Em 14 de agosto de 2021, palestinianos da vila de Bayta realizaram umha manifestaçom perto do posto avançado de Eviatar em Samaria (Cisjordânia ocupada). Durante a demonstraçom, ao jeito dos supremacistas brancos do Ku Klux Klan, acenderam trapos encharcados formando uma suástica dentro dum Magen David (hexagrama).
Em 25 de setembro de 2021, soldados israelitas postaram um vídeo mostrando umha bandeira nazista pendurada nas linhas de energia nos arredores da vila de Bayt Umar, perto de Hebron.
Várias horas depois, umha força da IDF chegou e abateu a bandeira. Umha bandeira nazista também foi hasteada em Bayt Umar em 2014.
Em 22 de outubro de 2021, suásticas foram pintadas nuns blocos arrumados na estrada de Hawwara, ao sul de (Shechem) Nablus.
Em 29 de junho de 2021, umha criança palestiniana que frequentava um campo de treinamento militar do Movimento da Jihad Islâmica da Palestina (PIJ) em Gaza foi entrevistada pola estaçom de TV al-Quds al-Yawm da organizaçom. Relativamente aos Judeus disse: “Vam correr para os seus abrigos, os seus ratos, os seus filhos de mulheres judias”.
Mesmo as tentativas mais limitadas e brandas de desafiar a hegemonia do islamo-nazismo imperante som recebidas com fortes críticas. Por exemplo, o carro do professor palestiniano Muhammad Dajani Daoudi, que visitou Auschwitz com umha turma, foi incendiado, ele recebeu ameaças de morte e viu-se forçado a fugir para os EUA.
Tais eventos refletem a atitude palestiniana, incluindo a atitude oficial do governo, em relaçom ao nazismo e a sua ligaçom com os Judeus e o sionismo.
As origens de tais práticas e desta ideologia islamo-nazista polos grupos palestinianos, pouco conhecidas e raramente mencionadas, remontam às décadas de 1930 e 1950 do século XX.
Umha das figuras mais proeminentes da aproximaçom e colaboraçom entre extremistas árabe-muçulmanos e nazistas é Haj Amin al-Husayni (1895-1974), o Grande Mufti de Jerusalém dos tempos do Mandato Britânico da Palestina. Em março de 1933, ele encontrou-se com o Cônsul Geral da Alemanha em Jerusalém para saudar a operaçom de boicote aos negócios judaicos decidida polo Terceiro Reich. Em maio-junho de 1940, o Grande Mufti e outros nacionalistas árabes propuseram umha aliança com a Alemanha nazista contra o domínio britânico. Numha carta pessoal a Adolf Hitler em 20 de janeiro de 1941, al-Husayni agradeceu ao Führer por ter tomado partido em favor da causa palestiniana, assegurando-lhe que “os povos árabes estám em toda parte prontos para reagir […] levantar-se entusiasticamente com o Eixo polo cumprimento da sua parte na merecida derrota da coaligaçom anglo-judaica”.
Em novembro de 1941, o Grande Mufti foi recebido em Berlim por Joachim von Ribbentrop, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reich, no dia 20 do mês, depois polo próprio Adolf Hitler no dia 28.
Encontro entre Amin al-Husayni e Hitler a 28 de novembro de 1941 |
A intelectual muçulmana de origem indiana, Saïda Savitri, admiradora de Hitler, publicou em Paris, em 1943, uma brochura intitulada O Islã perante o nacional-socialismo, na qual defendia a colaboraçom entre nazistas e muçulmanos. Segundo ela compartilham o mesmo “espírito guerreiro” oposto ao espírito judaico. Albert Speer relatou as observações de Hitler sobre umha maior proximidade entre o islamismo e o espírito germânico do que entre este e o cristianismo. Um boato espalhado pola Irmandade Muçulmana chegou a afirmar que Hitler se convertera ao Islã. Assim sendo, estabelece-se umha convergência ideológica em torno da anglofobia, da judeofobia, do anticristianismo e do anticomunismo.
No entanto, a ideologia islamo-nazista permanecerá muito marginal e dificilmente influenciará o curso da Segunda Guerra Mundial. Alguns raros nazistas alemães elogiaram o Islã, como o Waffen SS Johann von Leers, que em 1942 publicou um artigo no jornal de intelectuais antissemitas "Die Judenfrage" elogiando o antijudaísmo islâmico. Quanto ao impacto militar, limitou-se à criaçom em fevereiro de 1943 da 13ª Divisom de Montanha da Waffen-SS, conhecida como divisom Handschar (dumha palavra bósnia que significa "espada"), composta por muçulmanos da Bósnia e cujo emblema era umha suástica encimada por umha cimitarra turca. O Grande Mufti de Jerusalém entre 1921-48 participou ativamente da criaçom e recrutamento desta divisom.
