Freguesia transmontana pertencente ao concelho de Torre de Moncorvo, com cerca de 440 habitantes.
Segundo as informações do Abade de Baçal, o autor da história mais completa do distrito de Bragança, em Felgueiras ainda existiria a prática da circuncisom com algumha frequência nas crianças em casos especiais (prepúcios de cabeça coberta, como vulgarmente se dizia) como medida higiénica. Esta prática seria rodeada de muito secretismo, devido às habituais pressões que a igreja católica exercia sobre a comunidade judaica lá fixada. A circuncisom era umha das principais práticas judaicas mas que ao longo dos tempos acabou por se extinguir por completo.
Os judeus marranos em Felgueiras dominariam a indústria moageira, do ferro e de panificaçom, abastecendo grande parte do concelho de Torre de Moncorvo. Estes judeus eram proprietários da maioria dos moinhos existentes na ribeira de Santa Marinha em Felgueiras e no ribeiro dos moinhos no Felgar–Larinho. O mesmo acontecia na indústria da tecelagem, linho e da seda ou no fabrico de sabom.
A atividade dos cerieiros em Felgueiras era também bastante importante, chegando a constituir-se como o centro de fabrico de velas, exportando para quase todo o norte do país. Ainda hoje, esta atividade tem grande importância para a populaçom que aqui reside.
O lagar da cera de Felgueiras situado na ribeira de Santa Marinha é o exemplo hoje visível que testemunha esta presença judaica nesta localidade, este seria um lugar comunitário de prensa de vara, onde todos os cerieiros iriam fazer a cera.
Lagar da Cera de Felgueiras. Fonte: Torre de Moncorvo in blog |
Lagar da Cera de Felgueiras. Fonte: Dourovalley |
Ainda que muito provavelmente tenham havido mais Autos de Fé contra os judeus de Felgueiras, no tomo V das memórias de Abade de Baçal apenas um é referenciado. Terá sido o Auto de Fé de 2 de agosto de 1551 pola Inquisiçom de Évora a Lourenço Luís, trabalhador, viúvo de Apolónia Maria, natural de Felgueiras e morador na freguesia de S. Tiago, termo da vila de Terena (distrito de Évora), acusado de ser culpado por reincidências de curas e bênçãos supersticiosas.
Artigo elaborado com base no trabalho JUDEUS, JOIA DA COROA TRANSMONTANA - PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UMA ROTA CULTURAL DOS JUDEUS EM TRÁS-OS-MONTES de Ana Catarina Pinto (2015)
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