quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

A SÍRIA E OS ÁRABES BONS

 Josep-Lluis Carod-Rovira

Esta informaçom foi publicada originalmente a 4 de agosto de 2011 e, portanto, a informaçom que aparece faz referência à data especificada


Às 24 horas da matança de 140 civis na Síria, o exército que os matou acaba de receber os parabéns do seu presidente. Bashar al-Assad fez essa louvança no 60º aniversário da criaçom das forças armadas de aquele país árabe. Os professionais da última chacifina de connacionais sírios foram apresentads como "símbolo do orgulho nacional, dignidade e patriotismo". Após o elógio público, o exército prosseguiu as matanças, como se nada, agora já espeançados com o apoio presidencial. Que sentido da pátria, da dignidade e o orgulho nacional deve ter esta criatura. Entom, exatamente o mesmo que já tinha o seu pai, o camarada Hafez, quem, há junto vinte e nove anos, fizera um outro massacre à mesma populaçom de Hama, com um milhar de mortos.


Agora, o filho al-Assad, fez boa a citaçom que assegura "filho de peixe sabe nadar". Comportou-se com a mesma crueldade que o paí, de quem foi um discípulo avantajado. De nada valeu que tivesse vivido uns anos na civilizada, culta e democrática Gram Bretanha, nem também nom pensar que a sua especialidade de doutor em oftalmologia poderia ter humanizado o personagem. Polo que se vê, é recomendável encomendarem-se antes a santa Luzia, porque nos conserva a vista e evita que caiamos nas mãos do Dr. al-Assad, cuja delicadeza com os doentes poderia colocar em perigo os dous olhos do rosto, no mínimo.


Sorte que a Síria é, legalmente, umha república e, além disso, socialista (!!!), porque nom quero nem imaginar o que teria acontecido numha monarquia reacionária. O poder, presidência do país, passou do pai para o filho com umha naturalidade dinástica que, talvez, eles já invejariam noutras latitudes que ocorresse, quando for, os monarquistas das monarquias que provavelmente têm medo de ficar um pouco mais magros quando chegar a hora.


Pai e filho fizeram carreira política através do partido árabe socialista Baas, nom apenas o de mais sucesso eleitoral, mas o único permitido. Nestas condições, em que a vitória se consegue sem baixar do autocarro, um homem deve perder o mundo de vista e chegar a acreditar, fora de época, um senhor feudal que pode fazer e desfazer tanto como quisser. Por isso, qualquer protesto, revolta ou dissidência é adjudicada de seguida a umha conspiraçom internacional. Nom é muito original, francamente. Hitler, Mussolini e Franco já o disseram, antes que o assegurassem atual presidente sírio e o seu senhor papá. O complô "exterior" é o argumento tradicional do ditador ao longo da história.


O mais vergonhoso é a passividade real das chamadas democracias ocidentais e o silêncio da maioria da esquerda universal. No final, vai ter razom Bernard Henry-Levi quando assegura, para quem, o único bom muçulmano é aquele que vai contra Israel. O resto nom importa nem interessam para nada: eles farám, é cousa deles. Isso explicaria muitas coisas: a indignidade do que sofreu a Bósnia, um país muçulmano da Europa, o que aconteceu e está a acontecer na Chechênia, um país muçulmano da ex-URSS, e o silêncio cúmplice diante da atual situaçom no Sara, um país árabe de religiom muçulmana. Estou curioso: quando veremos a primeira "flotilha da liberdade" a caminho da Síria, promovida por governos progressistas, ONGs solidárias e partidos de esquerda?

Fonte: Naciodigital

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