sábado, 28 de junho de 2025

GUERRA DOS DOZE DIAS

 Irving Gatell


1. Há dous factos objetivos inegáveis ​​neste ponto:

A) A vitória de Israel foi retumbante, inversamente proporcional à derrota e humilhaçom do regime iraniano.

B) A sociedade iraniana NOM ESTÁ PRONTA para promover umha mudança de regime por conta própria.

Durante a Guerra dos Doze Dias Israel atacou a cabeça da cobra do chamado "eixo da resistência"


2. Este último ponto é a chave para compreendermos a situaçom atual: o regime está ferido e procuraria vingar-se do seu próprio povo.

Poderia Israel ter derrubado o regime?

Sim, sem dúvida. Mas nem sempre esta é a melhor linha de açom.


3. Quando um país nom está pronto para passar por umha transiçom, um derrube do governo induzido por estrangeiros causa mais problemas do que resolve. São os casos recentes do Iraque e da Líbia.

Se Israel tivesse derrubado o regime, o caos teria sido maior.


4. E o que significa caos maior? No mínimo, massacres por parte dos restos do regime contra a populaçom; e umha crise migratória que teria afetado o Azerbaijão, o Turquemenistão, o Paquistão e os países do Golfo Pérsico, desestabilizando toda a regiom.


5. Além disso, o risco dum aumento dos preços do petróleo teria aumentado devido a ameaças mais credíveis no Estreito de Ormuz.

Isto teria desencadeado a inflaçom global, e a mais afetada, curiosamente, seria a China, que compra ali mesmo 50% do seu petróleo.


6. No final de contas, o que estamos a ver é um exemplo clássico da Teoria dos Jogos.

Trump, Netanyahu e outros intervenientes-chave neste jogo perceberam que correr mais riscos nom gerava mais lucros, mas sim prejuízos.

Era tempo de acabar com isso.

Por enquanto, certo.

O ataque de Israel apagou a ameaça para todo o mundo civilizado 


7. Em princípio, os objectivos de Israel foram mais do que alcançados.

O Irão já nom tem um plano nuclear, nem um plano de mísseis balísticos, nem representa umha ameaça existencial. Todos os riscos que ainda existiam há duas semanas evaporaram-se por enquanto. Além disso...


8. Para os Estados Unidos, Israel e Irão, as condições são muito claras: se o Irão fizer algo que ponha Israel em risco, será atacado polas Forças de Defesa de Israel (e nom tem capacidade para se defender). Se tentar refazer o seu plano nuclear, será atacado polos Estados Unidos.

As bravas mulheres iranianas começaram a perder o medo do regime dos aiatolás 


9. O Irão pode gabar-se o quanto quiser, mas a realidade é que foi drasticamente humilhado. Há poucas horas, perante a possibilidade dumha dura retaliaçom israelita, alterou várias vezes a sua versom dos factos (em tom de lamúria), pois sabia que estava em risco.


10. Esta é umha situaçom de extrema gravidade para o regime, que DEIXA A PORTA ABERTA ao seu colapso interno.

Por quê? Simples: o Irão está agora a retomar o seu quotidiano a partir da realidade devastadora de que NINGUÉM o vê como umha potência regional.

Perderam o medo dele.

Israel é a maior potência militar do Próximo Oriente


11. Polo contrário, Israel consolidou a sua posiçom como a maior potência militar da regiom. A sua primazia é incontestável, e os seus inimigos já perceberam que nom está a brincar.

O eixo iraniano está quebrado.

O que os aiatolás, o Hezbollah e o HAMAS representavam JÁ NOM EXISTE.


12. O aiatolá Khamenei —um líder octogenário e deprimido— perdeu todos os seus homens de confiança. Agora, precisa de renovar o governo, mas tem um problema: os militares que ainda estão vivos são inevitavelmente suspeitos de colaborar com Israel. Se nom, porque estão vivos?


13. Há enormes vácuos de poder dentro do regime iraniano e muita desconfiança entre eles.

A combinaçom perfeita para que o regime nom consiga simplesmente restaurar-se.

Além disso, estão falidos. O investimento multibilionário que era o seu império foi por água abaixo.

O aiatolá viu desaparecer os homens fortes do seu regime islamo-nazista


14. O que Trump está a calcular —e a facilidade com que Netanyahu coopera deixa-me claro que ambos partilham esta ideia— é que é tempo de deixar as cousas acalmarem dentro do Irão, SEM PRESSOM ESTRANGEIRA.

O resultado nom será bom para o regime.


15. Poderá o Irão, num gesto de fanatismo, tentar violar todos os acordos e regressar aos seus velhos hábitos?

Podem, mas é claro que nom serão tratados com gentileza.

Eles vão querer fazer isso? Estão desesperadamente ansiosos, sem dúvida, mas por enquanto têm de lidar com a sua situaçom interna.


16. Esta é talvez a maior mudança ocorrida nestes doze dias: o Irão precisa de esquecer os seus planos externos —que definiram a sua razom de ser desde 1979— e começar a olhar para o seu próprio umbigo.

A própria sobrevivência do regime depende disso, e isso nom é garantida.



17. Israel, por outro lado, regressa à guerra em Gaza numha posiçom mais confortável.

O Irão, o último apoio económico e moral do HAMAS, está derrotado. Dado o curso dos acontecimentos, já nom é do interesse do Catar mudar de assunto.

O fim desta guerra também se aproxima.


18. Muitos de nós teríamos adorado ver os aiatolás a entrar em colapso, mas os líderes políticos que enfrentaram o problema em primeira mão sentiram que, por enquanto, nom há necessidade de pressionar ainda mais a aliança.

O Irão está derrotado e humilhado, e ninguém pode mudar isso.


19. A prova de que chegámos a um ponto em que as grandes conquistas desta guerra são puro lucro reflecte-se nos mercados.

Os preços do petróleo nom subiram, o mercado bolsista israelita está em alta e o dólar valorizou.

É tempo de assimilar as novas condições.


20. Os Estados Unidos e Israel continuarão o seu projeto de remodelaçom da realidade no Próximo Oriente. O Irão já nom é o obstáculo que já foi. A Arábia Saudita irá certamente juntar-se ao esforço, agora que a migraçom de iranianos já nom obscurece as perspetivas.


21. Se o projeto progredir como previsto, a Síria e o Líbano entrarão na órbita ocidental, consumando a derrota do Irão. O desenvolvimento e a prosperidade chegarão à regiom, e os aiatolás ficarão à margem, isolados, como crianças pobres a olhar pola montra da padaria.


22. Aqueles que conhecem este conflito por dentro consideram que é tempo de as cousas evoluírem, e nom de revolucionarem.

A guerra do fim dos tempos, que deveria culminar na destruiçom de Israel, terminou com um sucesso retumbante para o Estado judaico.


23. Agora Israel tem um caminho certo para reconstruir todos os danos que sofreu, reanimar a sua economia (acreditem, há muita tecnologia militar nova que muitos países vão comprar e pagar MUITO bem depois de tudo o que vimos), e tudo isto sem inimigos existenciais.


24. Melhor ainda: pode concentrar-se nos reféns que ainda estão nas mãos do HAMAS, deixando este grupo terrorista sem outra escolha senom render-se e exilar-se.

As guerras nom são apenas sobre vencer.

É preciso saber gerir o que se conquista.

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