terça-feira, 21 de maio de 2013

A POLÍTICA DA URSS E DOS EUA NA FUNDAÇOM DE ISRAEL: 1946 (I)


4 de janeiro
O Comité de Inquérito Anglo-americano inicia os seus trabalhos.

Janeiro
As autoridades britânicas do Mandato reconhecem o Alto Comité Árabe promovido pola Liga Árabe em cuja chefia irám colocar um criminoso de guerra nazista, Amin al-Husayni, o Mufti de Jerusalém.

Numha nova conferência sionista, os nacionalistas judeus concordam em aceitar apenas umha parte da Palestina histórica na hipótese de que umha proposta razoável fosse feita e apoiada polos EUA.

20 de abril
O Comité de Inquérito Anglo-americano dá a conhecer o seu relatório que recomenda a autorizaçom imediata polos britânicos da admissom de 100.000 judeus na Palestina.

Durante os seus trabalhos, o Comité realizou audiências em Washington ouvindo os testemunhos de lideranças sionistas e árabes e, posteriormente, dirigiu-se aos campos de refugiados da Europa. Conforme era desejo da OMS, a soluçom ao problema dos refugiados judeus na Europa foi vinculado ao da Palestina.

O Comité enfaticamente defende a soluçom binacional com um governo independente e democrático com representaçom igual e nom proporcional. Contrariando as teses sionistas, o comité reconheceu que a independência era impossível naquele momento e sugeria que o Mandato fosse transferido para a ONU, para além da entrada imediata dos refugiados judeus. Esse resultado foi unânime.

Quando o relatório foi apresentado ao Governo britânico, o primeiro-ministro Attle requisitou a Truman assistência militar e financeira como condiçom para tomar algumha decisom contida no relatório.

Truman consultou o Estado Maior, que o aconselhou contra qualquer açom que envolvesse tropas americanas e avisou que o uso da força prejudicaria os interesses anglo-americanos no Próximo Oriente, portanto, tornando possível à URSS ganhar espaço. As pressões da URSS sobre a Turquia e o Irám nessa altura deram um fundamento real ao aviso.

Os sionistas protestam contra esse relatório, apoiando apenas os ítens que diziam respeito à imigraçom. Além disso, retorquiram que o Império britânico tinha muitos milhares de tropas na Palestina e poderiam controlar a situaçom sem necessidade da intervençom militar americana.

8 de maio
O Presidente Truman escreve ao primeiro-ministro Attle citando o relatório do Comité de Inquérito Anglo-americano e expressando a sua esperança de que os britânicos começassem a levantar as barreiras à imigraçom judia para a Palestina.

22 de maio
Fim do domínio britânico sobre o semiautônomo Emirado da Transjordânia, regido polo príncipe hachemita Abdullah desde 1922.

25 de maio
O emirado da Transjordânia torna-se independente como Reino Hachemita da Transjordânia. O novo estado trava um tratado especial de defesa por um período de 11 anos com o Reino Unido.

11 de junho
Truman anuncia a decisom de criar um Comité do Gabinete (integrado polos Secretários de Estado, Defesa e Tesouro) a fim de o aconselhar sobre a melhor política a tomar em relaçom ao Comité de Inquérito.

12 de junho
O governo britânico recusa a entrada dos 100.000 refugiados judeus recomendados pola Comissom Anglo-Americana sobre os Refugiados.

Entre 6 de julho de 1945 e agosto de 1946 por volta de 200.000 judeus polacos abandonam a URSS. Segundo as autoridades soviéticas, apesar da oposiçom da hierarquia do Partido Comunista polaco, a repatriaçom permitiria a reconstruçom da Polónia. Porém, a imensa maioria desses refugiados judeus fugiram para os campos de pessoas desalojadas na Áustria e Alemanha.

Essa emigraçom em massa das áreas sob controlo do Exército soviético nom teria sido possível sem o acordo explícito ou tácito da Uniom Soviética. Um relatório do tenente-general Golubev remetido para o MID confirma que esses movimentos migratórios foram cuidadosamente seguidos por Moscovo. O relatório indica que os soviéticos estavam cientes de que os judeus polacos queriam viajar para a Palestina através da Checoslováquia, a zona soviética da Áustria e da zona americana de ocupaçom da Alemanha. Mesmo 40 funcionários do MID remeteram essa informaçom para o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros V. Dekanozov recomendando que nengum diplomata soviético "se deve envolver nos assuntos que têm a ver com a saída de judeus para a Palestina."

