sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

VAGA DE ANTISSEMITISMO ASSOLA O PORTO

 O antissemitismo aumentou globalmente 235% desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, segundo relatório anual disponibilizado polo Ministério da Diáspora de Israel, juntamente com a Organizaçom Sionista Mundial e a Agência Judaica. 

Desde o 7 de outubro, após o massacre do Hamas em Israel, os casos de ataques contra Judeus escalonaram, chegando a umha alta histórica. Os números cresceram em todo o mundo e, segundo cálculos realizados polo relatório, praticamente metade dos ataques estão diretamente ligados à Operaçom Espadas de Ferro, a contra-ofensiva israelita ao grupo terrorista na Faixa de Gaza.

O maior aumento percentual de incidentes antissemitas deu-se na França, onde a quantidade de casos é 1000% maior do que antes do início do conflito. Diversos outros países, como Canadá, Austrália, EUA e Alemanha, tiveram um escalonamento superior aos 300%. Portugal, um país historicamente tolerante com a questom judaica, nom é imune a esta vaga de antissemitismo global, tendo sido a cidade do Porto palco dum clima crescente de antissemitismo.

Sinagoga vandalizada

A 12 de outubro de 2023, dias depois do pogromo do Hamas em que foram chacinados 1200 pessoas no sul de Israel, a Sinagoga Mekor Haim Khadoorie, no Porto, foi vandalizada com mensagens pró-Palestina.


A esnoga do Porto, centro da comunidade israelita do Norte de Portugal e mais próxima da Galiza, é um sinal contra a devastaçom. Inaugurada em 1938 em plena onda e antissemitismo europeu, altura em que as sinagogas eram incendiadas e os Judeus perseguidos por todo o lado.

Exibiçom de cartazes antissemitas

A 26 de janeiro de 2024, durante a manifestaçom promovida pola plataforma 'Casa Para Viver', dous cartazes tinham escritas as mensagens “não queremos ser inquilinos de sionistas assassinos” e “nem Haifa, nem Boavista, fora o capital sionista”, numha referência ao conflito em Gaza.


Os cartazes incluem slogans antissemitas e apelos à “limpeza do mundo dos Judeus”

Estima-se que em Portugal vivam cerca de 5000 Judeus; ou seja, 0,05% da populaçom do país e a para o esquerdalhada antissionista (antissemita) os Judeus e sionistas som culpados pola crise económica e de habitaçom que padece Portugal.

Como reaçom à presença destas frases de teor antissemita, Francisco Assis, o cabeça de lista do Partido Socialista (PS) polo círculo do Porto enviou à agência Lusa umha declaraçom com críticas à “extrema-esquerda” nos seguintes termos: “Uma certa extrema-esquerda imbecil e semianalfabeta nom hesita em promover a retórica antissemita que originou a maior tragédia contemporânea na Europa: o holocausto dos Judeus. Estes cartazes filiam-se na propaganda nazi do senhor Goebbels”, escreveu Francisco Assis, vincando que “nada diferencia esta gente da extrema-direita, que quer promover manifestações anti-islâmicas”. De acordo com o dirigente socialista, “são, uns e outros, inimigos da nossa civilizaçom democrática e liberal. É nosso dever combatê-los.”

Dias depois, a 28 de janeiro, o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, condenou os cartazes, através dumha publicaçom da rede social X (antigo Twitter): “A liberdade de expressão tem de ter alguns limites, e não importa se vêm da direita ou da esquerda”, defendeu Dor Shapira. “Deixar que cartazes como este sejam exibidos nas ruas de Portugal e ficar em silêncio é deixar o racismo e o ódio vencerem”. “Apoiar a liberdade de expressão, mas estas manifestações são exploradas para espalhar ideias antissemitas, racistas e odiosas. E é exatamente isso que esses cartazes dizem. Deve ser uma linha vermelha que não deve ser ultrapassada dentro dos limites da liberdade de expressão”, concluíu o embaixador do Estado judeu.


Para a direçom da Comunidade Israelita do Porto (CIP/CJP) “desfilar por horas, numha manife organizada, na cidade portuguesa com a maior comunidade judaica e muitos empresários judeus laboriosos, exibindo mensagens como ‘não queremos ser inquilinos de sionistas assassinos’, nom é um problema de ‘cartazes’ e de ‘panos’, polos quais a responsabilidade é individual, mas sim um problema de discriminaçom e incitamento ao ódio e à violência, contra o qual a polícia deveria ter agido de imediato”, disse Gabriel Senderowicz, presidente da CJP à mídia portuguesa.

Para a CIP/CJP, trata-se de antissemitismo. "Um cartaz comparava a cidade de Haifa ao bairro de Boavista, onde está localizada a sinagoga da comunidade. Outro cartaz referia-se aos proprietários judeus, o que constitui um verdadeiro ataque contra os residentes Judeus e israelitas da cidade. Num país com umha populaçom de 10 milhões de pessoas e cerca de 5000 judeus (0,05% do total da populaçom), grande parte deles chegados na última década, a minoria judaica já começar a ser acusada de pôr em risco direitos fundamentais dos portugueses, como o direito à habitaçom", referiu Senderowicz.

