A igreja católica em geral e os Papas de maneira essencial tiveram um papel fulcral nas medidas discriminatórias contra os Judeus durante a Idade Média. A todos eles é devida, embora nom em exclusivo, a canonizaçom da imagem do Judeu como culpavelmente cego e a imposiçom de vestimentas específicas para esse povo, umha medida infame, iniciada séculos atrás nos territórios sob o controlo do Islám.
No haver do papado obram declarações como esta resoluçom do IV Concílio de Letrám de 1215, última sessom, cânones 67-70:
"Nos países em que os cristãos nom se diferenciam dos Judeus e dos sarracenos polo jeito de vestir produziram-se relacionamentos entre crisãos e Judeus ou sarracenos e vice-versa. Para que doravante semelhantes barbaridades nom se possam atribuir ao erro, decide-se que a partir de agora os Judeus de ambos os sexos diferenciar-se-ám dos demais povos polos seus trajes, tal e como, aliás, lhes foi prescrito por Moisés. Nom aparecerám em público durante a Semana Santa, porque alguns deles nesses dias enfeitam-se com os seus melhores trajes de gala e fazem troça dos cristãos em luto. Os que se opuserem a isto serám devidamente punidos polos poderes seculares, para que nom tornem a ousar escarnecer de Cristo em presença de cristãos".
É por tudo isto que durante a Páscoa ou qualquer outra festa cristã, os membros das comunidades judaicas rodeados de cristãos deviam evitar levar umha vida normal. Caso contrário, a normalidade das suas vidas podia ser motivo de perseguiçom e agressões por parte de fanáticos cristãos comandados por devotos fidalgos. No quadro deste ambiente é que se acha a origem dumha das festas mais celebradas na Galiza: a Festa do Boi de Alhariz.
Esta é a versom histórica dos seus promotores:
"Dizem as lendas que a corrida do Boi teve a sua origem numha malfeitoria da colónia judia que morava na parte da vila que recebia o nome de So-Castelo. Diz que os Judeus teimavam em atrapalhar a celebraçom pacífica da procissom do Córpus, saindo ao seu encontro quando as imagens e o cortejo dos fiéis se aproximava do So-Castelo, caminho da igreja de Santo Estevo. Insultavam a gente, faziam troça das imagens e dos símbolos religiosos, metiam-se com os curas e com os sacristãos, e todo acabava de mau jeito. Nom se podia dizer que houvesse mortos, mas feridos havia-os a eito.
Aquilo tinha-se de governar, mas ninguém sabia como. Entom é quando aparece Xan de Arçua, homem de crenças religiosas, ao que lhe molestava profundamente o comportamento dos Judeus, por isso, e para pôr fim a este, decidiu sair um ano ao lombo dum robusto touro atado polos cornos com umha maroma e segurado polos seus criados que iam providos de sacos com formigas e cinza para lançar à cara dos irrespeitosos judeus, que ao ver a atitude decidida deste homem desistiram na sua atitude.
Em lembrança deste acontecimento, todos os anos pola festa do Córpus, corria-se um touro segurado com maromas (emaromado) polas ruas da vila, para o que Xan de Arçua deixara parte do seu capital em terras, com as rendas pagava-se o aluguer do boi e dava-se de beber aos moços. O Concelho administrava os bens, custeava as despesas do boi e da festividade do Córpus".
O boi, protagonista da festa
Com efeito, existem outras hipóteses nom antissemitas sobre as origens desta festa popular que se celebra numha das sedes históricas da judaria galega.
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