quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

A TRÍADE PRÓ-PALESTINIANA

A Noruega, a Irlanda e Espanha criaram umha espécie de liga para reconhecerem conjuntamente o inexistente Estado da Palestina. Assim sendo, a 22 de maio de 2024 Espanha, em coordenaçom com a Irlanda e a Noruega, anunciaram o reconhecimento dum Estado palestiniano. Em resposta, o daquela ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, convocou umha conversa de repreensom na qual forçou os embaixadores dos três países a assistir às atrocidades documentadas no "vídeo de observaçom" que foi divulgado ao público naquela semana.


O primeiro-ministro espanhol nem sequer se absteve de apontar o que este Estado deveria ser geograficamente (umha passagem entre a "Cisjordânia" e a Faixa de Gaza; a divisom dumha cidade, Jerusalém; a capital do novo Estado, e mesmo onde devem ir até as fronteiras). Tudo com um cheiro a colonialismo estrondoso que procura exercer a partir da capital imperial de Madrid acima do que as partes podem acordar, se conseguirem chegar a acordo sobre algo semelhante.

A liga, porém, nom é tão estranha e antinatural como parece. A tríade destes países, hoje tão pró-ativos em relaçom à Palestina, partilha um passado contemporâneo de “neutralidade passiva” durante todo o conflito da Segunda Guerra Mundial. Os três países declararam-se formalmente “neutros”, a Noruega, além disso, “pacifista”; sim, todos os três com um piscar de olho a favor do nazismo.


> REINO DA NORUEGA

A Noruega rendeu-se à invasom germânica de boa vontade. Estabeleceu-se um regime colaboracionista que perseguiu e entregou aos nazis os poucos milhares de Judeus noruegueses, que foram assassinados em Auschwitz. 

A resistência norueguesa contra os nazis nom teve bases próprias até ao verão de 1944, pouco antes da capitulaçom alemã em maio de 1945. 

Entretanto, a glória literária nacional norueguesa e Prémio Nobel Knut Hamsun foi um firme porta-estandarte e propagandista do Nazismo em toda a Europa com acesso direto às hierarquias mais elevadas. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, Hamsun apoiou o esforço de guerra alemão. Cortejou e encontrou-se com oficiais nazis de alto escalom, incluindo Adolf Hitler. O Ministro da Propaganda nazi, Joseph Goebbels, escreveu um longo e entusiástico diário sobre um encontro privado com Hamsun; segundo Goebbels, a "fé de Hamsun na vitória alemã é inabalável". Em 1940, Hamsun escreveu que “os alemães estão a lutar por nós”. Após a morte de Hitler, publicou um breve obituário no qual o descrevia como “um guerreiro da humanidade” e “um pregador do evangelho da justiça para todas as nações”.

Ao mesmo tempo, outra “glória nacional” foi a paixom de milhares de raparigas e mulheres norueguesas em participar no programa Lebensborn de reproduçom da raça ariana entre voluntários de “sangue Viking” (sic) e oficiais SS. 

Raparigas e mulheres norueguesas entregaram-se para reproduzir a raça ariana com oficiais das SS

O número de crianças criadas nos 15 centros espalhados pola Noruega foi de um mínimo de 10.000 e as mulheres presas após a guerra por colaborarem com os nazis seriam 14.000 (dumha populaçom total de 2,9 milhões de pessoas).


Na sequência do reconhecimento do Estado palestiniano, a 8 de agosto de 2024, o ministro dos negócios estrangeiros de Israel, Israel Katz, anunciou novas sanções e revogou o estatuto diplomático dos funcionários noruegueses que foram destacados para servir no escritório de representaçom da Noruega na Autoridade Palestiniana.


> REPÚBLICA DA IRLANDA

A Irlanda adotou também uma posiçom “neutra” no conflito. No entanto, a posiçom da Igreja Católica e de organizações relacionadas, como os Camisas Azuis e a Frente Nacional Irlandesa (apoiantes do General Franco), estabeleceu umha atmosfera antijudaica que impediu qualquer tentativa de resgatar diplomaticamente qualquer judeu da ditadura nazi, apesar das boas relações que foram mantidas. 