Após a manifestaçom, a 30 de janeiro, o portal Esquerda.net, jornal oficial do Bloco de Esquerda, publicou um artigo intitulado “Capital israelita aumenta pressão imobiliária no Porto”. O artigo apresenta os residentes Judeus e israelitas do Porto dumha forma negativa e detalha os nomes dos empresários israelitas que trabalham na área imobiliária no Porto e que chegaram a Portugal ao receberem a cidadania portuguesa no âmbito da "lei dos sefarditas" aprovada em 2015 e até recentemente permitia que cidadãos israelitas de origem espanhola ou portuguesa comprovassem a sua ligaçom ao país e posteriormente tivessem direito à cidadania portuguesa.

Na sexta-feira, 2 de fevereiro, a CJP apresentou umha queixa-crime por discriminaçom e incitaçom ao ódio e à violência contra os manifestantes que ostentavam aqueles cartazes antissemitas e contra o Esquerda.net do Bloco de Esquerda. Trata-se de crimes puníveis pola lei portuguesa com pena de prisom de um a oito anos.

A 3 de fevereiro de 2024 o jornal israelita 'The Jerusalem Post' noticiava a exibiçom dos referidos cartazes antissemitas num artigo assinado pola Danielle Greyman-Kennard sob o manchete: ‘Limpando o mundo dos judeus’: protesto habitacional no Porto torna-se antissemita. Manifestantes inspiraram-se na guerra Israel-Hamas e nas narrativas anti-Israel, instruindo as pessoas a “nom alugarem casas a assassinos sionistas”.

Palestinismo mágico de face antissemita

Desde 7 de outubro em frente à Câmara do Porto o 'Coletivo pela Libertação da Palestina' monta vigílias nom pola libertaçom das pessoas sequestradas polos terroristas islamo-fascistas do Hamas, mas pola libertaçom da Palestina face ao que apontam ser umha ocupaçom “nom dos últimos três meses, mas polo menos de há 75 anos”. Este coletivo protagonizou nos últimos tempos várias iniciativas mais controversas como o foram os cartazes desfilados na última manifestaçom pola habitaçom no Porto com frases antissemitas.


Antes disso, os elementos deste coletivo já tinham deixado a sua marca visível (literalmente) de forma mais “radical” em ações e locais tão distintos como a loja da Zara que a multinacional galega Inditex tem na Rua de Santa Catarina ou as instalações das empresas Navigator e Steconfer, todos eles já pichados a tinta vermelho sangue devido ao que estes ativistas do palestinismo mágico alegam serem ligações ao Estado de Israel e a um regime que apelidam de sionista. 

Este Coletivo pela Libertação da Palestina defende “a solidariedade incondicional com a autodeterminaçom palestiniana e a resistência contra umha ocupaçom colonial que se iniciou antes de 1948 e se mantém até aos dias de hoje”. Consideram “Palestina toda a Palestina Histórica, ‘do rio ao mar’”, nom reconhecem “as fronteiras que o estado sionista toma como suas”, entendem “a luta por umha Palestina livre tem como umha luta interseccional e sem fronteiras”, querem “descolonizar ações e pensamentos”, recusando-se a “que sejam outras pessoas” que nom as palestinianas “a apontar os caminhos para a sua autodeterminaçom”, e assumem-se “radicais” por... quererem “ir à raiz do que levou à criaçom e manutençom desta ocupaçom”.

Para além das manifestações, marchas, protestos, vigílias e apelos a boicotes de instituições e empresas israelitas, o Coletivo pela Libertação da Palestina tem organizado e promovido serões de poesia palestiniana, tertúlias, mostras de cinema, concertos e artes performativas. Segundo a sua carta de princípios, o coletivo organiza-se "de forma horizontal, evitando hierarquias, autoritarismos e centralismos. Decidimos por consenso e somos solidariamente responsáveis pelas decisões do coletivo.”

Perante as críticas de antissemitismo estes ativistas reagem alegando que “qualquer crítica, ataque, combate contra o sionismo é, na sua essência, [catalogada como] antissemita, anti-judeu. Basta ouvir Benjamin Netanyahu, ou tantos outros líderes do projeto colonial sionista, para entender que a acusaçom é utilizada para descredibilizar toda e qualquer açom de solidariedade com o povo palestiniano. Contudo, o argumento é perigoso e desinformado: confundir sionismo e judaísmo, sionistas e judeus. É um erro.” Com críticas a vários órgãos de comunicaçom social por veicularem essa “ideia errada” de antissemitismo, os ativistas do Coletivo pela Libertação da Palestina referem que só podem “ler o foco dado a este caso como umha procura ativa de deslegitimar a mobilizaçom solidária com o povo palestiniano em Portugal, intimidando ativistas com um sentimento de medo, fruto de um juízo de reprovação em praça pública.”


"A vandalizaçom da nossa sinagoga mostra como os Judeus da cidade são imediatamente acusados ​​por um grupo de pessoas que apelam a 'limpar o mundo dos Judeus e o Estado de Israel entre o rio e o mar', embora nom tenham ideia de onde está o onde está o mar e onde está o rio e o que existe entre eles", afirmou Senderowicz. "Se esta prática de incitaçom à violência e ao ódio contra os Judeus portugueses continuar, poderemos chegar a umha situaçom em que haja quem adote estas ideias e possa disparar sobre pessoas inocentes nas ruas por ódio cego.”

Sem comentários:

Enviar um comentário