No domingo 6 de junho foi divulgada umha foto com os 8 líderes dos partidos que assinaram a coaligaçom do Governo de Mudança de Israel. A imagem mostra o rosto do vindouro governo do Estado Judeu: um nacionalista religioso (N. Bennet), um ex-apresentador de TV secular convicto (Y. Lapid); um ex-homem forte do Likud (G. Saar), um representante dos imigrantes russo (A. Liberman), um ex-general (B. Gantz), um homem assumidamente gay (N. Horowitz), um islamista palestino (M. Abbas) e umha feminista convicta (M. Michaeli). Na véspera anunciara-se que a votaçom da formaçom do novo governo de Israel será no próximo domingo, 13 de junho.
No dia 7 de junho, segundo informa João Koatz Miragaya, as organizações ligadas ao sionismo religioso e à extrema-direita que organizavam a marcha das bandeiras na cidade árabe de Jerusalém, com claro intuito político, indignaram-se com a nom autorizaçom da rota. O jornalista Shmuel Riklin e o deputado Betzalel Smotritch som alguns deles. A intençom por trás dos panos era causar tensões internas na coaligaçom recém-formada, e impedir que a Knesset votasse a aprovaçom do novo governo. O deputado ultra-radical Itamar Ben-Gvir, no entanto, disse que lançará mão da sua imunidade parlamentar e marchará de qualquer maneira. Resta ver qual será a consequência do seu ato de desafio. A convocatória dumha segunda "Marcha das Bandeiras" era promovida por umha série de organizações, como o partido Sionismo Religioso, o macarthista Im Tirtzu e ao movimento juvenil Bnei Akiva. O trajeto passaria polo Portom de Damasco, e exige unificar Jerusalém para sempre.
A 8 de junho soube-se que o deputado Nir Orbach, do Yamina, afinal nom sucumbiu à pressom e decidiu votar em favor do governo, desempatando a situaçom e permitindo a formaçom do novo governo de coaligaçom do Bloco de Mudança.
Esse mesmo dia era divulgada umha pesquisa com eleitores de todos os partidos judaicos do Knesset, na qual se perguntava se eles aprovavam o novo governo.
Das respostas podem-se tirar algumhas conclusões:
1. Os eleitores dos partidos que compõem o governo estám essencialmente em prol do governo, enquanto os eleitores dos partidos que irám para a oposiçom, som na sua grande maioria contra o novo governo.
2. O Yamina é o único partido realmente dividido. No entanto, a pequena maioria que tem o apoio ao governo quebra com o argumento do Likud de que um governo de esquerda (sic) está a ser criado com os votos da direita contra a vontade dos eleitores.
3. Mesmo com a margem de erro, a maioria dos eleitores do Yamina quer este novo governo. Além disso, eleitores dos outros partidos de direita que compõem a coaligaçom (Nova Esperança e Israel Nossa Casa) apoiam o governo em maioria esmagadora.
4. Nova Esperança e Likud som dous partidos com minorias significativas, em prol ou contra o governo. Isso mostra que nom há consenso entre a direita. Meretz e Partido Trabalhista também têm minorias de duas casas contrárias, o que mostra que nem toda a esquerda está feliz.
5. Relativamente à populaçom judaica, em geral, o país está dividido, tendendo timidamente (dentro da margem de erro) para estar a favor do novo governo. Os eleitores dos partidos de eleitorado árabe nom foram consultados.
Henry Galsky
O chamado Bloco da Mudança é diverso, mas todos os seus membros tinham como objetivo a substituiçom de Netanyahu. Este é o ponto a uni-los. A coaligaçom é complexa e inclui partidos das mais diversificadas origens e matizes ideológicas: direita, centro, esquerda e o primeiro partido árabe a exercer papel vital no governo (se de facto a coaligaçom sobreviver ao Voto de Confiança no Knesset, o parlamento israelita).
