O conflito do Próximo Oriente também ressoa na Europa. Homens e mulheres de ascendência árabe e turca mostraram abertamente ódio aos Judeus há dias. Como a Alemanha deve lidar com essa circunstância?
Quando deixar de ser umha crítica legítima ao governo israelita para tornar em antissemitismo?
Munzer al-Awad está sentado no chão do seu pequeno apartamento no oeste de Berlim e fumando sem parar. Ele lembra-se de ter ido à escola e balança a cabeça. “Quando crianças, quando desenhávamos o céu, por exemplo, tínhamos que ter cuidado”, diz Al-Awad. As estrelas nom podiam ter a forma da Estrela de David. "Simplesmente veio ao nosso conhecimento entom. Os Judeus eram o diabo.
Sírio, de 38 anos, morou em Dubai quando criança, onde estudou numha escola pública. A luta palestiniana foi onipresente. “Os professores estavam a angariar doações de alunos na Palestina”, disse ele. Israel nom aparecia nos mapas dos livros didáticos. Os professores disseram-lhe que Jerusalém seria libertada e que todos os Judeus seriam decepados. Assim, eles disseram, o profeta prognosticara isso. Al-Awad nunca foi umha pessoa religiosa. Mas a sua mentalidade foi marcada por muito tempo pola imagem da comunidade de todos os muçulmanos, unidos na luta contra Israel.
A seguir, a guerra civil estourou na Síria. Inicialmente, Al-Awad participou nos protestos contra o regime, registrou os distúrbios e enviou material para a mídia que criticava o regime. Entom, ele explica, as forças de Al-Assad capturaram-no. Por semanas ele foi torturado na prisom. Quando ele foi solto, fugiu. Agora mora em Berlim.
“Eu vivi na minha própria carne o que os muçulmanos fazem a outros muçulmanos”, diz ele. A imagem dumha grande comunidade muçulmana internacional já nom o convence. A sua posiçom hoje é a seguinte: "É claro que deve haver umha Palestina. As expulsões de Árabes devem ser interrompidas. Mas também os mísseis do Hamas”.
No entanto, nem todas as pessoas que participaram recentemente de manifestações pró-palestinianas pensam como Al-Awad. No distrito de Neukölln, em Berlim, a tensom aumentou no último fim de semana. Em vez das 80 pessoas habituais, 3.500 compareceram à manifestaçom. Slogans anti-Israel e antissemitas ecoavam constantemente nas ruas: "O exército de Maomé vai voltar" ou "Atire em Tel Aviv". Muitos usavam lenços palestinianos, mas também havia homens vestidos de camuflagem ou com bombas salafistas. Outros agitaram bandeiras turcas e agitaram o símbolo dos Lobos Cinzentos, uma organizaçom de extrema direita. No meio, umha tropa de membros da extrema esquerda sob bandeiras vermelhas com o emblema da foice e do martelo amarelo.
Nas redes sociais, a multidom também mostra sua raiva. Um judeu berlinense teve de ler o seguinte comentário no Instagram: “Sinto falta de Hitler. Ele deveria voltar para umha aniquilaçom rápida”. A mensagem foi escrita em inglês. Existem muitos exemplos como esses.
Esta nom é de forma algumha a primeira onda de antissemitismo agressivo na Alemanha contra os Judeus. Recentemente, a pandemia do coronavírus deu impulso às teorias da conspiraçom antissemitas. O número de crimes antissemitas tem aumentado a cada ano desde 2015, de acordo com as estatísticas do crime: de 1.366 casos entom para os atuais 2.351, um aumento de mais de dous terços. A polícia atribui quase 95% disso à extrema direita, o que se deve, entre outras coisas, ao facto de que, no registro, atos cometidos por autores desconhecidos som frequentemente atribuídos à extrema direita.
Umha pesquisa encomendada pola comissom de especialistas em antissemitismo do Bundestag há cinco anos descobriu que os muçulmanos consideram os Judeus mais responsáveis polos incidentes do que as estatísticas oficiais revelam. RIAS, o escritório de informaçom em escala alemã sobre antissemitismo, fala numha "dinâmica claramente acelerada" de incidentes antissemitas desde a recente eclosom do conflito no Próximo Oriente com ataques de mísseis do Hamas, umha organizaçom islâmica radical, e contra-ataques polo exército israelita.