O incremento de populaçom dos campos de pessoas deslocadas (CPD) sob controlo aliado precisava dumha soluçom. Enquanto as portas dos Estados Unidos ainda estavam fechadas à emigraçom em massa, esses sobreviventes do Holocausto nom tinham outra escolha que ir para a Palestina. Enquanto Washington favorecia essa soluçom, Londres rejeitava-a para nom se indispor com o mundo árabe, situaçom altamente desejável para o Kremlin desempenhar o seu jogo favorito de dividir as “potências imperialistas”.

Apesar do facto de a URSS manter-se oficialmente hostil à emigraçom maciça de judeus para a Palestina, na verdade, Moscovo contribui para o aumento de judeus nos CPD, apesar da vaga antissemitismo existente na Polônia, a destruiçom das suas casas e a perda das suas famílias. Do ponto de vista do governo polaco, ajudando os judeus a imigrar para um Estado judeu eliminaria a necessidade de lidar com as reclamações dos judeus que retornaram à Polônia polas suas propriedades, agora nas mãos dos polacos. O suporte polaco ao estabelecimento dum Estado judeu na Palestina também foi devido ao facto de as autoridades comunistas polacas procurarem a legitimidade e apoio internacional, em especial para as fronteiras polacas do pós-guerra, esperavam que a Agência Judaica e o futuro Israel poderia pressionar os Estados Unidos em nome do governo polaco.

Assim, a URSS iria desempenhar um papel decisivo na questom da Palestina, tal como reconheceu nessa altura David Wahl, líder sionista americano, numha carta ao rabino Silver: "Revendo a minha experiência do passado ano e meio com o problema das pessoas deslocadas, tenho de referir com toda a justiça que foi a cooperaçom do governo soviético em repatriar muitos milhares judeus polacos o que tornou possível passar na Alemanha dumha populaçom nos CPD de 70.000 pessoas para quase um quarto de milhom, no momento presente. E, certamente ninguém pode negar que a pressom dessa ampla populaçom judia nos CPD é dum valor inestimável para a causa sionista em relaçom ao aumento da imigraçom para a Palestina e construçom dumha maioria judia na Palestina”.


21 de junho
Um relatório dos Responsáveis Conjuntos à Comissom de Coordenaçom do Estado-Guerra-Marinha adverte que se os Estados Unidos usassem a força armada para apoiar a implementaçom das recomendações do relatório da Comissom Anglo-Americana de Inquérito, a Uniom Soviética poderia ser capaz de aumentar o seu poder e influência no Próximo Oriente e o acesso dos EUA ao petróleo do Próximo Oriente poderia ser prejudicado.


Meados 1946
Os agentes do Mossad, abrem negociações com as autoridades romenas, em particular com Ana Pauker (líder oficiosa do Partido Comunista Romeno de origem judia), a fim de obter um consentimento para a umha emigraçom judaica em larga escala. Bucareste concordou em permitir que 50 000 judeus deixassem o país a condiçom de que os emigrantes desistissem das suas propriedades e do seu dinheiro. Além disso, o Mossad teve que pagar um “imposto” para cada judeu que abandonasse a Roménia.

29 de junho
Os britânicos lançam uma grande operaçom em toda a Palestina contra a insurgência sionista a fim de dissuadir as organizações do MRH (Haganah, Palmah, Lehi e Irgun) de retomar novos ataques contras tropas e funcionários britânicos, bem como impedir a proclamaçom unilateral dum Estado judeu.

Som prendidas mais de 1000 pessoas, incluindo o presidente em exercício da Agência Judaica (Ben Gurion estava fora do país), JC Fishman, e Moshe Shertok. Documentos da Agência também foram apreendidos. Até o início de julho, 2.718 judeus foram presos, vitimando 4 pessoas e ferindo outras 80.

Embora um sucesso, a operaçom, conhecida de “Black Sabbath” ou “Operaçom Agatha”, desencadeou ecos do Holocausto nas mentes de muitas pessoas e os atos cometidos por soldados britânicos foram, por vezes, vistos por alguns como semelhantes aos dos nazistas. Umha minoria entre as tropas britânicas exacerbou a situaçom, gritando "Heil Hitler", rabiscando suásticas nos muros e referindo-se a câmaras de gás durante a realizaçom de pesquisas Em consequência, a Yishuv tornou-se menos pronta a criticar as ações da resistência judia. 

Fontes
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