segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

O GIGANTE ACORDOU

 Selly Nasser

Há tempos não falo mais sobre o Brasil.

Acho que as expectativas abaixaram tanto que nada mais me surpreendia.



Afinal, o que esperar de um país que não condenou o assassinato brutal dos brasileiros Bruna Valeanu, Ranani Glazer, Karla Stelzer e Celeste Fichbein (filha de brasileira) pelas mãos do Hamas no dia 7.10.23?


Antes da reação israelense.


Antes de Israel começar a se defender do maior genocídio de judeus desde o Holocausto.


Brasileiros foram assassinados e o

Brasil se calou.


O Brasil também se calou sobre o sequestro de um cidadão brasileiro pelo Hamas.


O Brasil que tanto se orgulha de seus laços com o Irã e com grupos terroristas (claro, se recusando a considera-los como tais), não usou os seus laços para tentar trazer o Michel Nisenbaum para casa.


O Brasil nem fingiu se importar.


Quando descobrimos que o Michel foi assassinado pelo Hamas e que na verdade era seu corpo que estava sendo mantido em Gaza - o Brasil também não condenou.


O Brasil não prestou apoio às vítimas brasileiras do Nova.

Aos sobreviventes que foram a uma festa dançar e terminaram a noite escondidos entre corpos.


O Brasil não soube (e nem tentou) lidar com o crescimento antissemitismo em seu território.


Mais do que isso - a liderança brasileira encabeçou o movimento antissemita no Brasil.


O Brasil falhou.

Falhou.

Falhou.

Falhou tanto que eu não tinha mais nenhuma expectativa.

Mas de alguma forma hoje o Brasil conseguiu me surpreender.


Hoje o Brasil decidiu, pela primeira vez, se manifestar em relação a um sobrevivente do Nova.


Hoje o Brasil acordou.


Quebrou o silêncio.


Mas pasmem (eu pasmei): não foi um manifesto de apoio.

Foi um mandato de prisão e a abertura de uma investigação.

Sim, um sobrevivente do massacre do Hamas que viajava pelo Brasil foi alvo da polícia federal.


Entendam: dia 7.10.23 ele foi para um festival. Foi dançar e curtir.

De lá para cá ele teve que lidar com a morte de perto.

Literalmente sofreu uma tentativa de genocídio.

E por sua legítima defesa, e pela minha legítima defesa, ele fez parte do serviço de reservistas do Estado de Israel.


Ele tentou garantir que o crime do qual ele foi vítima não se repita.

Ele tentou evitar a próxima tentativa de genocídio.

Ele agiu por autodefesa: sua, minha, do Estado de Israel e dos judeus do mundo.


Mas para o Brasil um judeu que age para se defender é criminoso.

E como se um judeu estivesse sendo preso por matar o nazista que o prendia e por fugir de Aushwitz - esse reservista sobrevivente está sendo processado.


Não no Irã.

Não no Líbano.

Não na Síria.


No Brasil.


Hoje o gigante acordou.


Mas bem que poderia voltar a dormir.


O silêncio do Brasil já não choca.


Mas a oficialização do antissemitismo me preocupa.


O anão diplomático está fazendo o impossível- diminuindo a sua relevância e se unindo às maiores ditaduras do mundo.


Volte a dormir Brasil.


Pelo bem de todos - e principalmente pelo seu próprio bem.


Selly Nasser, judia nascida no Brasil e morando em Israel.

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