Especialmente infeliz foi o caso do judeu irlandês Robert Briscoe, que desempenhou um papel de liderança no fornecimento de armas contrabandeadas para a Revoluçom Irlandesa de 1916 e que nom conseguiu salvar parte da sua família devido à recusa do governo irlandês em salvar umha única vida judaica na Alemanha.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Robert Briscoe, na altura membro do Dáil Éireann, foi colocado sob estreita vigilância pela Direçom Irlandesa de Informações Militares e pola Seçoom Especial Garda Siochana. As suas actividades secretas de apoio ao sionismo e o seu lobby em nome dos refugiados foram também considerados potencialmente prejudiciais para os interesses do Estado irlandês por altos funcionários do Departamento de Justiça. 

Briscoe era também um admirador e amigo de Ze’ev Jabotinsky e da sua campanha de resistência ao antissemitismo e dos seus esforços para criar um Estado Judeu. Entre 1939 e 1940, Robert Briscoe trabalhou de perto com o antigo coronel do exército britânico John Henry Patterson, o antigo oficial comandante do Zion Mule Corps e da Legiom Judaica durante a Primeira Guerra Mundial. Juntos, estiveram envolvidos na angariaçom secreta de fundos para o Irgun nos Estados Unidos. Durante o mesmo período, Briscoe descreveu-se, em tom de brincadeira, como o "Presidente da Atividade Subversiva contra a Inglaterra". Briscoe também desejava que a Irlanda desse asilo aos refugiados judeus que fugiam da Alemanha nazi, mas fê-lo discretamente para nom ser acusado de comprometer a política de neutralidade do governo de Fianna Fáil. Briscoe teve notavelmente quezílias feias com o enviado comercial irlandês à Alemanha e o antissemita declarado Charles Bewley, que tentou frustrar o seu esforço de ajudar os refugiados judeus a obter vistos para a Irlanda durante a guerra.

Após a Segunda Guerra Mundial, Briscoe serviu como conselheiro especial de Menachem Begin na transformaçom do Irgun dumha organizaçom paramilitar no partido político Herut (mais tarde Likud) no novo Estado de Israel. Briscoe já tinha sido umha figura chave na formaçom do partido político Fianna Fáil a partir do IRA Anti-tratado após a independência da Irlanda, mas nom antes dumha amarga e fratricida Guerra Civil. Briscoe levou, portanto, Menachem Begin a fazer a transiçom imediatamente após o Caso Altalena, de forma a evitar umha guerra civil semelhante em Israel.

A 9 de julho de 1943, na sessom inaugural no Dáil, o deputado Oliver James Flanagan, eleito pola antissemita Associaçom Irlandesa de Reforma Monetária, instou o governo a usar as Leis de Poderes de Emergência para "expulsar os judeus deste país": 

"Como é que nom vemos em nengumha destas Leis [de Poderes de Emergência] atos dirigidos contra os Judeus, que crucificaram o Nosso Salvador há dezenove séculos atrás, e que estão a nos crucificar todos os dias da semana? Como é que nom os vemos dispoições contra a Ordem Maçónica? Como é que o IRA é considerado umha organizaçom ilegal enquanto a Ordem Maçônica nom é considerada umha organizaçom ilegal? [...] Há umha cousa que a Alemanha fez: expulsar os Judeus do seu país. Até que expulsemos os Judeus deste país, nom importa nem um pouco as ordens que vocês derem. Onde estão as abelhas está o mel, e onde estão os Judeus está o dinheiro".

Durante a campanha, Oliver J. Flanagan escreveu ao Padre Denis Fahey: 

“Apenas umha linha para informar que estamos a avançar com a campanha eleitoral em Laois-Offaly contra o sistema judaico-maçónico que nos é imposto polos Judeus e maçons. A gente aproxima-se de nós, mas é difícil fazer com que as pessoas compreendam como são reprimidas pelos judeus e maçons, que controlam as suas próprias vidas."

