A Irlanda está extraordinariamente obcecada por Israel/Palestina. E muito antes de 7 de outubro.
A obsessom da Irlanda com o palestinismo supera os limites da racionalidade |
Nos meus tempos de estudante em Galway, na viragem do milénio, a malta pró-Palestina estava sempre lá, a agitar as suas bandeiras, a cantar os seus cânticos. Estava na moda entre os vários grupos estudantis de esquerda e do Sinn Féin. Estava muito na moda ser anti-Israel. Foi umha espécie de ativismo do 1º ano de Sociologia fortemente incentivado polos nossos professores. Era geralmente umha fase da qual as pessoas cresciam pouco depois da sua graduaçom e da entrada no mundo real.
O republicanismo irlandês apoia à Palestina no conflito israelo-palestiniano |
Este elemento de angústia estudantil existirá sempre enquanto os departamentos de artes irlandeses estiverem invadidos por académicos de esquerda. Mas numha escala mais vasta, os pontos de discussom que explicam a obsessom (especialmente, que a Irlanda sabe o que é ser colonizado) vêm diretamente do Sinn Féin de Gerry Adams, dos anos 1970/80. As colaborações de SF com a Líbia e a OLP são umha história bem contada neste momento, mas é o aproveitamento de Adams do nacionalismo irlandês ao nacionalismo árabe sob a bandeira do socialismo revolucionário que popularizou Israel-Reino Unido contra Palestina-Irlanda.
A obsessom irlandesa com o palestinismo vêm diretamente do Sinn Féin sob a aleagada fé de a Irlanda saber o que é ser colonizado |
Em tempos mais recentes, foi muito além destas raízes do SF, permeando a sociedade irlandesa de forma mais ampla. O Presidente Higgins (um socialista de longa data), o PBP, e outros políticos de esquerda exerceram pressom suficiente sobre a dupla Fianna Fáil/Fine Gael (FF/G) para os fazer adotar a mesma obsessom irracional.
O palestinismo irlandês nom poupou o Presidente Higgins (trabalhista) |
E neste momento, muitos irlandeses estarão a espumar pola boca, incapazes de se impedirem de dizer com raiva porque é que Israel/Palestina é a única cousa pola qual vale a pena ficar obcecado neste Natal. "40 mil civis! etc." Mas as mesmas pessoas que estão obcecadas com as crianças palestinianas mortas nom se preocupam nada com as crianças sudanesas, eritreias, etíopes, etc., etc. Porque a obsessom nom é racional.
Para os paddystians Israel/Palestina é a única causa pola qual vale a pena ficar obcecado |
Nos últimos anos, a Irlanda tornou-se um povo radicalmente atípico em muitas causas sociais e políticas. Este é um bom exemplo. Outros países, mesmo aqueles com elites políticas muito pró-Palestina –como Espanha-, nom estão nem de longe nem de perto tão obcecados, ou polo menos esta obsessom está confinada na extrema esquerda do espectro político. Isto acontece em grande parte porque, apesar dos seus partidos socialistas ruidosos, Espanha, e o resto da Europa, tem umha democracia que funciona amplamente (embora tensa), com espectros de esquerda e de direita estabelecidos que garantem que os países nom se desviem demasiado dumha forma ou de outra. A Irlanda nom tem isso. A Irlanda tem duas grandes bolhas que fingem ser centristas, mas nom têm valores fundamentais, por isso vá onde quer que estejam os votos. Antes das Eleições Gerais do mês passado, no FF/G acreditavam que SF beneficiaria por ser anti-Israel na moda e apostaram nisso para lhe roubar o trovom.
Nas eleições gerais de 2024 o SF nom beneficiou eleitoralmente por ser anti-Israel |
A obsessom anti-Israel e pró-Palestina na Irlanda é sintomática da crescente vitória cultural do SF ao longo de décadas, do seu legado aos novos micropartidos esquerdistas da Irlanda, bem como aos media e à academia esquerdistas. A dupla FF/FG sempre externalizou as questões sociais, primeiro para a igreja, depois para a academia, agora para as ONG. Nunca tiveram princípios e agora vêem-se apanhados de surpresa, mal apanhados no cenário internacional, percebendo que estão a ter de defender as políticas de esquerda radical que apenas adoptaram para obter votos. É umha bolada política.
Eis a reaçom de Gerry Adams ao massacre do HAMAS de 7 de outubro de 2023 |
Mas o que é um caso de estudo mais fascinante é a forma como a Irlanda se tornou tão obcecada e convencida de que os acontecimentos ali, num deserto muito, muito distante, estão existencialmente interligados com os assuntos irlandeses. Eles nom são. Obtenha umha obsessom melhor.
Sem comentários:
Enviar um comentário