sábado, 12 de fevereiro de 2022

PORQUE O IRÃO PEDE A DESTRUIÇOM DE ISRAEL?

Para dar resposta a esa questom, a seguir reproduzimos a opiniom de Udi Evental

Na altura do 43º aniversário da Revoluçom Islâmica cabe perguntar-se como é que o Irão -que nom tem qualquer disputa territorial/histórica com Israel, e foi o seu aliado nos dias do Xá- se tornou um inimigo procurando eliminá-lo?

Desde a sua criaçom, o regime islâmico prega a destruiçom do Estado de Israel. Ele exibe slogans em mísseis pedindo para varrer o Estado de Israel do mapa, e os seus funcionários frequentemente citam o fundador da Revoluçom, Khomeini, que afirmou que o Estado de Israel é um tumor cancerígeno que deve ser erradicado.

O atual líder iraniano, Khamenei, chegou a "prever" em 2015 que o Estado de Israel deixaria de existir dentro de 25 anos. Desde essa "profecia" o regime "conta os dias" até sua realizaçom em 2040. Por exemplo, o regime colocou um relógio de contagem regressiva na rota de peregrinaçom ao Iraque; e cuida de mencionar o assunto por meio de "cartazes" e artigos publicados no site oficial de Khamenei.


A visom do genocídio é reservada exclusivamente para Israel. O regime de Teerão nunca pediu a destruiçom de inimigos, nem mesmo o Iraque, com o qual travou umha guerra sangrenta, durante a qual foram usadas armas químicas contra o Irão e as suas cidades foram atacadas com disparos maciços de mísseis.

Entom, qual é a história? Há duas dimensões no ódio do regime revolucionário ao Estado de Israel: ideológico-teológico e estratégico.

O Prof. Shlomo Ben-Ami acredita que o componente teológico é secundário ao estratégico. Ele argumenta que a ordem americano-israelita na regiom é um atranco no caminho da República Islâmica para a expansom imperial no espaço hostil árabe-sunita, que é um instrumento fundamental na defesa da revoluçom e na divulgaçom do seu evangelho.

Eu acho o contrário.

Na minha opiniom, a base da profunda mudança na atitude do regime revolucionário islâmico em relaçom ao Estado de Israel e da noçom de que ele deve ser enfraquecido até o seu colapso é antes de tudo religioso-ideológica. Dela deriva a estratégia do Irão e os seus representantes na regiom, especialmente o Hezbollah (o discurso de Nasrallah comparando a força de Estado de Israel a umha "aranheira" que pode ser apagada facilmente ressoa exatamente essa ideologia).

Entom, vamos mergulhar por um momento nas raízes da ideologia do regime islâmico em relaçom ao Estado de Israel, sobre o qual muito pouco se escreveu na pesquisa e na literatura acadêmica.


Esta ideologia alicerça-se inteiramente no pensamento do fundador da revoluçom, Khomeini - o modelo supremo dos membros seniores do regime iraniano, que eram todos alunos dele. O Prof. Meir Litvak (T.A University) descreveu a animosidade ideológica de Khomeini ao sionismo.

Era umha parte essencial dos seus ensinamentos e da sua visom religiosa do mundo, e da maneira como ele entendia o Islão e o seu destino histórico, à sombra de sua crise na era moderna.

O pensamento de Khomeini em relaçom a Israel pode ser dividido em três camadas:

A camada ideológico-religiosa

Khomeini criou umha ligaçom entre Judeus e sionismo e os processos de secularizaçom e ocidentalizaçom ocorridos no Próximo Oriente no século XX.

Ele acreditava que o declínio do mundo islâmico e a busca dos crentes por necessidades materialistas foi o resultado dumha conspiraçom em larga escala das potências estrangeiras - a serviço da qual o sionismo atua como ponta de lança na regiom.


Na opiniom dele, depois que o Ocidente percebeu que nom iria derrotar o Islão pola força militar, procurou desintegrá-lo por dentro, introduzindo ideias seculares e materialistas. Khomeini, que desenvolveu umha obsessom polo Estado de Israel e os seus "esquemas", encontrou "evidências" para eles na sua estreita relaçom com o xá que impôs processos de secularizaçom; E nisso a religiom bahá'í, considerada herética e perseguida no Irã, estabeleceu o seu centro mundial no Estado de Israel.

