sábado, 28 de junho de 2025

GUERRA DOS DOZE DIAS

 Irving Gatell


1. Há dous factos objetivos inegáveis ​​neste ponto:

A) A vitória de Israel foi retumbante, inversamente proporcional à derrota e humilhaçom do regime iraniano.

B) A sociedade iraniana NOM ESTÁ PRONTA para promover umha mudança de regime por conta própria.

Durante a Guerra dos Doze Dias Israel atacou a cabeça da cobra do chamado "eixo da resistência"


2. Este último ponto é a chave para compreendermos a situaçom atual: o regime está ferido e procuraria vingar-se do seu próprio povo.

Poderia Israel ter derrubado o regime?

Sim, sem dúvida. Mas nem sempre esta é a melhor linha de açom.


3. Quando um país nom está pronto para passar por umha transiçom, um derrube do governo induzido por estrangeiros causa mais problemas do que resolve. São os casos recentes do Iraque e da Líbia.

Se Israel tivesse derrubado o regime, o caos teria sido maior.


4. E o que significa caos maior? No mínimo, massacres por parte dos restos do regime contra a populaçom; e umha crise migratória que teria afetado o Azerbaijão, o Turquemenistão, o Paquistão e os países do Golfo Pérsico, desestabilizando toda a regiom.


5. Além disso, o risco dum aumento dos preços do petróleo teria aumentado devido a ameaças mais credíveis no Estreito de Ormuz.

Isto teria desencadeado a inflaçom global, e a mais afetada, curiosamente, seria a China, que compra ali mesmo 50% do seu petróleo.


6. No final de contas, o que estamos a ver é um exemplo clássico da Teoria dos Jogos.

Trump, Netanyahu e outros intervenientes-chave neste jogo perceberam que correr mais riscos nom gerava mais lucros, mas sim prejuízos.

Era tempo de acabar com isso.

Por enquanto, certo.

O ataque de Israel apagou a ameaça para todo o mundo civilizado 


7. Em princípio, os objectivos de Israel foram mais do que alcançados.

O Irão já nom tem um plano nuclear, nem um plano de mísseis balísticos, nem representa umha ameaça existencial. Todos os riscos que ainda existiam há duas semanas evaporaram-se por enquanto. Além disso...


8. Para os Estados Unidos, Israel e Irão, as condições são muito claras: se o Irão fizer algo que ponha Israel em risco, será atacado polas Forças de Defesa de Israel (e nom tem capacidade para se defender). Se tentar refazer o seu plano nuclear, será atacado polos Estados Unidos.

As bravas mulheres iranianas começaram a perder o medo do regime dos aiatolás 


9. O Irão pode gabar-se o quanto quiser, mas a realidade é que foi drasticamente humilhado. Há poucas horas, perante a possibilidade dumha dura retaliaçom israelita, alterou várias vezes a sua versom dos factos (em tom de lamúria), pois sabia que estava em risco.


10. Esta é umha situaçom de extrema gravidade para o regime, que DEIXA A PORTA ABERTA ao seu colapso interno.

Por quê? Simples: o Irão está agora a retomar o seu quotidiano a partir da realidade devastadora de que NINGUÉM o vê como umha potência regional.

Perderam o medo dele.

Israel é a maior potência militar do Próximo Oriente


11. Polo contrário, Israel consolidou a sua posiçom como a maior potência militar da regiom. A sua primazia é incontestável, e os seus inimigos já perceberam que nom está a brincar.

O eixo iraniano está quebrado.

O que os aiatolás, o Hezbollah e o HAMAS representavam JÁ NOM EXISTE.


12. O aiatolá Khamenei —um líder octogenário e deprimido— perdeu todos os seus homens de confiança. Agora, precisa de renovar o governo, mas tem um problema: os militares que ainda estão vivos são inevitavelmente suspeitos de colaborar com Israel. Se nom, porque estão vivos?


