quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O BUNDISMO: DO IMPÉRIO RUSSO PARA A URSS


A formaçom do Bund, com as suas peculiaridades, segue o modelo que se reproduz na constituiçom dos movimentos socialistas e operários europeus nas condições específicas da existência da cultura iídiche. 

A expressom Cultura iídiche designa a parte oriental nom assimilada da cultura asquenaze existente na Europa centro-oriental. Esta denominaçom tem por origem a língua iídiche, a língua própria dos Judeus europeus (1). Se nom tivesse existido o iídiche, mal teria existido umha identidade judaica salvo sobre o plano confissional. O iídiche foi o veículo dumha autêntica civilizaçom em razom dos seus milhões de falantes por umha parte mas também, mais tarde, por motivos político-ideológicos como um instrumento de propaganda.

A questom nacional, da cultura e língua na formaçom da cultura proletária foi o ponto central do atrito ideológico do Bund com o resto do socialismo russo. O Bund rejeitava aceitar que isso era um tema secundário na luta de classes. Os líderes bundistas mantiverom polêmicas acirradas e debates de alto nível com os grandes teóricos do socialismo russo por causa da sua exigência dumha representatividade política alicerçada sobre o princípio da nacionalidade: Lenine, Estaline e Trotski som algum deles. Sofrerom críticas e forom acusados de se desviar da luta do socialismo internacional e de se separar do resto do proletariado.
Quadro histórico e sócio-económico
Em virtude das perseguições e hostilidades sofridas no decurso do Medievo, sucessivas ondas de Judeus asquenazes (da Alemanha e regiões adjacentes) emigrarom em massa para o Leste da Europa e também para outras áreas, levando consigo o iídiche como língua própria. Muitos deslocarom-se para a República das Duas Nações ou Confederaçom Polaco-Lituana (2) onde forom acolhidos polos governantes. Destarte, a partir do século XVI a Polónia-Lituánia tornou-se no novo centro demográfico da cultura iídiche.

Nessa zona, ao contrário da elite cultural judaica centro-europeia, que julgou indispensável para o bom êxito dos seus ideais de modernizaçom do judeu e da integraçom deste nas «luzes» ocidentais eliminar como barbarismo a língua popular usada desde o século XIII, os Judeus ilustrados do Leste forom desde cedo levados a umha via oposta. Umha vez que o iídiche era o veículo de entendimento coletivo, a intelligentsia puxo-se a escrever nesse «jargom» dotando-o dumha literatura e como língua do ensino.

Com as partilhas da Polónia (1772/93/95), os Judeus na Europa Oriental e Central som incorporados ao Império russo passando a viver sob o jugo do czarismo, um regime autocrático e repressor que nom oferecia aos Judeus qualquer gênero de cidadania plena. Em 1791 o czarismo instaura um enclave, conhecido como Zona de Assentamento, na que os Judeus som confinados com a proibiçom de sair dela. A Zona estende-se do Mar Báltico para o Mar Negro nas fronteiras históricas da Confederaçom Polaco-Lituana.

Havia proibições do exercício de certas profissões ou funções e cargos públicos por Judeus, restrições legais diversas e exclusom ou cotas nas universidades (numerus clausus). As cotas judaicas, estabelecidas em 1886, eram números que limitavam as vagas de candidatos judeus, mesmo que esses conseguissem preencher os requisitos para chegar à universidade. Nunca poderiam exceder o número máximo (que era bastante baixo) (3) de vagas judaicas.

O Shtetl era o centro da cultura iídiche, a típica vila de notável presença judaica da Zona, na que os Judeus ganhavam a suas vidas sobretudo como comerciantes e intermediários. Para assegurar a sua lenta morte, o governo proibiu a presença dos Judeus das zonas rurais e das vilas con menos de 10.000 habitantes (4). Porém, na altura de 1897 ainda havia 462 shtetls com maioria de populaçom judaica (em 25% deles superavam 80%). A situaçom é muita bem descrita pola obra do escritor Sholem Aleichem no filme «Violinista no Telhado».

Paradoxalmente o czarismo promoveu a industrializaçom da Zona a modo de montra quando ocorrera (1863) a aboliçom da escravatura e do regime feudal da propriedade rural com o objetivo de gerar mao-de-obra barata para a industrializaçom tardia da economia russa. A introduçom do capitalismo moderno trouxe a diferenciaçom social no seio da comunidade de cultura iídiche.
Estas transformações provocarom um duplo processo nos sectores médios: o nascimento dumha burguesia judaica e o declasseamento dos pequenos comerciantes e artesaos, que virom as suas funções sucateadas e sem possibilidade de sustento na nova ordem económica. Pola primeira vez em séculos nasce um proletariado judaico cujas características sócio-económicas os diferenciam do operariado russo, lituano ou polaco. A fome, as doenças generalizadas e a ausência de segurança médica coloca os trabalhadores judaicos no degrau económico e social mais baixo da sociedade (5). Enquanto os setores burgueses iriam configurar os elementos da intelligentsia, os trabalhadores formarom o primórdio das organizações de classe na Zona de Assentamento nas últimas décadas do século.

A situaçom agudiza-se, quando inúmeras restrições forom impostas aos Judeus do Império Russo, através das Leis de Maio de 1882. Nas palavras do czar e dos seus ministros havia a clara intençom de russificar ou excluir os Judeus da sociedade russa, através da imigraçom ou da morte pela fome (6). Nom sobrarom muitas formas de sobreviver economicamente ou progredir socialmente, sem se converter e russificar.

Acrescente-se a este panorama as cíclicas manifestações de violência antijudaica denominadas «pogromos», aonde turbas de malfeitores e elementos da polícia e do exercito vestidos de civis, irrompiam nos bairros judaicos matando e saqueando, sem haver intervençom (mas com apoio nom declarado) das forças de segurança pública. Umha situaçom difícil: viver e sobreviver era uma tarefa muito difícil.

As principais reações ou tentativas de soluçom utilizadas pelos Judeus forom a emigraçom para o Ocidente (destacadamente para os EUA) e a onda imigratória para a Palestina impulsados polas organizações criptosionistas (7). Ambas iniciam-se em 1882, isto é, imediatamente após as Leis de Maio e, portanto, como reaçom ou consequência dessa violenta política antijudaica.

Nos que ficarom na Zona de Residência (8), a terceira reaçom foi aderir-se ao movimento revolucionário para melhorar a sua situaçom através da açom política colocando-se nas fileiras dos opositores do regime czarista. A intelligentsia judaica (9) composta por homens e mulheres revoltados, estudantes, revolucionários, niilistas, populistas, anarquistas, socialistas opõe-se violentamente ao regime. Da convergência dessa intelligentsia com as classes trabalhadoras surgem os chamados grupos ou Círculos de estudo em cidades como Minsk (51,2% da populaçom judaica) ou Vilna (45% de judeus). A criaçom dos primeiros círculos permite a formaçom de quadros do operariado judaico e a sua transformaçom em líderes e agitadores. A expressom prática desta atividade foi o movimento grevista na década de 1890. Se bem os líderes e os trabalhadores se organizarom para mudar as circunstâncias económicas e sociais da cultura iídiche, o projeto socialista visava objetivos mais amplos.