Em qualquer caso, agora está claro até que ponto o antissemitismo também está enraizado nalguns círculos muçulmanos. E nom só entre os imigrantes recém-chegados, mas - e isso é especialmente alarmante - também entre os que vivem na Alemanha há algum tempo.
Devido ao Holocausto, a Alemanha tem umha responsabilidade especial para com Israel. A chanceler Angela Merkel disse que a segurança do estado judeu é parte da razom para o estado alemão. Os nacional-socialistas assassinaram seis milhões de pessoas de fé judaica. "A nossa democracia nom vai tolerar" protestos antissemitas, disse a chanceler Merkel (CDU).
Ora, onde começa o antissemitismo? Quando nom é mais umha crítica legítima ao governo israelita? Mais de um está confuso. Mas, na verdade, há um limite claro: quando os Judeus alemães som condenados polos ataques militares israelitas em Gaza, quando "os Judeus" som culpados. Quando eles som comparados aos nazistas ou um novo holocausto é desejado. Quando a responsabilidade nom é exigida aos políticos israelitas, mas dumha comunidade judaica supostamente má por natureza, isso é antissemitismo. A judeofobia começa quando umha pessoa é desaprovada e insultada por ser judia.
O centro de monitoramento RIAS baseia-se, entre outras coisas, em três critérios para separar a judeofobia das críticas em Israel. Este é um comportamento antissemita quando Israel é demonizado, o país é deslegitimado ao negar-lhe o seu direito de existir e quando um duplo padrom é aplicado: a violência dos palestinianos é apresentada como legítima, mas nom a de Israel.
Levi Israel Ufferfilge, 32 anos, dirige umha escola judaica em Berlim. Antes das manifestações pró-palestinianas do fim de semana passado, ele refugiou-se no campo por alguns dias. "Eu nom queria ficar em casa e ter medo de sair". Ele nom esquece o ano 2014, quando durante sete semanas houve umha guerra entre Israel e o Hamas. Em seguida, três palestinianos incendiaram umha sinagoga de Wuppertal. Agora, esse pedagogo está a sentir-se ameaçado novamente. Quando abriu a escola na quarta-feira colocou um chapéu sobre a quipá como precauçom, disse ele. “Nom quero atrair ninguém para a escola, tenho que pensar na segurança do alunado”.
Normalmente exibe a quipá com confiança, pois é o "elemento" mais poderoso da "minha identidade", embora saiba que também o põe em perigo. Ele experimentou muito antissemitismo e acaba de escrever um livro sobre o assunto. Chama-se Nicht ohne meine Kippa! (‘Nom sem a minha quipá!’) E explica “o que significa viver com um alvo na cabeça”.
Foi insultado em toda parte, diz ele, especialmente por ser chamado de "judeu de merda": no supermercado, no metrô, nas paradas do transporte público. Um adolescente de ascendência árabe perseguiu-o e jogou garrafas de vidro nele enquanto voltava do cinema para casa. Mas ele acrescentou que quase foi incomodado pola polícia, que entom lhe perguntou se ele "dera motivos para os jovens" o atacarem.
No entanto, nom som apenas os muçulmanos que proferem insultos antissemitas, mas também os alemães com calças de couro ou jaquetas loden. Ufferfilge viveu em Munique nos últimos anos e já vivera na Renânia do Norte-Vestefália.
Rebecca Seidler, 40, é a presidenta da comunidade judaica liberal de Hanover. Ela pôde experimentar pessoalmente como a raiva contra Israel foi desencadeada na forma de ódio contra os Judeus da Alemanha. Três dias após o início dos violentos confrontos no Próximo Oriente, um homem com sotaque árabe ligou para os escritórios da comunidade e ameaçou colocar fogo na sinagoga.
Desde entom, a presidenta está mais preocupada do que de costume. "Após o ataque de Halle, o Ministério da Cultura alocou dinheiro extra para medidas de segurança." Agora, porém, eles nom receberám recursos adicionais.
Os membros da comunidade som insultados no local de trabalho, na escola e na rua, diz Seidler. "O que vocês fazem em Gaza é tam terrível quanto o que os nazistas fizeram aos Judeus." Ou, "Se Israel nom existisse, haveria paz no mundo."
