terça-feira, 21 de maio de 2013

A POLÍTICA DA URSS E DOS EUA NA FUNDAÇOM DE ISRAEL: 1946 (II)



4 de julho
40 sobreviventes judeus do Holocausto que regressam a Kielce som massacrados pola populaçom sem a intervençom da polícia ou os serviços de segurança interior. Este acontecimento é considerado um catalisador para a fuga longe da Polónia da maioria dos judeus polacos remanescentes que sobreviveram ao Holocausto.

Estima-se que depois do Holocausto (entre julho de 1944 e janeiro de 1947) tenham morrido na Polónia um mínimo de 400 e um máximo de 700 judeus na sequência da violência antissemita.


25 de julho
A imprensa americana publica em detalhes as recomendações do Comité do Gabinete, que deveriam ser mantidas em segredo. A proposta Morrison-Grady, de tipo neocolonial, recomendava para a Palestina um sistema federal com dous Estados autónomos, com um forte governo central sob a direçom da Gram Bretanha, além da admissom imediata de 100 mil judeus.

Ao tomarem consciência dessa proposta os círculos sionistas americanos iniciaram umha maré de protestos. O Dr. Silver chamou à proposta "ato sem consciência de traiçom" e denunciou que estava longe de ser umha fórmula de implementar o relatório do Comité de Inquérito. Finalmente, a pressom do movimento sionista e de vários congressistas fez recuar a Truman perante as eleições legislativas de novembro desse ano.


12 de agosto
Truman comunica ao governo britânico a respeito do plano colocado polo Inquiry Committee que "eu nom podo dar apoio formal ao plano na sua presente forma como um plano conjunto anglo-americano. A oposiçom ao plano neste país tem-se tornado tam intensa que agora está claro que seria impossível reunir em favor dele suficiente opiniom pública para lhe dar apoio efetivo".


Nessa altura a Agência Judaica, reunida em Paris, decide aceitar a possibilidade dum acordo baseado na partiçom, um parcial recuo de Biltmore, que exigia o Estado judeu ocupando as fronteiras do Mandato Britânico sobre a Palestina. 

Logo a seguir Nahum Goldman informou ao governo americano que os sionistas aceitariam "um Estado judeu viável numha área adequada" da Palestina. Logo a seguir, o Presidente repassou a declaraçom à Gram Bretanha, informando que os EUA nom tinham nengumha proposta definida na altura para a Palestina.

Perante o impasse criado, Truman desvinculou parcialmente o problema dos refugiados da questom palestiniana, expressando a esperança de que vários países, além dos EUA, poderiam receber essas pessoas deslocadas. Mesmo pediu ao Congresso para autorizar a entrada dum número fixo de pessoas refugiadas nos EUA. Porém, este programa foi rejeitado polos sionistas. Destarte, Truman desistiu também dele e continou sem umha política definida para a questom.

24 de setembro
O Conselheiro do Presidente Clark Clifford escreve para o presidente advertindo-o de que a URSS visava alcançar o completo domínio económico, militar e político no Próximo Oriente. Com esse fim, frisou Clifford, os soviéticos estariam a incentivar  a emigraçom de judeus da Europa para a Palestina e, ao mesmo tempo, denunciar as políticas britânicas e americanas relativamente à Palestina para assim inflamar os árabes contra essas políticas.

4 de outubro
Na véspera do Yom Kippur, o presidente Trumam realiza umha declaraçom oficial na que rejeita o plano Morrison-Grady (o Comité do Gabinete), pede a admisom imediata dos 100 mil refugiados e recomenda o plano da partiçom ao longo das linhas sugerias pola Agência Judaica indicando que os EUA iriam apoiar a criaçom dum “estado judeu viável”.

A decisom do presidente é criticada pola imprensa como um gesto feito com um claro sentido eleitoralista. James Reston, do NYT, disse: "O presidente foi contra os seus conselheiros em política exterior e escolheu seguir as incitações dos que estavam primariamente interessados em reter as maiorias democratas no Congresso. A conclusom geral é que se a questom da Palestina é abordada do ponto de vista dos políticos americanos, nom é provável que seja resolvida e o prestígio e autoridade americanos no mundo é provável que sejam danificados" (7/10/1946).

