sábado, 25 de maio de 2013

A POLÍTICA DA URSS E DOS EUA NA FUNDAÇOM DE ISRAEL: 1948 (III)


17 de maio
A URSS é o primeiro Estado a reconhecer internacionalmente de juri o Estado de Israel e em solicitar a a troca de embaixadores.

18 de maio
O Estado de Israel é reconhecido por Nicaragua, Checoslováquia, Jugoslávia e Polónia.

20 de maio
Umha Comissom da Assembleia Geral da ONU nomea o Conde Folke Bernadotte como mediador para a Palestina.

21 de maio
Chegada a Israel do primeiro aviom Avia S.199 (DC-3) a bordo dum Skymaster, que aterra no aeródromo de Ekron. Trata-se da Operaçom Balak, organizada para o transporte clandestino por via aérea de equipamento militar para a Palestina.

Para trazer os caças Avia cabiam três possibilidades. O transporte das aeronaves por via marítima, que iria demorar muito, era umha das formas que o Hagana nom se pode permitir. A outra opçom seria realizar o voo direto da Checoslováquia para Israel mas para isso seria necessário reabastecer a caminho (o alcance máximo destes aviões era de aproximadamente um quarto da distância da Checoslováquia em Israel). A alta perigosidade desta alternativa fez com que fosse descartada. A terceira opçom, a escolhida, era o desmantelamento dos caças Avia e voar as peças a Israel para montá-los. Esta tarefa poderia ser feita com um aviom tipo Skymaster ou C-46 (Constellation).

Só se pôde conseguir um aviom C-46 na terceira semana de maio. A aeronave pertencia a umha fictícia linha aérea panamenha, Lapsa, organizada por voluntários estrangeiros ao serviço de Israel.

Mas o Constellation precisava realizar durante o voo umha escala de reabastecimento antes de chegar a Israel. Os possíveis locais para reabastecer foram Sicília, Rodas e Córsega. Porém, salvo na Córsega, existia o risco de ser confiscado tanto o aviom com o equipamento.

Gordon Levett, um ex-piloto britânico da Royal Air Force contratado em março pola Agência Judaica, recebeu a missom de transportar num Constellation os caças Avia S-199 (DC-3) fornecidos pola Checoslováquia dum aeródromo da Força Aérea Checoslovaca (de nome de código Etzion ou Zebra para os israelitas) perto de Žatec (75 km a oeste de Praga) para o aeródromo de Ekron aeródromo (anteriormente Aquir da RAF) perto de Rehovot (agora a base da Força Aérea Israelita de Tel Nof).

O aeródromo perto Žatec tinha sido colocado à disposiçom do Haganah polo novo ministro dos Negócios Estrangeiros da Checoslováquia Vladimír Clementis (um proeminente membro eslovaco do Partido Comunista da Checoslováquia) e estava sob o comando de Yehuda Ben Chorin.

Um grupo de técnicos checos fornecidos polo ministério checo da defesa acompanhava o Messerschmitt para reconstruir os caças em território judeu.

A Operaçom Balak durou três meses, durante os quais Levett conseguiu o transporte aéreo dos 25 caças Avia S-199, toneladas de armas, munições e pessoal. Depois de um desertor revelar aos EUA a existência da base de nome "Zebra", o representante americano na ONU pediu o encerramento dessa base checa, fazendo com que a operaçom se deslocasse para umha base aérea perto da cidade jugoslava da Nikšić.

25 de maio
Chegada do do terceiro envio de material checo consistente em 20.000 rifles, 2.800 metralhadoras e mais de 27 milhões de cartuchos de muniçom. Duas semanas depois, noutro envio chegam 10.000 rifles adicionais, 1.800 metralhadoras e 20 milhões de cartuchos de muniçom.

Doravante o IDF poderia equipar cada novo recruta com umha arma pessoal, cada seçom de infantaria com umha metralhadora e muitos batalhões da IDF conseguiram o apoio de metralhadoras médias.

28 de maio
O representante norte-americano na ONU, Austin, denuncia que os estados árabes “estám a violar a lei  internacional”.

29 de maio
Gromyko denuncia “umha série de  operações militares desencadeadas por um grupo de potências contra o estado judeu”.

Embora a partir de 15 de maio desapareceram as restrições à imigraçom para Israel, durante umha sessom do Conselho de Segurança, a URSS posicionou-se contra as limitações da imigraçom judia para Israel nos seguintes termos: "A questom da imigraçom para o Estado de Israel é o assunto interno do Estado de Israel (...) Alguns delegados no Conselho discutiram que esta imigraçom ameaça a segurança dos Estados Árabes. Eu quero salientar em primeiro lugar que desconheço a existência dumha única incursom no território doutro estado feita polas forças armadas de Israel que nom fosse de auto-defesa, quando eles foram obrigados a repelir os ataques das forças armadas doutros estados em território israelita. Isto foi autodefesa, no sentido pleno da palavra”.

29 de maio
Com apenas quatro aeronaves montadas, os novos caças israelitas entram em açom pola primeira vez. Pilotado por Lou Lenart, Modi Alon, Ezer Weizman e Eddie Cohen, os quatro Avia S.199 decolam de Ekron para tentar deter o rápido avanço das forças iraquianas e egípcias perto da cidade de Isdud (mais tarde Ashdod), sendo derrubados dous caças na missom.

