Num discurso retransmitido no passado 8 de setembro no primeiro canal da televisom egícia, o imã de Al-Azhar, o xeque Ahmed al-Tayeb, denunciou um "complô do sionismo mundial para destruir o Próximo Oriente" referindo-se aos jihadistas do Estado Islâmico: "Todos os [grupos terroristas fundamentalistas] som os novos produtos do imperialismo, ao serviço do sionismo mundial na sua nova versom, e o seu complô para destruir o Próximo Oriente e dividir a regiom. A nossa prova disto é a hesitaçom ocidental americana e a sua reticência a enfrentar estas organizações terroristas em relaçom ao assalto do Ocidental ao Estado iraquiano em 2003, por exemplo". Todavia, mais umha vez, a realidade dos feitos, isto é, os ataques aéreos estado-unidenses e franceses, juntamente com aliados árabes (Arábia Saudita, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar) contra as posições do Estado Islâmico no Iraque e na Síria dam cabo dessa nova teoria conspiratória.
Paradoxalmente o autor intelectual dessa asneira, o xeque al-Tayeb, era considerado como um liberal e moderado, antes da sua chegada à chefia da Universidade de Al-Azhar, a mais alta autoridade religiosa do islão sunita.
A questom é que desde a grave crise política originada pola destituiçom do presidente islamita Mohamed Morsi polo exército egício em julho de 2013, é frequente que tanto partidários do marechal Al-Sisi (o atual presidente) quanto simpatizantes da Irmandade Muçulmana acusarem-se mutuamente de conspirar contra o Egito a custa de Israel.
Relativamente ao golpe de estado que deu cabo da primeira experiência de governo -democraticamente eleito- da Irmandade Muçulmana no Egito, surgiram múltiplas teorias.
Para o Movimento de Resistência Islâmica (HAMAS), braço palestiniano da Irmandade Muçulmana, a queda de Morsi responderia a um complô sionista. Em Felesteen, jornal do Hamás, Fayez Abu Shamala alertava "contra o complô através do mundo que abateu o governo democraticamente eleito do Egito" do qual seriam culpados, como habitual, os Judeus. Shamala estipula que o golpe de Estado nom é fruto do povo egício, que está unido e odeia a divisom, mas "o que se passa na terra do Egito é umha iniciativa puramente sionista com o selo judeu e dos EUA". Segundo Shamala, os Judeus "conseguiram encontrar marionetas para ajudar à sabotagem israelita contra a indústria energética do Egito".
Porém, proeminentes arabistas de esquerda consideram que o golpe de Estado no Egito contra o governo da Irmandade Muçulmana respondeu a um movimento popular realizado em contra da vontade dos Estados Unidos.
Para Santiago Alba Rico, arabista espanhol ligado à organizaçom política Podemos, a esquerda no Egito "faz parte da Frente Nacional de Salvaçom, coaligaçom também da direita neoliberal e dos fulul da ditadura, e o seu máximo representante, Hamdin Sabahi, que ocupou o terceiro lugar nas eleições presidenciais, pediu várias vezes nos últimos dias [na véspera do Golpe militar] a intervençom do exército e saudou os seus "revolucionários" comunicados. O mesmo no caso de Tamarrud, o movimento responsável polas mobilizações de 30 de junho, cujos porta-vozes confessam abertamente ter coordendo os protestos com a cúpula militar, e que responderam à assadiana declaraçom das forças armadas ("daremos as nossas vidas combatendo os terroristas, extremistas e ignorantes") reclamando a imediata detençom do presidente eleito Mohamed Mursi".
Nos mesmos termos se exprimiu Sami Nadir, quem analisou o golpe referindo que "os militares, apoiados por forças civis democratas e mesmo polos islamistas radicais do Partido Nur, perpetraram o seu golpe de Estado e concederam-se oficialmente o poder", alegando que os islamistas "ao tentar islamizar as instituições, nom repararam no carácter maioritariamente laico da sociedade egípcia, provocaram o acordar das forças democráticas e a formaçom ao longo dum ano dum bloco opositor, no que se reagruparom tanto partidários de Mubarak quanto os nasseristas que o rejeitavam, para além dos democratas laicos e umha arte significativa da "maioria" até entom silenciosa".
Este artigo realizou-se parcialmente a partir de informações do Conspiracy Watch.
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