Em 1952 Flanagan aderiu ao Fine Gael, ingresso que lhe permitiu servir no governo da República da Irlanda como Secretário Parlamentar do Ministro da Agricultura (1954-57) e ministro da Defesa (1975-77).


Para terminar de corrigir, Éamon de Valera, primeiro-ministro da Irlanda, depois de Hitler ter morrido a 30 de abril de 1945, visitou a embaixada alemã a 3 de maio para apresentar as condolências da Irlanda pola morte do Führer.

Dous dias depois de Hitler se ter suicidado em Berlim, De Valera e Joseph Walshe (secretário dos Negócios Estrangeiros) visitaram a Embaixada da Alemanha em Dublim para assinar no livro de condolências polo finado Fuhrer. Destarte, De Valera viu-se na duvidosa companhia de dous ditadores fascistas europeus, Francisco Franco (Espanha) e António de Oliveira Salazar.

Nos tempos modernos, países muçulmanos como o Iémen e a Argélia serviram de campos de treino para o IRA, treinado pola Frente de Libertaçom da Palestina.

O comportamento da Irlanda prejudica Israel por umha razom especial. Na Primeira Guerra Mundial, foram formadas várias unidades de combate judaicas sob o Mandato Britânico da Palestina. O nome nom oficial era Legiom Judaica e foi umha iniciativa de Zeev Jabotinsky, chefe do sionismo revisionista que foi alma mater de Benzion Netanyahu, pai do atual primeiro-ministro de Israel. A Legiom Judaica participou em inúmeras batalhas por todo o Próximo Oriente e, na opiniom de Jabotinsky, foi um instrumento de treino militar para o futuro exército da naçom judaica. 

Na sequência do Levante da Páscoa irlandês de 1916, os britânicos ordenaram à unidade Zion Mule Corps que se dirigisse à Irlanda para suprimir a revolta nacionalista. Jabotinsky e os restantes membros recusaram-se a “reprimir a luta dum povo pola liberdade”. A unidade foi rapidamente dissolvida em maio de 1916.


A República da Irlanda só reconheceu Israel em 1963 e foi preciso esperar até 1996 para abrir umha embaixada em Israel. 

A 9 de outubro de 2023, dias depois do massacre do HAMAS contra a populaçom do sul de Israel, o presidente irlandês condenou a violência em AMBOS OS LADOS, criticando as ações de Israel em Gaza por violarem o direito internacional.


Em 26 de novembro de 2023, em resposta à libertaçom de Emily Hand, de 9 anos, sequestrada pola organizaçom terrorista HAMAS, o primeiro-ministro da Irlanda optou por postar um tweet na rede social X nas seguintes linhas: “Umha menina inocente que estava perdida foi encontrada e devolvida”. Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, convocou o embaixador irlandês em Israel para umha reprimenda.

Em fevereiro de 2024, como protesto contra a guerra em Gaza, a seleçom feminina de basquete da Irlanda recusou-se a apertar a mão das jogadoras da seleçom israelita de basquete feminino. Oito meses após o incidente, a seleçom irlandesa recebeu umha advertência oficial da FIBA ​​Europa por comportamento inadequado.

Em março de 2024, a Irlanda anunciou a sua adesom à reivindicaçom da África do Sul em Haia.

Em abril de 2024, o Fundo de Investimento Estratégico da Irlanda anunciou a venda das suas participações em 6 empresas israelitas, umha vez que desenvolvem atividades nos territórios.

Em 22 de setembro de 2024, o presidente da Irlanda, Michael Higgins, acusou a embaixada israelita de vazar umha carta na qual enviava umha saudaçom ao novo presidente do Irã, Massoud Pazkhian. A carta, que vazou online, enfatizava a importância da paz no Próximo Oriente e da diplomacia, e Israel criticou-a por enviar a “mensagem errada” ao povo iraniano. Referindo-se ao vazamento, Higgins perguntou por que nom foram feitas perguntas sobre a origem da revisom e o método pelo qual a carta foi distribuída, enfatizando que a embaixada israelita era responsável por isso. Mais tarde, descobriu-se que a carta fora publicada pola embaixada iraniana na Irlanda.