Khomeini argumentou que, em virtude da sua existência, o Estado de Israel coloca um obstáculo real, levando o muçulmano crente à destruiçom espiritual e impedindo-o de cumprir o seu destino e redençom espiritual. A partir daqui, o caminho para pedir a eliminaçom de Estado de Israel foi curto.

A camada da lei islâmica

Khomeini viu no controlo dos Judeus nos santuários do Islão em Jerusalém umha anomalia, pois eram protegidos ​​do Islã. Ele também mantinha umha visom extrema em relaçom à impureza (najasa) dos Judeus.

Nesse contexto, os apelos à libertaçom de Jerusalém e a sua purificaçom da impureza tornaram-se slogans comuns do regime islâmico até hoje.


A camada histórico-política

Khomeini viu a estreita cooperaçom de Estado de Israel com o xá como um movimento para oprimir o povo iraniano, perseguir o Islão e umha tentativa do estado israelita de assumir o controlo da economia, das forças armadas e da sociedade iranianas.

Khomeini acusou o Estado de Israel de fornecer equipamentos de tortura à polícia secreta do Xá (SAVAK), que perseguia o movimento revolucionário islâmico, que ele chefiava.

Nesse contexto, Khomeini argumentou que o domínio imperialista do Estado de Israel era umha questom de vida ou morte para o Irão.

A hostilidade religioso-ideológica ao Estado de Israel tornou-se parte integrante da identidade do regime iraniano e um dos fundamentos que manteve ao longo dos anos, tendo sido forçado a transigir - como qualquer oposiçom que assuma - outros princípios, na política externa e interna.

Ao longo dos anos, a animosidade ideológica em relaçom ao Estado de Israel e a resposta de Isreael à hostilidade iraniana moldaram o conceito estratégico do regime, que vê o Israel como umha grande ameaça à segurança nacional do Irão e à postura hegemônica que o regime busca na regiom e no mundo islâmico.



Negacionismo da Shoah

A negaçom do Holocausto em que o regime iraniano está envolvido até o pescoço também está relacionada à visom da destruiçom do Estado de Israel, umha vez que o Holocausto confere legitimidade para o estabelecimento e existência do Estado de Israel.

Durante anos, Teerã apoiou os negadores do Holocausto (o mais conhecido deles foi Roger Garaudy) e organizou conferências "acadêmicas" sobre o assunto. Assim, em janeiro, o Irão foi o único estado a se opor à resoluçom da Assembleia Geral da ONU contra a negaçom do Holocausto.

Implicações

A combinaçom entre animosidade religiosa e ideológica e a percepçom dumha ameaça estratégica à segurança tornou o Estado de Israel um inimigo único, aos olhos de Teerão, com o qual o Irão nunca pode se comprometer.

Portanto, é quase impossível aliviar as tensões com o regime iraniano, mesmo que o Estado de Israel tentasse reduzir a gravidade da sua ameaça à segurança militar como é percebida polo regime em Teerão.

Ameaça nuclear

E a pergunta que sempre surge: será que a animosidade arraigada em relaçom ao Estado de Israel e o pedido da sua destruiçom significam o emprego automático de armas nucleares contra ele? O regime iraniano colocaria a mão em tal capacidade?

A resposta: nom necessariamente. No topo da prioridade deste regime está sua sobrevivência e pode ser flexível mesmo quando se trata de princípios e fundamentos de fé, se isso for essencial para a sua segurança e existência. O caso Irão-Contra é um caso em questom…

Mas... sob um guarda-chuva nuclear, espera-se que o Irão use esteróides nos seus esforços para enfraquecer Israel e provocar o seu colapso. Seria um Próximo Oriente muito diferente e perigoso, antes mesmo de falar sobre a corrida armamentista nuclear que se desenvolverá nele...

FIM

Traduçom livre para o galego-português: CAEIRO

Sem comentários:

Enviar um comentário