As origens do Bund
Nessa intelligentsia revolucionária encontramos posições antagônicas a respeito da questom nacional judaica: se bem uma parte assume-a positivamente, umha outra é completamente refratária. A primeira propicia a criaçom do Bund enquanto a segunda assimila-se, quer à social-democracia russa (J. Martov, L. Trotski), quer à polaca (A. Warski), quer ao cosmopolitismo (R. Luxemburgo).

Após vários debates, os representantes dos círculos socialistas reúnem-se clandestinamente em Vilnius de 7 a 9 de outubro de 1897 e constituem esse partido socialista judaico: a Uniom Geral dos Trabalhadores Judaicos da Rússia, Polónia e Lituánia (BUND). Neste Primeiro Congresso juntam-se treze delegados (dentre eles oito operários) representando cinco cidades (Vilnius, Varsóvia, Bialystock, Minsk e Vitebsk).
A ordem do dia abrange o nome da organizaçom central (10), a constituiçom do Comité Central, o conteúdo da imprensa clandestina, as regras conspirativas necessárias e as relações com as organizações revolucionárias da Rússia e do estrangeiro. O Bund nom define a sua natureza organizacional de forma clara na medida em que nom só se considera como um partido político, mas que centra parte considerável da sua atividade na organizaçom de sindicatos e caixas de greve incorporadas na sua estrutura. O Bund exerce umha grande influência nos operários e estudantes e conta com grupos de inteletuais.

Com mais de um terço da sua militância feminina, o Bund mesmo reconhece, fenômeno insólito nos partidos progressistas da época, a igualdade de gênero. As mulheres do Bund tornam-se importantes líderes e a doutrina igualitária seria aplicada também às noções de «família revolucionária» desenvolvida polos teóricos bundistas.

O Bund enxerga a necessidade de unir os vários grupos revolucionários russos numha organizaçom unitária e toma a iniciativa dos contatos que em maio de 1898 conduzem à convocatória do Congresso de unificaçom em Minsk em que se constitui o Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR). Nom é por acaso que a primeira conferência deste partido tivesse lugar em Minsk, cidade na que o Bund conta com umha mesta rede clandestina. Dos nove delegados que integram o Congresso, três representam o Bund sendo eleito A. Kremer no seu CC. A ordem do dia é praticamente idêntica à do Congresso fundacional do Bund. No entanto existe um ponto importante para este último que diz a respeito da sua autonomia no seio do POSDR: o Bund entraria no partido como umha organizaçom autônoma, sendo reconhecido como o único representante da classe trabahadora judaica e independente sobre todas as questões relacionadas com os trabalhadores de cultura iídiche.

Ao mesmo tempo a repressom acrescenta-se: a polícia secreta czarista arresta a maior parte dos dirigentes do Bund e do POSDR. Esta repressom, que esfarela os grupos locais e suprime quase a totalidade dos meios da propaganda, supom um atranco ao desenvolvimento do Bund. Mas a fortaleza organizativa permite a sua rápida reconstruçom. Desta renovaçom surge umha nova geraçom de quadros bundistas que substituem os «históricos».

O II Congresso do Bund, celebrado em outubro de 1898 em Kovno, encarna esta renovaçom. Nele os bundistas tiram as lições políticas da acentuaçom da luta de classes e preparam ações futuras (greves, reuniões e os comícios clandestinos). Em dezembro de 1898 os exilados constituem um Comité Exterior para representar o Bund no movimento socialista internacional, influenciar na emigraçom e arrecadar fundos para o partido.

Internacionalismo proletário e a questom nacional
O Bund celebra o seu III Congresso em dezembro de 1899 em Kovno dividido entre os que nom aceitam o menor afastamento do internacionalismo proletário («Nós demandamos a igualdade de direitos civis e nom de direitos nacionais») e os que admitem que o problema nacional e o socialismo marxista nom eram incompatíveis. Rejeita-se incluir no programa umha proposta de J. Mill que demandava os «direitos nacionais» para os Judeus. Apesar de nom tomar formalmente posiçom, é o primeiro Congresso em tratar a questom nacional e proclamar o direito dos Judeus a «reivindicar a sua herança cultural» (11). Trata-se dumha autêntica viragem: a partir deste Congresso, o Bund nom será apenas o único representante do proletariado judaico, mas sentirá-se investido dumha missom nacionalitária.

Embora no período intercongressual começaram a formar-se grupos no exterior, o Bund, a diferença das organizações sionistas, nom configurou um partido global. Polo contrário, tratava-se dumha organizaçom volcada para a açom no interior do Império russo. Os grupos exteriores do Bund nunca forom incluídos nas estruturas do partido e quando participa pola primeira vez no Congresso da Internacional Socialista em Paris os seus representantes fam-no no seio da delegaçom russa.

No IV Congresso (Bialystok, maio de 1901), concretiza-se esta mudança ao assumir o autonomismo. A proposta foi realizada por M. Liber, um representante da segunda geraçom e tivo o apoio dos históricos (V. Kossovsky, A. Kremer e J. Mill). O programa insiste em que «um estado como Rússia, que está composto por muitas nacionalidades diferentes, deve no futuro [após a Revoluçom] evoluir para umha federaçom de todas as nações na que cada nacionalidade desfrute de total autonomia nacional, independentemente do território em que resida». Esta proposta, alicerçada no federalismo de estados como os EUA e em menor medida na Suíça, é formulada como umha soluçom ótima à questom judaica que, ao igual outras nações espalhadas (nomeadamente Arménios e Ciganos) nom formavam umha entidade territorial e moravam ou co-habitavam com outros povos, cada um com a sua própria língua. Um dos principais teóricos do Bund, V. Kossovsky, propuxo que a social-democracia visava umha «coexistência pacífica» entre as nacionalidades enquanto o nacionalismo burguês privilegiava umha naçom sobre as outras.

Aliás, constatando que a imensa maioria de Judeus falava o iídiche e nom a língua do país em que viviam, o Congresso reconhece que o conceito nacionalidade deve ser aplicado ao povo judeu, «em base às suas características particulares: a língua, os costumes, o modo de vida, a cultura em geral à que lhe deveriam permitir toda liberdade no seu desenvolvimento ».

Como soluçom de compromisso aos elementos opostos a esta proposta (marxistas e assimilacionistas), o Congresso decidiu nom exigir a autonomia nacional para já, em nome da «consciência de classe do proletariado» e adotou por unanimidade a seguinte resoluçom: «cada nacionalidade, para além das suas aspirações aos seus direitos económicos, civis, de liberdade política e de igualdade, possui também aspirações nacionais baseadas nas suas caraterísticas próprias».

Vários fatores externos motivam esta mudança, tais como o crescimento do sionismo ou as soluções propostas por S. Dubnow (12) e H. Zhitovsky. O Congresso condena a propaganda sionista entre os trabalhadores judaicos, ideologia que considera umha reaçom burguesa ao antissemitismo, um adversário nacionalista cujo objetivo era afastar os trabalhadores judaicos da luta de classe, de os isolar dos seus camaradas de classe nom judeus para edificar um estado burguês na Palestina. Neste sentido, aprova-se umha resoluçom que declara incompatível a pertença ao Bund e às organizações sionistas.

Na linha social-democrata da sua altura, o Congresso faz um apelo à moderaçom na convocatória de greves e a priorizar a açom combinada da agitaçom e das demandas políticas. Noutra resoluçom demandou-se a configuraçom do POSDR sobre bases nacionais-federativas.

