terça-feira, 29 de julho de 2014

MAIS UMHA VEZ, CEGO EM GAZA

Alberto Moyano


Ontem [14 de julho], exatamente na mesma hora em que manifestantes espanhóis se concentravam junto da embaixada israelita em Madrid, ao berro de "nom é umha guerra, é um genocídio", o líder do Hamás, Ismael Haniye, proclamava em televisom: "A resposta política deve estar à altura da resistência para recolher os frutos desta GUERRA".

E entom, nom fica mais remedio que se perguntar a que obedece essa irresistível e fascinante pulsom que alguns sentem na hora de pendurar a palavra "genocídio" a todo o que soar a israelita.

E também, como é possível que os Palestinianos, que sofrem infinitas calamidades, podem ser o único caso na história no que um povo é vítima dum "genocídio" e, à vez, aumentar a sua populaçom ano após ano.

E postos a perguntar, também cabe interrogar-se como é possível que a estas alturas da manhã, Israel tenha aceitado um cessar-o-fogo condicionado unicamente ao cesse de rockets contra o seu território, enquanto o Hamás, vítima do "genocídio", o recusa em cheio, um caso inédito na História dos "genocídios".

E já postos, haverá que perguntar-se como é possível que se tenha chegado a esvaziar de significado as palavras até este ponto e em nome de que nos permitimos fazê-lo. Convenhamos que se realmente estamos perante um "genocídio", haverá que inventar umha nova palavra para dar nome a outros acontecimentos registados ao longo da história. Por que resulta tam complicado posicionar-se em contra do bombardeamento de Gaza sem recorrer a termos como "genocídio", "extermínio" e "nazismo", clamorosamente ausente noutros conflitos tanto ou mais sangrantes, numha espiral endoidecida que obrigaria a qualificar de "genocida" o atentado de Hipercor, por colocar um exemplo?

E até aqui a reflexom "humanitária", Para os "especialistas" fica a análise das catastróficas consequências que para Israel teve a desanexaçom de Gaza e as lúgubres lições que tirará o seu governo da que foi a primeira devoluçom aos Palestinianos de territórios ocupados, um ensaio lamentavelmente falhido do que ninguém, e muito especialmente o Hamás, quer assumir a sua quota de responsabilidade.

Por enquanto, aqui continuaremos a fingir que o antissemitismo, tam presente na Europa durante longos séculos, evaporou-se um bom dia, como se nunca tivesse existido, e no seu lugar, floresceu milagrosamente um angelical sentimento humanitário denominado "antissionismo", e que ambos fenómenos absolutamente nada a ver têm entre si.

Fonte: Diario Vasco
Texto traduzido para o galego-português por CAEIRO.

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