Há exatamente um ano, na noite de 6 de outubro de 2023, fomos dormir sem imaginar que ao acordar as nossas vidas mudariam para sempre.
Hoje, olhando para trás, compreendo o verdadeiro significado das palavras que lemos todos os anos na Hagadá da Páscoa: “Em cada geraçom alguém levanta-se para nos exterminar”. Nunca antes sentira o peso daquela frase tão claramente.
No dia 7 de outubro acordámos para umha realidade que só conhecíamos polas histórias dos nossos avós, polas páginas dos livros de história ou polas dolorosas histórias de quem viveu pogroms, expulsões e massacres.
Naquela manhã de caos e terror, foram os nossos heróis, soldados e civis, que se levantaram para nos defender. Muitos deles nom retornaram. Caíram a proteger o que temos de mais sagrado: a nossa terra e as nossas famílias. Os jovens que até entom eram conhecidos como a “geraçom TikTok”, rótulo depreciativo que os reduzia a superficialidades, revelaram-se umha geraçom heróica que veio sem pestanejar lutar com coragem e determinaçom, dispostos a sacrificar-se polo país que amam. Jovens que, num instante, deixaram de ser espectadores para se tornarem protetores. Heróis de carne e osso que compreenderam a imensidom da tragédia e agiram consequentemente.
Mas nom foi apenas o Exército de Israel que se mobilizou. Toda a sociedade acordou para umha verdade que, por mais que tentemos ignorar, sempre existiu: somos um povo que sobreviveu ao longo da história às mais terríveis tentativas de destruiçom. Cada geraçom teve a sua prova, a sua luta, e agora é a nossa. A geraçom do 7 de outubro junta-se à longa cadeia de gerações que, ao longo dos séculos, souberam reerguer-se depois das mais profundas tragédias.
Os dias e semanas que se seguiram ao ataque foram sombrios. Dor e incerteza envolveram-nos. Mas no meio daquela escuridom, vimos também a luz que só um povo como o nosso sabe projetar. Organizamo-nos, cuidamos uns dos outros e agarramo-nos à esperança. Porque se a nossa história nos ensinou alguma cousa é que, mesmo que pareça impossível, sempre nos levantamos.
Passou-se um ano desde a tragédia, mas ainda estamos na tragédia. 101 pessoas raptadas ainda estão em Gaza e os nossos soldados continuam a arriscar as suas vidas em várias frentes. Os nossos pensamentos e as nossas súplicas estão sempre com eles.
Somos o mesmo povo que deixou o Egito, que atravessou o deserto, que sobreviveu aos impérios e que renasceu continuamente das cinzas. Somos um povo que sabe o que é perder tudo, mas também o que é reconstruir tudo. E embora hoje ainda estejamos na fase de reconstruçom, embora o caminho seja longo e difícil, vamos conseguir.
Am Yisrael Chai
עם ישראל חי
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