A influência do Bund sobre os trabalhadores judaicos aumentou especialmente após um dos seus membros, Hirsch Lekert, abater à bala o governador provincial de Vilnius, que ordenara chicotar os trabalhadores judaicos que participaram nas manifestações do 1º de Maio em 1902. Lekert foi executado e tornou-se no mártir do movimento. Embora o Bund –de acordo com a teoria marxista- era contra o terrorismo individual como arma de luta política, os líderes bundistas justificaram a açom de Lekert como medida de resposta a umha repressom generalizada.

A mocidade judaica já nom tolera a ideia de que as vítimas dos pogromos podam deixar-se degolar sem resistência. A necessidade de afirmar a dignidade e de tomar em mao a defesa armada das comunidades fai com que esse ano o Bund realize os primeiros apelos para a criaçom de grupos de autodefesa contra os pogromistas, convertendo-se num dos seus principais promotores e principal organizador nalgumhas zonas. No financiamento destas unidades desempenha um papel fulcral os comités no exterior. O Bund começou a receber o apoio entre as camadas médias judaicas e ganhou novos aderentes até completar 25.000 membros. Em abril de 1903 tem lugar o pogromo de Quichinau (Moldávia) no que som abatidos 45 judeus.

Em junho de 1903 tem lugar em Zurique o V Congresso do Bund. No debate sobre a questom nacional houve umha divisom entre os «históricos» e «novos», cujos líderes (V. Medem, M. Liber e R. Abramovitch) pretendiam recalcar o caráter nacional judaico do partido. Ao nom chegar a umha soluçom de compromisso, nom se adotou qualquer resoluçom sobre a questom nacional. Na altura o partido está principalmente implantado na parte setentrional da Zona.

Toma forma a luta com outros partidos políticos judaicos conforme o sionismo e outros rivais políticos penetrarom no campo proletário (13). O confronto de elementos nacionalistas, cosmopolitas e meio assimilacionistas no seio do Bund impediu que tomasse umha posiçom clara a respeito da assunçom da identidade política e cultural judaica. De facto, o partido adota a doutrina do Neutralismo a respeito da assimilaçom. Desenvolvida polo ideólogo do partido, V. Medem, esta tese resume-se nos seguintes termos: «Aceitar o desenvolvimento da história na medida em que esta leva os Judeus obrigatoriamente a serem assimilados entre os demais povos, nós pola nossa inicitiva nom deveremos dirigir as nossas forças a deter esse processo nem a impedi-lo. Nós nom nos meteremos nisso, somos neutrais. A verdade é que somos contra os assimilacionistas que aspiram a essa assimilaçom, mas nom por isso nos afastamos deles, nom porque temamos a assimilaçom, mas porque ela nom pode ser colocada como um objetivo, senom apenas como um resultado dum desenvolvimento social. Nom somos contra a assimilaçom, mas contra a aspiraçom à assimilaçom, contra a assimilaçom como um objetivo».

Quando um dos líderes do Bund, V. Kossovski, publicou um panfleto chamando para a organizaçom do POSDR como umha federaçom de partidos nacionais, esta ideia encontrou a oposiçom frontal da direçom do partido, que se formara em torno da revista Iskra comandada por V. Lenine. Este via o Bund como um partido nacional judaico e denunciou que estava a desenvolver umha tendência política independente de caráter exclusivamente judaico. Em resposta, V. Kossovski tomou a posiçom de que o Bund nom fora criado para suprir trabalhadores de reserva para o movimento socialista russo, mas para melhorar os direitos e a situaçom do proletariado judaico.

No II Congresso do POSDR, celebrado em agosto de 1903 em Bruxelas e Londres, com motivo do debate organizativo, começa a configurar-se umha brecha entre os defensores dum partido aberto, liderizados por J. Martov (mencheviques) e os partidários de Lenine (bolcheviques), defensores dum partido vanguarda de revolucionários profissionais. Com o apoio dos bundistas, opostos ao carácter monolítico das conceições bolcheviques, impom-se a linha menchevique.
A questom organizativa que suscita diferenças é a definiçom do papel do Bund no seio do POSDR. O Bund exige ser reconhecido como «o representante exclusivo do proletariado judaico» o que supunha o monopólio dos assuntos judaicos dentro do Partido. No debate, M. Lieber, o porta-voz bundista, justifica esta exigência pola posiçom especial dos trabalhadores judaicos, sofrendo nom apenas opressom de classe mas também a opressom racial, face a qual o operariado russo nom se interessava no mesmo grau. Os principais adversários do Bund nesta matéria forom os judeus sociais-democratas como J. Martov (14), Trotski e outros (dum total de 45 delegados, 25 eram de origem judaica, entre os quais 5 representavam o Bund). Finalmente, tanto bolcheviques como mencheviques concordam em negar as exigências do Bund, acusando-o de «separatista, nacionalista e oportunista». Entom os representantes do Bund (15) abandonam o congresso anunciando a sua separaçom do partido. Após a saída do Bund houve um aumento de atrito com os sociais-democratas russos por causa das suas atividades paralelas na Zona de Assentamento (16).

Em outubro de 1903 Lenine publica no Iskra um agressivo artigo intitulado «A posiçom do Bund no partido» no que acentua que a ideia nacional entre os Judeus é reacionária, nom só quando for adotada polos sionistas, mas também polos bundistas, porque contradi os interesses do proletariado judaico, desde o momento que, direta ou indiretamente, postula umha atitude contra a assimilaçom. Apoiando-se em Kautsky, repetirá que a única soluçom possível à questom judaica é a sua assimilaçom «e todo o que ajude a impedir o encerramento dos Judeus, merece todo o apoio».

Num texto de 1904 intitulado «A social-democracia e a questom nacional», V. Medem, um dos teóricos bundistas sobre a questom nacional, posiciona-se a respeito da autonomia nacional-cultural: «Consideremos o caso dum país formado por vários grupos nacionais, por exemplo, Polacos, Lituanos e Judeus. Cada grupo nacional criaria um movimento separado. Todos os cidadaos pertencentes a um grupo nacional determinado adereriam-se a umha organizaçom especial que teria assembleias culturais em cada regiom e umha assembleia cultural geral para o conjunto do país. As assembleias contariam com poderes financeiros próprios: cada grupo nacional teria capacidade de estabelecer impostos aos seus membros ou o Estado poderia ceder parte do seu orçamento geral a cada um deles. Cada cidadao do estado pertenceria a um dos grupos nacionais, mas a questom da adscriçom a cada grupo nacional seria umha escolha pessoal e nengumha autoridade poderia controlar esta decisom. Os movimentos nacionais seriam sujeitos da legislaçom geral do estado, mas nas suas áreas de responsabilidade seriam autônomos e nengum deles poderia interferir nos assuntos dos outros».

Medem elabora umha doutrina sofisticada que responde à situaçom objetiva do povo judaico. Rejeita a tradicional identificaçom de estado com naçom. Para as regiões de populaçom mista propom um federalismo nacional baseado em instituições autônomas. A populaçom da Rússia seria dividida em «associações nacionais» às que os indivíduos se adeririam segundo a sua livre escolha pessoal. Os membros integrantes dos grupos nacionais espalhados seriam recenseados num registo nacional, estabeleceriam-se «corporações governadas segundo a lei pública», isto é, organismos dotados com instituições e poderes legislativos. A pertença a um grupo nacional estaria legalmente reconhecida e a naçom seria «um corpo moral dotado de personalidade legal». De acordo com os princípios do federalismo, o estado multinacional seria soberano na defesa, negócios estrangeiros, economia e finanças. A gestom dos assuntos nacionais corresponderia em exclusiva às entidades nacionais.

