A má relaçom entre Espanha e Israel é secular e o caso Pedro Sánchez é apenas o exemplo mais recente
A 23 de novembro Pedro Sanchez falou junto de B. Netanyahu |
O presidente espanhol, Pedro Sánchez, realizou umha visita de quatro dias a Israel e à Palestina que culminou num conflito diplomático. Tanto é que os respectivos embaixadores foram chamados para consulta. A tensom aumentou quando Pedro Sánchez disse [a 23 de novembro], perante o Primeiro-Ministro israelita, Netanyahu, e depois perante o Presidente Herzog, que o assassinato de civis palestinianos inocentes, incluindo milhares de crianças, era completamente inaceitável. E depois de condenar os ataques brutais do Hamas, Sánchez disse que o governo de Israel tinha o direito de se defender, mas respeitando o direito internacional.
Um dia depois, da fronteira de Rafah, Pedro Sánchez disse que “chegou o momentun” (disse-o com n) para “a comunidade internacional, especialmente a Uniom Europeia e os estados membros, reconhecerem o estado da Palestina […] . Mas se nom for esse o caso, Espanha tomará as suas próprias decisões" (vídeo). O Presidente Netanyahu condenou totalmente as declarações de Sanchez. E o Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, acusa-o de apoiar terroristas. A ele e ao presidente belga, que acompanhou Sánchez durante parte da viagem (Sánchez é o atual presidente da UE, e o belga, o seguinte).
[Aliás, no domingo 26 de novembro o HAMAS saudou a "posiçom clara e corajosa" dos primeiros-ministros espanhol, Pedro Sánchez, e belga, Alexander De Croo, que criticaram na sexta-feira o elevado número de vítimas civis palestinianas na guerra contra Israel na Faixa de Gaza]
Alguns lerão este incidente lembrando que Sánchez e Sumar negociaram o reconhecimento unilateral da Palestina como parte do acordo governamental. E que esta posiçom faz parte da tendência esquerdista do governo espanhol. E nom estou a dizer não. E podemos até brincar com Sánchez, que tanto criticou os catalães por tomarem decisões unilaterais, e agora ele quer fazê-lo. Mas isto vai além de Sánchez. E o governo Sánchez. Isso cabe aos estados.
Quem quer que esteja no governo, os estados de Espanha e Israel têm tido más relações. Historicamente. Na verdade, as declarações mais fortes contra Israel são talvez as de Adolfo Suárez (UCD), que, no meio da transiçom, disse que Espanha nom reconheceria Israel se este nom se retirasse da Cisjordânia. E se voltarmos mais atrás, Israel nom perdoou o pacto e a colaboraçom entre Hitler e Franco, que envolveu a morte de Judeus às mãos dos nazis com a ajuda de Franco, como Preston documentou no livro 'O Holocausto Espanhol'. Por esta razom, o Estado de Israel votou contra o levantamento das sanções contra a Espanha em 1949, umha Espanha franquista ainda isolada internacionalmente. Um isolamento que Franco tentou contornar com a aliança hispano-árabe, que ainda funciona bem. Ou seja, também se pode dizer que Franco marcou o caminho para eles. Contra o isolamento no Ocidente, relacionamento com os árabes. E quando terminou o isolamento espanhol no Ocidente, isso foi notado. Espanha aderiu à Uniom Europeia em 1º de janeiro de 1986. E em 17 de janeiro, Espanha e Israel começaram a ter relações diplomáticas. O caminho deles tem sido difícil e complicado, que não pode ser lido apenas como umha questom de governos ou estados.
Na verdade, na verdade, isso está além dos estados. Esta é umha questão de nações, de culturas, de reinos. A expulsom dos Judeus em 1492, seguindo o caminho de 1391 [refere-se aos pogromos originados no Reino de Castela e Coroa Catalano-Aragonesa], ainda é lembrada. Polo que me lembro da camisola que vi, chocado, numha das minhas primeiras visitas a Israel, deve ter sido há cerca de quinze anos. Era umha camisola desenhada para jovens. O vizinho poderia perfeitamente ser Bob Marley com dreadlocks e óculos escuros. Isto tinha escrito 'os impérios que lutaram contra Israel, e que desapareceram, e Israel nom. Lembre-se: Império Romano, Império Espanhol, III Reich, Império Otomano. E ao lado deles, de pé, Israel'.
Na verdade, na verdade, isto, o mau relacionamento entre Israel e Espanha, nom é apenas umha questom de governos, estados ou nações. É também umha questom de experiências pessoais. No dia em que fui apresentado à avó de minha esposa, umha bela e bem-educada judia de Manhattan, agora com noventa anos, professora, leitora de clássicos e ouvinte de ópera, ela deixou claro que nunca viria me visitar a Barcelona, que ela considerava a Espanha como o lugar de onde foram expulsos. E ela não nunca veio nos ver. Nem lhe ocorreria fazer isso. onde você vai parar!
O facto de Israel nom ter ficado do lado de Espanha durante os acontecimentos de Outubro de 2017 e se ter recusado a assinar um documento condenando os partidos pró-independência, isso nom significa que tenha ficado do lado dos Catalães. Polo contrário, continuaram as más relações seculares entre o Estado de Israel e Espanha, das quais vemos agora o último capítulo.
Andreu Barnils é um jornalista catalão.
Fonte: Vilaweb
Original em catalão traduzido para o galego-português por CAEIRO.
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