"Somos judeus alemães, mas somos tratados como representantes de Israel", disse Seidler, que trabalha como consultor de negócios. "Acho que criticar Israel é permitido, mas o que está a acontecer agora é puro antissemitismo." Seidler descreve como "assustador" o número de grupos populacionais que odeiam Judeus. Há algum tempo, ele chama a atençom para "o grande número de bandeiras turcas que som vistas" nas manifestações. Diz Seidler: "Aparentemente, o antissemitismo é um elo de ligaçom em que as pessoas podem concordar facilmente."
A Mesquita Al-Aqsa em Jerusalém, onde o conflito eclodiu, fica a mais de 3.000 quilômetros em linha reta da Alemanha. Hoje em dia, o conflito afeta nom apenas os Judeus do país teutônico, mas também os palestinianos. Desde o início dos confrontos, houve mais de mil feridos e centenas de mortos, a maioria do lado palestiniano.
Às vezes, Nidal Bulbul passava a noite ao telefone a falar com a sua família, que mora em Gaza. Ele subia e descia no seu apartamento no bairro de Schöneberg, em Berlim, da sala de jantar ao quarto e vice-versa. Ele podia ouvir as bombas caindo na vizinhança, Bulbul diz, e os gritos das criaturas na casa dos seus pais. Mãe, pai, irmãs, irmãos, sobrinhos e umha sobrinha: Quinze pessoas estavam numha sala durante os ataques aéreos. As janelas foram estilhaçadas polas ondas de choque das bombas.
“Eu disse à minha mãe que eles deveriam ser distribuídos e nom ficar todos na mesma sala”, diz Bulbul. “Mas ela disse: 'Se morrermos, vamos todos morrer juntos.'
Nos últimos onze anos, esse jovem de 37 anos mora na Alemanha. Ele dirige um café popular em Kreuzberg, Berlim. Bulbul carrega umha perna artificial. Ele sabe o que é guerra. Em 2007, ele trabalhou como jornalista audiovisual para a agência de notícias Reuters em Gaza. Enquanto fazia o seu trabalho, sofreu um acidente devido a uma explosom enquanto pilotava seu Range Roger branco. Bulbul acredita que foi culpa dum ataque israelita. Logo depois, tiveram que amputar a sua perna. Os militares, disse Bulbul, também sabiam sobre o veículo.
No sábado passado, ele participou das manifestações pró-palestinianas em Neukölln. “Não estou a protestar contra os Judeus. Tenho amigos judeus aqui em Berlim ”, diz ele. “Estou a lutar contra a violaçom constante do direito internacional, nom apenas na Faixa de Gaza. A minha pátria está a desaparecer de mãos dadas.
Os alemães nom conseguem imaginar como é viver sob ocupaçom, diz Bulbul. Lá, diz ele, as pessoas ficam presas, com serviços catastróficos, sem perspectivas de melhoria. Nom há justificativa para a violência contra a populaçom civil de Israel, disse ele. No entanto, ele acredita que todos sabem que muitas pessoas em Gaza estám a perder o norte.
Para Bulbul, essa é umha questom emocional. Sobre a mesa está umha resoluçom do Conselho de Segurança da ONU condenando a construçom de assentamentos por serem ilegais. "O facto de o exército israelita ter bombardeado o prédio da mídia em Gaza é um crime de guerra. Mas a responsabilidade nunca será exigida de Israel. Sempre se fala apenas em mísseis do Hamas ”, disse Bulbul.
Ele mostra-nos umha velha reportagem do canal de televisom Al Jazeera feita de Gaza para a qual ele fez trechos. No filme, um grupo de repórteres com câmeras está numha colina, a palavra "Imprensa" é vista em letras grandes num colete à prova de balas. Jornalistas agacham-se atrás dum carro e soldados israelitas abrem fogo contra eles. Algumhas cenas depois, a câmera Fadel Shanaa, de 24 anos, que estava a filmar um tanque israelita à distância, morre. O tanque dispara na sua direçom e a imagem fica preta. Fadel Shanaa era amigo de Bulbul.
Aqueles que ouvem as histórias de Bulbul provavelmente podem entender melhor por que ele sai para a rua.