No seu relatório ao VI Congresso da Internacional Socialista de agosto de 1904 reunido em Amsterdam o Bund designa o sionismo como o pior inimigo do proletariado judaico organizado, «que livra a sua luta sob a bandeira social-democrata do Bund», definindo-o como «um movimento no seio da pequena e mediana burguesia judaica que se acha exposta a umha dupla pressom: por um lado a concorrência com o grande capital e por outro às leis repressivas de exceçom e a perseguiçom do governo. Partindo da ideia da permanência do antissemitismo, o sionismo propom-se como objetivo a fundaçom dum Estado de classe na Palestina e esforça-se em camuflar as contradições de classe por trás dum interesse nacional geral». Para os bundistas, o sionismo representava, acima de tudo, os interesses da pequena burguesía judaica declassada e dumha parte da intelligentsia, mas que só suscitava a indiferença no proletariado e na grande burguesia, que nom estava mui entusiasmada em transferir os seus capitais para a Palestina.

A Revoluçom de 1905
Na altura da Revoluçom de janeiro de 1905 o Bund, com 35.000 membros, é o primeiro partido do Império russo (17) e encabeça o movimento revolucionário na Zona. A Revoluçom fracassa e a reaçom czarista irá laminar todo o movimento operário polo que os anos seguintes serám dramáticos. Todos os movimentos da esquerda perdem contingentes. A tática depara com a estratégia nas lutas sociais reprimidas, nos debates de ideias que ocultam a impotência de implantaçom e na prefiguraçom da rotura entre mencheviques e bolcheviques. Em abril a façom bolchevique organiza separadamente em Londres o III Congresso do POSDR.

No seu VI Congresso, celebrado em outubro-novembro desse ano em Zurique, o Bund adota um programa nacional que assume a teoria austro-marxista (18) de autonomia nacional-cultural extraterritorial para as nacionalidades: cada nacionalidade seria representada no Parlamento independentemente do lugar de residência dos seus membros e as futuras autoridades centrais deveriam transferir competências sobre cultura, educaçom nacional e legislaçom interna. As autoridades destas instituições deveriam ser eleitas democraticamente polas diferentes minorias nacionais.

A doutrina relativa à questom nacional bundista é fixada em base a seis princípios:
1. Identidade nacional: o Bund rejeita os aspetos essencialistas do nacionalismo que podem desembocar na xenofobia, no complexo de superioridade e no desprezo do outro.
2. Antissionismo: rejeitamento da ideia do retorno à Palestina/Israel.
3. Reconhecimento do iídiche como língua nacional: considerado o principal elemento da identidade nacional, foi usado como língua de comunicaçom e de propaganda. Ao igual que o resto de povos dos impérios áustro-húngaro ou russo, a língua própria é utilizada para afirmar a sua identidade e desenvolver as suas reivindicações.
4. Internacionalismo.
5. Preeminência da Diáspora: reconhecemento da esmagadora maioria de Judeus que vivem fora da Palestina.
6. Laicismo: tomar em conta os interesses da humanidade à margem dumha crença divina e dos ritos do judaismo tradicional.
Com esta doutrina, formulada por V. Medem e V. Kossovki, tenta conciliar-se a luta de classes e a consciência nacional do povo judaico.

Após a Revoluçom de 1905 tem lugar um novo surto de violência pogromista. Segundo Lenine (19), nessa altura o «czarismo descarregou sobretodo o seu ódio contra os judeus. Por umha parte, estes constituiam umha percentagem especialmente elevada de dirigentes do movimento revolucionário (considerando o total da populaçom judaica). (...) Por outro lado, o czarismo soube aproveitar muito bem contra os Judeus os abomináveis prejuizos das camadas mais ignorantes da populaçom para organizar pogromos, nos casos em que nom se encarregou ele próprio de os dirigir (em 100 cidades registarom-se durante esse período mais de 4.000 mortos e de 10.000 mutilados) essas matanças monstrosas de pacíficos Judeus, das suas mulheres e filhos que provocarom a repulsa de todo o mundo civilizado».

O manifesto de outubro provoca umha pequena esperança numha monarquia constitucional e nas primeiras eleições à ao Parlamento russo (Duma) de 1906, o Bund chegou a um acordo eleitoral com o Partido dos Trabalhadores Lituano, conseguindo eleger com o seu apoio dous candidatos. Embora o Bund era contrário à cooperaçom com o movimento trabalhista judaico noutros países, tivo umha influência significativa na formaçom de grupos bundistas na Galícia ou Bucovina (20) e influiu no socialismo judaico na Argentina, Bulgária e Tessalónica (Grécia).

Durante o período 1905-06 o Bund assume muitas questões com os bolcheviques o que facilita a sua reintegraçom formal no POSDR. No seu IV Congresso, celebrado em Estocolmo em abril de 1906, o Bund, com o apoio dos mencheviques (57,4% dos delegados), recupera o seu estatuto de autonomia. Na base desta decisom o VII Congresso do Bund, realizado em agosto-setembro desse ano em Lvov (entom no Império austro-húngaro), ratifica a sua adesom às fileiras do POSDR ao prevalecer a linha moderada representada por Medem, Rosenthal e B. Mikhalevich.

Os anos negros (1907-14)
A partir de 1907 os sectores liberais do poder forom substituídos polos reacionários e antissemitas. O governo restringe as liberdades e persegue todos os revolucionários num contexto de crise económica, recrudescimento da luta de classes, repressom das greves, instauraçom do lock-out e no desamparo da classe. Em toda a Rússia criam-se seções, a contestaçom amplifica-se e o movimento operário no seu conjunto redispersa-se.

Para safar da repressom é preciso adotar outra tática e no seio dos partidos socialistas «liquidacionistas» (nom bolcheviques) e «anti-liquidacionistas» livram umha guerra fratricida que produz um esmorecimento na atividade. No V Congresso do POSDR (Londres, maio de 1907) os bolcheviques imponhem-se à coaligaçom de mencheviques e bundistas (21). A supremacia bolchevique fratura o partido em linhas ideológicas irreconciliáveis. A partir de entom o Bund geralmente situará-se na asa esquerda do menchevismo.

O Bund apenas consegue manter o núcleo da sua organizaçom pois alguns dos ativistas migram para os EUA e outros dedicam-se à atividade cultural em iídiche. Com a limitaçom das atividades políticas e sindicais, o novo revolucionário profissional fai ouvidos surdos à luta anticzarista para se tornar um propagandista cultural (sociedades literárias e musicais, aulas noturnas e grupos de teatro). Contra esse estado de cousas, entre 1909-10 o Bund procurou recuperar o ativismo político encabeçando um movimento grevista.

O poder supremo do Bund (definiçom da linha política e eleiçom do seu CC) correspondia ao Congresso do Partido. Nesta altura, com umha autoridade mais limitada, o Bund começa a realizar umha série de Conferências. A primeira delas (VIII Conferência) tem lugar em Lvov em outubro de 1910. O cônclave apelou para umha defesa da cultura iídiche, nomeadamente os direitos do iídiche como língua dumha minoria nacional, antes mesmo da implementaçom da autonomia nacional-cultural. Decidiu também participar em várias conferências e instituições culturais de caráter judaico, tais como a Sociedade para a Promoçom da Cultura entre os Judeus da Rússia e nos encontros de líderes comunitários, na que os bundistas demandariam maior autonomia, a secularizaçom e a democratizaçom da vida comunitária judaica.

