 200 militantes e simpatizantes para que se respeitasse o pluralismo interno e o direito as minorias a manter posições dissidentes da oficial, o resultado foi a definitiva expulsom de Pedro Gómez-Valadés em abril de 2008 logo dum processo em que chegou a praticar-se um autodafe contra o judeu/sionista dissidente.

O BNG negou-se a condenar o Holocausto em 2007 e 2008

Em janeiro de 2008, com motivo do Dia Internacional de Memória das Vítimas do Holocausto, comemorado a cada 27 de janeiro desde o ano 2005, o BNG impediu que o Parlamento galego condenasse o nazismo e se honrasse a memória das vítimas. Para aprovar-se essa declaraçom institucional, que exigia a unanimidade de todos os partidos representados no Parlamento (37 do PP, 25 do PSOE e 13 do BNG), os deputados nacionalistas exigiram que se emitisse tamém umha condena do Estado de Israel a respeito do povo palestiniano. Esta atuaçom motivou a acusaçom ao BNG de antissemita em certos foros e meios galegos do resto do mundo.


Perante os ataques terroristas jihadistas a Israel

Com estes precedentes nom admira a posiçom política da UPG/BNG perante o ataque jihadista do Hamas à populaçom civil de Israel que a seguir descrevemos:

7 de outubro

Logo depois de se divulgarem as imagens das atrocidades cometidas polos jihadistas que dominam a Faixa de Gaza e que os terroristas filmaram para que visse todo o mundo o que fizeram, as reações foram -em repetidas ocasiões- de cumplicidade e apoio à "resistência" palestiniana. Vejamos devagarinho.

13:28 Xavier Abalo, militante histórico da UPG, ex-presidente da câmara municipal de Moanha e funcionário do BNG durante muito tempo, anuncia publicamente a "rutura de relações" com o president Carles Puigdemont (@KLRS), líder independentista catalão exilado na Bélgica, acusando-o de imperialista. O motivo? O MHP n°130 da Catalunha perseguido por Espanha e único que fez abalar o régime do 78 que a UPG afirma combater acabava de retuitar umha postagem de Ariel Kanievsky, israelita de origem catalã, quem, indignado, rejeitava o apoio das CUP à "resistência palestiniana".

Minutos antes, o Ariel Kanievsky referia-se às CUP como "hijos de la gran puta" por terem divulgado isto:


14:40 Galiza Nova, organizaçom juvenil do BNG manifesta-se em prol da "resistência palestiniana e a sua legítima autodefesa"


15:27 A UPG, o partido guia, apoia o Hamas com a seguinte expressom: "um povo oprimido tem sempre direito a resistir até conquistar a liberdade". Nessa altura as únicas imagens da "opressom" eram jovens chacinados, os corpos violentados de mulheres semi-espidas expostas como troféus nas ruas de Gaza e atos sádicos ao jeito do ISIS.


15:40 Nestor Rego, secretário geral da UPG e deputado do BNG no Parlamento espanhol, acusa Israel de terrorismo:



18:03 O BNG manifesta o seu "apoio ao povo palestiniano", exigindo "na situaçom atual" (sic) "o cessamento do fogo" e o "início de negociações para evitar mais mortes":

20:39 Perante o espanto causado o BNG emite um breve tuite em que se mostra horrorizado polas "imagens que nos chegam dos centos de mortes causadas polos ataques do Hamas produzidos a passada noite" e "pola açom militar indiscriminada de Israel contra o povo palestiniano". Qualquer um acharia que foi Israel que declarou primeiro a guerra total ao HAMAS.


8 de outubro

O BNG apoia as concentrações "pola liberdade da Palestina" numha convocatória que mostra umha Palestina "do rio ao mar" e em que Israel é varrido do mapa. Eis as soluções de "paz e diálogo" defendidas polo palestinismo galego e o respeito polas resoluções da ONU.

Num discurso anti-Israel, tanto a UPG quanto o BNG mostram apoio às convocatórias das organizações anti-israelitas operantes na Galiza (BDS Galiza, Mar de Lumes, Jenin, Galiza por Palestina) ou a hispánica "Palestina Hoy", bem como indivíduos em prol da vitória (militar?) da Palestina.

Nas suas mensagens, para além de mostrar o apoio à "legítima Resistência palestiniana", o BNG rejeita a chamada "comunidade internacional"; isto é, os "decadentistas" países democráticos do Ocidente.


Posteriormente, as posições anti-judias da UPG/BNG saltaram à tona da atualidade ao mostrar umha recusa absoluta a condenar os massacres cometidos polos islamitas palestinianos.