Em outubro de 2024, após a manobra terrestre no Líbano, as FDI exigiram que as forças da UNIFIL no sul do Líbano se afastassem cinco quilómetros da linha azul para nom interferir nas operações do exército contra o Hezbollah, mas as forças irlandesas recusaram-se a evacuar, o que criou uma crise entre os países.

Em 11 de dezembro de 2024 soube-se que a Irlanda tentou literalmente mudar a definiçom legal de genocídio apenas para poder processar o Estado Judeu. Noutras palavras, como o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) nom encontrou provas de que Israel esteja a "cometer genocídio" na Faixa de Gaza e Israel conseguiu demonstrar que nom comete genocídio, a Irlanda tenta alterar completamente a definiçom desse crime para se adequar à sua agenda anti-Israel. A insanidade e malícia de redefinir um crime durante o julgamento e aplicar a nova definiçom retroativamente são absurdas.

“Ao intervir legalmente no caso da África do Sul, a Irlanda pedirá ao TIJ que alargue a sua interpretaçom do que constitui a comissom de genocídio por um Estado.

Preocupa-nos que umha interpretação demasiado restrita do que constitui genocídio conduza a umha cultura de impunidade em que a proteçom dos civis é minimizada

A visom da Irlanda sobre a Convençom é mais ampla e dá prioridade à proteçom da vida civil - como apoiante empenhado da Convençom, o Governo promoverá essa interpretaçom na sua intervençom neste caso


A 15 de dezembro de 2024 Gideon Saar, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel anunciou ter dado "instruções para o encerramento da Embaixada de Israel na Irlanda" por causa das "ações, os padrões duplos e a retórica antissemita do governo irlandês contra Israel", na sequência dumha linha política concebida para "deslegitimar e demonizar" o Estado judaico.

"O governo irlandês reconheceu um 'Estado palestiniano' durante os ataques a Israel (umha medida elogiada polo HAMAS), tentou redefinir o “genocídio” no direito internacional para apoiar reivindicações infundadas contra Israel no TIJ, apoiou casos com motivações políticas no TPI, promoveu medidas anti-Israel no seio da UE e fomentou a hostilidade contra Israel. 

Notavelmente, a Irlanda é um dos poucos países europeus que nom adoptou a definiçom de antissemitismo da IHRA, e o seu governo nom conseguiu tomar medidas eficazes para combater o aumento do antissemitismo na Irlanda".

Finalmente o responsável pola política exterior de Israel referiu que o Estado judeu "concentrará os seus recursos no reforço das relações bilaterais com países de todo o mundo, de acordo com prioridades que tenham também em conta as atitudes e ações destes estados em relaçom a Israel".

Em resposta, o Presidente da Irlanda, Michael D Higgins, condenou Israel por dizer que a Irlanda é antissemita e logo depois prossegue a sua declaraçom pública com umha mentira antissemita sobre a tentativa de Israel de enviar colonos para o Egito! 


O palestinismo está muito estendido na opiniom pública irlandesa porque a luta palestiniana faz-lhes lembrar a sua própria luta contra os britânicos. Supondo que esta ideia nom é umha escusa para encobrir preconceitos antissemitas, esta analogia é ainda profundamente falhada e pouco lisonjeira para os Irlandeses. 

Em primeiro lugar, o povo irlandês era umha pequena naçom que lutava pola liberdade contra o maior império da história da humanidade. Os palestinianos são árabes, parte dumha enorme entidade colonizadora, que luta contra umha pequena minoria judaica no seu seio. Mesmo se olharmos apenas para a regiom chamada Palestina, os árabes ainda são a maioria nela. Enquanto os irlandeses lutaram sozinhos contra os britânicos, os palestinianos fizeram sempre parte dumha enorme coligaçom muçulmana que tentou destruir o Estado de Israel. Por exemplo, durante a guerra atual, Israel foi atacado por polo menos cinco outras nações, todas elas lutando para o destruir. Quando é que os Irlandeses foram apoiados por umha coligaçom internacional tão alargada? Quem, senom os Irlandeses, lutou polos Irlandeses? Quando se está do lado dos árabes, está-se do lado da maioria, nom das minorias. Está a apoiar o império, nom os rebeldes.