Entre 1910-11 o Bund fixo esforços renovados para reforçar a sua organizaçom tanto com atividades abertas como clandestinas e de novo o seu avanço é impressionante. A respeito da divisom entre bolcheviques e mencheviques sobre a continuaçom da atividade clandestina, o Bund adota geralmente umha posiçom intermédia. Lenine é contrário à reunificaçom socialista e organiza em 1912 um Congresso em Praga para livrar-se dos liquidacionistas convertendo a sua façom no POSDR-B (Bolchevique).

Em 1912 tem lugar em Viena a IX Conferência do Bund, na qual se fai um apelo à unidade organizativa dos grupos mencheviques contra a política dos bolcheviques. Finalmente esse agosto tem lugar em Viena o encontro destas facções que constituem o POSDR-M (Menchevique). Os mencheviques reconhecem que o princípio da autonomia nacional-cultural e a ideia dumha organizaçom partidária federada nom contradiz os princípios do novo POSDR-M. Com este marco organizativo o Bund via reconhecida a sua representatividade política alicerçada no princípio da nacionalidade. Aliás, esta decisom supuxo o primeiro reconhecimento por umha grande parte da social-democracia russa dumha cláusula fundamental do programa bundista pola que o Bund vinha lutando por dez anos. Doravante o Bund tornaria-se umha parte federada do POSDR-M

De cara as eleições à Quarta Duma (1912), o Bund acorda dar «preferência aos candidatos que se comprometam a defender os direitos da língua iídiche» e chega a umha aliança com o Partido Socialista Polaco (PPS) conseguindo eleger um candidato conjunto em Varsóvia. Porém, ao igual que nas anteriores Dumas, o Bund careceu de representaçom parlamentar própria tanto na Segunda (fevereiro-junho de 1907) como na Terceira (1907-12).

Entre 1912-13 o Bund organiza umha campanha de protesto contra o antissemitismo que culmina na greve geral de 8 de outubro de 1913 secundada por 20.000 trabalhadores. No pano de fundo deste conflito estám as acusações de crimes rituais contra os judeus ao abeiro do Caso Beilis (22). Apesar das diferenças, mas em razom da sua repercussom, relembra o Caso Dreyfus na França alguns anos antes.

Em 1913 Estaline (23) ataca o autonomismo nacional-cultural do Bund e o federalismo da organizaçom, que os define como «contendo no seu seio elementos de descomposiçom e separatismo» para acabar dizendo que «o Bund marcha em direçom para o nacionalismo e o separatismo», identificando os bundistas com os nacionalistas burgueses. Para Estaline as reivindicações nacionais som inseparáveis da existência dum território nacional e antepom os princípios da autonomia politico-territorial como garantia do livre desenvolvimento das nações. Igualmente, a fidelidade ao internacionalismo obriga a que o movimento operário das diferentes nações esteja numha organizaçom única pois o federalismo bundista é «daninho» já que conduz à desorganizaçom do proletariado e a desmoralizaçom nas fileiras do socialismo. Nessa altura Lenine também atacará o Bund pola sua exigência de umha organizaçom federativa da social-democracia russa e defende a assimilaçom dos Judeus nos seguintes termos: «Na Europa, os Judeus conseguirám a igualdade de direitos assimilando-se a um ritmo crescente no seio das nações em que vivem».

A guerra e a Revoluçom
A Primeira Guerra mundial na Europa oriental livrou-se principalmente nos territórios da Zona de Assentamento, que em março-maio de 1915 perdeu o seu papel ao fugir grande parte da sua populaçom judaica para o interior da Rússia escapando da invasom das tropas alemás. A Segunda Internacional Socialista opuxera-se a este conflito imperialista mas quando J. Jaurès foi assassinado, a esquerda, totalmente desamparada, abandona a luta. O Bund, que nom tinha nengum deputado na Duma, nom lança qualquer consigna mas adota posições internacionalistas próximas aos bolcheviques e assiste às Conferências pacifistas de Zimmerwald (1915) e Kienthal (1916) convocadas polos partidos socialistas de países neutrais nas que tentarom, de forma mal sucedida, reagrupar umha Segunda Internacional ida à falência.

Com motivo dumha consulta em Kharkov na primavera de 1916 o Bund decidiu, a diferença da sua anterior posiçom, fazer parte nas atividades das organizações comunitárias de ajuda judaicas. Também reconheceu em certo grau o caráter internacional da questom judaica ao publicitar os casos de perseguiçom contra os judeus através do seu Comité Exterior. Porém, a discussom sobre a constituiçom dum Congresso Mundial Judaico nom foi resolvida.

Como outros partidos socialistas na Rússia, o Bund recebeu entusiastamente a Revoluçom de Fevereiro de 1917. Em 20 de março, numha das suas primeiras decretações, o Governo Provisório aboliu a Zona de Assentamento. Pola primeira vez na sua história, os Judeus da Rússia poderiam organizar-se e exprimir-se com liberdade.

Num clima de euforia em maio de 1917 tem lugar em Sam Petersburgo a X Conferência do Bund. M. Liber é eleito presidente com um novo CC formado por Goldman, H. Erlich, V. Medem e J. Weinsthein. A respeito da realizaçom da autonomia nacional-cultural, a X Conferência acorda que:
- O início, «mesmo antes da convocatória da Assembleia Constituinte Pan-russa, do trabalho para formar os órgaos de autonomia nacional-cultural da naçom judaica na base do sufrágio universal, igual, direto e secreto com a participaçom de todos os cidadaos de ambos os sexos com idade superior a vinte anos que se considerem pertencentes à naçom judaica».
- Sobre estes órgaos recairá «a administraçom das escolas judaicas existentes, assim como a expansom da rede escolar judaica». Aliás, demanda-se «a inclusom das escolas judaicas na rede escolar geral e a introduçom da língua judaica como língua de ensino nessas escolas».
- A participaçom «num Congresso Geral Judaico com base no sufrágio universal, igual, direto e secreto». A Conferência considera necessário afirmar esse Congresso para «melhorar a participaçom dos trabalhadores judaicos como um meio de discutir concretamente a questom da autonomia nacional-cultural», na qual «os representantes do Bund combaterám vigorosamente todas as tentativas que formulem outras opções de tipo nacional ou político». Porém, a decisom final sobre as questões de competência do Congresso corresponderá a umha Assembleia Nacional Constituinte, isto é, «aos respresentantes do proletariado judaico junto com os representantes de toda a classe operária da Rússia».
- A organizaçom interna da organizaçom nacional-cultural será determinada «por umha Assembleia Constituinte Judaica, dentro dos limites de competência estabelecidos pola Assembleia Nacional Constituinte».

Na primeira Conferência do POSDR-M após a queda do czarismo (junho de 1917), os bundistas dividem-se entre os partidários das posições próximas aos centristas de Martov (R. Abramovitch), em favor do fim da Guerra mundial e do começo imediato das negociações de paz e umha maioria proclive a manter a política de guerra (M. Lieber). O Bund foi o único partido judaico que trabalhou com os Sovietes e mesmo chegou a convocar umha série de congressos de soldados próximos ao seu programa revolucionário. R. Abramovitch, representante do Bund na comissom para assuntos das nacionalidades no primeiro Congresso Pan-russo dos Sovietes (junho de 1917) constata que a maioria dos representantes das nacionalidades postulam umha «soluçom federativa e democrática, com plenos direitos para cada cultura nacional mas que nom era aceite polos Ucranianos e bolcheviques».

