A Judiaria da Europa em 1939 era de cerca de 9,5 milhões de pessoas, e estima-se que seis milhões delas foram exterminadas entre 1942-45. Em consequência desta chacina, a populaçom judaica mundial mal atingiu em 2023 o seu pico historico de 17 milhões de 1939, estimando-se na atualidade em 16,8 milhões a populaçom judaica do mundo (aqueles que se identificam como Judeus acima de todo).
A Shoah fez com que 1 em cada 5 dos 26,3 milhões de mortes civis da Segunda Guerra mundial (23,20%) fossem Judeus, exterminando 62,27% da Judiaria europeia |
> Evoluçom da populaçom judaica mundial (1880-2023)
> Evoluçom da populaçom judaica mundial no século XXI (2000-2023)
Populaçom judaica na Europa de pré-guerra
Os dados populacionais da presença judaica que aparecem nos seguintes mapas variam de 1937 a 1941, portanto, por exemplo, os países donde vieram os números de 1937 podem nom refletir com precisom o número de Judeus na época do início da guerra.
Fronteiras de 1938
Fronteiras atuais
Entre 1937 e 1941 as maiores comunidades judaicas da Europa localizavam-se na Polónia (3,3 milhões) e Uniom Soviética (3,02 milhões) seguidas, a mais distância, polas judiarias da Hungria (825.000 pessoas), a Alemanha nazi (751.000) e Roménia (609.000). Superavam as 100 mil pessoas as judiarias da França (350.000), Checoslováquia (207.260), Lituánia (168.000) e Países Baixos (140.000).
No seio da URSS destacam as judiarias da Ucrânia (1,533 milhões), da Rússia (891.147 pessoas) e Bielorrússia (375.092). No Terceiro Reich havia mais Judeus na Alemanha (566.000) que na Áustria (185.000), bem como nos territórios de Boémia e Morávia (atual Chequia), com 118.310 judeus que na Eslováquia (88.950).
> Populaçom judaica na Europa (2023)
As principais judiarias existentes nos dias de hoje na Europa localizam-se na França (440.000 pessoas), Reino Unido (312.000), Federaçom Russa (132.000) e na Alemanha (125.000) seguidas, a mais distância, pola comunidade da Hungria (46.000), Ucrânia (33.000), Países Baixos (29.700), Bélgica (29.000), Itália (26.900) e Suíça (20.500).
Em termos relativos a presença judaica é significativamente maior em Gibraltar (2,29%) e Mónaco (1,75%), seguido pola França (0,67%), Hungria (0,47%) e Reino Unido (0,46%). A mais distância acha-se a judiaria da Bélgica (0,25%), Suíça (0,23%), Letónia (0,22%), Países Baixos (0,17%) e Alemanha e Estónia (0,15% ambas).
Os países europeus com menos presença judaica são a Arménia (0,003%), Eslovénia (0,005%), Macedónia do Norte (0,006%) e Bósnia-Herzegovina (0,015%). A judiaria de Portugal (3800 pessoas) representa os 0,04% da populaçom atual (10,3 milhões).
A soluçom final da questom judaica
O genocídio da Judiaria europeia respondeu à "soluçom final da questom judaica" ("Endlössung der Judenfrage"), o plano nazista desenhado para o extermínio desta naçom. Enraizada no discurso antissemita da Europa do século XIX sobre a "questom judaica", a "Soluçom Final" denota a última fase na evoluçom das políticas anti-judaicas do Terceiro Reich, desde a perseguiçom até à aniquilaçom física à escala europeia. Atualmente, a Soluçom Final é usada de forma intercambiável com outros termos mais amplos que se referem às políticas de extermínio alemãs durante a Segunda Guerra mundial (nomeadamente como Holocausto ou Shoah), bem como mais especificamente para descrever a intençom alemã e o processo de tomada de decisom que levou ao início dumha guerra sistemática de assassinato em massa.
A perseguiçom aos Judeus alemães aumentou durante o período entre guerras, especialmente após a chegada de Hitler ao poder em 1933, e novamente após a Kristallnacht em 1938.
