João Koatz Miragaya
Porque nom houve cessar-fogo até agora?
A resposta é simples: porque ele nom interessava nem a Netanyahu nem ao HAMAS, do jeito que se desenhava. Veja bem, eu nom disse que nom interessava a israelitas e palestinianos, mas às suas lideranças em Gaza e Israel.
Porque?
O Hamas tem os 133 reféns como garantia de sobrevivência: enquanto houver umha forma de fazer pressom sobre Israel para a guerra terminar, eles nom abrirão mão disso. Ou seja: ao HAMAS, interessa o fim da guerra e a sua sobrevivência como governo em Gaza.
O problema é que isso contrasta com o primeiro objetivo do governo Netanyahu: derrubar o controlo do HAMAS de Gaza. Caso isso nom aconteça, Netanyahu tem dous problemas:
(1) ele nom terá nengumha vitória alcançada na guerra;
(2) a sua coalizom será derrubada.
Ou seja: Netanyahu sofre forte pressom para um acordo pola liberaçom dos reféns, mas nom está disposto a arriscar o seu governo por isso. E o HAMAS sofre grande pressom para um cessar-fogo, mas nom quer nada menos que o fim da guerra. Esse é (ou era) o impedimento.
O que mudou?
Mas agora parece que a situaçom mudou um pouco, pois Israel enviou umha proposta que inclui o fim da guerra. Os partidos mais radicais da coalizom já ameaçaram Netanyahu de rompimento, e, mesmo assim, parece que agora vai. Por que?
Antes de responder, eu devo listar o que sabemos da proposta. Ela incluiria:
1. A liberaçom imediata de 33 reféns.
2. Um cessar-fogo imediato de 40 dias.
3. A libertaçom de milhares de presos palestinianos.
4. Negociações por um cessar-fogo duradouro.
A informaçom sobre o cessar-fogo duradouro foi trazida polo jornalista Yaaron Avraham, do Canal 12, a partir dumha fonte do alto escalão do governo. O gabinete do primeiro-ministro negou, mas o jornalista Barak Ravid confirmou com umha fonte do governo dos EUA.
Ou seja: a iniciativa de propor um acordo que inclui o fim da guerra é de Israel. Mas eu disse acima que Netanyahu nom tem interesse no fim da guerra sem a eliminaçom do Hamas. Entom por que ele teria feito essa proposta?
Nós temos 3 hipóteses consideráveis para responder essa pergunta.
1. Rumores sobre ordens de prisom da Corte Internacional de Justiça a membros do governo e do exército de Israel, incluindo Netanyahu.
Tal qual acontece com Putin, Netanyahu pode virar algo da Interpol.
Isso nom é brincadeira, e seria a primeira vez que acontece com um primeiro-ministro de Israel. Logo Netanyahu, que tem cidadania norte-americana e gosta tanto de discursar na ONU e no Congresso dos EUA. Nom poder sair de Israel seria um duro golpe para ele e para o país.
2. A escalada com o Irão
Netanyahu conseguiu umha melhora, ainda que pequena, na sua popularidade após a crise com o Irão. Isso dá-lhe um pouco de força política para desviar o assunto do fracasso da guerra para o suposto sucesso no embate com o Irão.
3. A pressom internacional e acordo de paz com a Arábia Saudita
Netanyahu hoje teve umha conversa por telefone com Biden, que lhe deixou claro que nom aprova uma ofensiva em Rafah. Ao mesmo tempo, o secretário de estado, Anthony Blinken, disse que o acordo de paz entre Israel e a Arábia Saudita nunca esteve tão próximo. Ele, inclusive, visitará os dous países essa semana. O acordo com a Arábia Saudita e a coalizom de defesa feita com os países árabes pode ser o presente que Netanyahu quer para terminar a guerra.
Dessa forma, ele apresentaria uma conquista política supostamente oriunda da guerra. O governo Biden acumularia duas vitórias diplomáticas (o cessar-fogo e o acordo entre Israel e os sauditas). E os sauditas ganham um pacto militar com os EUA, contra o Irão.
Por que não aconteceu antes? Porque os sauditas nom tinham como enfrentar a opiniom pública local. Eles exigiam um Estado palestiniano como condiçom para a paz com Israel. Tá na cara que nom vão receber, mas seguramente haverá um fortalecimento da Autoridade Palestiniana.
O HAMAS já recebeu a proposta. Um membro do alto escalão já disse que nom há problemas na essência da proposta, ou seja, só alguns detalhes deveriam ser acertados. Tudo indica que agora vai sair o cessar-fogo. Mas a pressom continua.
A Uniom Europeia já anunciou que alguns dos seus países membros reconhecerão o Estado palestiniano até o fim de maio. Netanyahu certamente pressiona a comunidade internacional para frear ordens de prisom do ICJ, e os EUA para acelerarem a questom com os sauditas.
Enquanto isso, ele nega que haja qualquer debate sobre o fim da guerra na proposta de cessar-fogo. E vai continuar a negar, mesmo quando a guerra terminar. Dificilmente Israel retirará todas as suas forças de Gaza, sobretudo do corredor central.
Lideranças radicais do governo Netanyahu |
Isso será apresentado como a garantia de que o HAMAS nom voltará a ter poder em Gaza. Será que vai convencer os radicais do seu governo e a populaçom israelita? Tenho minhas dúvidas. Mas, ainda assim, estou pola primeira vez otimista para um acordo.
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