sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

OFA, A LENDA DUMHA JUDIA ENCANTADA

Haverá por acaso lugarejo, vila ou cidade na Portugaliza, que nom preze ter nas suas ancestrais memórias lendas referentes a "mouras encantadas" ?

Será muito raro com certeza. Já sobre "judias encantadas" o caso muda de figura. Mas há factos na nossa história, e algumhas lendas, de como estas últimas, reviraram completamente do avesso a alma e o coraçom de alguns venustos cavaleiros cristãos.

Conto-vos hoje a lenda da Serra da Marofa, serra esta, que se situa na Beira Interior, distrito da Guarda, município de Figueira de Castelo Rodrigo.


Amar Ofa


Com a expulsom dos Judeus nos reinos de Espanha, muitas foram as famílias que atravessaram a fronteira. Beneficiou desse enorme êxodo Portugal, e D. João II, que afortunadamente matou dous coelhos de uma só vez: os cofres encheram-se de moedas das portagens pagas por cabeça, e ficamos com mesteirais especializados em muitas artes necessárias à expansom em curso.

Numha dessas famílias de Judeus vindos dos reinos de Espanha, havia umha linda moça de nome Ofa.

Esta família terá decidido construir o seu novo lar numha das encostas da serra. Perante tal beleza, as notícias de alguém tam formoso ecoaram rapidamente pola regiom, até chegarem aos ouvidos do filho dum fidalgo, que ao conhecer Ofa, se apaixonou perdidamente pola donzela.

Porém, novos e terríveis factos políticos alteraram para sempre o curso da história nacional. Em 1496, quatro anos depois da chegada destes milhares de refugiados judeus, o novo rei D. Manuel I decretava a conversom forçada, ou, a expulsom de Portugal de todos os Judeus que nom aceitassem a religiom de Cristo.

A família de Ofa decidiu ficar, convertendo-se à nova fé, e assim, tornaram-se cristãos-novos, algo que há muito o jovem fidalgo desejava ardentemente. Contente, D. Luís pediu a mão da sua amada à família desta, ao mesmo tempo, que sabia do desgosto que provocava na sua própria família. Indiferente a tudo e a todos, este cavaleiro tinha o hábito de cavalgar até à serra, (vai-se lá saber o porquê) e aí, dava azo à sua enorme felicidade, gritando bem alto. "Vou amar Ofa/Vou amar Ofa".

Após muitas peripécias, os noivos acabaram por se casar no Mosteiro de Santa Maria de Aguiar.

Ficou para sempre a lenda e a designação de "Serra da Marofa", uma justa homenagem ao amor entre uma judia e um cristão.

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