Embora o programa do Partido Nazi (NSDAP) adoptado em fevereiro de 1920 nom contivesse referência direta ou indireta ao termo, a propaganda nazi apresentava umha eliminaçom radical de qualquer cousa considerada judaica de todos os aspectos da vida alemã como pré-requisito para a recuperaçom nacional.
Após a chegada de Hitler ao poder, os ativistas do partido e os burocratas competiram na transformaçom do amplo consenso de que algo tinha de ser feito sobre a "questom judaica" numha política governamental destinada a vários graus de segregaçom, expropriaçom e remoçom física. No processo, a aplicaçom da força tornou-se cada vez mais atrativa.
A 30 de janeiro de 1939, numha declaraçom no Reichstag, Hitler referiu que umha nova guerra mundial provocaria “a aniquilaçom da raça judaica na Europa”, dando legitimaçom e incentivo para medidas mais violentas, por vezes já assassinas, adoptadas na periferia que, pola sua vez, radicalizariam a tomada de decisões do regime de Berlim.
Contudo, a utilizaçom do termo "soluçom final" em documentos alemães produzidos antes de 1941 deve ser entendida menos como uma expressom dum plano preconcebido para o genocídio do que como umha expressom de intenções radicais, ainda nom especificadas.
No entanto, a escala desta situaçom aumentou drasticamente após as invasões alemãs da Polónia em 1939 e da URSS em 1941, quando a Alemanha nazista anexou regiões com algumhas das maiores populações judaicas da Europa (antiga Zona de Assentamento Judeu no Império russo ou Pale of Settlement).
Assim sendo, logo após a invasom da Polónia, a 21 de setembro de 1939, o Schnellbrief sobre a "questom judaica" de Heydrich aos comandantes dos Einsatzgruppen que operavam nesse território refere-se a "medidas totais planeadas" secretas (portanto, o objetivo final, "die geplanten Gesamtmaßnahmen", também "das Endziel"). Porém, na altura esta soluçom ainda era vista em termos de repressom e remoçom mas nom de aniquilaçom.
O uso mais frequente do termo "Soluçom Final" em documentos alemães no início de 1941 indica um movimento gradual em direçom à ideia de eliminaçom física no contexto de planos frustrados de reassentamento populacional em grande escala (incluindo o "plano de Madagascar") e esperanças megalomaníacas de engrandecimento imperial na Europa Oriental.
O processo de implementaçom do extermínio dos Judeus foi prolongado e gradual, impulsionado por “umha visom vaga de genocídio implícito”.
A partir de 22 de junho de 1941 a Alemanha Nazista trava umha "guerra de destruiçom" contra a URSS, desatando a implementaçom da "soluçom final" com instruções dos hierarcas nazis que apelavam à rápida pacificaçom das áreas conquistadas e nas que se enfatizava a natureza "subumana" de amplas camadas da populaçom, bem como a necessidade de medidas drásticas para combater a ameaça mortal representada polo "Judeu-Bolchevismo" ao grande desígnio nazista. Em consequência os soldados alemães, os homens da SS e policiais assassinaram Judeus desde os primeiros dias da campanha.
Numha carta de Heydrich aos chefes superiores da SS e da polícia na URSS ocupada, datada de 2 de julho de 1941, listava "Judeus em posições partidárias e estatais", notadamente Judeus de sexo masculino em idade militar, e "outros elementos radicais" entre os alvos da execuçom, poupando mulheres e crianças, o que supõe a ausência nessa altura dumha ordem central e a preferência das autoridades de Berlim por umha escalada controlada.
Os assassinatos maciços na URSS ocupada -conforme previsto numha diretiva do Ministério do Reich para os Territórios Orientais Ocupados de Alfred Rosenberg- proporcionaram à liderança alemã experiências sobre como chegar a umha "soluçom para o problema geral" ("für die Loesung des Gesamt-Problems richtungsweisend") que poderia ser aplicado noutro lugar. Assim sendo, em 31 de julho de 1941, Goering assinou um documento que encarregava Heydrich de "fazer todos os preparativos necessários no que diz respeito aos aspectos organizacionais, práticos e materiais para umha soluçom global ("Gesamtloesung") da questom judaica na esfera de influência alemã na Europa" e elaborar um plano "para a implementaçom da soluçom final pretendida ("Endloesung") para a questom judaica".
