Embora os Judeus americanos representem os 2 por cento da populaçom, segundo o analista em política internacional Mitchell Bard, eles desenvolvem um papel muito importante na política dos EUA por três motivos.
Em primeiro lugar, os Judeus estám concentrados nos estados que contam com os maiores colégios eleitorais. Os dez principais estados com as maiores populações judaicas representam 245 dos 270 votos eleitorais necessários para ganhar a presidência.
Em segundo lugar, os Judeus votam em proporções maiores do que qualquer outro grupo de eleitores. Em 2008, votaram os 96,2 por cento dos judeus contra, por exemplo, 78,7% de afroamericanos ou 67,2% de latinos.
Em terceiro lugar, os Judeus som os maiores contribuintes para as campanhas eleitorais. Eles normalmente som angariadores de fundos e grandes ativistas partidários. Tanto Obama quanto Romney contam no seu círculo mais próximo assessores e doadores judeus. Embora superados por agentes imobiliários, advogados, sindicatos e outros grandes contribuintes para os comités de açom política, os contribuintes pró-Israel ocupam o posto 47 das 80 "indústrias" segundo o Center for Responsive Politics. Nesta última campanha apenas os grupos pró-Israel, PAC, e as contribuições pequenas totalizaram mais de 10 milhões de dólares, indo quase dois terços para os democratas.
As contribuições refletem o fato de os judeus terem um DNA democrata. De facto, desde 1916, a média de votos para os democratas é de 71 por cento contra 24 por cento para os republicanos. Só em 1920 a votaçom judaica no candidato democrata tombou para 19 por cento. Nessas eleições presidenciais Eugene Victor Debs, candidato do Partido Socialista da América (SPA), obteve 38 por cento do voto judeu (3% nos EUA) polo que o candidato republicano ficou no primeiro lugar (43%).
Se bem a prioridade dos Judeus americanos, como a maioria dos americanos, é a economia, o Estado de Israel é um elemento importante na tomada das suas decisões eleitorais. Embora a percentagem dos que votam apenas com base na política dum candidato sobre Israel pode ser relativamente fraca, muitos judeus reparam nisso e vários presidentes aprenderam isso no seu detrimento.
Assim sendo, por exemplo, em 1988 George H. W. Bush recebeu 35 por cento dos votos judeus porque se esperava dele que levasse adiante as políticas pró-Israel de Ronald Reagan. Quando, ao contrário, as suas políticas foram percebidas como prejudiciais para Israel, a sua proporçom do voto judeu caiu para 11 por cento em 1992.
Da mesma forma, o apoio de Jimmy Carter no voto judeu caiu de 71 por cento em 1976 para 45 por cento em 1980, apesar do seu papel no Tratado de Paz Israelo-Egípcio, já que os judeus nom confiavam nas suas opiniões sobre Israel.
No lado republicano, em 2000 os judeus temiam que George W. Bush fosse tam crítico de Israel como o seu pai e deram-lhe apenas os 19 por cento dos seus votos. Quatro anos mais tarde, ao ser considerado muito pró-Israel, a sua percentagem de votos saltou para 24 por cento.
Em 2008, a partir de uma sólida base judaica e ajudado polo declínio da economia, associada à gestom da jeira republicana (2000-08), bem como a escolha de Sarah Palin como candidata de John McCain à vice-presidência, Barack Obama obteve facilmente os 78 por cento do voto judeu, um pouco abaixo dos 80 por cento Bill Clinton recebera em 1992.
