4 de julho
40 sobreviventes judeus do Holocausto que regressam a Kielce som massacrados pola populaçom sem a intervençom da polícia ou os serviços de segurança interior. Este acontecimento é considerado um catalisador para a fuga longe da Polónia da maioria dos judeus polacos remanescentes que sobreviveram ao Holocausto.
Estima-se que depois do Holocausto (entre julho de 1944 e janeiro de 1947) tenham morrido na Polónia um mínimo de 400 e um máximo de 700 judeus na sequência da violência antissemita.
25 de julho
A
imprensa americana publica em detalhes as recomendações do Comité do Gabinete,
que deveriam ser mantidas em segredo. A proposta Morrison-Grady, de tipo
neocolonial, recomendava para a Palestina um sistema federal com dous Estados
autónomos, com um forte governo central sob a direçom da Gram Bretanha, além da
admissom imediata de 100 mil judeus.
Ao
tomarem consciência dessa proposta os círculos sionistas americanos iniciaram
umha maré de protestos. O Dr. Silver chamou à proposta "ato sem
consciência de traiçom" e denunciou que estava longe de ser umha fórmula
de implementar o relatório do Comité de Inquérito. Finalmente, a pressom do
movimento sionista e de vários congressistas fez recuar a Truman perante as
eleições legislativas de novembro desse ano.
12
de agosto
Truman
comunica ao governo britânico a respeito do plano colocado polo Inquiry
Committee que "eu nom podo dar apoio formal ao plano na sua presente forma
como um plano conjunto anglo-americano. A oposiçom ao plano neste país tem-se
tornado tam intensa que agora está claro que seria impossível reunir em favor
dele suficiente opiniom pública para lhe dar apoio efetivo".
Nessa
altura a Agência Judaica, reunida em Paris, decide aceitar a possibilidade dum
acordo baseado na partiçom, um parcial recuo de Biltmore, que exigia o Estado
judeu ocupando as fronteiras do Mandato Britânico sobre a Palestina.
Logo a seguir Nahum
Goldman informou ao governo americano que os sionistas aceitariam "um
Estado judeu viável numha área adequada" da Palestina. Logo a seguir, o
Presidente repassou a declaraçom à Gram Bretanha, informando que os EUA nom
tinham nengumha proposta definida na altura para a Palestina.
Perante
o impasse criado, Truman desvinculou parcialmente o problema dos refugiados da
questom palestiniana, expressando a esperança de que vários países, além dos EUA,
poderiam receber essas pessoas deslocadas. Mesmo pediu ao Congresso para autorizar a
entrada dum número fixo de pessoas refugiadas nos EUA. Porém, este programa foi
rejeitado polos sionistas. Destarte, Truman desistiu também dele e continou sem
umha política definida para a questom.
24
de setembro
O
Conselheiro do Presidente Clark Clifford escreve para o presidente advertindo-o
de que a URSS visava alcançar o completo domínio económico, militar e político
no Próximo Oriente. Com esse fim, frisou Clifford, os soviéticos estariam a
incentivar a emigraçom de judeus da
Europa para a Palestina e, ao mesmo tempo, denunciar as políticas britânicas e
americanas relativamente à Palestina para assim inflamar os árabes contra essas
políticas.
4
de outubro
Na
véspera do Yom Kippur, o presidente Trumam realiza umha declaraçom oficial na
que rejeita o plano Morrison-Grady (o Comité do Gabinete), pede a admisom
imediata dos 100 mil refugiados e recomenda o plano da partiçom ao longo das
linhas sugerias pola Agência Judaica indicando que os EUA iriam apoiar a
criaçom dum “estado judeu viável”.
A
decisom do presidente é criticada pola imprensa como um gesto feito com um
claro sentido eleitoralista. James Reston, do NYT, disse: "O presidente
foi contra os seus conselheiros em política exterior e escolheu seguir as
incitações dos que estavam primariamente interessados em reter as maiorias
democratas no Congresso. A conclusom geral é que se a questom da Palestina é
abordada do ponto de vista dos políticos americanos, nom é provável que seja
resolvida e o prestígio e autoridade americanos no mundo é provável que sejam
danificados" (7/10/1946).