Em segundo lugar, os Irlandeses lutaram por um Estado ao lado da Grã-Bretanha, e nom em vez da Grã-Bretanha. A criaçom dum Estado irlandês nom exigiu a destruiçom de qualquer Estado existente, nem a morte ou expulsom de milhões de pessoas. Imagine que os irlandeses tivessem exigido que todos os não-celtas “regressassem” à Europa? Os britânicos teriam entom destruído o povo irlandês. Os Irlandeses nom lhes teriam deixado outra hipótese. É exatamente esta a posiçom em que Israel se encontra.

Finalmente, embora os Irlandeses se tenham envolvido numha luta armada contra os britânicos, que por vezes feriu civis, nunca se aproximaram da absoluta barbárie dos árabes palestinianos. Os Irlandeses nunca massacraram salas de aula inteiras cheias de crianças, nom enviaram bombistas suicidas para rebentar com clubes juvenis, nom partiram crânios de bebés com pedras nem desfilaram com corpos humanos mutilados. Em nengum momento da história moderna os Irlandeses lançaram algo que se assemelhasse, nem remotamente, às atrocidades do 7 de outubro. 

Equiparar a luta irlandesa à luta palestiniana é equiparar-se a umha horda bárbara e genocida ao serviço dum império de fanatismo da era das trevas. Aliás, com essa atitude, os Irlandeses parecem ter-se esquecido que também os sionistas e os Judeus lutaram contra os ingleses e o Império britânico.


> REINO DE ESPANHA

Conhecemos de perto a “neutralidade” espanhola: desde a Divisom Azul (a 250. Einheit spanischer Freiwillige) ao fornecimento de alimentos, apoio logístico, minerais... 



Mesmo depois da guerra mundial, Espanha foi refúgio de nazis conhecidos e nom tão conhecidos, bem como rota obrigatória de fuga da Europa para outros países, especialmente para a América Latina através da rede nazi Ratlines. 

A proteçom espanhola dos assassinos nazis continuou para além do domínio de Franco e, desta forma, criminosos conhecidos como Léon Degrelle e Simons De Aerschot morreram pacificamente em Espanha, em 1989 e 1994, protegidos por Felipe González, que se recusou a extraditá-los para a Bélgica.

O impulso antissemita nos territórios que hoje constituem Espanha é assustador e vem de muito longe. Já no século VI, os reis católicos visigodos estabeleceram um conjunto de leis antissemitas que nom tinham paralelo em toda a Europa pola sua crueldade. Cerca de mil anos depois, os Reis Católicos fizeram renascer estas leis e, por parte de Fernando, o Católico, foi criado o Tribunal do Santo Ofício da Inquisiçom, que durou de 1478 a 1834.

Em 24 de maio de 2024, a vice-primeira-ministra da Espanha, a galega Yolanda Diaz (PCE/Sumar), declarou num discurso gravado em vídeo que “A Palestina será libertada do rio para o mar”. Em 25 de maio de 2024, a Ministra da Defesa espanhola, disse que o que está a acontecer em Gaza é um "verdadeiro genocídio".

Em 6 de junho de 2024, Espanha anunciou sua adesom à queixa da África do Sul contra Israel por genocídio em Haia.

A questom do Kosovo/ Catalunha

Segundo a postura oficial do ministério espanhol dos Negócios Estrangeiros, o Reino Espanha mantém a política de nom reconhecimento da independência do Kosovo (declarada unilateralmente da Sérvia em 2008) e defende um acordo no quadro do diálogo Belgrado-Prístina. No fundo, na diplomacia espanhola existe o receio de sentar-se um precedente ao que podam acudir os movimentos secessionistas internos, nomeadamente a Catalunha e o País Basco.