30 de maio
Os outros dous aviões atacam umha coluna iraquiana perto Tul Karem batendo um veículo do Comando da Brigada iraquiana. Porém outro S.199 foi perdido, deixando o general Remez (chefe da força aérea) geral com apenas um Avia S.199 operacional.

Desde o final de maio os “voos Balak” passaram para sete por semana, sendo o ritmo de entrega dos Avias de até três por semana.

1-2 junho
Avionetas Bonanza israelitas bombardeam Amman, capital da Transjordânia, alvejando o aeródromo da RAF. Outra açom que demonstra o reforço da sua aviaçom é poder fornecer armas e víveres aos sitiados em Jerusalém.

3 de junho
Um único Avia israelita derruba dous Dakotas egípcios que tentavam bombardear Telavive.

O Conselho de Segurança da ONU aceita a proposta, apresentada polo delegado britânico Sir Alexander Cadogan, de pedir umha trégua dum mes nos confrontos para encontrar umha soluçom ao conflito. Na proposta, a delegaçom inglesa apresenta como concessões que a Gram Bretanha aceita o bloqueio do envio de armas aos países envolvidos no conflito, bem como a retirada dos oficiais de nacioanldiade britânica dos exércitos árabes.

Durante o debate o delegado soviético, Gromyko, denunciou manobra britânica tendente a prolongar a guerra ajudando os Estados árabes agressores. A diplomacia soviética denuncia que a Gran Bretanha tivesse fornecido armas aos árabes através de tratados anteriores, que os depósitos de armamento do exército colonial inglês na Palestina fose entregue à Transjordânia ou que, para safar a medida proposta, muitos oficiais ingleses, como o General Grubb Pascha, tivessem adquirido outra nacionalidade.

O governo de Israel responde à proposta mostrando-se pronto a aceitar a trégua, pedindo que se proíba a importaçom de armamento para os países árabes e que estes utilizem os depósitos de armamentos das potências estrangeiras em território árabe, que se mantenham as posições alcançadas polos distintos exércitos e que se permita a entrada e Jerusalém para levar alimentos e outros produtos essenciais à populaçom sitiada.

11 de junho
Primeira trégua acordada sob a ONU. O exército israelita acolhe de  imediato a proposta de cessar fogo, já que a disputa trazia prejuízo aparente para ele. Com poucos caças, temia que os avanços já logrados se perdessem por completo. Polo contrário, os  exércitos árabes sentiam-se de vento em popa.

Embora americanos e soviéticos se deram por satisfeitos com esta trégua, a sua ambiçom ia muito mais longe, pois examinavam a guerra em curso em funçom  da sua estratégia para o Próximo Oriente e para o mundo todo.

27 de junho
A Comissom da ONU dirigida polo sueco Conde de Bernadotte, da conta das suas conclusões, apresentadas como propostas de paz:
  • Todo o território árabe da Palestina passaria a fazer parte da Transjordânia, modificando-se as antigas fronteiras do Estado de Israel ao entregar para ao reino hachemita o território de Negev em troca dumha pequena zona da Galileia Ocidental para Israel, reduzindo metade do Estado judeu. Destarte, a soberania é limitada ao território do Estado de Israel, reforçando e concedendo o território do Estado árabe para a Transjordânia.
  • Haifa deixaria de fazer parte de Israel para se tornar num porto livre.
  • Jerusalém passaria a ser parte do território árabe, em lugar da internacionalizaçom recomendada pola ONU.
  • Formaçom dumha uniom federal entre o Estado judeu e árabe. Os problemas relacionados com a imigraçom seriam assumidos polo Conselho da Uniom, podendo intervir (a pedido dumha das partes) o Conselho Económico e Social da ONU.
  • Reconhecimento do direito ao retorno e compensaçom financeira para os refugiados palestinos.

A diplomacia soviética reage qualificando as propostas como um abandono das propostas da ONU e ao serviço do imperialismo anglo-americano e contra os interesses dos povos judeu e árabe. A proposta de tornar Haiffa em porto livre é denunciada como umha concessom à Consolidate Oil Refineries, Ltd, companhia inglesa proprietária das refinarias de Haiffa e que fornecem 90% das necessidades de petróleo do Próximo Oriente. A uniom federal entre o Estado judeu e árabe é valorizada como umha desvantagem para Israel, já que iria condicionar a sua soberania (decisões de tipo económico, de política exterior e de defesa). “Esta Uniom significa que os problemas fundamentais da política de Israel estarám sob o controlo dumha Transjordânia muito mais poderosa que actuará com o apoio dos goberno inglês”.

O governo de Israel mostra a sua oposiçom ao plano, pois a existência como Estado independente estaria em causa e à vontade do emir da Transjordânia. Também rejeitou as propostas relativas aos refugiados, solicitando que essa questom fosse tratada durante as negociações de paz.

Nesta altura a diplomacia russa (Vyshinskii e Molotov) concordam com a postura israelita no tocante aos refugiados. Numha carta a Golda Meyer, M. Shertok sublinhava que “todas as minhas conversas com os russos indicam a ausência de qualquer interesse ou preocupaçom com o destino dos refugiados árabes”.

A política dos dirigentes árabes, potentados feudais, nom se guiava em absoluto pola “causa palestiniana”, mas pola defesa dos seus próprios interesses e a preservaçom da ordem imperialista de que dependiam. Através da guerra apenas procuraram remodelar no seu proveito a partiçom.

Fontes
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