Putin alveja o quintal Ucrânia e a Síria é um posto marítimo mais remoto no Mediterrâneo. Mas também há semelhanças - relacionadas principalmente à identificaçom das oportunidades do presidente russo de retornar à grandeza, aos tempos soviéticos
"A Rússia hoje nom está apenas a se defender, mas o mundo e os princípios de justiça e humanidade...", disse o presidente sírio, Bashar al-Assad, ao presidente russo, Vladimir Putin, na sua primeira conversa telefônica desde a invasom russa da Ucrânia.
Bashar al-Assad e V. Putin |
Isso nom é surpresa para ninguém, depois do que Putin fez por Assad nos últimos sete anos na Síria - este último deve-lhe a sua sobrevivência no trono de Damasco. O interessante é que mesmo assim a terminologia e a melodia eram bastante semelhantes, a Rússia está a intervir militarmente na guerra na Síria para salvar o mundo dos "terroristas", que aos olhos de Moscovo e Damasco estám todos a trabalhar para derrubar o regime de Assad , sejam rebeldes moderados ou agentes assassinos do ISIS.
"O que está a acontecer hoje é umha correçom histórica e umha restauraçom do equilíbrio que foi perdido para a ordem mundial com a queda da Uniom Soviética", disse Assad a Putin numha conversa ontem. Semelhante à primeira frase, a última frase poderia ter sido dita dumha forma ou de outra também em setembro de 2015, quando o presidente russo decidiu colocar a Força Aérea Russa em batalha na Síria para ajudar o regime sírio a ser salvo e assim estabeleceu o poder russo. presença até hoje.
Provavelmente existem algumas diferenças entre o Kiev de 2022 e o Damasco de 2015, mas a Ucrânia está na visom do quintal de Putin e a Síria é um posto marítimo mais remoto no Mediterrâneo. Mas também há semelhanças que dizem respeito principalmente à identificaçom das oportunidades do presidente russo nos últimos anos para trazer a Rússia de volta à sua grandeza, aos tempos soviéticos. Noutras palavras, onde há um vácuo e onde ele reconhece que o Ocidente nom está lutar por mim, ele entra com toda a força e finca umha estaca.
Em 21 de agosto de 2013, o regime de Assad realizou o massacre químico na área leste nos subúrbios de Damasco, com advertências do governo Obama de que o uso de armas químicas na guerra é umha linha vermelha. 1.500 pessoas foram mortas, segundo fontes da oposiçom. Vários milhares mais ficaram feridos no massacre que chocou o mundo. Todos esperavam que o governo de Washington punisse Assad polas suas ações, mas no final surpreendentemente, Obama desceu da árvore e aproveitou a oferta da Rússia para garantir que Assad se desintegrasse do arsenal químico para nom fazer nada. Até hoje há dúvidas de que Assad realmente se desfez de todo o arsenal.
Ao fazer isso, a Rússia realmente assumiu a liderança na Síria e tornou-se um importante ator internacional lá. Em setembro de 2015, já se tornara "botas no chão", na forma do estabelecimento dumha base aérea quente na cidade costeira de Latakia. De lá, aviões da Força Aérea Russa partiram para esmagar as fortalezas dos oponentes do regime, com o Irã e os seus afiliados no solo ajudando o exército de Assad a recuperar grande parte dos territórios perdidos.
Sete anos passaram-se e hoje a Síria de Assad tornou-se o quintal de Moscou. Apenas alguns dias atrás, o ministro da Defesa russo, Shoigu, chegou lá sem aviso prévio para monitorar de perto o extenso treinamento aéreo e naval na Síria, que incluía bombardeiros capazes de transportar ogivas nucleares e caças carregando mísseis supersônicos numha base aérea quente na Síria. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, Faisal al-Maqdad, que se apressou em apoiar o reconhecimento da Rússia da independência das províncias separatistas no leste da Ucrânia, nom hesitou em se gabar esta semana numha entrevista na televisom síria que este exercício mostra a fortaleza da aliança entre Damasco e Moscovo. Ele nom estava realmente interessado no quanto esse exercício mostra a fraqueza do governo de Damasco.
Hoje em dia, figuras reais da oposiçom síria estám a fazer a comparaçom entre a invasom russa da Ucrânia e a "invasom russa" da Síria, que levou a algumhas baixas. É importante dizer - em contraste com o caso da Ucrânia, Assad deu legitimidade à presença das forças russas. As mesmas forças que, segundo a narrativa do regime, vieram para combater as forças obscuras apoiadas polos estados do Golfo e países ocidentais, liderados polos Estados Unidos, que queriam derrubar o regime.
Israel também está a entrar nessa narrativa de Assad, como alguém que apoiou os rebeldes na tentativa de derrubar o regime. Mas no terreno nom interveio realmente para derrubar o regime e empenhou-se principalmente em esforços para impedir o estabelecimento iraniano, numha coordenaçom ou outra com a Rússia, a poderosa senhoria do outro lado da fronteira. Como resultado, a presença russa é percebida nas nossas províncias como um fator positivo na Síria. Mas aqui é importante lembrar que enquanto a Rússia está a competir com o Irã por influência e postos avançados lá, por outro lado, nom fez nem fará muito para afastar o establishment iraniano de lá. Só para mencionar que depois que o regime de Assad assumiu a faixa de fronteira com Israel em 2018, os russos prometeram a Israel que a presença do Irã estaria a dezenas de quilômetros da fronteira, o que realmente nom aconteceu.
A cooperaçom entre Israel e a Rússia é importante e significativa, mas por outro lado nom devemos confundir-nos, é por interesses frios de Moscovo, que pola sua vez joga em todo o campo e com todos os atores, todos para ganhar influência e recursos contra o Ocidente, seja no Mediterrâneo ou no Mar Negro. Nas palavras de Assad a Putin: a injustiça feita à Rússia deve ser reparada e a ordem mundial restaurada ao que era durante a era soviética.
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