Entre os manifestantes, no entanto, nom estavam apenas palestinianos a sofrer polas vidas das suas famílias que vivem em Gaza. Alguns dos que expressam o seu ódio a Israel já som a segunda ou terceira geraçom que vive na Alemanha e nom têm laços com a Palestina. O que há de errado com esses jovens que se identificam tam pouco com os valores alemães e postam mensagens nas redes sociais como: "Desgraçados, Hitler deu um pouco no cu!"
O educador Derviş Hizarci, 37, testemunhou a manifestaçom de Neukölln como observador, na qual se ouviram slogans judeofóbicos. Ouvir na rua faz parte do trabalho deles. Este berlinense trabalhou como professor em escolas de Kreuzberg por muitos anos. Ele atualmente trabalha para umha fundaçom que, entre outras coisas, intervém contra as ideologias da conspiraçom e também dirige a KIGA, a Iniciativa Kreuzberg contra o Antissemitismo. Este é o projeto mais importante realizado por migrantes contra a Judeofobia na Alemanha. Nos protestos, Hizarci viu muitos jovens como os que ele tratou nas suas oficinas: jovens com poucas perspectivas, mas supostamente muito confiantes em si próprios. “Houve mais do que nos últimos anos em circunstâncias semelhantes, e a raiva foi mais intensa”, diz Hizarci.
Burak Yilmaz, 33, também é educador. Há anos trabalha com adolescentes em Duisburg e arredores, fazendo obradoiros sobre temas como antissemitismo, machismo e honra. O islamismo também é importante para pessoas que assumiram umha postura agressiva nas ruas, diz ele. “Eles têm a ideia dumha comunidade muçulmana global: eles atiram nos nossos irmãos e irmãs, porque temos que ficar juntos”. Além disso, histórias de conspiraçom estám a circular na rede. "Pregadores precisamente fundamentalistas têm muitos seguidores nas redes sociais e encorajam o ódio. Existem imãs cujos conteúdos som compartilhados milhares de vezes. Nalgumhas séries turcas, o judeu é sempre o inimigo. "Essas som as coisas que fazem a diferença."
Muitos homens de ascendência turca som fãs de futebol e assistem aos jogos da Super League com entusiasmo. Há poucos dias, a equipa do Fenerbahçe fez o aquecimento com t-shirts com "Özgür Filistin" ("Palestina Livre"). Entre eles estava Mesut Özil, que fez parte da seleçom alemã, nasceu em Gelsenkirchen e é torcedor de Erdogan. Ele tem muitos fãs entre os jovens migrantes na Alemanha. Identificam-se com ele, nom com Armin Laschet (CDU) ou Annalena Baerbock (Verdes).
Nom é nengumha surpresa que umha estrela do futebol possa roubar proeminência dos políticos alemães. O mais desagradável é que isso pode ser feito por um autocrata estrangeiro como Recep Tayyip Erdogan, que recentemente "amaldiçoou" o governo austríaco por hastear bandeiras israelitas como sinal de solidariedade em prédios públicos. “Eles som assassinos, matam crianças de 5 ou 6 anos. Eles nom ficam satisfeitos até que sugem seu sangue ", disse Erdogan sobre Israel.
A clara judeofobia do governo turco é um grande problema para a Alemanha, porque o que Erdogan faz e diz também é repassado aos seus seguidores que vivem aqui. Nom é possível dizer exatamente quantos seguidores o presidente turco tem, e o grupo de pessoas de origem turca é muito heterogêneo. Mas o que é certo é que na última eleiçom presidencial na Turquia, dos 1,4 milhão de eleitores elegíveis que vivem na Alemanha, cerca de metade a exerceu. E destes, 65% votaram em Erdogan.
Especialistas em integraçom lamentam a dependência da organizaçom da mesquita Ditib do governo turco. A maioria dos imãs que pregam nas quase 900 mesquitas de Ditib na Alemanha foram instruídos pola autoridade religiosa turca Diyanet na Turquia. O mesmo que lhes paga o salário.
De facto, por exemplo, o diretor do Ditib em Hessen o exortou a "ficar longe de grupos de pessoas que proclamam o ódio". Mas entom Ali Erbaş, chefe da Diyanet, tomou a palavra de Ancara: “A tirania de Israel, o assassino de bebês que destrói templos sem misericórdia e aniquila, deve parar o mais rápido possível. Quanto possível”. Poucos dias antes, ele saira para pregar em Hagia Sophia com umha espada na mão.
