quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

EINSTEIN, O SIONISMO E ISRAEL

O SIONISMO

1. Carta ao Professor Dr. Hellpach, Ministro do Estado. Esta resposta de Einstein é de 1929 e foi publicada no Mein Weltbild (Minha visom do mundo) Amsterdam, 1934.

"Prezado Sr. Hellpach:

Eu li seu artigo sobre o sionismo, assim como o Diário Sessões de Zurique, e eu sinto umha grande necessidade de lhe respostar, na minha condiçom de quem se considera um defensor da ideia sionista.

(...)

Percebi que o restabelecimento desse povo era possível apenas recorrendo a que todos os judeus da terra formassem umha comunidade vivente, na que cada pessoa isolada pudesse pertencem com alegria, tornando suportável o ódio e a humilhaçom que deve tolerar em toda parte por parte dos outros.

(...)

Por isso nom percebi que apenas uma obra comum, que fosse do agrado para o coraçom de todos os judeus do mundo, poderia reabilitar este povo. Foi uma tremenda façanha de Herzl reconhecer e apontar com toda a sua força e energia que, dada a formaçom mental tradicional dos judeus, poderia-se considerar que a instalaçom dum Lar ou, falando mais claramente, um lugar central para eles na Palestina era umha obra digna de concentrar todas as forças sobre ela.

Você chama isso de nacionalismo, e nom sem razom. Mas umha tendência comum sem a qual nós podemos viver nem morrer neste mundo hostil, nunca pode ser designada com esse nome desagradável. Em qualquer caso, é um nacionalismo que nom tem desejos de poder, mas à dignidade e o valor moral. Se nom estivéssemos a viver entre homens intolerantes, mesquinhos e com tendência à violência, eu seria o primeiro a deixar o nacionalismo em favor do humanismo universal!"



2. “A Palestina Trabalhadora”, em Mein Weltbild (Minha visom do mundo), Amsterdam, 1934.

“É também essa classe trabalhadora que é capaz de desenvolver relações normais e francas com o povo árabe, que é um dos problemas mais importantes do sionismo. Porque os governos e as administrações vêm e vam, mas as relações humanas som as que dam o tom final na vida dos povos. Por esta razom, o apoio dado à “Palestina Trabalhadora” significa ao mesmo tempo umha política humana e digna na Palestina, uma luta eficaz contra as subalternos e mesquinhos movimentos nacionalistas que padece hoje o mundo político em geral como, embora em menor grau, o pequeno mundo político da obra que se está a desenvolver na Palestina".



3. O renascimento judaico, Mein Weltbild (Minha visom do mundo), Amsterdam, 1934.


"Sob o impulso e a influência do sentimento de solidariedade judaica recém acordado, a colonizaçom palestina, lançada pelos abnegados e perspicazes líderes apesar das dificuldades que pareciam invencíveis, pudo chegar a resultados concretos, eu nom posso duvidar que este sucesso será duradouro. O valor de tal obra é muito alto para os judeus ao redor do mundo. Palestina será um local de cultura para todos os judeus, um refúgio e asilo para os mais carenciados, o escopo para os melhores entre nós, ideal unificador e meio para a reabilitaçom dos judeus de todo o mundo”.



4. “A nossa dívida com o sionismo”, Discurso em Nova Iorque em 17/4/1938.

"Reunimo-nos neste momento por causa da nossa preocupaçom com o desenvolvimento da Palestina. Neste momento temos de insistir, acima de tudo, num aspecto: o judaísmo tem uma grande dívida de gratidom para com o sionismo. O movimento sionista reviveu entre os judeus sentimentos de comunidade. Tem feito uma obra criativa que supera todas as expectativas que se poderiam ambicionar. Esta obra criadora na Palestina, à que contribuirom, cheios de abnegaçom, os judeus ao redor do mundo, tem salvado um grande número dos nossos irmãos da pobreza mais cruel. Em particular, foi possível encaminhar uma parte muito considerável dos nossos nossos jovens para umha vida de trabalho pacífico e produtivo.

No entanto, a doença, fatal do nosso tempo, o nacionalismo exagerado, apoiado pelo ódio cego, levou a nossa obra contra um obstáculo extremamente difícil. Os campos cultivados durante o dia devem ser guardados durante a noite com armas, contra os fanáticos árabes, conceituados fora da lei. Toda a vida econômica experimenta insegurança. O empreendedorismo esmorece e um número de desempregados tem aparecido (modesto comparado com os valores norte-americanos.)

A solidariedade e confiança com que os nossos irmãos na Palestina enfrentam estes desafios merecem a nossa admiraçom. As contribuições voluntárias daqueles que conservam o emprego mantêm os desempregados. A moral permanece alta na segurança de que a razom e a calma acabarám por pegar novamente. Todo mundo sabe que os tumultos som artificialmente incentivos por aqueles interessados em criar desordem nom só para nós, mas especialmente para a Inglaterra. Nom é segredo para ninguém que o bandidismo deixaria de existir se os subsídios estrangeiros fossem eliminados.

(...)

Além disso, uma opiniom pessoal sobre a questom da partilha. Eu prefiro contemplar um acordo razoável com os árabes, com base na vida partilhada e em paz, do que a criaçom dum Estado judeu. Deixando de lado as considerações de ordem prática, a minha visom da natureza essencial do judaísmo opõe-se à idéia dum Estado judeu com fronteiras exército e um grau de poder temporal embora for modesto. Estou chocado com a idéia do dano que sofreria o judaísmo, sobretodo polo desenvolvimento dum nacionalismo estreito dentro de nossas próprias fileiras, contra o qual sempre fomos forçados a lutar vigorosamente, mesmo sem um Estado judeu. Nós nom somos mais os judeus do período dos Macabeus. Voltar tornar-nos umha naçom no sentido político da palavra equivaleria para nós un afastamento da espiritualizaçom da nossa comunidade, que devemos ao gênio dos nossos profetas. Se acima de todo qualquer necessidade externa nos obrigasse a lidar com esta tarefa, façamos a partiçom com tato e paciência”.



