13
de janeiro
Num
relatório de Randolph E. Paul para a Unidade de Controlo de Fundos Exteriores
do Departamento de Estado intitulado “Relatorio ao Secretário sobre a Aquiescência
deste Governo no assassinato dos Judeus”, o primeiro documento oficial atacando
a cumplicidade norte-americana no Holocausto. Redigido por Josias DuBois, o
documento é umha acusaçom da política diplomática, militar e de imigraçom do
Departamento de Estado dos EUA. Entre outras cousas, o Relatório narra a inaçom
do Departamento de Estado e, nalguns casos, a sua oposiçom ativa para a
libertaçom de recursos para o pagamento do resgate dos judeus na Roménia e nas
França ocupada, e condena as políticas de imigraçom que fecharam as portas
americanas aos refugiados judeus dos países europeus entom envolvidos no seu
extermínio sistemático.
Mais
concretamente, o documento atribui responsabilidades individuais a altos
funcionários do governo norte-americano nos seguintes termos:
"Francamente, Breckinridge Long, na minha humilde opiniom, é menos
solidário com os refugiados em todo o Departamento de Estado. Eu atribuo-lhe o
gargalo na concessom de vistos”. Breckinridge Long era o assessor do presidente
Roosevelt para a Secretaria de Estado.
O
catalisador para o Relatório foi um incidente envolvendo 70.000 judeus, cuja
evacuaçom da Romênia poderiam ter sido conseguida com um suborno de 170.000 dólares. Os fundos da Unidade de Controlo Exterior do Tesouro, que estava
dentro da jurisdiçom de Randolph E. Paul, autorizou o pagamento dos fundos,
pagamento que tanto o Presidente como o Secretário de Estado Cordell Hull
suportavam. Porém, desde que a proposta foi feita e aprovada em meados de julho
de 1943 até dezembro de 1943, uma combinaçom de burocracia entre o Departamento
de Estado e do Ministério britânico da Economia de Guerra colocaram vários
obstáculos. Foi a frustraçom por esse episódio o que propiciou o Relatório.
Ivan
Maisky, cérebro da estratégia da política exterior soviética, envia a Molotov
um longo relatório sobre a ordem do pós-guerra centrado no objectivo
estratégico de preservar os ganhos soviéticos na Europa do Leste. Segundo ele,
a ordem do pós-guerra tinha de criar umha "longa paz" na Europa e
Ásia, entre 30 e 50 anos, necessária para a URSS se tornar avonde forte para
temer qualquer agressom por parte dumha potência ou de qualquer combinaçom de
potências na Europa e Ásia. Este período de paz longa também era necessário
para a Europa se tornar socialista, pois Maisky nom acreditava que as
revoluções proletárias na Europa de pós-guerra. Nesse cenário, de acordo com os
princípios leninistas, a estratégia de Moscovo devia ser explorar as
contradições entre as potências imperialistas (nomeadamente Grã-Bretanha e
Estados Unidos) na procura dos interesses soviéticos. Ao abrigo do pensamento
clássico do equilíbrio de poder, Maisky sugeriu manter a Grã-Bretanha como umha
potência forte de modo a contrabalançar a expansom imperialista dos Estados
Unidos. Sobre este ponto Maisky diferia de Litvinov, que achava que o poder britânico iria permanecer dominante
na Europa Ocidental e que os Estados Unidos iriam recuar por causa do seu
tradicional isolacionismo. Ele sugeriu que era possível conciliar os interesses
da Uniom Soviética e da Grã Bretanha.
Ao
invés, Litvinov era a favor dumha aproximaçom soviético-americana contra a
Grã-Bretanha pois esperava que as contradições entre Londres e Moscovo
tornar-se-iam mais agudas após a guerra. Após a derrota da Alemanha, com a
França e a Itália enfraquecidas, a URSS continuaria a ser a única grande
potência continental.