Na época da Conferência de Wannsee, realizada em 20 de janeiro de 1942, o termo Soluçom Final tornou-se umha fórmula comum entre o governo alemão e os funcionários do partido. Agora reduzido no seu verdadeiro significado a assassinato em massa, o seu âmbito geográfico expandiu-se para além da Europa dominada polos alemães: o Protocolo da conferência listou 11 milhões de Judeus em diferentes países a serem envolvidos na "Soluçom Final da questom judaica europeia", incluindo Inglaterra e países neutros como a Suécia e a Suíça.
> Populaçom judaica na Europa em 1942 segundo a lista de Eichmann
Segundo o recenseamento de Judeus realizado por Eichmann na altura da Conferência de Wannsee havia na Europa 14.732.668 Judeus, 30,8% (4,536 milhões sob o controlo direto do Terceiro Reich, área A na imagem) e os 69,2% restante (10,197 milhões de pessoas) fora do seu controlo direto (área B).
O culminar da Soluçom Final com deportações em massa de várias partes da Europa para os centros e campos de extermínio na Europa Oriental resultou, tal como nas fases anteriores do processo, nom dumha única decisom de nível superior, mas dumha combinaçom complexa de factores, com o centro de Berlim a reagir tanto quanto a moldar ativamente os acontecimentos.
Fontes de informaçom sobre o extermínio dos Judeus durante a Shoah
As duas fontes mais confiáveis de dados da Shoah são os o Museu Memorial do Holocausto dos EUA e Yad Vashem (Israel). Embora esta seja a melhor informaçom disponível, baseia-se em estimativas e nom pode ter em conta o número desconhecido de vítimas cujos corpos nunca foram recuperados ou para os quais nom houve registos ou estes foram destruídos. Os nazistas mantinham registos detalhados das pessoas que passavam polos campos; no entanto, nom sabemos quantos Judeus ainda podem ter desaparecido nos muitos lugares onde foram assassinados. Além disso, à medida que os Aliados começaram a aproximar-se da Alemanha, os nazis começaram a destruir os seus registos. Também nom sabemos o número preciso de Judeus em nengumha destas áreas.
Embora as duas instituições acima referidas tenham estimativas diferentes, se calcularmos a média do número total de Judeus que cada uma diz terem sido assassinados, o resultado é o número habitualmente utilizado de seis milhões: entre 5.912.526 - 6.198.676 (59% da Judiaria europeia) segundo o USHMM e 5.596.000-5.860.000 (60% da Judiaria europeia) segundo o Yad Vashem.
> Número de Judeus mortos na Europa durante a Soluçom Final
Fronteiras de 1938
Fronteiras atuais
O extermínio dos Judeus foi maior na Polónia ocupada polos nazis (3 milhões de pessoas) e na Uniom Soviética (1,34 milhões), seguida pola chacina da Hungria (569.000 pessoas), Roménia (287.000), Terceiro Reich (191.500), Checoslováquia (149.150), Lituánia (143.000) e Países Baixos (100.000).
No seio da URSS foi maior o genocídio judaico registado na Ucrânia (973.500 pessoas) que na Bielorrússia (247.500) e Rússia (119.000). No Terceiro Reich houve mais vítimas na Alemanha (141.500) do que na Áustria 50.000). A Shoah deu cabo da vida de 78150 Judeus nos territórios da Boémia e Morávia anexados polo Terceiro Reich e de 71.000 na república fantoche da Eslováquia. Na Jugoslávia a Shoah abateu mais vidas judias na Croácia fascista (territórios da Bósnia-Herzegovina e Dalmácia incluídos), com 30148 pessoas, e na Sérvia (28.700).
