Em 29 de novembro a ONU tomou a decisom de criar na Palestina um Estado judeu e um Estado árabe. A grande maioria das nações votaram em favor desta soluçom que poderia, após a conclusom do mandato britânico no vindouro 15 de maio, abria o caminho para a resoluçom dum dos problemas mais agudos no Próximo Oriente.
A partir do momento em que as Nações Unidas tomaram o acordo em questom, a Inglaterra dedicou-se a empregar todos os tipos de procedimentos para evitar que se levasse a cabo. Os Estados Unidos, apesar de seu voto favorável, ajudaram a Inglaterra na sua sabotagem sistemática da decisom da ONU, afirmando, logo após, a sua discordância com a soluçom para a que eles mesmos contribuiram.
A farsa indecente dos imperialistas ianques, a sua súbita retrataçom, contirbuiu para alimentar o fogo da luta entre árabes e judeus, preparada e incentivada polo imperialismo britânico ao longo das suas três décadas de ocupaçom da Palestina, à que chegaram em 1917 sob escusa das necessidades da guerra e que continuam até hoje graças ao mandato obtido da Liga das Nações em 1921, para organizar lá um lar nacional judaico.
Os imperialistas anglo-americanos levaram à arena os seus agentes, os reaccionários árabes e os seus governos feudais de vários países, para se opor às medidas que os judeus já estavam a tomar para executar as resoluções da ONU, e agravando assim um problema que estava a ser resolvido. De acordo com as últimas notícias, elementos do exército da Transjordânia, enquadrados por oficiais ingleses e comandados polo general britânico Glubb Pasha, declararam a guerra contra os judeus e entraram na Palestina.
Antes da chegada dos imperialistas britânicos à Palestina, judeus e árabes tinham vivido pacificamente. Os governantes turcos que tinham explorado o país ao longo dos séculos, apesar da sua capacidade de levantar brigas nacionais, nom conseguiram confrontá-los. Os britânicos, em vez de agir de acordo com os seus compromissos, fizeram-no sob a fasquia que praticavam no mundo colonial, divide et regnes, e criaram e alimentaram o ódio de raças, religiões e de interesses. Eles acenderam o fogo e em seguida se apresentaram como bombeiros para justificar assim a sua prolongada permanência em terras que nom eram deles por direito e cuja permanência devia ser puramente transitória.
Apesar do trabalho dos sementadores de ódio imperialista as massas árabes viram, como as massas judias, como um suspiro de alívio o fim da dominaçom inglesa e aceitavam, na sua maior parte, a decisom da ONU. Para forçá-los à guerra, os reacionários árabes, agentes do imperialismo, têm recorrido à coaçom, ao terro e às mentiras. O comandante de "voluntários" árabes na Palestina, declarou antes da sua entrada que os árabes que se recusassem a participar na luta seriam tratados como traidores; os governos da Síria e do Líbano fecharam as fronteiras para nom deixar refugiar-se nesses países ninguén que se recusasse a enfrentar-se com os judeus; o general inglês Stockwell foi admoestado polos seus susperiores, e diz-se que vai ser afastado do seu cargo por ter desmentido falsas informações sobre alegados massacres de árabes polos judeus de Haifa.
As intenções dos imperialistas e a manobra ianque tem um objetivo claro: esquivar o desejo de liberdade dos povos da Palestina, prolongar e perpetuar a dominaçom estrangeira no país, passando os Estados-Membros a ocupar, juntamente com os ingleses e com vantagem sobre estes polo seu poder atual, o papel de donos da Palestina, que pola sua localizaçom estratégica e polas sua riqueza petrolífera, é considerada umha peça essencial para os planos guerreiros do imperialismo ianque.
O sangue que o imperialismo faz correr na Palestina é umha nova prova de política esgueiriça, de agressão e de rapina dos capitalistas ianques e constitui um novo ato contra o prestígio e a eficácia da ONU.
Os Estados Unidos, depois de ter negado o seu próprio voto primitivo, fizeram votar o estabelecimento dumha comissom de trégua e procuram criar uma "força multinacional", de facto sob o seu comando, que, sob o pretexto de garantir a ordem e a paz, desempenhe o papel de gendarme dos povos da Palestina e garanta a permanência ianque nesse país.
Perante esta política belicosa e agressiva dos imperialistas anglo-ianques e seus satélites, a URSS tem defendido tenazmente o acordo da ONU, favorável tanto para a populaçom árabe como para a população judia, e tem defendido firmemente a sua aplicação imediata, enquanto tem desmascarado e denunciado as tretas de ingleses e americanos. A URSS também enviou um representante ao Conselho de tutela a fim de continuar a defender os interesses dos povos da Palestina, os interesses da paz.
A paz na Palestina pode ser lograrda se se terminar com o seu submetimento imperialista, se for dada a liberdade para os povos árabes e judeus, que irám viver irmandados em leal cooperação quando forem donos verdadeiros dos seus destinos. Para atingir esse fim devem tender os melhores esforços dos árabes e judeus.
Nº 115 de Mundo Obrero - 29 de abril de 1948 - pág. 4
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