Por Jon Iñarritu
RECENTEMENTE, com motivo do convite ao ato de comemoraçom no Dia da Lembrança do Holocausto, que se celebra a 27 de janeiro, surgiu um debate com um amigo sobre a persistência ou nom do antissemitismo na Europa, já que ele defendia que era algo do passado, já superado salvo por algum grupo marginal. É o antissemitismo na Europa algo do passado ou segue a existir?
RECENTEMENTE, com motivo do convite ao ato de comemoraçom no Dia da Lembrança do Holocausto, que se celebra a 27 de janeiro, surgiu um debate com um amigo sobre a persistência ou nom do antissemitismo na Europa, já que ele defendia que era algo do passado, já superado salvo por algum grupo marginal. É o antissemitismo na Europa algo do passado ou segue a existir?
A Agência Europeia de Direitos Fundamentais (FRA) da Uniom Europeia, publicou em novembro um relatório sobre o antissemitismo após ter realizado umha sondagem a milhares de cidadãos judeus que vivem em vários Estados da UE. Segundo esse relatório, os 66% dos inquiridos acha que o antissemitismo segue a ser um problema na Europa, os 76% acham que aumentou nos últimos anos, os 21% encararam um ou vários incidentes antijudaicos relacionados com insultos, assédio ou agressom. Existem razões objetivas para a preocupaçom?
No ano passado, convidado pola direçom do Consistório Israelita de Baiona, assisti à celebraçom do Rosh Hashaná (ano novo). Lembro que me chocou a presença policial e ao perguntar aos meus anfitriões se era precisa a proteçom, retorquiram que lamentavelmente sim. Seis meses depois, quatro cidadãos judeus eram assassinados à saída da escola Ozar Hatorah de Toulouse. Mas nom foi um facto isolado. Durante os últimos meses observamos como em Sarcelles (França), umha loja de comida kosher foi atacada à bomba, em Offenbach (Alemanha), Sheerness (Reino Unido) ou Melilha, entre outras, produziram-se agressões contra pessoas que levavam kipás, na Hungria a formaçom política Jobbik solicitou a criaçom de listas de Judeus no Parlamento e o Governo húngaro. De igual forma, a apariçom de pintadas ameaçadoras e ataques a propriedades judaicas foi crescendo. Factos que nos indicam que a velha aversom irracional aos Judeus segue a estar presente no nosso continente. A UE deu o alarme e de forma especial chamou para o controlo da incitaçom ao ódio na internet, instrumento de difusom rápida e, em ocasiões anónima, de todos os mitos e falsidades nas que se sustém o antissemitismo. Estamos conscientes que na Europa do século XXI há cidadãos que devem ocultar a sua identidade e que as sinagogas, escolas e instituições judaicas devem ser protegidas?
A ausência de Judeus durante cinco séculos e a existência atual dumha reduzida e discreta comunidade nom foi atranco para que Espanha seja um dos Estados mais antissemitas da Europa. Assim o indicam tanto o inquérito encargado polo Ministério de Negócios Estrangeiros em 2010 como a realizada pola Anti-Defamatioin League em 2009. Os 58,4% da populaçom espanhola acha que "os Judeus têm muito poder porque controlam a economia e os meios de comunicaçom", e mais dum terço (34,6%) têm umha opiniom negativa deles. As origens devem ser procuradas, sem dúvida, na história moderna e na difusom por parte da Igreja Católica de libelos como o da acusaçom do deicídio até o Concílio Vaticano II (1965). Anualmente, o Observatório de Antissemitismo em Espanha realiza um informe sobre a questom e no do passado ano destaca que as ameaças e pintadas aparecem com assiduidade e que mesmo se produziram agressões. Mas o mais surpreendente é o facto de encontrar nos meios de comunicaçom afirmações sobre o mito do "lobby judeu", libelo segundo o qual os Judeus som um ente homogéneo que age coordenadamente a nível mundial e que é poderoso e influente. Como vemos, este mito conspiracionista promovido polo fac-símile falso elaborado pola polícia czarista e chamado "Os Protocolos dos Sábios de Sion" (1902) com o objetivo de justificar os pogroms na Rússia, e que foi repetido e alargado pola Alemanha nazista, chegou até os nossos dias.