A
resoluçom de Truman causa violenta reaçom no mundo árabe. Ibn Saud acusou o
presidente de ter alternado a situaçom básica na Palestina em contradiçom com
as promessas anteriores.
23
de outubro
Loy
Henderson, director da Agência do Próximo Oriente do Departamento de Estado
advirte que a imigraçom de comunistas judeus para a Palestina irá incrementar a
influência soviética na zona.
28
de outubro
O
presidente Truman escreve ao rei Saud da Arábia Saudita informando-o de que ele
acha “que um lar nacional para o povo judeu deveria ser estabelecido na
Palestina”. Em resposta às acusações
realizadas, ele refere que o apoio a um Lar Nacional Judeu vinha sendo umha
consistente política americana, alegando também que foram feitas umha série de
consultas entre árabes e judeus (durante o Comité de Inquérito) e que, segundo
ele, as promessas foram cumpridas.
Em
1946, N. Novikov, o embaixador soviético em Washington (que abrira a missom
soviética no Cairo em 1943) enviou para Moscovo um "longo telegrama"
sobre a política externa dos EUA. De facto, o ministro Molotov foi a verdadeira
inspiraçom deste duro texto que descrevia a política externa dos EUA como
"refletindo as tendências imperialistas do capital monopolista
americano" e "caracterizado no período do pós-guerra por umha luta
pola supremacia mundial". Segundo Novikov, a Grã-Bretanha "enfrenta
enormes dificuldades económicas e políticas" devido à guerra. "Os
fundamentos do Império Britânico foram sensivelmente abalados e a crise surge,
por exemplo, na Índia, Palestina e no Egito". Enquanto os Estados Unidos e
a Grã-Bretanha chegaram a um acordo sobre o Extremo Oriente, Novikov enfatizava
que nom o conseguiram fazer no Próximo Oriente, onde "os Estados Unidos
nom se interessam com a prestaçom de assistência e apoio ao Império Britânico
neste ponto vulnerável, mas sim na sua própria profunda penetraçom na bacia do
Mediterrâneo e do Próximo Oriente, ao qual os Estados Unidos som atraídos polo
recursos naturais da região, principalmente de petróleo”.
Neste
contexto, Novikov considerava a Palestina como "um exemplo das muito
graves contradições na política dos Estados Unidos e da Inglaterra no Próximo
Oriente". A procura americana para permitir a imigraçom de 100 mil pessoas
deslocadas judias nom era, -afirmou ele-, o resultado da simpatia pola causa
sionista, mas "significa que o capital americano deseja interferir nos
assuntos palestinianos e, assim, penetrar na economia. A escolha dum porto na
Palestina como um dos pontos terminais do oleoduto americano explica o
interesse da política externa dos Estados Unidos na questão Palestina". O
diplomata soviético concluiu: "O Próximo Oriente vai-se tornar num centro
de contradições anglo-americanas que vam explodir os acordos agora
estabelecidos entre os Estados Unidos e a Inglaterra". Mas ele destacou
que o fortalecimento das posições dos EUA no Próximo Oriente significava o
surgimento dumha nova ameaça à segurança das regiões do sul da Uniom Soviética.
Apesar deste perigo, essas "contradições" anglo-americanos criaram
umha oportunidade para Moscovo voltar para o jogo no Próximo Oriente. Por isso
o Kremlin decidiu usar a questom de pessoas deslocadas judias no seu proveito,
a maior fonte de tensom entre Truman e Attlee e entre Londres e os líderes
sionistas. Finalmente, os estrategas soviéticos esperavam que a opiniom pública
ocidental prejudicasse a posição britânica.
Novembro
Com
as finanças britâncas à beira da falência e temendo a repercusom americana
quando um empréstimo estava a ser discutido na Câmara, a Gram Bretanha viu-se
obrigada a soltar a grande parte dos dirigentes sionistas presos durante a
Operaçom Black Sabbath.
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