Superaram as 25.000 vítimas os massacres cometidos na Bélgica (28.900 pessoas), Jugoslávia (63.300), Grécia (67.000), Letónia (71.500) e França (77.320).
> Percentagem de Judeus mortos na Europa durante a Soluçom Final
Fronteiras de 1938
Fronteiras atuais
A Shoah supôs o extermínio de mais de 85% da judiaria da Polónia (90,9%), Grecia (86,6%) e Lituánia (85,1%), bem como mais de 70% dos Judeus que havia antes da implementaçom da "Soluçom final" por nazis e colaboracionistas na Jugoslávia (81,2%), Letónia (78,1%), Checoslováquia (72,0%) e Países Baixos (71,4%). Aliás, também foi assassinada a maioria de Judeus que viviam na Hungria (69,0%), Luxemburgo (55,7%) e mais de 40% na Roménia (47,1%), Noruega (44,8%), Estónia e URSS (44,4% ambos) e Bélgica (44,0%). Finalmente, foram exterminados 1 em cada 4 Judeus que viviam no Terceiro Reich (25,5%) e na França (22,1%).
Mais pormenorizadamente, o Holocausto perpetrado polos nazis e colaboracionistas deu cabo da maioria das comunidades judaicas de Montenegro (93,33%), Macedónia do Norte (90,91%), Eslovénia (86,67%), Sérvia (86,55%), Eslováquia (79,82%), os 75,52% nos territórios dependentes do regime Ustasha da Croácia (incluindo Dalmácia e Bósnia-Herzegovina), Chéquia (66,06%), Bielorrússia (65,98%) e Ucrânia (63,51%). Além disso, também foi chacinada umha parcela considerável das judiarias da Moldávia (41,40%) e Kosovo (38,18%) e, em menor parte, da Rússia (13,35%).
> Número estimado de mortes de Judeus durante o Holocausto de 1933 a 1945 segundo o método de extermínio e localizaçom
Segundo os dados apontados por Statista, metade das vítimas da Shoah localizaram-se na Polónia (50,6%), noutros locais umha quarta parte (25,2%), 23,5% na URSS e 0,7% na Jugoslávia. Segundo a modalidade do genocídio, quase metade de Judeus foram abatidos em campos de extermínio e/ou campos de concentraçom (49,4%), 28,0% através de campanhas de execuções maciças e 13,9% foram abatidos em guetos.
Vítimas da Segunda Guerra mundial na Europa
Fronteiras de 1938
Fronteiras atuais
> Percentagem de vítimas judias sobre as mortes populaçom civil na Europa durante a Segunda Guerra mundial
Fronteiras de 1938
Os Judeus nom foram as únicas vitimas da Segunda Guerra mundial, mas todos os Judeus foram vitimados da implementaçom da "Soluçom Final" por parte da Alemanha nazi e colaboracionistas. Assim sendo, os Judeus foram os 85,69% de vítimas civis mortas na Hungria, seguida pola maioria na Polonia (55,97%) e Roménia (53,85%) e quase metade na Checoslováquia (46,61%) e no Luxemburgo (46,42%). Os Judeus engrossaram mais dum terço das vítimas mortais civis registadas na Lituánia (40,86%), Bélgica (38,03%) e Países Baixos (35,21%), bem como de 1 em cada 5 vítimas na Letónia (31,09%) e na França (22,09%) e 8,48% na Alemanha nazista.
Segundo as fronteiras atuais, os Judeus constituem os 40,42% de vítimas civis na Áustria seguidos pola Sérvia (20,80%), Ucrânia (18,72%), Bielorrússia (14,82%), Eslovénia (11,82%), Bósnia-Herzegovina e Croácia (9,22%), Alemanha (6,63%), Kosovo (2,63%) e Rússia (1,66%).
