José Luís Álvarez
Nom é fácil determinar a origem da presença judaica na Galiza. Há quem acha que se remonta à queda do primeiro templo e quem a data na época do Rei Salomom, mas os historiadores mais reputados preferem ligar a chegada dos Judeus à Península à entrada dos romanos em Hispánia.
Imagem: blogue Rua Judia |
A influência –cultural, econômica e mesmo artística– do povo xudeu em Espanha alcançou as suas mais altas quotas durante a ocupaçom árabe e após a reconquista cristã, quando os Judeus desempenharam um importante papel no desenvolvimento e na modernizaçom dos antigos reinos hispanos.
A Galiza nom foi umha exceçom e a cultura judaica floresceu com prósperas comunidades en Ribadávia, Alhariz, Corunha, Monforte de Lemos, Tui, Betanços…
Graças à iniciativa judia, a Galicia –notadamente a cidade da Corunha– pode orgulhar-se de ser o cenário no que se escreveu a Bíblia de Kennicott, a mais prezada alfaia do iluminismo medieval que hoje em doa se custodia em Oxônia (Inglaterra).
Pouco despois, en 1492, os sefarditas –em hebraico Espanha diz-se Sefarad– foram expulsos de Espanha por um édito dos Reis Católicos que ainda hoje supõe um dos mais claros exemplos de antissemitismo na história da Humanidade.
Muitos Judeus abandonaram daquela España, embora outros muitos optaram por converter-se ao cristianismo e –a maior parte deles– seguiram a praticar a sua religiom em segredo.
Ainda que o édito de expulsom dos Reis Católicos foi oficialmente derrogado em 1968, muito antes –durante o Governo de Primo de Rivera– Espanha permitiu aos Judeus regresar a España, embora que é certo que com muitas limitações, polo que poucos o fizeram.
Hoje, 500 anos depois da sua expulsom, a presença judaica na Galiza torna a ser visível graças à comunidade Bnei Israel (Filhos de Israel), fundada na Corunha em pleno século XXI depois de várias tentativas frustradas de recuperar a vida comunitária na nossa terra.
Um centenar de Judeus residentes na Galiza participan dum modo ou doutro das atividades da comunidade, embora moitos morem temporaria ou permanentemente na Galiza e talvez podam chegar a conectar connosco num futuro próximo.
Bnei Israel faz parte da EUPJ (Uniom Europeia do Judaísmo Progressista), com sede en Londres, e tem entre os seus fins fomentar o espírito comunitário entre os Judeus galegos, combater o antissemitismo, difundir a cultura judaica e servir de ligaçom com o Estado de Israel, para além de oferecer o suporte que em nível cultural e espiritual necessitem os Judeus nesta parte de Sefarad.
A comunidade judaica da Galiza organiza a celebraçom de várias festas juduas (Pesach ou o Ano Novo) e mantém um estreito contacto com a comunidade Beit Emunah (Casa de Fe), com sede nas Astúrias e que rege a sinagoga mais próxima da Galicia.
É um firme objetivo da comunidade contar com umha sinagoga própria, umha infraestrutura com a que há uns anos se chegou a contar na Corunha.
Esta carência supre-se, em parte, com a organizaçom de serviços itinerantes nas diferentes cidades galegas nas que Bnei Israel aspira a celebrar nas sextas-feiras a chegada do Shabbat, o mais prezado e santificado día que D'us deu ao seu povo.
A difusom da cultura e a arte judaica en Galicia ocupa também um espaço na agenda de trabalho de Bnei Israel, que pretende chegar à sociedade galega através de convénios com as suas institucições, palestras, colóquios e exposições en diferentes localidades da comunidade autónoma, na conviçom de que o conhecimento é a principal vía para erradicar o ódio e a xenofobia.
O judaismo proibe o proselitismo e, portanto, os Judeus galegos nom procuramos persuadir a ninguém para que se converta ao judaísmo, embora, obviamente, a ninguén se fecham as portas e qualquer um que bater nelas com boas intenções é bem recebido.
De facto, os conversos som, junto com imigrantes latino-americanos, um dos mais importantes grupos integrantes da comunidade judaica da Galiza.
Fonte: nº 200 de Encrucillada (novembro-dezembro 2016), revista galega de pensamento cristão.
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