Há tempos não falo mais sobre o Brasil.
Acho que as expectativas abaixaram tanto que nada mais me surpreendia.
Afinal, o que esperar de um país que não condenou o assassinato brutal dos brasileiros Bruna Valeanu, Ranani Glazer, Karla Stelzer e Celeste Fichbein (filha de brasileira) pelas mãos do Hamas no dia 7.10.23?
Antes da reação israelense.
Antes de Israel começar a se defender do maior genocídio de judeus desde o Holocausto.
Brasileiros foram assassinados e o
Brasil se calou.
O Brasil também se calou sobre o sequestro de um cidadão brasileiro pelo Hamas.
O Brasil que tanto se orgulha de seus laços com o Irã e com grupos terroristas (claro, se recusando a considera-los como tais), não usou os seus laços para tentar trazer o Michel Nisenbaum para casa.
O Brasil nem fingiu se importar.
Quando descobrimos que o Michel foi assassinado pelo Hamas e que na verdade era seu corpo que estava sendo mantido em Gaza - o Brasil também não condenou.
O Brasil não prestou apoio às vítimas brasileiras do Nova.
Aos sobreviventes que foram a uma festa dançar e terminaram a noite escondidos entre corpos.
O Brasil não soube (e nem tentou) lidar com o crescimento antissemitismo em seu território.
Mais do que isso - a liderança brasileira encabeçou o movimento antissemita no Brasil.
O Brasil falhou.
Falhou.
Falhou.
Falhou tanto que eu não tinha mais nenhuma expectativa.
Mas de alguma forma hoje o Brasil conseguiu me surpreender.
Hoje o Brasil decidiu, pela primeira vez, se manifestar em relação a um sobrevivente do Nova.
Hoje o Brasil acordou.
Quebrou o silêncio.
Mas pasmem (eu pasmei): não foi um manifesto de apoio.
Foi um mandato de prisão e a abertura de uma investigação.
Sim, um sobrevivente do massacre do Hamas que viajava pelo Brasil foi alvo da polícia federal.
Entendam: dia 7.10.23 ele foi para um festival. Foi dançar e curtir.
De lá para cá ele teve que lidar com a morte de perto.
Literalmente sofreu uma tentativa de genocídio.
E por sua legítima defesa, e pela minha legítima defesa, ele fez parte do serviço de reservistas do Estado de Israel.
Ele tentou garantir que o crime do qual ele foi vítima não se repita.
Ele tentou evitar a próxima tentativa de genocídio.
Ele agiu por autodefesa: sua, minha, do Estado de Israel e dos judeus do mundo.
Mas para o Brasil um judeu que age para se defender é criminoso.
E como se um judeu estivesse sendo preso por matar o nazista que o prendia e por fugir de Aushwitz - esse reservista sobrevivente está sendo processado.
Não no Irã.
Não no Líbano.
Não na Síria.
No Brasil.
Hoje o gigante acordou.
Mas bem que poderia voltar a dormir.
O silêncio do Brasil já não choca.
Mas a oficialização do antissemitismo me preocupa.
O anão diplomático está fazendo o impossível- diminuindo a sua relevância e se unindo às maiores ditaduras do mundo.
Volte a dormir Brasil.
Pelo bem de todos - e principalmente pelo seu próprio bem.
Selly Nasser, judia nascida no Brasil e morando em Israel.
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