terça-feira, 14 de setembro de 2021

OS NEGACIONISTAS DA VACINA EM ISRAEL

A seguir reproduzimos o que a jornalista Daniela Kresch escreveu sobre os negacionistas israelitas para o Instituto Brasil-Israel:

  Israel, a moderna Startup Nation, também tem os seus negacionistas da vacina. O país tem 9,3 milhões de habitantes, sendo que 7,4 milhões deles estám acima dos 12 anos e podem receber a vacina no momento em que quiserem. É só marcar hora num dos 4 kupot cholim (planos de saúde universal) e ir, de graça, receber o imunizante da Pfizer. Mas, apesar da facilidade e da disponibilidade, mais de 1,1 milhom de israelitas elegíveis nom foram receber nem a primeira dose, até agora. Isso significa 15% dos que se podem vacinar e 12% da populaçom total do país.

Quem som eles e por que colocam as suas vidas e as vidas de outros em perigo? 

Eles fazem parte das principais minorias do país (Árabes, Russos, ultraortodoxos e Etíopes), além dos jovens em geral e dos negacionistas-raíz (anti-vaxers em geral). Já-já explico as motivações de cada um desses grupos, de acordo com reportagens recentes da imprensa local.

Até um mês atrás, Israel vivia umha espécie de paraíso em comparaçom a países como o Brasil. Os níveis de infecçom, internações e mortes estavam baixíssimos, com zero falecimentos e apenas 20 pessoas, em todo o país, internadas em estado grave por causa da Covid-19. A economia reabriu geral e as máscaras foram abolidas. Mas, desde meados de julho, com a chegada da variante Delta e da quarta onda de Covid-19, tudo mudou e os números sobem ladeira acima. Agora, som mais de 5 mil infectados por dia, 160 mortos só desde o começo de agosto e quase 430 pessoas internadas em estado grave. 

Segundo estimativas do próprio governo, se tudo continuar assim, em setembro haverá 2.400 pessoas em estado grave. Levando-se em consideraçom que um quarto dos internados vem a falecer, pode ser que Israel tenha 600 mortos nalgumhas semanas. Até agora, desde o começo da pandemia, foram 6,593 (a 12 de agosto). Diante de tudo isso, a expectativa é que o governo imponha um quarto lockdown em setembro, mesmo que Israel tenha começado a vacinar os maiores de 60 anos com a terceira dose (a partir de 2 de agosto).


Em Israel, 17% da populaçom elegível nom quis tomar a vacina. Hoje, eles representam 65% dos casos graves no país. Metade dos doentes graves (internados e entubados em hospitais) é árabe.

Antes do advento da variante Delta, os especialistas diziam que bastavam cerca de 60% de vacinados para que Israel alcançasse a imunidade coletiva. Algo como 5,6 milhões de pessoas. No momento, Israel tem 5,4 milhões de imunizados com as duas doses: 59%. Isso bastava, quando se tratava do vírus original (Alfa) e das variantes Beta e Gama. Mas a Delta mudou tudo. É muito mais contagiosa. Agora, os especialistas dizem que será necessário umha imunizaçom de 90% da populaçom para alcançar a imunidade coletiva, o que incluirá crianças com menos de 12 anos também (quando isso for aprovado).

Então, se antes ninguém se importava com os negacionistas, os amantes de conspirações e fake news e os apenas irresponsáveis ou ignorantes, agora tudo mudou. É claro que há quem nom pode mesmo vacinar-se por questões de saúde. Mas, e os outros que insistem em colocar a sociedade toda em perigo?  

Grupos contrários à vacinaçom

Segundo reportagem do Canal 12 da TV israelita, eles fazem parte dos seguintes grupos:

1) Árabes-israelitas, principalmente os beduínos do Sul do país, por desconfiança nas autoridades, desconexom com o país e tendência a acreditar nas fake news que circulam polo mundo árabe. Metade dos internados e entubados em hospitais, atualmente, é árabe. Mais de 570.000 árabes-israelitas com mais de 12 anos nom se vacinaram, metade do total dos nom imunizados. 

2) Haredim (ultraortodoxos), que tendem a achar que já adoeceram ou que o seu destino está nas mãos de Deus, nom da ciência. Nas primeiras ondas de Covid, esse grupo foi o mais problemático, mas o seus líderes entraram em acordo com as autoridades de saúde e eles passaram a colaborar mais. Pode ser que isso volte a acontecer, agora.

3) Imigrantes da ex-URSS, que tendem a acreditar em fake news e teorias conspiratórias que circulam em redes sociais russas e só tomariam a vacina russa (Sputnik V). Em geral, os imigrantes mais antigos estám mais inseridos na sociedade, mas os recém-chegados assistem canais de TV e ouvem rádios da Rússia, sendo influenciados por umha cultura conspiracionista que existe entre os russos.

4) Imigrantes da Etiópia, que desconfiam das autoridades médicas por causa de como foram tratados quando chegaram ao país, principalmente a ideia de que houve tratamentos de esterilizaçom em massa de mulheres etíopes. Afirmam ser vistos como cidadãos de segunda classe e que nom há motivos para acreditar no establishment, agora.

5) Jovens, que se pensam invencíveis e que, se adoecerem, terám apenas sintomas leves. No momento, só 10% dos israelitas com mais de 50 anos nom se vacinaram. Mas quando se olha para quem tem menos de 50 anos, os percentuais explodem. Entre 20 e 49 anos, 25% nom se vacinaram. E entre 12 a 19 anos, 58% nom foram imunizar-se.

6) Anti-vaxxers e “esotéricos”, em geral, que nom acreditam em vacinas em geral, creem em conspirações como a presença de chips nas vacinas e a intençom chinesa de dominar o mundo ou que esnobam e repelem a medicina moderna. A imprensa israelita está falando deles só agora, com reportagens e identificaçom dos principais distribuidores de fake news na internet. Até porque esses grupos – que som marginais, pequenos – estám a fazer muito barulho em protestos em frente as casas de autoridades de saúde.

Fazem parte desse último grupo médicos que perderam o diploma por charlatanismo, representantes de cultos como Cientologia e outras figuras. Infelizmente, o cantor e compositor Matti Caspi, tam querido entre a comunidade brasileira em Israel por amar a música brasileira, é um deles. Depois do começo da pandemia, ele foi morar na Itália e recusa-se a voltar a Israel antes que acabem todas as instruções de distanciamento social e uso de máscaras. Como o Eric Clapton, ele considera a pandemia um engodo.


Só agora, um ano e meio depois do começo da pandemia, Israel começa a lidar com essas populações, que até agora não eram tão problemáticas. Mas com a variante Delta, ficou claro que a sociedade como um todo precisa de solidariedade para enfrentar o vírus. Será que Israel será um exemplo de sucesso ou de fracasso? E mais: é possível o sucesso quando a maior parte dos países do mundo também lida com grupos parecidos? Veremos.

Fonte: Quem são os negacionistas da vacina em Israel e porque eles importam tanto?

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