ISRAEL


5. “Temos de ganhar a paz”. Palestra dada em Nova Iorque em dezembro de 1945.

“Enquanto na Europa se repartem territórios sem o menor respeito pelos direitos das pessoas afectadas, o que resta dos judeus europeus, um quinto de sua populaçom antes da guerra, comprova que continua a lhe ser negada a entrada no seu abrigo natural da Palestina e fica exposta à fome e frio e à hostilidade persistente. Nenhum país está disposto ou é capaz de oferecer os judeus um lugar onde possam viver em paz e segurança. E o facto de que muitos permaneçam nas condições degradantes dos campos de concentraçom em que os aliados os mantêm, é a prova concludente da situaçom desesperada e humilhante que suportam esses infelizes.

Impede-se de entrar na Palestina aos perseguidos sob o pretexto do princípio da democracia, mas na verdade as potências ocidentais que apóiam a proibiçom do Livro Branco, cedem perante as ameaças e as pressões externas de cinco estados árabes grandes e pouco povoados. É irônico em grande medida que o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros diga aos indefesos judeus europeus que devem ficar na Europa porque lá o seu talento é necessário, e por outro lado, lhes aconselhe que nom tentem colocar-se à cabeça de qualquer movimento de concorrência para nom levantar novamente o ódio e a perseguiçom. Em suma, duvido eu que já nom o possam evitar, pois com os seus seis milhões de mortos viram-se empurradas, contra a sua vontade, para encabeçar a trágica lista das vítimas nazistas”.



6. “Os judeus de Israel”, Alocuçom de rádio emitida em Nova Iorque (27/11/1949)

“Nom existe nenhum outro grande problema para nós, os judeus, que a consolidaçom do que foi realizado em Israel com uma energia incrível e um ardor sem igual perante o sacrifício. Que a alegria e admiraçom que sentimos quando pensamos em tudo o que este pequeno grupo de gente capaz e reflexiva realizou possa nos dar a força para aceitar a enorme responsabilidade que esta situaçom nos impõe.

Ao considerar esta realizaçom nom devemos, porém, perder de vista a causa a que devemos servir com esse compromisso: ajudar os nossos irmaos em perigo espalhados em muitos países, reunindo-os em Israel, a criaçom dumha comunidade que se aproxime tanto quanto possível dos ideais éticos de nosso povo, tal como eles foram formados no decurso dumha longa história.

Umha dessas ideias é a paz, alicerçada na compreensom e o domínio de si próprio, e nom na violência. Por estarmos imbuídos deste ideal a nossa alegria mistura-se de tristeza porque as nossas relações com os árabes, nesta altura, estám longe deste desiderato. Talvez tinha sido possível alcançar este ideal se nos tivessem permitido estabelecer as nossas relações com os vizinhos sem sermos perturbados por outros, porque nós precisamos de paz e percebemos que o nosso desenvolvimento futuro depende da paz.

Nom foi tanto culpa nossa ou a dos nossos vizinhos, mas da potência emcarregada do Mandato que nom temos conseguido uma Palestina nom dividida em que árabes e judeus vivessem como iguais, livres e em paz. Quando uma naçom domina a outras, como foi o caso do Mandato britânico na Palestina, quase nom pode evitar seguir sentença bem conhecida: Divide et impera. Em linguagem simples, isto significa: cria discórdia entre as pessoas que governas e assim nom se unirám para sacudir o jugo que lhe tens imposto. Pois bem, livramos-nos da sujeiçom, mas a semente da discórdia produziu frutos e mesmo poderia ser prejudicial durante algum tempo no futuro, espero que esta situaçom nom se prolongue demais.

Os judeus da Palestina nom combaterom pola independência política como tal, lugarom para obter umha livre emigraçom dos judeus de muitos países, onde a própria existência está em perigo, umha emigraçom livre também para aqueles que desejam viver entre o seu povo. Nom é exagero dizer que eles lutarom para tornar realidade um sacrifício talvez único na história.

Nom me refiro à perda de vidas e propriedades ao combater contra um inimigo numericamente muito superior, nom penso tampouco no trabalho duro que é o destino do pioneiro num país descuidado e estéril. Penso sim no sacrifício extraordinário dum um povo que vive nessas condições deve realizar para receber, no decurso de dezoito meses, uma onda de imigrantes que abrange mais dum terço do total da populaçom judaica do país.

(...)

É necessário que essa grande obra nom fracasse, dado que que os judeus do país nom têm os meios que lhes permitam ajudar com eficiência e rapidez. Aqui oferece-se a ocasiom, na minha opiniom particularmente favorável, a todos os judeus para mostrar o seu espírito de caridade e a sus solidariedade, porque as circunstâncias obrigam-nos a intervir activamente na realizaçom desta grande tarefa”.


7. Palestra realizada na Universidade Hebraica de Jerusalém, publicada em Nova Iorque em 1949

“Neste último período de realizaçom dos nossos sonhos só existiu um facto que pesa muito sobre mim: que nos víssemos obrigados, pola desgraça da nossa situaçom, a fazer valer os nossos direitos pola força das armas como a única maneira de evitar a nossa aniquilaçom total. No entanto, a sabedoria e a moderaçom que demonstrarom os líderes do novo Estado judeu enchem-me de esperança de que pouco a pouco serám estabelecidas relações com o povo árabe com base na cooperaçom fecunda, o respeito e a confiança mútua. Porque este é o único meio através do qual os povos podem conquistar a independência real do mundo exterior".

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