Há 120 cadeiras no Knesset; qualquer coaligaçom que pretenda formar um governo precisa de maioria simples, 61 assentos, portanto. Este é exatamente o número alcançado polo Bloco da Mudança. Na liderança, dous políticos que, segundo o acordo assinado entre os membros da coaligaçom, irám se revezar no cargo de primeiro-ministro: primeiro Naftali Bennett (do partido de direita Yamina). Depois, Yair Lapid (do partido de centro Yesh Atid), que assumirá a partir de setembro de 2023.
A composiçom a sustentar o governo é a seguinte:
Yesh Atid (centro) – 17 cadeiras
Azul e Branco (centro) – 8 cadeiras
Yisrael Beitenu (direita) – 7 cadeiras
Yamina (direita) – 6 cadeiras
Nova Esperança (direita) – 6 cadeiras
Partido Trabalhista (esquerda) – 7 cadeiras
Meretz (esquerda) – 6 cadeiras
Ra’am (árabe) – 4 cadeiras
Aqui vale umha explicaçom: o Ra’am é um partido que representa o Movimento Islâmico em Israel. É complicado enquadrá-lo em definições de esquerda e direita; por exemplo, ele é contrário à presença israelita na Cisjordânia, território onde se imagina que haverá um estado palestiniano (isso o colocaria afiliado às posições da esquerda israelita), mas, por outro lado, o próprio partido define-se como conservador e mantém posições profundamente homofóbicas (contrariamente à esquerda israelita).
Aliás, como forma de mostrar as posições antagônicas dentro da própria coaligaçom, acho válido apresentar as divergências em torno do conflito com os palestinianos; Bennett, o primeiro-ministro que comandará o bloco até setembro de 2023, é contrário à criaçom dum estado palestiniano. Defende a coexistência com os palestinianos e que eles tenham alguma autonomia, mas nom um estado. Meretz e Avodá (Trabalhista), os partidos de esquerda, som favoráveis à retomada de negociações que resultariam num estado palestiniano na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Os partidos de centro Yesh Atid e Azul e Branco cada vez mais aderem publicamente a esta mesma posiçom.
Avigdor Lieberman, líder do Yisrael Beitenu, é laico e defende igualdade entre os cidadãos israelitas, mesmo pretende aumentar o percentual de judeus ultraortodoxos que seriam obrigados a se alistar no exército, umha posiçom bastante controversa, até porque os partidos ultraordoxos som contrários a ela. Gideon Saar, do Nova Esperança, é favorável à construçom dos assentamentos judaicos na Cisjordânia; assim como o próprio Bennett. E Lieberman. Os partidos de esquerda de Israel – representados na coaligaçomo – som contra. Assim como o Ra’am, evidentemente. Apenas umha pequena demonstraçom das muitas discordâncias a caminho.
Aliás, o Ra’am diz ter entrado na coaligaçom com o objetivo de melhorar a vida dos cidadãos árabes-israelitas. Teria obtido a promessa de 53 bilhões de shekels (cerca de 16.000 milhões de dólares) a serem investidos no desenvolvimento da sociedade árabe em Israel. Talvez aqui esteja a chave para manter o governo (se ele de facto for confirmado).
O único caminho possível para a manutençom dum bloco com tal diversidade ideológica é o pragmatismo. No parlamentarismo, divisões internas levam a quebra de acordos de coaligações. Governos de uniom nacional só sobrevivem se evitarem debates ideológicos e, mais ainda, decisões ideológicas. Um governo como este – de direita, de centro, de esquerda, com a participaçom de parlamentares árabes – só se mantém enquanto pisar leve na ideologia. Há umha única razom que o sustenta: a oposiçom a Benjamin Netanyahu, nada além disso.
Bastará apenas umha questom ideológica na mesa – em Israel isso acontece todos os dias – para levar à divisom (e portanto ao fim) do governo. A única saída, portanto, é evitá-las ao máximo, apostando no pragmatismo. Caso contrário, esta coaligaçom representará tam somente um respiro breve entre o quarto e o quinto processos eleitorais.
Confira a artigo de opiniom inteiro em CONEXÃO ISRAEL
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