Porém, um motim do batalhom eclodiu na França em setembro de 1943 e a divisom foi dissolvida em outubro de 1944 enquanto lutava contra os guerrilheiros comunistas nos Bálcãs.
Os palestinianos adotaram a suástica e a saudaçom nazista, e exemplos de tais práticas surgem de tempos em tempos. Haj Amin al-Husayni, o Grande Mufti de Jerusalém na época, colaborou com os nazistas e encontrou-se com Adolf Hitler.
Esta tendência nom apenas se produziu na Palestina. O emir libanês Chekib Arslan (1869-1946), líder nacionalista árabe, defensor do pan-arabismo, do anticolonialismo e do antijudaísmo., simpatizou com a Alemanha nazista e a Itália fascista e traduziu o Mein Kampf para o árabe. Assim, novamente Saïd Mohammedi (1912-1994), nascido na Argélia, foi voluntário na Waffen SS, que se tornaria um dos líderes militares da FLN. Na década de 1980, apoiou os islamistas da FIS (Frente Islâmica de Salvaçom).
O islamo-nazismo sobreviveu no pós-guerra com ex-nazistas acolhidos em países árabes, notadamente no Egito, onde ocuparam cargos de responsabilidade e alguns dos quais, como Johann von Leers (falecido no Cairo em 1965), converteram-se ao islamismo. Um outro, Alois Brunner (falecido em Damasco em 2001), membro das SS e criminal de guerra nazista que foi ajudante de Adolf Eichmann foi acolhido na Síria, onde chegou a ser contratado como conselheiro do governo.
O Movimento de Resistência Islâmica do Hamas, o mais importante movimento islamista da Palestina que assumiu o controlo da Faixa de Gaza em 2006, foi criado em 1987 a partir do ramo local do movimento político-teológico da Irmandade Muçulmana. O seu lema é: "Alá é o nosso objetivo, o Profeta é o nosso modelo, o Corão é a nossa constituiçom, a jihad é o nosso caminho e morrer pola causa de Alá é a nossa maior esperança."(artigo 8º da Carta de Princípios do Hamas).
Fundada em 1928, no Egito, a Irmandade Muçulmana defendia um retorno ao Islã desde as suas origens, puro e duro. Aos dogmas do islamismo ortodoxo acrescentam-se a jihad, ou guerra santa, definida nom como a luta do crente contra suas más inclinações, mas como umha luta armada contra os infiéis, e o martírio, como morte gloriosa nesta guerra. Coroando tudo, está o ideal utópico dum califado mundial, num projeto de islamizaçom global. Essa tendência radical no Islã dará origem a umha ideologia mortal que busca nom apenas a morte do Outro, mas também a sua própria morte, e que se manifestará na forma de terrorismo islâmico.
O Congresso Islâmico Geral em Jerusalém em 1953 fez da jihad contra a “entidade sionista” (o Estado de Israel criado em 1948) umha prioridade para o mundo muçulmano. O irmão muçulmano egípcio Sayyid Qutb (1906-1966) teorizou a conspiraçom judaico-cristã contra o Islã. Inicialmente restrito à causa palestiniana, o jihadismo gradualmente se ampliou para umha luta contra os Judeus, contra o colonialismo, contra o imperialismo, contra a modernidade e, finalmente, contra o Ocidente. Existem filiações ideológicas que ligam Amin al-Husayni, Hassan al-Banna, amigo do anterior e cofundador da Irmandade Muçulmana, Sayyid Qutb, ao islamista palestiniano Abdallah Azzam (1941-1989) que, com o seu discípulo Osama Ben Laden, fundou a Al-Qaeda em 1989.
Bandeira do Hamas |
Mas os ocidentais descobriram tardiamente –e no horror dos atos do chamado terrorismo internacional islamita– essa evoluçom em direçom ao radicalismo. Segundo escreve Pierre-André Taguieff em Liaisons dangereuses: islamo-nazisme, islamo-gauchisme, os ocidentais “nom imaginam ter inimigos que eles mesmos nom designaram como tais. Eles nom querem reconhecer que os islâmicos declararam-lhes a guerra, umha guerra nom convencional, que vai da doutrinaçom ao terrorismo jihadista” (p. 40). Reconhecemos nessas observações o pensamento do cientista político e sociólogo Julien Freund, que definiu “a essência da política” (1965) como “a arte de designar o inimigo”.
A dimensom jihadista dos “movimentos de libertaçom dos povos oprimidos” foi deliberadamente obscurecida polos seus militantes quando se dirigiam aos ocidentais, a fim de atrair a simpatia dos círculos “progressistas”. É por isso que, segundo P.-A. Taguieff, é preciso interessar-se e questionar o aparecimento dum "islamismo-esquerdismo" de muitos grupos militantes pró-palestinianos.
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