11 de outubro

O BNG nega-se a apoiar no Parlamento Galego a declaraçom de apoio a Israel e de condenaçom "da açom terrorista levada a cabo polo grupo HAMAS contra o povo de Israel" alegando o contexto do conflito israelo-palestiniano. 

13 de outubro

O partido-guia emite umha declaraçom política perante a situaçom na Palestina em que som contextualizados os bárbaros ataques islamo-nazistas do Hamas/Jihad Islâmica Palestiniana (descritos como "aumento da tensom e da atividade armada entre Palestina e Israel") com as "décadas de conflito motivado pola ocupaçom israelita".


Na sua declaraçom surpreende que um partido declarado marxista-leninista chegue mesmo a justificar os ataques jihadistas, chamados de "atuaçom militar palestiniana", como umha resposta a "provocações como o ataque à mesquita de Al Aqsa em Jerusalém" (sic).

No mesmo dia o seu deputado no Parlamento espanhol, Nestor Rego, reage aos acenos da UE com Israel qualificando o órgão comunitário de "estrutura nada democrática ao serviço das oligarquias e o imperialismo". Para o secretario geral da UPG, defensor da política imperialista da Rússia de Putin, as instituições da UE são "o rosto da infámia e a indignidade". No furor antissionista (=antissemita) o mesmo nome de Israel é substituído pola fórmula "entidade sionista".

15 de outubro

O sindicato do "holding" adere às mobilizações convocadas em contra da guerra de Israel contra o Hamas com as consignas genocídio, limpeza étnica, apartheid:

19 de outubro

Ana Miranda Paz, membra do Parlamento Europeu eleita polo BNG, junta-se a 21 eurodeputados para votar em contra da resoluçom de condena dos "ataques terroristas do Hamas e reconhecer o direito de Israel de se defender em conformidade com o direito internacional humanitário". Apesar de contar com 500 votos em prol e 24 abstenções, o BNG no parlamento europeu juntou os seus votos com partidos nazbol e da extrema-direita da Holanda, Itália ou Eslováquia.

A eurodeputada Ana Miranda recusou-se a condenar os ataques terroristas hediondos do Hamas


A narrativa do "nosso" antissionismo

Para além da exigência de estatutos de "pureza de sangue" à sua militância ou chegar, como os grupos neonazistas, a negar-se a reivindicar a memória das vitimas do Holocausto nazista, a forma em que se manifesta o antissemitismo com mais força na nossa terra é o antissionismo, que nom proclama abertamente o ódio contra os Judeus, mas que aparece difarçado doutra cousa.

Os nossos antissionistas apresentam falsamente Israel como um estado colonial, ilegitimo e que nom deveria existir porque são invasores ou mesmo o braço do imperialismo americano. Polo contrário, os Palestinianos são apresentados como um povo com direito a fazer qualquer cousa no quadro do combate a esse opressor, identificando os israelitas como sujeitos que merecem a violência por estarem onde nom deviam estarEsta narrativa nom apenas desumaniza os israelitas, mas também a todos os que apoiam esse Estado, que são assinalados como cúmplices indignos de compartilhar militância por umha Galiza livre. 

Destarte, a sociedade galega está a ser desensibilizada por estes libertadores da terra fracassados relativamente ao ódio contra os Judeus porque os Judeus deixam de ser vistos como umha minoria oprimida e passam a ser concebidos como umha categoria de privilégio e de opressom. Entom o ódio contra eles mesmo aparece como algo bondoso, como algo necessário para lutar pola libertaçom, fazendo com que a violência contra eles pareceria estar justificada e mesmo desejável porque supõe lutar contra o opressor.

Quando se vende propositadamente nestes termos a narrativa sobre o conflito do Próximo Oriente como a aqui denunciada muita gente está a adotar umha narrativa que desumaniza os Judeus sem dar por isso porque acham que estão a lutar contra a opressom, o apartheid, o genocídio, a limpeza étnica... e todo esse tipo de consignas. Esta é a forma em que esta parcela minoritária e sectária da esquerda está a reproduzir o antissemitismo entre nós sob o guarda-chuva mais abrangente do nacionalismo galego.

Em consequência, mal passou um mês dos ataques jihadistas a Israel a organizaçom maioritaria do nacionalismo galego foi incapaz de condenar o massacre que todo o mundo viu ou de pedir a libertaçom das 240 pessoas sequestradas polo Hamas (crianças, mulheres, idosos...). Polo contrário, estamos a ver umha narrativa alicerçada na deslegitimaçom total e absoluta de Israel, cuja existência lado a lado com a Palestina nem mesmo é tolerada.


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