sábado, 22 de maio de 2021

O ÓDIO AO JUDEU

 Martí Ausàs 

Em 1933, Adolf Hitler ganhou a eleiçom na Alemanha após uma campanha para estigmatizar e culpar o povo judeu. A sua propaganda fez circular, entre outras mentiras, que a comunidade judaica era a culpada polo declínio do país e que apesar de representar apenas 0,77% da populaçom, possuía 20% da riqueza. O seu mandato resultou no extermínio industrializado em campos de concentraçom e crematórios de dous terços da populaçom judia europeia. O Holocausto.

A propaganda antissemita substitui as bandeiras israelitas pola suástica nazista

No entanto, o ódio aos Judeus nom foi inventado polo nazismo. Os mitos antissemitas que caracterizam o judeu como alguém que controla todos os espaços de poder nas sombras; quem é mesquinho e usurário; que tem umha dupla lealdade em favor da sua própria comunidade e em detrimento do país onde vive; que mata crianças… rasteja desde os tempos bíblicos, com o mito do povo Deicida, e foram reinventados com base no tempo e no lugar. Assim, na Europa medieval, afirmava-se que os Judeus assassinavam crianças cristãs como um ritual religioso para recriar a morte de Cristo, e no século XIV foram acusados ​​de envenenar poços para espalhar a peste bubônica. No século XV, os Reis Católicos expulsaram-nos da Península Ibérica sob o pretexto de que conspiraram para converter todos os católicos ao judaísmo e, no início do século XX, na Rússia czarista, espalhou-se a teoria de um suposto plano judeu para controlar os comunistas movimentos e ganhar o poder mundial.

Assim como o antissemitismo nom foi inventado por Hitler, também nom desapareceu com a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Adaptando os mesmos mitos aos novos tempos, a Judeofobia continua a sua batalha incessante para marcar um relato que culpa os Judeus por todos os males que nos afetam. Vimos recentemente quando grupos de manifestantes conspiratórios em todo o mundo culparam os judeus por inventarem a atual pandemia para atender a umha suposta agenda de dominaçom mundial, pintando paredes com hexagramas ao lado da palavra "Plandemia" (como aconteceu no distrito de Born, em Barcelona). E estamos vendo isso nestes dias durante a escalada de violência entre a organizaçom terrorista que governa a Faixa de Gaza e Israel.

A crítica a Israel é o guardachuva sob o qual o mais feroz antissemitismo se esconde hoje. Para o antissemita, Israel incorpora todos os preconceitos que têm sido historicamente atribuídos aos Judeus e encontra no que eles chamam de "antissionismo" umha forma de continuar perpetuando mitos judeofóbicos sem levantar qualquer suspeita. Hoje o judeu nom é mais mesquinho porque rouba dinheiro com a usura dos seus empréstimos, é mesquinho porque rouba terras dos palestinianos para ambições imperialistas. Ele nom mata mais crianças cristãs para realizar rituais macabros, mas mata crianças palestinianas para se recriar na sua maldade. Ele nom conspira mais para instigar a revoluçom comunista, mas para desestabilizar o Próximo Oriente como umha potência à sombra dos Estados Unidos. Ele nom manipula mais os católicos para convertê-los ao judaísmo, mas manipula a mídia para alinhá-los com os seus interesses.

A Aliança Internacional para a Lembrança do Holocausto, formada por 41 estados, elaborou uma definiçom de antissemitismo que foi adotada por todas as democracias do mundo, incluindo o Canadá, Estados Unidos, Argentina e Uniom Europeia. Segundo essa definiçom, é um ato de antissemitismo negar aos Judeus o direito à autodeterminaçom, por exemplo, alegando que a existência do Estado de Israel é umha obstinaçom racista. Da mesma forma, considera antissemita fazer comparações entre as políticas atuais do Estado de Israel e as dos nazistas. Além disso, acusar os cidadãos judeus de serem mais leais a Israel do que aos interesses de seus próprios países; considerar os Judeus como um grupo responsável polas ações do Estado de Israel; ou aplicar um padrom duplo, pedindo a Israel um comportamento que nom é esperado ou exigido de qualquer outro país democrático.

Apesar da clareza desta definiçom, os protestos ocorridos na semana passada em várias cidades europeias sob o pretexto de defender a Palestina, deram rédea solta a um desfile de slogans e representações antissemitas sem quaisquer ativistas anti-racistas, qualquer organizaçom dos direitos humanos, nengum movimento progressista fez umha denúncia pública disso. Assistimos a cantos de "morte aos judeus. Violemos as suas filhas" e à representaçom da figura dum judeu através de uma boneca inflável com um grande nariz pontudo e chifres de demônio em Londres, que já recebeu a condenaçom de seu primeiro-ministro Boris Johnson. Na Alemanha, Angela Merkel condenou os gritos por incitar à violência contra os Judeus e pedir o extermínio do Estado de Israel, e a sua porta-voz disse que tem vergonha de que os Judeus nom possam mover-se livremente e com segurança dentro do país. Eventos semelhantes em Bruxelas, Paris, Madrid ou Amsterdã com bandeiras israelitas com a Estrela de David substituída pola suástica nazista, bandeiras da organizaçom terrorista Hamas, proclamações por umha Palestina livre do Jordão ao Mediterrâneo; isto é, pola eliminaçom de Israel e, entretanto, sinagogas e escolas judaicas protegidas pola polícia com armas longas para evitar que sejam vandalizadas.


A exageraçom do conflito Israel-Palestina e a paixom que ele desperta entre as pessoas que nom se importam com absolutamente nengum outro conflito internacional. A desproporçom nos minutos de televisom que ocupa em comparaçom com outras guerras apesar de nom ser, de longe, o conflito ativo com o maior número de vítimas. A negaçom a Israel do seu direito de defesa depois de receber mais de 3.000 mísseis com o objetivo de matar sua populaçom civil, sabendo que qualquer outro estado sob ataque semelhante teria respondido com polo menos a mesma força. A alegaçom de que Israel é um estado ilegítimo e temporário. Todos esses som atos de antissemitismo, e nom críticas legítimas a um governo.

A exageraçom do conflito israelo-palestiniano faz parte do relato antissemita

Há 80 anos na Europa foi possível criar umha maquinaria de extermínio institucionalizada para acabar com toda a populaçom judaica do continente. Um ódio de tais proporções monstruosas nom desaparece da noite para o dia.

Fonte: El Tribú 

Traduçom livre do catalão para o galego-português por CAEIRO

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