13. Há enormes vácuos de poder dentro do regime iraniano e muita desconfiança entre eles.

A combinaçom perfeita para que o regime nom consiga simplesmente restaurar-se.

Além disso, estão falidos. O investimento multibilionário que era o seu império foi por água abaixo.

O aiatolá viu desaparecer os homens fortes do seu regime islamo-nazista


14. O que Trump está a calcular —e a facilidade com que Netanyahu coopera deixa-me claro que ambos partilham esta ideia— é que é tempo de deixar as cousas acalmarem dentro do Irão, SEM PRESSOM ESTRANGEIRA.

O resultado nom será bom para o regime.


15. Poderá o Irão, num gesto de fanatismo, tentar violar todos os acordos e regressar aos seus velhos hábitos?

Podem, mas é claro que nom serão tratados com gentileza.

Eles vão querer fazer isso? Estão desesperadamente ansiosos, sem dúvida, mas por enquanto têm de lidar com a sua situaçom interna.


16. Esta é talvez a maior mudança ocorrida nestes doze dias: o Irão precisa de esquecer os seus planos externos —que definiram a sua razom de ser desde 1979— e começar a olhar para o seu próprio umbigo.

A própria sobrevivência do regime depende disso, e isso nom é garantida.



17. Israel, por outro lado, regressa à guerra em Gaza numha posiçom mais confortável.

O Irão, o último apoio económico e moral do HAMAS, está derrotado. Dado o curso dos acontecimentos, já nom é do interesse do Catar mudar de assunto.

O fim desta guerra também se aproxima.


18. Muitos de nós teríamos adorado ver os aiatolás a entrar em colapso, mas os líderes políticos que enfrentaram o problema em primeira mão sentiram que, por enquanto, nom há necessidade de pressionar ainda mais a aliança.

O Irão está derrotado e humilhado, e ninguém pode mudar isso.


19. A prova de que chegámos a um ponto em que as grandes conquistas desta guerra são puro lucro reflecte-se nos mercados.

Os preços do petróleo nom subiram, o mercado bolsista israelita está em alta e o dólar valorizou.

É tempo de assimilar as novas condições.


20. Os Estados Unidos e Israel continuarão o seu projeto de remodelaçom da realidade no Próximo Oriente. O Irão já nom é o obstáculo que já foi. A Arábia Saudita irá certamente juntar-se ao esforço, agora que a migraçom de iranianos já nom obscurece as perspetivas.


21. Se o projeto progredir como previsto, a Síria e o Líbano entrarão na órbita ocidental, consumando a derrota do Irão. O desenvolvimento e a prosperidade chegarão à regiom, e os aiatolás ficarão à margem, isolados, como crianças pobres a olhar pola montra da padaria.


22. Aqueles que conhecem este conflito por dentro consideram que é tempo de as cousas evoluírem, e nom de revolucionarem.

A guerra do fim dos tempos, que deveria culminar na destruiçom de Israel, terminou com um sucesso retumbante para o Estado judaico.


23. Agora Israel tem um caminho certo para reconstruir todos os danos que sofreu, reanimar a sua economia (acreditem, há muita tecnologia militar nova que muitos países vão comprar e pagar MUITO bem depois de tudo o que vimos), e tudo isto sem inimigos existenciais.


24. Melhor ainda: pode concentrar-se nos reféns que ainda estão nas mãos do HAMAS, deixando este grupo terrorista sem outra escolha senom render-se e exilar-se.

As guerras nom são apenas sobre vencer.

É preciso saber gerir o que se conquista.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

A DIÁSPORA DA JUDIARIA PORTUGUESA

 Maria José Ferro Tavares

O êxodo dos cristãos novos portugueses iniciou-se, apesar da proibiçom, imediatamente após o batismo forçado. Partiam clandestinamente para a Itália ou para o norte de África islâmico, lugares onde podiam viver livremente a sua fé ancestral.


