sábado, 28 de outubro de 2023

ISTO SIM É UMHA GUERRA JUSTA

 Amos Oz 

Na esteira da atual guerra de Israel contra o terrorismo jihadista do Hamas na QJ queremos reproduzir, pola sua vigência, a seguinte reflexom de Amos Oz sobre a guerra de 2006 de Israel contra o Hezbollah

Amos Oz | Imagem: Michiel Hendricks

Muitas vezes no passado o Movimento de Paz Israelita criticou as operações militares de Israel. Nom desta volta. Esta vez a guerra nom é pola expansom nem a colonizaçom por parte de Israel. Nom há qualquer território libanês ocupado polos israelitas. Também nom quaisquer reclamos territoriais.

A passada quarta-feira, o Hezbollah lançou, sem provocaçom prévia, um cruel ataque contra território israelita. Foi, na realidade, um ataque contra a autoridade e a integridade do governo libanês, já que Hezbollah, ao atacar, também se apossou da prerrogativa do governo libanês de controlar o seu próprio território e tomar decisões sobre a guerra e a paz.

O Movimento de Paz Israelita é contra a ocupaçom e a colonizaçom de Cisjordânia. Opôs-se à invasom israelita do Líbano em 1982 porque aquela invasión alvejava desviar a atençom mundial do problema palestiniano. Esta vez, Israel nom está a invadir o Líbano. Está a se defender dum assédio diário e do bombardeamento de dezenas das nossas povoações e cidades e tenta esmagar o Hezbollah onde estiver à espreita.

O Movimento de Paz Israelita deveria apoiar a tentativa de Israel de autodefender-se, tam simples, enquanto esta operaçom militar tiver como principal objetivo o Hezbollah e nom atentar, sempre que possível, contra a vida de civis libaneses (umha tarefa nem sempre fácil, já que os artilheiros de mísseis do Hezbollah costumam usar civis como escudos humanos).

Os mísseis do Hezbollah são fornecidos polo Irão e a Síria, países inimigos declarados de todas as iniciativas de paz no Próximo Oriente.

Nom pode haver qualquer ponto de comparaçom moral entre o Hezbollah e Israel. O primeiro ataca civis israelitas onde quer que estiverem enquanto o segundo ataca mormente o Hezbollah.

As escuras sombras do Iraõ, Síria e o fundamentalismo islâmico pairam sobre as povoações e cidades donde emanam densas colunas de fumo aos lados da fronteira libanesa-israelita. Essas  sombras escuras estão ao mesmo tempo a submeter e a anular à sociedade civil libanesa que há poco acabava de se libertar, através dumha luta heroica, dumha longa colonizaçom síria.

A verdadeira guerra hoje nom é de qualquer jeito entre Beirute e Haifa mas entre umha coaligaçom de nações que aspiram a lograr a paz: Israel, o Líbano, Egito, Jordânia e a Arábia Saudita por um lado, e o fanatismo islâmico, exacerbado polo Irão e a Síria, polo outro.

Se, como todos esperamos, (tanto os beligerantes ou falcões como os pacifistas ou pombas israelitas), o Hezbollah for aginha derrotado, Israel e o Líbano serão ganhadores. Aliás, a derrota dumha organizaçom terrorista islâmica militante poderia aumentar significativamente as possibilidades de atingir a paz na regiom.


Amós Oz, cujo nome original é Amos Klausner (1939-2018), foi um escritor israelita, co-fundador do movimento pacifista Paz Agora (Shalom Akhshav - שלום עכשיו).

Fonte: LA NACIÓN ARGENTINA | 19/7/2006

Traduçom livre do espanhol para o galego-português por CAEIRO

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