A resoluçom de Truman causa violenta reaçom no mundo árabe. Ibn Saud acusou o presidente de ter alternado a situaçom básica na Palestina em contradiçom com as promessas anteriores.

23 de outubro
Loy Henderson, director da Agência do Próximo Oriente do Departamento de Estado advirte que a imigraçom de comunistas judeus para a Palestina irá incrementar a influência soviética na zona.

28 de outubro
O presidente Truman escreve ao rei Saud da Arábia Saudita informando-o de que ele acha “que um lar nacional para o povo judeu deveria ser estabelecido na Palestina”.  Em resposta às acusações realizadas, ele refere que o apoio a um Lar Nacional Judeu vinha sendo umha consistente política americana, alegando também que foram feitas umha série de consultas entre árabes e judeus (durante o Comité de Inquérito) e que, segundo ele, as promessas foram cumpridas.


Em 1946, N. Novikov, o embaixador soviético em Washington (que abrira a missom soviética no Cairo em 1943) enviou para Moscovo um "longo telegrama" sobre a política externa dos EUA. De facto, o ministro Molotov foi a verdadeira inspiraçom deste duro texto que descrevia a política externa dos EUA como "refletindo as tendências imperialistas do capital monopolista americano" e "caracterizado no período do pós-guerra por umha luta pola supremacia mundial". Segundo Novikov, a Grã-Bretanha "enfrenta enormes dificuldades económicas e políticas" devido à guerra. "Os fundamentos do Império Britânico foram sensivelmente abalados e a crise surge, por exemplo, na Índia, Palestina e no Egito". Enquanto os Estados Unidos e a Grã-Bretanha chegaram a um acordo sobre o Extremo Oriente, Novikov enfatizava que nom o conseguiram fazer no Próximo Oriente, onde "os Estados Unidos nom se interessam com a prestaçom de assistência e apoio ao Império Britânico neste ponto vulnerável, mas sim na sua própria profunda penetraçom na bacia do Mediterrâneo e do Próximo Oriente, ao qual os Estados Unidos som atraídos polo recursos naturais da região, principalmente de petróleo”.

Neste contexto, Novikov considerava a Palestina como "um exemplo das muito graves contradições na política dos Estados Unidos e da Inglaterra no Próximo Oriente". A procura americana para permitir a imigraçom de 100 mil pessoas deslocadas judias nom era, -afirmou ele-, o resultado da simpatia pola causa sionista, mas "significa que o capital americano deseja interferir nos assuntos palestinianos e, assim, penetrar na economia. A escolha dum porto na Palestina como um dos pontos terminais do oleoduto americano explica o interesse da política externa dos Estados Unidos na questão Palestina". O diplomata soviético concluiu: "O Próximo Oriente vai-se tornar num centro de contradições anglo-americanas que vam explodir os acordos agora estabelecidos entre os Estados Unidos e a Inglaterra". Mas ele destacou que o fortalecimento das posições dos EUA no Próximo Oriente significava o surgimento dumha nova ameaça à segurança das regiões do sul da Uniom Soviética. Apesar deste perigo, essas "contradições" anglo-americanos criaram umha oportunidade para Moscovo voltar para o jogo no Próximo Oriente. Por isso o Kremlin decidiu usar a questom de pessoas deslocadas judias no seu proveito, a maior fonte de tensom entre Truman e Attlee e entre Londres e os líderes sionistas. Finalmente, os estrategas soviéticos esperavam que a opiniom pública ocidental prejudicasse a posição britânica.

Novembro
Com as finanças britâncas à beira da falência e temendo a repercusom americana quando um empréstimo estava a ser discutido na Câmara, a Gram Bretanha viu-se obrigada a soltar a grande parte dos dirigentes sionistas presos durante a Operaçom Black Sabbath.

Fontes
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