Se D. Manuel, durante os primeiros anos, limitou a saída para o exterior do reino às famílias cristãs novas —nom aos indivíduos, desde que aqui permanecessem os pais, a mulher e os filhos—, com a intençom de os coagir a um regresso e à integraçom na sociedade cristã velha, a verdade é que, perante o levantamento de 1506 contra os cristãos novos de Lisboa, o soberano decidia dar a oportunidade de abandonar o reino livremente aos que quisessem partir para outras terras, permitindo-lhes a venda dos bens.

Fogueira de judeus e cristãos-novos relapsos em Lisboa, 1506 (panfleto alemão anónimo)


Assim, entre 1507 e 14 de junho de 1532, os descendentes dos Judeus puderam ir para outras partes da cristandade ou do Islão, com as suas famílias e riquezas, e regressar ao judaísmo.


Com intervalos, esta permissom ser-lhes-ia permitida. Assim sucedeu por altura dos perdões gerais de 1535 e 1547, intercalada pola proibiçom, durante três anos, para minorar as consequências económicas e sociais da sangria deste corpo ativo. Em 1573, voltava-se a proibir a partida que seria restabelecida em 1577 e novamente revogada em 1580. Em 1601, os cristãos novos compravam ao rei de Espanha e de Portugal a liberdade de circulaçom, interdita de novo em 1610.


Alguns políticos defendiam, como única soluçom para o reino, a expulsom da minoria cristã nova herética e das suas famílias. Tal proposta nunca passou de projeto pois, a contrariá-la, tinha a voz dos opositores que viam o êxodo um prejuízo para o país e, sobretudo, a dos próprios inquisitores.


Clandestina ou legalmente, os cristãos novos foram abandonando Portugal, ao longo destes três séculos. Oportunidade de diáspora foram as conquistas portuguesas do norte de África e, sobretudo, o Índico, o Brasil e a América espanhola, antes da penetraçom nestes territórios do Tribunal do Santo Ofício. Depois do estabelecimento deste, estas regiões mostravam-se tão perigosas quanto o reino, para o cristão novo.

Em 1591, o Brasil recebeu a primeira “visitação” dum agente oficial do Tribunal do Santo Ofício, Heitor Furtado de Mendonça.


Nestas visitas, os agentes licenciados analisavam os pecados, promoviam celebrações, aceleravam casos e compilavam as denúncias. Eram representantes diretos do tribunal, que gozavam de todo o poder e prestígio da Inquisiçom. 

O Brasil teve quatro visitações oficiais: 1591-1595, 1618-1620, 1627-28, 1763-1769. No entanto, nos períodos sem visitas, a Inquisiçom continuava ativa.


Três das quatro visitações tiveram lugar durante o domínio espanhol de Portugal (1580-1640).


Exemplos de documentos que relatam denúncias no Brasil de suspeitos de "judaizar" 📷 Reprodução/Livro "Cristãos-novos, seus descendentes e Inquisição no Ceará"

O comércio com a vizinha Espanha ou com as regiões mais longínquas da Europa, como Antuérpia, na Flandres, ou Amsterdão e Hamburgo na Europa do norte a que se juntaria Londres, possibilitou-lhes, à semelhança do que acontecia com o trato no Mediterrâneo, cristão e turco, a saída sem regresso ou com um retorno, após umha ausência mais ou menos longa, com passagem ou nom polo judaísmo.


A opçom pola religiom judaica, a permanência na judiaria, o uso do sinal, a ida à sinagoga, a circunscisom e a tomada do nome judeu significavam a impossibilidade de voltar ao reino, quer como cristãos, quer como Judeus. O regresso implicava a «expiaçom» voluntária com a auto apresentaçom num dos tribunais inquisitoriais, ou o medo da denúncia, feita aos inquisidores por cristãos, geralmente cristãos novos, que os conheceram e com eles comunicaram o judaísmo, em terras de infiéis ou noutras partes da cristandade, apesar das diversas identidades assumidas quando do regresso ou passagem temporária por um dos reinos da Península Ibérica.