Campos de Extermínio
Como parte da "Soluçom Final para a Questom Judaica", os ocupantes nazistas estabeleceram seis campos de extermínio na atual Polônia:
Auschwitz-Birkenau (abril 1940-janeiro 1945)
Belzec (março 1942-junho 1943)
Chelmno (dezembro 1941-abril 1943; abril 1944-janeiro 1945)
Majdanek (julho 1941-julho 1944)
Sobibor (maio 1942-outubro 1943)
Treblinka (julho 1942-novembro 1943)
Os prisioneiros, na sua maioria Judeus, foram deportados forçosamente de toda a Europa para estes campos em transportes ferroviários organizados pola Alemanha Nazista e os seus colaboradores (ferrovias do Holocausto).
À chegada, a maioria das vítimas foi enviada diretamente para câmaras ou carrinhas especialmente construídas, onde foram assassinadas com monóxido de carbono ou gás Zyklon B (um pesticida).
Um número relativamente pequeno de prisioneiros também foi forçado a eliminar os corpos das vítimas (sonderkommandos), que muitas vezes incluíam os seus próprios familiares, amigos ou pessoas que conheciam.
A maioria dos falecidos foi cremada e muitos dos registos dos campos foram destruídos; isto significa que nunca serão conhecidos números precisos sobre o número de mortes nos campos de extermínio. Foi estimado que polo menos 2,7 milhões de Judeus foram assassinados nestes seis campos da morte industrial; mais de dous terços destes foram mortos em Auschwitz ou Treblinka.
Einsatzgruppen
Depois dos campos de extermínio, o método mais comum de assassinato era através de execuções em massa à bala. A maioria dessas operações a tiro nom foi cometida por soldados regulares, mas por forças-tarefa especializadas conhecidas como Einsatzgruppen. Cada grupo tinha apenas algumhas centenas de homens, mas foram responsáveis por alguns dos maiores atos individuais de genocídio na guerra. As maiores delas ocorreram em 1941 em Babi Yar, perto de Kiev, onde quase 35.000 vítimas foram espancadas, humilhadas e depois baleadas durante um período de dous dias) e o Massacre de Rumbula, próximo a Riga, onde cerca de 25.000 foram mortos também em dous dias.
Os Einsatzgruppen foram mais ativos nos territórios soviéticos anexados (embora regimentos adicionais estivessem ativos na Polónia e nos Balcães), e as suas fileiras eram frequentemente reforçadas por voluntários locais. Estima-se que os Einsatzgruppen foram responsáveis polo genocídio de mais de dous milhões de pessoas em menos de seis anos.
As fronteiras fecham-se para os Judeus
Com a anexaçom da Áustria em 1938 a situaçom de milhares de Judeus sofre umha mudança significativa. Os países vizinhos nom tardaram a tomar medidas restritivas contra a emigraçom. O Presidente Roosevelt convocou a conferência de Evian com o intuito de discutir o problema dos Judeus na Europa. A conferência saldou-se com a maioria dos países a recusarem-se a receber os Judeus alemães. Destarte, as fronteiras do mundo fecharam-se aos Judeus perseguidos pola Alemanha Nazista. Com o início da guerra países como Portugal começam a ser um destino de refugiados, tendo-se organizado várias redes de falsificaçom de passaportes que eram vendidos sobretudo a Judeus e "apátridas".
A partir de 1920 a Palestina (do rio ao mar) era umha entidade sob administraçom do Império britânico. A entidade colonial experimentou a ascensom de dous grandes movimentos nacionalistas, um entre os Judeus (o sionismo) e outro entre os árabes. Os interesses nacionais concorrentes das populações árabes e judaicas da Palestina um contra o outro e contra as autoridades britânicas governantes resultaram na Revolta árabe de 1936–39.
Em 1935, poucos meses antes do início da revolta árabe, a imigraçom judaica atingiu o pico. Entre 1933, coincidindo com a chegada ao poder do nazismo na Alemanha, e 1936 mais de 164.000 imigrantes Judeus chegaram como refugiados à Palestina, fazendo com que a populaçom judaica passasse de 17% (175 mil pessoas) para 27% (370 mil pessoas) entre 1931-36. Só em 1936 imigraram cerca de 60.000 Judeus.
