Localidade portuguesa do concelho de Gouveia, na regiom da Beira, com cerca de 500 habitantes.
A vila de Melo foi sede de concelho até o início do século XIX em que se tornou umha freguesia. Extinta em 2013, hoje integra umha freguesia denominada União das Freguesias de Melo e Nabais.
Os vestígios da presença judaica em Melo remontam à primeira metade do século XIV, constituindo um documento de 1334 o mais ancestral testemunho dessa realidade.
Dados posteriores registam a existência da Judiaria de Melo, surgida na sequência da chegada de Judeus expulsos dos reinos de Espanha, bem como da criaçom dumha sinagoga em Gouveia na altura em que se editou a expulsom dos Judeus e Portugal.
Após o episódio da expulsom ou conversom forçada dos Judeus muitos permaneceram na regiom, registando-se conflitos e motins contra os cristãos-novos de origem judaica que denotam as dificuldades de integraçom, mesmo antes da instalaçom da Inquisiçom portuguesa.
Embora sem dados demográficos precisos, a volumosa presença da comunidade cristã-nova em Melo desde cedo preocupou os inquisidores. Assim sendo, em 1558 a Inquisiçom de Lisboa processa o primeiro natural de Melo, Guiomar do Campo, viúva ao tempo residente em Lisboa, acusada por dous filhos de fazer jejuns judaicos. Em 1562 foi novamente processada e "relaxada ao braço secular" por relapsia no delito judaizante. A partir deste momento a regiom ficou sob a mira do Tribunal da Fé.
No último quartel do século XVI, mal instalado o tribunal distrital de Coimbra, a Inquisiçom encadeou, em processos isolados, mais cinco naturais de Melo, quatro deles por judaizarem.
Durante o século XVII a Inquisiçom de Coimbra fez très entradas na vila de Melo que causaram umha razia da comunidade cristã-nova, sendo processados por judaizarem polo menos um quarto da populaçom local.
Embora Melo foi a localidade mais afetada pola repressom inquisitorial no concelho de Gouveia, conhecem-se processos de moradores em Arcozelo, Folgosinho, Gouveia, Nabainhos e Nabais.
Informações elaboradas por CAEIRO a partir do documento "As entradas da Inquisição, na vila de Melo, no século XVII: pânico, integração/separação, crenças e desagregação social", José Pedro Paiva, separata da Revista de História das Ideias, Vol 24, Faculdade de Letras, Coimbra (2004).
- A primeira entrada, iniciada em maio de 1601, concluiu-se com um auto-da-fé em Coimbra em agosto de 1627, no qual saiu condenado um natural de Melo. No total, foram celebrados 57 processos, tendo os 10,5% destes terminado com a aplicaçom da sentença de relaxamento ao braço secular. Desatou-se, portanto, umha violência inusitada, mesmo tratando-se este umha das jeiras fortes da ferociade inquisitorial.
- A segunda entrada desencadeou-se em abril de 1652 e terminou em 1674. Nesta leva, mais branda nas vítimas e nas penas aplicadas do que a anterior, contabilizaram-se 21 processos e apenas um relaxado em "ossos e estátuta".
- Umha terceira entrada, já muito menor, ocorreu com a prisom de cinco réus dumha mesma família em 1690, que sairam em auto-da-fé no ano seguinte.
Embora Melo foi a localidade mais afetada pola repressom inquisitorial no concelho de Gouveia, conhecem-se processos de moradores em Arcozelo, Folgosinho, Gouveia, Nabainhos e Nabais.
Informações elaboradas por CAEIRO a partir do documento "As entradas da Inquisição, na vila de Melo, no século XVII: pânico, integração/separação, crenças e desagregação social", José Pedro Paiva, separata da Revista de História das Ideias, Vol 24, Faculdade de Letras, Coimbra (2004).
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