Maisky
achava que a questom colonial daria terreno extremamente fértil para as
contradições anglo-americanas. Assim sendo, os Estados Unidos iriam praticar um
novo tipo de "imperialismo dinâmico", que seria um desafio para o
"enfraquecido imperialismo conservador" praticado pola Grã-Bretanha nas
suas colônias. Maisky salientou que a Uniom Soviética nom tinha prestado muita
atençom a esta questão, que seria umha das questões mais importantes do
pós-guerra. Por isso, era preciso estar pronto. Além disso, era muito provável
que o desenvolvimento de conflitos entre Londres e Washington no mundo colonial
iriam depender da posiçom da Uniom Soviética. Maisky nom desenvolveu propostas
precisas sobre o Próximo Oriente, mas apenas salientou que esta área era um
terreno favorável sobre o qual reforçar a influência soviética. Na sua opiniom,
este objetivo deve ser umha prioridade da diplomacia soviética depois da
guerra.
As
reflexões de Maisky devem ser vistas com o pano de fundo dos esforços da Uniom
Soviética para formular umha política relativamente ao mundo árabe e à
Palestina. No Próximo Oriente, tradicionalmente dominado pola Grã-Bretanha,
Moscovo poderia apoiar tanto o movimento nacional árabe quanto o projeto
sionista dum Estado judeu na Palestina. A opçom árabe significaria apoiar o
projeto dumha federaçom pan-árabe, mas a diplomacia soviética era muito
desconfiada dessa ideia.
Janeiro
– março
O
governo de Roosevelt rejeita várias resoluções do Congresso e Senado em favor
de que os EUA se empenhassem em abrir os portões da Palestina para a imigraçom
ilimitada de judeus e de que lá deveria ser criado um Estado para esse povo nos
seguintes termos: "No Departamento
de Estado, sentimos que a aprovaçom dessas resoluções... podem precipitar o
conflito na Palestina e noutras partes do mundo árabe, pondo em perigo as
tropas americanas e exigindo o desvio de tropas da Europa e outras áreas de
combate. Poderia também prejudicar ou arruinar as negociações pendentes com Ibn
Saud (rei da Arábia Saudita) para a construçom do oleoduto na Arábia Saudita,
que os nossos líderes militares consideram de fundamental importância para a
nossa segurança...".
As
duas resoluções da câmara foram introduzidas polos congressistas Compton
(republicano eleito por Conectcut) e por Wright (democrata da Pensilvânia). No
senado foram apresentadas polos senadores Wagner (democrata eleito por Nova
Iorque e Presidente do American Palestine Committee) e Taft (republicano do
Ohio). As resoluções foram encaminhadas para o Comité de Relações Exteriores,
presidido por Sol Bloom, um notório sionista de Nova Iorque. Ele esforçou-se
pola aprovaçom das resoluções mas, sendo um importante líder democrata no
Congresso e à sua boa e próxima relaçom com o presidente Roosevelt, estava
limitado por outros compromissos. A posiçom do governo era contrária à
aprovaçom dessas resoluções. O Secretário de Defesa e o Secretário de Estado
comunicaram que nengumha medida a respeito poderia ser tomada polo governo.
12
de junho
A
Organizaçom Munidal Agudat Israel recebe um telegrama da Suíça descrevendo o
iminente extermínio dos judeus húngaros em Auschwitz e chamando para bombardear
as ferrovias usadas para a sua deportaçom.
18
de junho
Jacob
Rosenheim, da Organizaçom Mundial Agudat Israel em Nova Iorque, envia umha
carta a Henry Morgenthau, Secretário do Tesouro norte-americano,
solicitando o bombardeamento dos
caminhos de ferro da deportaçom.
26
de junho
Thomas
Handy, Chefe Adjunto do Estado-Maior do Departamento de Guerra, envia um memorando
ao Diretor da Divisom de Assuntos Civis, transmitindo a conclusom da Divisom de
Operações que bombardear os caminhos de ferro de deportaçom era
"impraticável" nos seguintes termos: “Em linha com a política nom
declarada [do Departamento de Guerra] de nom ajudar no resgate de refugiados, o
Departamento de Guerra rotineiramente recusou pedidos para bombardear caminhos de ferro de deportaçom. Nunca foram realizados para verificar a viabilidade de tais
bombardeios”.
29
de junho
Um
relatório interno da Mesa de Refugiados de Guerra de Benjamin Akzin para
Lawrence S. Lesser urge o bombardeamento dos campos de extermínio de Auschwitz
e Birkenau.
Fontes
<< anterior
Fontes
<< anterior
Sem comentários:
Enviar um comentário