A rebeliom, brutalmente reprimida polo exército britânico e a Força de Polícia Palestiniana usando medidas repressivas, também contribuiu para barrar os destinos dos refugiados judeus perseguidos na Europa. Assi sendo, através do Livro Branco de 1939, o governo britânico de Chamberlain limitava a imigraçom judaica para a Palestina a um máximo global de 75.000 pessoas nos cinco anos seguintes; isto é 15.000 por ano.
A Segunda Guerra mundial na Palestina
Apesar dessa traiçom, durante a Segunda Guerra mundial mais de 30.000 Judeus da Palestina juntaram-se às forças britânicas na Brigada Judaica, umha unidade do 8º exército britânico composta por voluntários recrutados na Palestina. Formada no final de 1944 e comandada por oficiais anglo-judeus, a brigada serviu nos últimos estágios da campanha da Itália e foi dissolvida em 1946. Durante a guerra mesmo o Irgun cessou as operações contra os britânicos até 1944.
Insígnia da Brigada Judaica durante a Segunda Guerra mundial (1944-46) |
Polo contrário, o líder da revolta árabe, o xeque Amin al-Husayni, a principal liderança dos árabes palestinianos durante a era do Mandato Britânico na Palestina e grande mufti de Jerusalém (1921-37), tornou-se no principal aliado árabe do Terceiro Reich, chegando a comandar a Divisom Handschar das Waffen-SS.
Depois de escapar dos britânicos para o Iraque, ele desempenhou um papel direto no Farhud em 1941. Nom muito tempo depois, instalado na Alemanha, encontrou-se com Joachim von Ribbentropp e foi oficialmente recebido por Adolf Hitler, a 28 de novembro de 1941, em Berlim. O Reichsfuehrer-SS Heinrich Himmler fez de al-Husayni um SS Gruppenfuehrer.
Encontro Amin al-Husayni com Adolf Hitler (28/11/1941) |
O regime nazi estabeleceu para "der Grossmufti Von Jerusalem" um escritório pessoal con funções de destaque como propagandista de rádio em árabe e como principal recrutador de muçulmanos nos Bálcães e no Cáucaso para a maquinaria de guerra do regime nazista e as SS.
Em novembro de 1943 al-Husayni declarou que "é dever dos maometanos [muçulmanos] em geral e dos árabes em particular... expulsar todos os Judeus dos países árabes e maometanos... A Alemanha também está a lutar contra o inimigo comum que oprimiu os árabes e os maometanos nos seus diferentes países. Reconheceu muito claramente os Judeus polo que são e decidiu encontrar umha soluçom final [endgültige Lösung] para o perigo judaico que eliminará o flagelo que os Judeus representam no mundo". Posteriormente, nas suas memórias, al-Husayni lembrou que Heinrich Himmler, no verão de 1943, enquanto confidenciava alguns segredos de guerra alemães, investigou contra a "culpa de guerra" judaica e revelou o extermínio em curso (em árabe, abadna) dos Judeus.
Após a queda dos nazistas, ele foi declarado criminoso de guerra e foi obrigado a ser julgado em Nuremberga. No entanto, safou e encontrou refúgio no Egito e, mais tarde, na Síria e no Líbano.
al-Husayni comandou (em pé no centro) comandou o Exército da Guerra Santa durante a Guerra de Independência de Israel (1948-49) |
O significado histórico do termo Soluçom Final torna-o no exemplo mais importante da capacidade da linguagem nazista de integrar abordagens potencialmente diferentes, se nom divergentes, em relaçom à chamada questom judaica num quadro conceitual de referência que ajudou a facilitar o assassinato sistemático em massa e a esconder as políticas genocidas do Terceiro Reich por trás de abstrações tecnocráticas, proporcionando assim legitimaçom aos perpetradores e permitindo que os espetadores alegassem nom saber o que estava a acontecer. Apesar dos seus problemas inerentes, sobretudo por evocar a ilusom de planeamento coordenado e implementaçom sistemática, o termo Soluçom Final continua a ser crucial para reconhecer o carácter processual do Holocausto como um elemento-chave numha história mais ampla de assassinatos em massa patrocinados polo Estado durante a era nazi.
Sem comentários:
Enviar um comentário