Perante a Revoluçom de Outubro de 1917 na que os bolcheviques se fixerom com o poder e instaurarom a ditadura do proletariado, o Bund, ao igual que os mencheviques e outros partidos nom bolcheviques, abandona o Conselho de Sovietes e solicitou a convocatória de umha Assembleia Constituinte demandada desde muito tempo atrás por todas as fações socialistas. O novo governo bolchevique proclama a sua «Declaraçom dos Direitos dos Povos da Rússia» prometendo a todas as nacionalidades o direito à igualdade, à autodeterminaçom e à secessom. Porém, a Declaraçom nada diz a respeito dos Judeus, refletindo assim a doutrina bolchevique, formulada por Lenine e Estaline, segundo a qual os Judeus nom constituem umha naçom (24).

Em dezembro de 1917 o Bund celebra o seu VIII Congresso em Petrogrado numha situaçom muito precária pois deve lutar contra duas frentes: contra os monarquistas (brancos) e contra os vermelhos. Mas apenas era um parcerio menor entre os partidos russos (25). O partido reclama das novas autoridades umha autonomia nacional-cultural judaica, participou nas eleições comunitárias, estivo representado no comité organizador do Congresso Judaico celebrado em dezembro de 1917 e participou no congresso menchevique de maio de 1918 (26).

Com a paz assinada com o Império alemao em março de 1918 (Tratado de Brest-Litovski) o Governo soviético entrega Ucránia (27), Bielo-rússia (28), Polónia (29), Estónia, Letónia (30) e Lituánia (31) aos ocupantes alemaos. Por trás desta decisom está a guerra civil que se desencadea após a Revoluçom bolchevique. Aos exércitos contra-revolucionários (independentistas ucranianos, brancos e vários grupos armados) sumaram-se as tropas alemás para derrubar o governo bolchevique.

Em fevereiro de 1918 as novas autoridades soviéticas criam um Comissariado para os Assuntos Nacionais Judaicos (Evkom), que irá servir como principal instrumento para liquidar as tradicionais instituições judaicas autônomas ou kehelilla e religiosas, confiscando os seus fundos ou propriedades. Em troca, com o objeto de estabelecer umha identidade laica, a cultura secular iídiche conhece umha idade de ouro já que as autoridades bolcheviques realizarom um sério esforço para estabelecer umha série de instituições judaicas de tipo administrativo, judiciário e cultural (escolas, teatros, jornais e editoriais) nas que o iídiche é a língua veicular, como instrumento de sovietizaçom das massas populares judaicas (32).
Aliás, para ganhar-se o apoio do Bund, da esquerda sionista (33) e mobilizar a diáspora judaica em favor do novo regime, Lenine promove a criaçom de umha seçom judaica no seio do PCR-B. A tal efeito cria-se a Evsektsiia, que em outubro de 1918 celebra o seu Primeiro Congresso no que se fixa como objetivos: suprimir o judaismo e o nacionalismo burguês, substituir a cultura tradicional judaica pola cultura proletária e impor a ideia da ditadura do proletariado no operariado judaico (34).

Em 1919, com as tropas ucranianas e monarquistas em retirada, a violência antissemita atinge o seu apogeu (35). A maioria de Judeus viu cada vez mais que o Exército Vermelho, que chegara a proibir expressamente a violência antissemita, era a única força capaz de parar a violência polo que o Bund vê-se obrigado a reconhecer a autoridade do Governo Soviético e os seus militantes passam a combater nas fileiras vermelhas contribuindo à sua vitória definitiva em 1920.

Neste sentido, Lenine tem expressado a idéia de que a fugida de parte da populaçom judaica para o interior da Rússia, após a ocupação das zonas industriais do Ocidente durante a guerra civil, tinha sido muito útil para a Revoluçom, ao igual que a apariçom durante a guerra nas cidades russas dum grande número de inteletuais judeus. Eles permitiram que os bolcheviques rompessem a perigosa sabotagem geral que decorreu em toda parte depois da Revolução. Dessa forma, ajudaram os bolcheviques a superar uma fase muito crítica.


A divisom final
As mudanças políticas operadas durante a Revoluçom e contra-revoluçom alterarom a configuraçom do partido, que começou gradualmente a se esfarelar em linhas ideológicas. Na Ucránia (36) e Bielo-Rússia (37), territórios progressivamente recuperados polos bolcheviques após serem abandonados polos alemaos, produze-se a adesom, sob diferentes apelações, dumha parte dos bundistas ao bolchevismo. A este processo contribui também o desejo de ficar no campo socialista e de fazer parte do novo governo soviético. Na XI Conferência do Bund russo celebrada em Minsk (março de 1919) o partido identifica-se com o programa bolchevique.

Em 12-19 de abril de 1920 tem lugar em Moscovo a XII Conferência do Bund na que se vê obrigado a reconhecer que «a exigência da autonomia cultural nacional no quadro do regime capitalista perde o seu significado nas condições da revolução socialista». A maioria do partido, liderizada por A. Weinstein e Esther Liftschitz, constitui o Bund Comunista (Kombund). O ponto 14º da resoluçom, «Na Presente Situaçom e as Tarefas do Nosso Partido», afirma que:
«Consoante à experiência do último ano, a XII Conferência do Bund conclui:
1. Que o Bund, em princípio, adotou a plataforma comunista desde a XI Conferência.
2. Que o Programa do Partido Comunista, que é também o programa do Governo soviético, corresponde-se com a plataforma fundamental do Bund.
3. Que umha “Frente Socialista Unida” oposta ao poder do Soviete, estabelecendo umha linha entre o proletariado e o seu governo, é impossível.
4. Que é chegado o momento em que o Bund renuncia à sua posiçom oficial de oposiçom e de tomar a sua responsabilidade para a política do governo soviético».
A resoluçom sobre questões organizativas afirma que: «A lógica consequência da postura política adotada polo Bund é a entrada imediata no Partido Comunista Russo com as mesmas bases que a pertença do Bund ao POSDR. A Conferência autoriza o CC do Bund para conduzir este processo, com a condiçom essencial, de que o Bund preserve no PCR o status de organizaçom autônoma do proletariado judaico».

O sector minoritário, integrado por R. Abramovitch, Eisenstad e G. Aronson racha e cria o Bund Social-Democrata (38).

Em 6 de maio de 1920 o Politburó do Comité Central do PCR-B debate «As Condições para a Admissom do Bund como Membro do PCR» resolvendo «autorizar a Kamenev, Estaline e Preobrazhensky para receber os representantes do Bund e ouvir as suas propostas». A Internacional Comunista rejeita as condições bundistas e finalmente, durante a sua XIII Conferência (Minsk, março de 1921), a maioria de delegados decide a dissoluçom do Bund Comunista e a entrada dos seus membros no PCR-Bolchevique segundo as suas regras de admissom.

