terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O ESTADO DE ISRAEL É UM ESTADO SOCIALISTA


No campo ideológico do socialismo nom comunista surgem no ano 1945 o Movimento Socialista da Catalunha (MSC), formado basicamente por antigos membros do Partido Operário de Unificaçom Marxista (POUM). No número 38 de Endavant (Adiante), o órgão central do partido, correspondente a maio de 1949, aparece publicado este artigo que define o posicionamento do MSC perante o nascimento do Estado de Israel.

"O Estado de Israel é umha criança que acaba de fazer o seu primeiro ano de existência, um ano de angústias, de guerras e dores, mas também de vitórias e afirmações. O último nascido, o último que demandou entrada nas Nações Unidas, passou perante os onze solicitantes que desde há meses fazem fila, e foi admitido por 37 votos contra 12 e 9 abstenções. O seu primeiro ato oficial nas Nações Unidas foi o de votar contra Franco. Saúde, Estado de Israel!

O Estado de Israel é umha liçom para os catalães, e, acima de todo, para nós, socialistas catalães, do ponto de vista político, económico e social. Nom se trata de que exista umha estreita analogia entre Israel e Catalunha, mas o exemplo de fortaleza, de tenacidade, de solidariedade nacional e de afirmaçom coletiva que os judeus deram através do seu calvário durante séculos e particularmente nos últimos anos, resulta um caso digno de estudo e um guia moral para todos os povos oprimidos.

Agum dia falaremos nisso com mais extensom. Hoje queremos remarcar apenas a clarividência, que para alguns é como umha visom profética, dos dirigentes do movimento sionista na conceçom da pátria ideal. Theodor Herzl, o definidor visionário, tinha do futuro Estado um conceito de família solidária, de autêntica naçom, de pátria acolhedora e igualitária. É o que temos nós da futura Catalunha livre. Herlz foi ouvido por mui poucos, os suficientes, porém, para fundar hehaloutz ou escola de grupos de vanguarda que haviam de constituir as comunidades profissionais, base e mecanismo do futuro lar nacional. Durante o mandato britânico na Palestina, com a imigraçom judia restringida, cabia fazer a seleçom dos trabalhos e a Agência Judia controlava escrupulosamente os imigrantes, e depois dalguns anos de prova constituiram um garin ou coletividade para pôr em valor um bocado de terra do deserto e torná-lo em exploraçom agrícola, amiudamente complementada com a industrializaçom dos produtos. Ao cabo duns quantos anos a coletivididade tornava-se em kibboutz, retornava o empréstimo que lhe dera para explorar a terra ocupada ao Keren Hayesdot, organismo nacional que administrava os fundos angariados entre os judeus de todo o mundo por Keren Kayemeth e ficava constituida umha entidade financeira, política, industrial e, quando convinha, guerreira, que garantia a existência e o futuro de Israel na terra de promissom.

O esforço corajudo daqueles pioneers vindos dos quatro cantos da terra triunfou até o ponto de criar um novo tipo de homem, robusto, capaz de se enfrentar com as adversidades e os perigos. Na nascença do Estado de Israel, os Estados da Liga Árabe, maltratados e famélicos (os novos amigos de Franco), iniciaram umha espécie de guerra santa para afogar o recém nado. A surpresa do mundo foi ver como os israelitas, infinitamente inferiores em número, derrotavam um dia os egípcios, outro dia os sírios, outro dia os libaneses e um outro dia os transjordanos e a famosa legiom de Gubb Paisha. Em poucos meses derrotaram todos os árabes e um após outro assinaram armistícios com  aquele Estado de Israel que nom queriam reconhecer.

A vitória de Israel foi decisiva. Era umha naçom minúscula, apenas nada à face do mundo, mas com as entranhas e o organismo dumha criança robusta, sã, prometedora. O sangue e os músculos da comunidade foram aquelas coletividades, instaladas no deserto, fazendo nascer do seu esforço, da sua disciplina, da sua austeridade e do seu sentimento de solidariedade, a pátria nova. Nova em todos os sensos, no de constituir o novo lar judeu, e no de constituir um modelo de coletivismo e de justiça social. O Estado de Israel é, nas suas essências, um Estado socialista. Hoje, esgotado polas perdas ocasionadas pola guerra, sente a crise própria deste esforço gigante. Porém, com a paz, tornará o trabalho produtivo, a fecundaçom do deserto, a justa distribuiçom de sacrifícios e benefícios, a conquista do ideal socialista e a afirmaçom de que umha vontade nacional bem dirigida e iluminada pola fé é umha garantia de paz e de justiça para toda a humanidade".

Texto tirado de "Anticatalanisme i antisionisme, avui", Jaume Renyer (2010)

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