A questom do reconhecimento internacional da independência do Kosovo teve início após a declaraçom unilateral da secessom do Kosovo em relaçom à Sérvia, feita polo parlamento kosovar em 17 de fevereiro de 2008, com 109 votos a favor e 0 contra, pois todos os representantes da minoria sérvia (11 no total) boicotaram a declaraçom. A declaraçom unilateral de independência da Catalunha a 27 de outubro de 2017 foi feita polo parlamento catalão por 70 votos a favor, 10 em contra e 2 votos brancos, pois os representantes dos partidos espanholistas (PSOE, PP e Cs) boicotaram a votaçom.

Desde a declaraçom de independência até hoje, 98 dos 193 países membros das Nações Unidas​ reconheceram a independência da República do Kosovo. Estes estados incluem 22 dos 27 membros da UE, 22 dos 27 membros da NATO e sete dos oito membros do G8. 

Espanha é o único país que o faz por motivos alheios ao conflito territorial entre a Sérvia e o Kosovo. Diferentemente do caso catalão, Espanha aposta em defender que este conflito "tem de ser resolvido através dum diálogo entre Prístina e Belgrado". Os governos de Espanha e a Sérvia concordam em identificar "o mal do separatismo".

A questom do Saara Ocidental

O Reino de Espanha é a potência administrativa de iure do Saara Ocidental, antiga colónia ocupada por Marrocos em 1975, e como tal, até ao final do período da descolonizaçom, tem as obrigações reconhecidas nos artigos 73.º e 74.º da Carta das Nações Unidas. Esta posiçom tem sido ratificada polos órgãos jurisdicionais espanhóis, quaisquer que sejam as ocasiões em que foram declarados competentes para conhecer os delicados assuntos no território.

Porém, a 14 de março de 2022, numha carta do presidente do governo espanhol ao rei do Marrocos relativamente ao conflito do Saara Ocidental, afirmava que a proposta de autonomia formulada polo Marrocos em 2007 era a opçom «mais séria, credível e realista» para resolver o conflito (a descolonizaçom) do Saara Ocidental. ​O que supôs umha mudança radical na postura histórica que a Espanha manteve em relaçom à soberania da antiga colónia. 

Obsessionado com a unidade e integridade territorial de Espanha, o objetivo era um acordo com o Marrocos em que Madrid reconhecia o plano autonómico do país ocupante para o Saara Ocidental a troca de Marrocos reconhecer e respeitar a soberania espanhola nas cidades africanas de Ceuta e Melilha.

A questom da Palestina e o unilateralismo espanhol

A Resoluçom 242 de 1967 é umha das resoluções mais amplamente afirmadas sobre o conflito árabe-israelita e formou a base para negociações posteriores entre as partes.

A resoluçom é a fórmula proposta polo Conselho de Segurança para a resoluçom bem-sucedida do conflito árabe-israelita, em particular, pondo termo ao estado de beligerância entom existente entre os "Estados interessados", Israel, Egito, Jordânia, Síria e Líbano. A resoluçom trata de cinco princípios: Retirada das forças israelitas, "paz dentro de fronteiras seguras e reconhecidas", liberdade de navegaçom, soluçom justa do problema dos refugiados e medidas de segurança, incluindo zonas desmilitarizadas. Também prevê a nomeaçom dum Representante Especial para avançar para o Próximo Oriente a fim de promover um acordo sobre umha soluçom pacífica e aceite (polas partes) de acordo com os princípios esboçados na resoluçom.

Existem tais condições para que, ao abrigo do direito internacional, Espanha reconheça unilateralmente esse Estado palestiniano? Porque é que Espanha está tão inflexível em reconhecer um “Estado da Palestina” (nunca proclamado) a mais de 3.000 km de distância, mas tão oposta à criaçom dum “Estado da Catalunha”? Nom sabem que “a caridade começa na casa”?


Fonte: El Nacional (Catalunha) 30/5/2024

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