A política do governo Obama relativamente a Israel teve duas fases diferenciadas. Nos primeiros dous anos as políticas dele foram percebidas amplamente como ruins para Israel com a sua exigência do congelamento dos colonatos israelitas na Cisjordânia, por nom ter trazido os palestinos à mesa de negociaçom ou o desdém nom disfaçado (recíproco) com o que tratou o primeiro-ministro de Israel. Destarte, segundo sondagens como a da Gallup, a popularidade de Obama entre judeus caiu vertiginosamente de 83 por cento em janeiro de 2009 para 54 por cento em setembro de 2011. Um inquérito do Comitê Judaico Americano (AJC) descobria nessa altura que 53 por cento dos judeus desaprovava a forma em que Obama geria as relações com Israel. Porém, em janeiro de 2011 a política de Obama em relação a Israel mudou quase 180 graus. Entom, ele começou a louvar a Israel em todas as oportunidades e engajou-se com a sua segurança. Ele deixou de falar nos assentamentos, chegando ao ponto de vetar umha proposta de resoluçom do Conselho de Segurança da ONU para os declarar ilegais ou de reforçar a cooperaçom militar com o Estado hebreu. Em abril de 2012 um inquérito da AJC apontava que a aprovaçom judaica das relações do seu governo com Israel tinha saltado de 40 para 58 por cento, mostrando-se os 61 por cento em favor de Obama face o candidato Romney. Nessa altura a Gallup mostrava um aumento ainda maior em apoio a 68 por cento, percentagem que se confirmou nas eleições presidenciais no passado 6 de novembro.
O Presidente Obama recebeu os 69 por cento do voto judaico contra os 30 por cento obtidos por Romney, contribuindo grandemente para a sua reeleiçom.
Com efeito, a esperança dos republicanos para estas eleições nom era ganhar o voto judeu, mas desbastar o apoio de Obama na confiança de que se a votaçom judaica nos democratas tombasse abaixo dos 65 por cento (mormente nos estados da Pensilvânia, Ohio ou Flórida), facilitar-se-ia a eleiçom do candidato conservador. Os republicanos estavam conscientes de que o seu sucesso estaria garantido se a percentagem do voto judeu nos democratas fosse inferior aos 70 por cento, como assim aconteceu no caso de Dukakis (64%) e Mondale (67%) derrotados, respetivamente, por Bush (pai) e Reagan na década de 80.
No dia depois das eleições e em resposta à campanha republicana para atrair o voto judeu, David A. Harris, presidente do Conselho Nacional Democrata Judaico (NJDC), realizou a seguinte declaraçom em resposta ao apoio abrangente para Obama entre os judeus americanos:
"Agora sabemos que a comunidade judia hoje esteve mais umha vez solidamente atrás do presidente Barack Obama, e que o único "problema judaico" que ele tem é de que nom há mais eleitores judeus nos Estados Unidos, dado o apoio esmagador ao Presidente na nossa comunidade. De facto, estatisticamente nom há diferença entre os resultados de hoje à noite e o voto judeu recebido polo presidente em 2008".
"O forte apoio dado ao presidente hoje polos Judeus norte-americanos mostra que a campanha de mais de 15 milhões dólares realizada pelos republicanos para conquistar os eleitores judeus com publicidade negativa, táticas de intimidação e puras mentiras simplesmente nom funcionou. Desde o New Deal, o Partido Democrata tem sido o lar político para a esmagadora maioria dos eleitores judeus e os dados de hoje confirmam que a relaçom entre a comunidade judaica e do Partido Democrata é mais forte que nunca".
Na imagem, um cartaz anti-Obama na Florida para afastar o voto judeu.
"Os resultados desta noite contrariam as falsas alegações feitas sobre o forte suporte judaico do presidente feitas por líderes republicanos como o Líder da maioria na Câmara, Eric Cantor (R-VA), o senador e ex-candidato presidencial do Partido Republicano Rick Santorum, Ari Fleischer, o ex candidato presidencial Herman Caim, o membro da Mesa do Comité de Emergência para Israel e antigo candidato presidencial Gary Bauer, e os líderes da Coaligaçom Judaica Republicana (RJC), entre muitos, muitos outros. Clique aqui para ver os "greatest hits" junto com dezenas de falsas predições sobre uumha inexistente mudança no voto judeu em 2012".
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