Diz-se que a industrializaçom de Israel é mais rápida porque dispõe dos capitais judeus e de quadros judeus mais numerosos e eficazes. Entom há que excluir do Terceiro Mundo os países que descolam mais rápido, como o Uruguai ou a Argentina? Existe umha prima de moralidade para os que têm os maiores atrasos? O Terceiro Mundo é um clube no qual virtude é medida com a miséria?
De todas as formas, como referem alguns israelitas, as características do desenvolvimento israelita nom som europeias, mas as dos países em vias de desenvolvimento: ajuda exterior indispensável, cérebros e investimentos injectados do estrangeiro. Que os conselhos e este dinheiro venham de judeus do exterior nom muda fundamentalmente a natureza económica do facto israelita: ainda é a dum país subdesenvolvido.
Seriam precisos aqui estudos comparativos sérios e nom declarações lapidárias, que apenas têm valor táctico. E mesmo umha revisom destes conceitos em voga, utilizados do direito e do revés. O conceito de Terceiro Mundo, por exemplo, que, ao lado dalguns serviços, causou estragos e que é vago e mal definido, muito elástico ou nem tanto. É verdade, eu preferia um conceito mais flexível: aquele das nascenças e renascenças nacionais, no qual Israel se situaria numha escala, indo dos países de industrializaçom lenta aos países de rápida industrializaçom. Num extremo achar-se-iam os países pobres do Terceiro Mundo e no outro o Canadá ou a Austrália, que seriam colónias de povoamento, mas sempre sem metrópole e sem exploraçom dum povo autóctone, e que seria absurdo excluir, pois haveria entom de condenar os franco-canadianos, por exemplo, e toda iniciativa de pioneiros.
Trecho tirado de "O sionismo, Israel e o Terceiro Mundo: semelhanças, especificidades e afirmações nacionais", de Albert Memmi (1972).
Trecho tirado de "O sionismo, Israel e o Terceiro Mundo: semelhanças, especificidades e afirmações nacionais", de Albert Memmi (1972).
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