Nom surpreendentemente, a comunidade Ditib na cidade de Aalen em Baden-Württemberg escreveu numha postagem no Facebook: "Liberte Jerusalém do cerco dos tiranos, Alá!" O Ditib de Biberach, na Alta Suábia, foi expresso com virulência especial: a umma - isto é, a comunidade - do "Comandante Muhammad" nunca será subjugada. Ou também: "Que Allah traga infortúnio para os incrédulos!" Em Unterschleiẞheim, Baviera, Ditib postou no Facebook imagens do Domo da Rocha e da Mesquita de Al-Aqsa que algumhas crianças pintaram, além de bandeiras turcas e palestinianas. No desenho, umha criança escreveu a palavra "liberdade" em turco com um traço ainda nom especializado.
Mesmo que a situaçom no Próximo Oriente se acalme, a Alemanha nom pode continuar a encobrir o problema. Os cantos judeofóbicos podem desaparecer das ruas, mas nom desaparecem. O que fazer a partir de agora?
O professor judeu Levi Ufferfilge clama por mais pedagogia e mais ofertas em ambientes de migrantes. “Há pessoas que vivem em bairros pobres, que nom compartilham a prosperidade da nossa sociedade, que vivem apenas no seu contexto árabe ou turco, que só consomem certos meios e som facilmente receptivas ao antissemitismo”. Mas também há muitos jovens que som sensíveis ao antissemitismo e isso dá-lhes esperança.
Os especialistas que trabalham com adolescentes no terreno também nom se resignam. Derviş Hizarci, da KervA, diz: "Se o abordarmos corretamente, o seu antissemitismo, embora nom possa ser completamente eliminado, quase sempre pode ser contido." Hizarci e a sua equipa vam principalmente às escolas quando precisam de ajuda ou conselho. A estratégia é levar o adolescente a sério, conversar com ele e gradualmente envolvê-lo nas suas contradições.
"Você gostaria que eles falassem sobre você assim? O que a situaçom na Palestina tem a ver com você? ” Isso pode ser feito por qualquer professor, diz Hizarci, e muitos o fazem. Nos últimos anos, os trabalhadores da KIGA organizaram centenas de obradoiros, que quase sempre deram frutos. A escola Refik Veseli em Kreuzberg, por exemplo, agora tem o nome dum muçulmano "justo entre os povos" que salvou Judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Este é o resultado do desejo dos alunos. Mas esse trabalho é difícil e nunca acaba. E devemos primeiro nomear claramente o antissemitismo muçulmano e, no entanto, nom considerá-lo inevitável; nem os adolescentes devem ser encurralados por colocá-los dum determinado lado.
Felix Klein, o comissário do governo alemão para o antissemitismo, adverte que "os muçulmanos agora nom devem ser alvos de desviar o antissemitismo da sociedade em geral". Nem é, diz ele, um "antissemitismo importado". Aqueles que agora espalham o ódio contra os Judeus som, em muitos casos, cidadãos alemães. Klein, porém, viveu em primeira mão como é difícil encontrar o tom certo nesse debate. Quando numha entrevista afirmou que deveria ficar claro aos "adolescentes com origens migratórias" que na Alemanha o antissemitismo é inaceitável, o pianista judeu Igor Levit censurou-o por colocar adolescentes fora da Alemanha "sob suspeita geral". Essa nom era a sua intençom, Klein disse ao Der Spiegel, "devemos dar um nome a todas as formas de antissemitismo: a judeofobia de direita e de esquerda, dos muçulmanos e também aquela que vem do centro da sociedade".
A chanceler Merkel, de acordo com os participantes dumha reuniom do grupo parlamentar CDU/CSU no Bundestag, anunciou que nom toleraria quando alguém queimasse bandeiras israelitas ou atacasse sinagogas. Parece umha postura determinada, mas que consequências terá?
O ministro do Interior da Bavária, Joachim Herrmann (CSU), propôs que se revisse se alguém "que mostra grande intolerância" pode ser expulso do país. Isso parece ainda mais decidido, mas há umha cousa que Hermann também sabe: os cidadãos alemães nom podem ser expulsos do país. Nem pode o problema do antissemitismo ser descartado.
Artigo de Der Spiegel, publicado polo semanário de política e cultura catalão El Temps e traduzido para o galego-português por CAEIRO.
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