Em 1923 os últimos grupos bundistas deixarom de operar na Rússia soviética, eliminados junto os anarquistas, socialistas-revolucionários, mencheviques e outras organizações. Na altura de janeiro de 1925 apenas havia 2.795 antigos bundistas no PCUS, formando 9% dos seus membros de origem judaica, incluindo alguns líderes da Evsekstiia. Entre os mais destacados líderes do Bund que se aderirom aos bolcheviques em 1921 foi Malke Frumkin (1880-1943), que desempenhou um papel importante na Evsekstiia, sendo nomeada vice-reitora da Universidade Comunista das Minorias Nacionais no Oeste. Até a altura de 1926 ela mantivo a sua conviçom de que a cultura judaica poderia ser preservada no meio das mudanças revolucionárias. A começos de 1938, após se demitir como chefa do Instituto de Línguas Estrangeiras de Moscovo, foi arrestada e condenada a oito anos de prisom num campo de Karaganda. Outros antigos bundistas que nom se unirom ao regime marcharom para a Polónia ou os EUA. Os restantes, como Frumkin ou M. Liber e mesmo o máximo dirigente da Evsektisia durante toda a sua existência (Semyon Dimanstein) morreriam durante os grandes expurgos estalinistas dos anos 1930.

NOTAS

(1) O iídiche era a língua materna de 79% dos Judeus da Polónia, 89% da Roménia, mais de 70% da URSS ou 56% da Hungria.

(2) Território que se estendia nas atuais fronteiras da Polónia, Lituánia, Bielo-rússia, Moldávia e Ucránia.

(3) 10% na Zona, 5% fora da Zona e 3% em Moscovo, Sam Petersburgo e Kiev.

(4) Por trás desta decisom acha-se um fator económico: a presença judaica no meio rural coloca um problema à ordem feudal do Império, na medida em que aos camponeses livres nom se lhes permite morar nas aldeias onde tanto a terra como as gentes –servos- som propriedade privada da nobreza (note-se que nessa ordem feudal os judeus eram propriedade dos monarcas). A nobreza polaco-lituana, que perdera os seus direitos feudais após a partilha, quer reconquistar as funções económicas que delegaram aos judeus. Se nas vésperas da anexaçom da Polónia-Lituánia entre 20-30% da populaçom judaica vive nas cidades, a meados do século XIX a urbanizaçom atinge 85% (14% no caso da populaçom nom judaica)

(5) O teórico marxista K. Kautsky definiu estes operários judeus como «párias».

(6) Por exemplo, se bem o número de calorias por dia e por pessoa na década de 1880 é aproximadamente de 4000 na França ou na Inglaterra, de 1500 de média para a Rússia e 1000 para os súbditos judaicos.

(7) Entre 1881 e 1914, mais de 2 milhões de judeus abandonam o Império russo. Os principais destinos forom: EUA (1.750.000), Europa Ocidental (240.000), América do Sul (111.000), Canadá (70.000) e Palestina (45.000).

(8) Enquanto a populaçom do Império russo se quatriplica entre 1812 e 1897, a populaçom judaica multiplica-se por sete, atingindo 5.189.401 pessoas (4,13% da populaçom total). Deste total, 93,9% vivem nas 25 províncias da Zona, onde constituem 11,5% da populaçom (14,5% na Polónia, 13,6% na Bielo-rússia, 9,2% na Ucránia, 14,7% na Lituánia e 11,8% na Bessarábia).

(9) Este grupo incluia homens como Arkadi Kremer, Julius Martov (1873-1923), Vladimir Kossowsky (1867-1941), Avrom Mutnik (1868-1930), Isai Aizenshtat (1867-1937) e John Mill (1870-1952).

(10) Inspirado na Uniom Geral de Trabalhadores da Alemanha fundada por F. Lassalle em 1863.

(11) Os debates deste Congresso realizam-se sob o impato do sionismo («O Estado judeu» de T. Herzl data de 1896 e o Congresso sionista de Bâle de 1897).

(12) S. Dubnow, um destacado historiador e líder do chamado «nacionalismo na Diáspora» acreditava que a comunidade mundial judaica era umha única naçom. Para ele os Judeus estavam mais avançados a despeito doutras nações e transcenderam da necessidade dum território comum e estado soberano polo que poderiam realizar as suas aspirações nacionais através de comunidades autónomas no seio doutros estados.

(13) A partir de 1903 elementos da corrente nacionalista marxista que abandonaram o Bund convergem com sionistas de esquerda e em 1906 constitui-se o Polaei Sion (Trabalhadores de Siom). O seu líder, Ber Borochov, propom umha síntese entre o sionismo e socialismo, luta e classes e consciência nacional, diáspora e existência estatal.

(14): «No fundo deste rascunho está a presunçom de que o proletariado judaico necessita umha organizaçom política independente para representar os seus interesses nacionais entre os sociais-democratas da Rússia. Independentemente da questom de organizar o partido sobre o princípio da federaçom ou o da autonomia, nom poemos permitir que nengumha seçom do partido poda representar qualquer grupo, grémio ou interesses nacionais de nengumha seçom do proletariado. As diferenças nacionais jogam um papel subordinado em relaçom com os interesses de classe comuns. Que tipo de organizaçom teríamos se, por exemplo, numha mesma oficina, os trabalhadores das diferentes nacionalidades pensassem primeiro e como mais importante a representaçom do seu interesse nacional?» (depoimento de J. Martov)

(15) Os cinco representantes bundistas forom Vladimir Kossowsky, Arkadi Kremer, Mark Liber, Vladimir Medem e Noah Portnoy.

(16) A atividade política do Bund intensificou-se grandemente: de meados de 1903 a meados de 1904 o Bund realiza 429 atos políticos, 45 manifes, 41 greves políticas e distribuiçom de 305 panfletos dos quais 23 estavam relacionados com os pogromos e as unidades de autodefesa.

(17) Nessa altura os mencheviques reivindicam 12.000 membros e 8.000 os bolcheviques.

(18) Formulada no Congresso que sobre a questom nacional realizou o Partido Operário Social Democrata da Áustria-Hungria (1899) nos seguintes termos: «cada nacionalidade que vive na Áustria-Hungria, sem consideraçom do território ocupado polos seus membros, constitui um grupo autónomo que regula os seus assuntos nacionais de língua e de cultura (...) As divisões territoriais som puramente administrativas e nom devem comportar prejuízo ao estatuto nacional. Todas as línguas terám os mesmos direitos no Estado». Esta teoria constitui umha das respostas mais originárias face a questom nacional para umha minoria, como os judeus, que careciam dum território nacional.

(19) Em «As lições da Revoluçom de 1905».

(20) A esta regiom do Império austro-húngaro chegaram alguns membros do Bund após o fracasso da Revoluçom de 1905. Alá um grupo de socialistas judeus filiados ao Partido Social-Democrata dos Trabalhadores da Áustria (PSDTA) começou a assumir o ideal bundista e contata com o Partido Social-Democrata Judeu da Galícia. Em 1908 este grupo constituiu-se como Bund da Bucovina e defendeu o reconhecimento dumha nacionalidade judaica separada no recenseamento austríaco de 1910. Em 1912 o Bund da Bucovina conflui com PSDJ adotando o nome de Partido Social-Democrata da Galícia e Bucovina (PSDGB).

(21) O Congresso agrupa de 44 delegados bundistas, 26 letões, 45 polacos e 175 russos, divididos à sua vez em 90 bolcheviques e 85 mencheviques. O apoio dos delegados polacos e letões propicia o triunfo bolchevique.

