sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

COMO IDENTIFICAR CASAS DE JUDEUS (OU CONVERSOS) NA GALIZA?


Evidentemente nem sempre isto é evidente, como é o caso da presença de hexagramas ou estrelas de David nas paredes fronteiras das casas, tal como acontece, por exemplo, no lintel desta casa de Corcubiom, na casa em ruinas do lugar de Quintela, paróquia de Cabanelas no Carvalhinho identificada polo Manuel Gago ou esta casa de Ribadávia.


As pedras em que foram construídas as casas de judeus (ou conversos) desde o século XIV até o XVIII testemunham a sua presença passada nos bairros velhos (antigas judarias) de muitas vilas e cidades da Portugaliza. 



O Norte de Portugal e a Galiza está cheio deste tipo de casas, como se pode comprovar em Alhariz, Ribadávia, Ourense, Tui, Baiona, Betanços, Melgaço, Monção, Valença, Vila Nova da Cerveira, Melgaço, Monção, Montalegre, Guarda, Ponte da Lima. Vila Nova dos Infantes,... ou, em menor grau na cidade da Corunha, Compostela ou Braga (ambos os casos, pontos de concentraçom do poder cristão) ou Ponte Vedra.




FASQUIA DAS CASAS:

Em geral som casas de dous andares. O andar de abaixo costuma ter duas portas, umha de acesso ao lar e outro à oficina ou comércio onde os seus moradores exerciam os ofícios de curtidores, alfaiates, ferreiros, pedreiros, sapateiros,... Nalguns casos era um escritório, associado às profissões de médicos, notários, escrivãos,...



ELEMENTOS CARACTERIZADORES:



1. SALIÊNCIA OU BASE (peana): Elemento que noutrora servia como suporte para o candelabro de 9 braços durante a Hanucá. Agora, em vez de candelabros, nelas há vasos com plantas ou flores. 

Pode-se ver nesta foto.




2. NICHOS COM FORMA DE ARCO (sobretodo em caso de vivendas de conversos): Como alternativa ao elemento anterior, existiam pequenos nichos em forma de arco (hornacinas) aos lados dumha janela, exatamente no mesmo lugar da fachada que corresponderia às peanas. Na atualidade imagens de santos católicos ocupam o lugar do candelabro.



3. CRUZ DO CONVERSO: Trata-se dumha/s cruz/es gravurada/s nas fachadas das casas perto das portas na altura do ombro dumha pessoa adulta, ocupando o lugar que devia ocupar a mezuzá (há casos nos linteis, menos acessíveis).   

O cristão novo que colocava este elemento na sua casa trasladava à seguinte mensagem ao visitante: "sim, cá mora um judeu ou um descendente de antigos judeus, mas isso era antes, agora somos devotos cristãos". Esta prática manteve-se até o século XVIII.

Casas com cruzes gravuradas deste jeito estám documentadas no norte de Portugal (Guarda, Sabugal, Castelo Rodrigo, Almendra, Pinhel, Caminha, Valença, Monção, Vila Nova da Cerveira, Chaves, Ponte da Lima, Montalegre) e na Galiza (Alhariz, Videferre-Oimbra, Mesquita, Tui e Composela).



4. REBAIXAMENTO NA PORTA DE ENTRADA: Trata-se dumha fenda realizada na ombreira da porta dumha casa judia ou da porta que dá acesso ao bairro judeu (documentado nas judarias de Betanços e Ribadávia) na altura que devia ocupar a mezuzá.

É por todo isto que na próxima visita a estas vilas é preciso ir de olhos bem abertos.

Para poder identificar o barrio judeu das zonas velhas dumha vila ou cidade é aconselhável fixar-se nos nomes das ruas. Quanto mais católico-apostólico-romano for, mais judeu foi noutrora esse bairro. Por exemplo, na vila de Betanços a Rua da Cruz Verde (logótipo da Inquisiçom) foi a artéria principal da judaria. Também, talvez detrás das Ruas Novas (casos de Ourense ou Compostela, por exemplo) tenha havido umha judaria. 


Para quem quiser saber mais sobre isto, recomendo a leitura deste interessante artigo que o arquiteto Emílio Fonseca Moretón escreveu para o Anuário Brigantino.

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