terça-feira, 18 de junho de 2024

TINO CORTIÇO COHEN: O ENCONTRO DAS DIÁSPORAS GALEGA E JUDAICA NO PANAMÁ

O povo galego, tal como o Judeu, sofreu um processo de emigraçom massiva durante as três últimas décadas do século XIX até bem passada a primeira metade do século XX. Embora nas suas origens obedeceu a razões econômicas e sociais, marcadamente à pobreza como consequência do desemprego que devastava esta naçom, posteriormente somaram-se razões políticas, primariamente pola repressom franquista iniciado em 1936.

As origens e herança vital de Nito Cortiço Cohen corporificam o ponto de encontro das diásporas galega e judaica no Panamá.


Nesta altura está prestes a findar o governo de Laurentino Cortiço Cohen, eleito a 5 de maio de 2019 na presidência do Panamá com os 33,18% de votos sob a chapa do Partido Revolucionário Democrático (PRD) e posicionado no espectro de centro-esquerda.

Florentino "Tino" Cortizo Cohen, presidente do Panamá (2019-2024)

Nessa altura Manuel Prado, presidente da Câmara municipal de Veariz, manifestou ser "um orgulho muito grande que alguém com raízes neste concelho tenha a máxima responsabilidade num país como o Panamá". As varandas do concelho mostravam faixas com o lema "Nito Cortizo, presidente".


Filho e neto de emigrantes galegos, Laurentino Cortizo é pioneiro entre os emigrantes de segunda geraçom proveniente dum concelho que nos dias de hoje mal chega um milhar de habitantes, mas que em 1950 quadriplicava a populaçom. A diferença dos emigrantes que emigraram para a America, o destino do ramo galego de Nito nom foi o México, mas o Panamá. 


Tino Cortizo nasceu na Cidade do Panamá em 30 de janeiro de 1953, filho de Laurentino Cortiço Cortiço, natural do lugar de Ricobanca, paróquia de Xirazga, concelho de Veariz, na comarca do Carvalhinho, e de Esther Cohen Escudero, de origem sefardita procedente da Grécia.


O pai dele, Laurentino Cortiço Cortiço (grafado à espanhola como Cortizo) nasceu em Ricobanca, um lugar que na atualidade tem 13 habitantes. Quando novo emigrou para o Panamá com toda a família, estabelecendo-se na Cidade de Panamá, onde se dedicou ao negócio dos autocarros, começando em Alcalde Diaz a conduzir a sua própria camioneta. 

Florentino Cortiço Cortiço, natural do lugar Ricobanca emigrou para o Panamá


A mãe dele, Esher Cohen (1931-2011), nasceu em Lajamina (Los Santos). O pai dela, Manuel Cohen, foi um imigrante grego de origem sefardita que casou com Sofia del Carmen Escudero, umha mulher panamenha nascida em Los Santos. De nova Esther acompanhou o pai na cidade de Chitré num negócio de venda de comida. Depois foi mestra e também empresária da construçom. De Esther Cohen Tino Cortiço dizia ser “umha mulher extraordinária, simples, sagaz, de principios e de valores, e assim fui criado por ela. Para mim, a minha mãe é o meu pilar".


O grande sucesso do casal Cortiço Cohen nos negócios permitiu-lhe travar umha formaçom ao nível da elite local. 

Primogénito de seis filhos, logo do ensino secundário, Tino Cortiço ingressou na Academia Militar de Valley Forge, na Pensilvánia,  licenciando-se em Administraçom de Empresas na Universidade de Norwich em Vermont, a academia militar mais antiga dos EUA. Completou a formatura com um mestrado em ADE e estudos de doutoramento em Comércio Internacional e Marketing na Universidade de Texas (Austin, EUA). Segundo ele, a sua formaçom política está inspirada nos ensaios do jurista e político liberal colombiano Jorge Eliécer Gaitán, também de origem judaica. Um tio dele, Moisés Cuenta Tam, foi deputado pola província de Colón e o avó Manuel Cohen foi candidato a vereador.


À idade de 28 anos viajou a Washington para trabalhar como assessor técnico da secretaria geral da Organizaçom de Estados Americanos (OEA). Em novembro de 1986 foi nomeado embaixador representante do Panamá perante a OEA, chegando a presidir a Comissom Executiva Permanente do Conselho Económico e Social. A partir de 1986 concilou essas funções com a gerência das empresas do Grupo Cortizo, Panablock (empresa de materiais de construçom) e Hacienda Hermacor (gadaria de alta genética). 


Membro da elite política, Tino Cortiço, foi deputado da Assembleia Legislativa entre 1994 e 2004 (sendo eleito vice-presidente do órgão entre 1998 e 2000 e presidente entre  2000 e 2001) e ministro de Agricultura (2004-06), cargo do que se demitiu por discordar com os termos do Tratado de Livre Comércio travado entre o Panamá e os EUA.

Tino Cortiço Cohen na tomada de posse

Embora quando tomou posse a 1 de julho de 2019 para um mandato de cinco anos como 48º presidente anunciou que iria "deixar um legado de alicerces, os pilares dum país distinto e melhor", porém, hoje é considerado pola maioria dos panamenhos um dos piores presidentes da história do Panamá.


"Nito", como popularmente conhecido, é casado com a porto-riquenha Yazmyn Colón com a que teve dous filhos: Jorge André (37 anos) e Carolina Esther (35 anos). Avô de dous netos (Amanda Victoria e Juan Antonio), o presidente panamenho tem umha tia que mora na cidade de Ponte Vedra e que visita cada fim de semana a casa familiar em Ricobanca. A última vez que Laurentino Cortizo esteve em Veariz foi no verão de 2018, um ano antes de ser eleito.

Contrariamente ao que possa parecer, Nito Cortiço declara-se um cristão devoto e leitor profuso da Biblia.

Família de Cortizo Cohen e descendentes

Porém, no mesmo dia do massacre terrorista perpetrado polo HAMAS a 7 de outubro de 2023 contra a populaçom civil do Sul de Israel o Nito Cortiço Cohen nom hesitou a condenar o ataque da organizaçom jihadista palestiniana nos seguintes termos: "O Panamá condena fimemente os recentes ataques contra o povo de Israel. Lamentamos profundamente as vítimas e feridos, e rejeitamos toda forma de violência. Expressamos a nossa solidariedade com o povo Israelita nestes momentos difíceis".


Do concelho de Veariz também som originárias outras pessoas proeminentes da diáspora galega, entre os quais, Florêncio Gulías, presidente do Centro Galego no México, ou Ramiro Bieito, presidente das Comunidades Galegas na Europa.


Fontes:

Site da Presidência da República do Panamá

Notas autobiográficas

Novo presidente do Panamá procede de Ricobanca (La Región)

O ourensano Cortizo é investido é investido Presidente do Panamá (La Región)

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