(22) Quando em fevereiro de 1911, com o governo czarista encurralado, liberais e socialistas presentam na Duma umha proposta para abolir a Zona de Assentamento, a direita e as organizações monarquistas reagem orquestrando umha violenta campanha antijudaica. A apariçom do corpo dum jovem cristao em Kiev é aproveitado polas autoridades czaristas para resuscitar a velha acusaçom de crime ritual contra os judeus. Um judeu de Kieve, Mendel Beilis, encarregado dum forno de tijolos, é acusado e encarcerado sem provas. Ao cabo de dous anos, um jurado declara a Beilis livre de toda suspeita, causando umha humilhante derrota ao regime czarista.

(23) No artigo «O marxismo e a questom nacional».

(24) Porém desde a implementaçom de passaportes internos em 1932, a palavra «judeu» serve para designar umha nacionalidade. Com o objeto de estabelecer os Judeus num território próprio, em 1934 as autoridades soviéticas, após excluir a possibilidade de o situar na Ucránia, criam o Território Autónomo Hebraico de Birobidzhan no extremo oriente russo.

(25) Nessa altura o Bund é um parceiro menor do socialismo russo: conta com aproximadamente 40.000 membros (20% fora da antiga Zona, na sua maioria como refugiados políticos) e com 400 agrupações locais. Os bolcheviques possuem nessa altura 400.000 filiados.

(26) Nesse Congresso a asa direita passa a apoiar as ações contra os bolcheviques, a maioria de esquerdas apoia o Exército Vermelho na guerra civil. O Bund está representado por R. Abramovich (Moscovo), H. Erlich (Norte), Goldshetin e Melamed (Oeste) e Aizenshtadt (Territórios Ocupados).

(27) Aproveitando o vazio de poder que seguiu à Revoluçom, entre finais de novembro de 1917 e fevereiro de 1919 existiu um Estado ucraniano mais ou menos satélite da Alemanha. Na Ucránia vive 60% dos judeus russos e a Constitución da República ucraniana de 1918 reconhecia umha autonomia cultural de base nom territorial para os judeus, representados por Conselhos Judaicos encarregados de administrar a cultura e ensino e cuja comunicaçom com o governo se estabelecia através dum Ministerio de Assuntos Judaicos. O Bund, dirigido por M. Rafes, é partidário dumha Ucránia como parte dumha Rússia federal. Nas eleições à Assembleia Nacional Judaica da Ucránia (novembro de 1918) o Bund recebe 18% de votos.

(28) Entre março de 1918 e janeiro de 1919 existe umha efémera República Popular de Bielo-rússia inspirada na ideologia socialista e nacionalista e protegida pola Alemanha. Nesse período o Bund é um dos partidos políticos que integrou o governo e parlamento. O bundista Mojzesz Gutman foi ministro e participou na redaçom da sua constituiçom como representante da minoria judaica.

(29) Neste país irá-se configurar a principal organizaçom do Bund no período 1918-39.

(30) As atividades do Bund começarom com o congresso de membros de Unzer Tsayt, a seçom letoa (Riga, dezembro de 1918). Dous anos depois tornou-se umha organizaçom autónoma filiada ao Partido dos Trabalhadores Social-Democratas da Letónia e estava representado no seu CC. Após a Primeira Guerra mundial, R. Abramovitch representou o Bund letom na delegaçom do POSDR-Menchevique na conferência de Viena de fundaçom da Segunda Internacional e Meia (fevereiro de 1921). Ao igual que outros grupos da esquerda, foi alvo de ataques por parte da extrema direita. Em junho de 1921 o presidente do partido, Avrom Braun, foi condenado a morte por um tribunal de excepçom. Os bundistas letões conseguirom eleger dous representantes nas primeiras eleições parlamentares em 1918. Nas eleições à cámara municipal de Riga em 1919 o Bund conseguiu eleger 4 representantes numha candidatura conjunta do Bloco Social-Democrata. De fato, no período de entre-guerras, a Letónia foi o único país onde o Bund contou com umha representaçom parlamentar própria (entre 1920-28). Em 1934 este ramo do Bund contava com 500 membros ativos. Após a invasom e anexaçom soviética da Letónia em 1940, as autoridades soviéticas arrestarom a Noah Meisel, principal líder bundista e deputado no período 1922-31 que morreu no exilo em 1956.

(31) A existência do Bund da Lituánia foi bem efémera (de 1919 a 1921). Em 1919 participa nas eleições municipais no marco da lei lituana de autonomia das minorias. Em Vilkovishk, por exemplo, ganhou a maioria absoluta aliado com o Poale Zion. Em Mariampol o Bund consegue 3 lugares de 21. Porém, em 1921 viu-se forçado a cessar as suas atividades polo qual alguns bundistas aderirom o Partido Comunista clandestino enquanto outros ao Poalei Zion de Esquerda. O Bund lituano é desmantelado após o golpe de estado de 1926.

(32) Ao princípio as novas escolas em iídiche forom muito populares, mas o baixo número de escolas secundárias e a ausência de ensino universitário provocam o seu esmorecimento e completa desapariçom a finais dos anos 1930.

(33) O Poalei Sion lutou lado a lado dos bolcheviques na Revoluçom Russa através de milícias judaicas vermelhas (Batalhões Borochov). Aliado da URSS, mantivo a sua própria organizaçom partidária até 1928, quando foi destruída polo stalinismo.

(34) Até a sua dissoluçom em 1930 a Evsektsiia realizou constantes campanhas contra a religiom judaica e o hebraico. Em abril de 1919 procedeu a abolir a maioria das organizações comunitárias. Como parte da sua propaganda antirreligiosa, também enclausurou muitas sinagogas e ilegalizou o ensino religioso e do hebraico ao ser considerada a língua reacionária da burguesia.

(35) Ao remate da Guerra Civil ao redor de 2000 pogromos deixam um saldo estimado de 100.000 judeus mortos e mais de meio milhom sem casa.

(36) Em fevereiro de 1919 os Grupos de Esquerda do Bund ucraniano, que representam a maioria do partido, adotam o nome de Bund Comunista (Kombund), reconstituindo-se como partido independente do proletariado judeu liderizado por M. Rafes. Em maio o Kombund e uniu-se ao Partido Comunista Judaico Unificado para formar a Uniom Comunista Ucraniana (Komfarband) que em agosto se integra finalmente no PC da Ucránia.

(37) Na Bielo-rússia, contrariamente ao acontecido na Ucránia e Rússia, o Partido Comunista Bolchevique da Lituánia e Bielo-rússia aceita em março de 1919 a integraçom nas suas fileiras do Bund local sem forçar a sua entrada individual direta no partido ou através da Evsektsiia. Mesmo solicitarom a dissoluçom da Evsektsiia no Kombund, o que nunca se implementou no que parece ser umha manobra dos comunistas para atrair o apoio do Bund, a organizaçom mais poderosa da esquerda nas cidades bielo-russas.

(38) O seu líder, R. Abramovich partiu para a Europa ocidental junto com umha delegaçom menchevique para nom voltar jamais. Em 1922 a representaçom no exterior do Bund Social-Democrata participou num protesto contra o juizo aos líderes socialistas-revolucionários em Moscovo. Igualmente, em 1924 fixo parte da plataforma do POSDR-M em Berlim. Os seus principais representantes (Abramovic, Y. Aizenshtat e G. Aronson) integrarom a delegaçom menchevique no exilo.

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