Um dos difusores desse mito e doutros é o ultimamente conhecido humorista francês Dieudonné. Este mordaz artista foi condenado em várias ocasiões por incitaçom ao ódio e por banalizar o holocausto na República que se tem pola impulsionadora dos direitos do homem e que considera um capítulo negro da sua história que no seu território, décadas atrás, 75,721 Judeus, entre os quais 11.000 crianças, foram deportados a campos de concentraçom e apenas sobreviveu 3% deles. No caso do humorista francês, o dilema nom radica em se ultrapassou os limites do humor ou em se faz piadas sobre Árabes, Judeus ou Chineses. O problema acha-se em que faz troça sobre o que também defendem a sério junto aos seus amigos: o ultra Le Pen, o negacionista Roger Faurisson ou o revisionista Mahmud Ahmadinejad. Um facto destacável é que, este trocista de extrema direita tem o curioso mérito de ter logrado unir entre os seus fãs três sectores, opostos em todo, salvo no antissemitismo, como som a extrema direita, o islamismo e sectores de extrema esquerda. Um curioso fenómeno que o professor Pierre-Andre Taguieff destacou no seu livro "La Nouvelle judéophobie" ao analisar os focos de difusom atual desta fobia. Mençom especial, se calhar, merece a estranha existência de sectores de extrema esquerda que, levados pola denúncia do drama palestiniano ou por críticas legítimas ao governo israelita, acabam abraçando mitos conspiracionistas quando nom diretamente os libelos clássicos da judeufobia. Um facto que já foi denunciado por Ignacio Ramonet no artigo "Antissemitismo na Galiza?" (4/7/2007) em El Pais.
Como se viu, o Holocausto nom foi um caso isolado de ódio pontual ao povo judeu, mas a materializaçom dum facto violento, impulsado por um ódio acumulado durante séculos, umha animadversom irracional e obsessiva, com base em mitos que, alastrado por confissões religiosas, por instituições e por ideologias políticas que foi gerador de expulsões, discriminações e massacres. Umha antipatia que segue a existir e que é perigosa. Como escreveu Émile Zola há um século, na sua denúncia do Caso Dreyfus, para combater este defeito social a chave está na educaçom.
Por isto, neste momento de auge da xenofobia e a extrema direita na Europa, quando ressurgem velhos ódios e outros novos como homofobia, a ciganofobia, a islamofobia e o antissemitismo, é importante lembrar o facto mais terrível da história recente para prevenir a comisom de atos semelhantes e educar as nossas sociedades na igualdade e na dignidade humana assim como no combate a qualquer tipo de discriminaçom. Nunca mais!
O autor é deputado de AMAIUR e membro da Ligue International contre le Racisme et l'Antisémitisme (LICRA)
O autor é deputado de AMAIUR e membro da Ligue International contre le Racisme et l'Antisémitisme (LICRA)
Artigo publicado no jornal DEIA e traduzido por CAEIRO.
Caso isolado? Falta um pouco de pesquisa nesse isolamento. Vamos aos fatos.
ResponderEliminar1- século III a.C. Gregos que dominaram a judéia.
2- 19 d.C. Expulsão dos judeus de Roma.
3- 38 d.C. Alexandria.
4- 66 d.C. - 73 d.C. Primeira guerra judaico-romana.
5- 1096 - Primeira cruzada.
6- 1290 - Expulsão da Inglaterra.
7- 1478 - Inquisição espanhola.
8- 1472 - Decreto de Alhambra (judeus expulsos da Espanha).
9- 1497 - Expulsão de Portugal.
10 - 1903 - O pogrom de Kishinev.
11- 1905 - O segundo pogrom. (tiveram muitos outros pogrom em outros locais)
12 - 1920 - Distúrbios na Palestina.
E muitos outros que não foram mencionados entre esses 12. Conflitos e expulsões anteriores à segunda guerra incluindo países que os "salvaram" na segunda guerra. O que chama mais atenção são as palavras encontradas como motivo desses conflitos e expulsões: Dinheiro, agiotagem, abastados, ouro, loja.
Dizem que um tal de abraão viveu 175 anos.
Dizem que um tal Noé viveu mais 350 anos após o dilúvio.
Porém, Rei Davi viveu apenas 70 anos.
A qualidade de vida devia ser muito boa naquela época para se viver 175 anos. Talvez Judas ou Barrabás explique.
Pelo jeito nunca foi um povo santo.