A diáspora cristã nova refletiu, assim, vários aspetos dumha mesma realidade:

> que partiram para, em liberdade, poderem regressar à religiom ancestral e à sua identidade histórica como «povo de D'us» a caminho da Terra da Promissom;

> os que, preferindo o exílio, continuaram a viver como cristãos em terras da cristandade, longe da Inquisiçom peninsular;

> os que, perseguidos polo Santo Ofício, eram enviados polas suas famílias para o estrangeiro, mantendo longe do reino os laços familiares, muitas vezes como representantes de sociedades comerciais e financeiras, sediadas em Portugal ou/e na Espanha.


Apesar da dispersom geográfica e religiosa, a Diáspora Judaica Portuguesa conservou umha relativa coesom cujos fatores de unidade se exprimem através da língua, da literatura, da liturgia, da arquitetura, dos patronímicos ou ainda da arte funerária. Embora de natureza compósita, a diáspora judaico-portuguesa partilha umha comunidade de destino e leva ao surgir dumha forma de pertença coletiva única, designada polo termo “A Nação”, que perpetua a memória dos seus vínculos judaicos e portugueses.


Maria José Pimenta Ferro Tavares (Lisboa, 1945) é umha historiadora e professora portuguesa, especialista na história dos Judeus e dos cristãos novos em Portugal. Em 1998 foi a primeira reitora dumha universidade ou instituiçom de ensino superior em Portugal. As principais obras dela são "Os Judeus em Portugal no século XIV", Lisboa, Guimarães Editores (2000) e "Os Judeus em Portugal no século XV", Universidade Nova de Lisboa  (1982-1984).

Fonte: Linhas de Força da História dos Judeus em Portugal UNED

domingo, 15 de junho de 2025

AS LIÇÕES DA GUERRA DOS SEIS DIAS NO ATUAL ATAQUE AO IRÃO

 John Spencer

Em 1967, Israel enfrentou a aniquilaçom. O Egito fechou o estreito de Tiran. Cinco exércitos árabes mobilizaram-se (465 mil soldados, 2800 tanques e 800 aviões). Israel atacou primeiro e, em seis dias, derrotou o Egito, a Síria, a Jordânia, o Iraque e o Líbano. Foi umha preempçom para a sobrevivência.


Em 2025, Israel enfrenta umha ameaça diferente, mas nom menos existencial. O regime islâmico do Irão esteve a poucos dias dum ataque nuclear e já possui mísseis capazes de atingir cada centímetro de Israel. Trata-se dum regime que financia o HAMAS, o Hezbollah, os Houthis e entoa cânticos de "Morte a Israel" como política.


O Irão tem (ou tinha):


- Urânio enriquecido suficiente para umha bomba em poucos dias

- Mísseis balísticos de 2000 km

- Agentes terroristas em todas as fronteiras israelitas

- Umha rede militar-industrial protegida no subsolo


A liçom de 1967 ainda se aplica.


A prevençom non é escalada. É sobrevivência.


Israel nom pode esperar por um segundo Holocausto antes de agir.


Quer se trate de cinco exércitos árabes em 1967 ou dum Irão com armas nucleares em 2025, o princípio continua a ser o mesmo: atacar antes que seja tarde demais, ou nom sobreviver.





Cenários da guerra entre Israel e o Irão 

João Koatz Miragaia 


> Irão

O principal cenário de fim da guerra que seja positivo para o Irão, é derrotar Israel. O que isso significa?


1. Destruir o reator nuclear israelita e as capacidades militares do país, impondo umha humilhaçom.


Este cenário é possível, embora nom parece ser provável frente à aparente superioridade militar de Israel e o apoio dos EUA. Mas, suponhamos que o Irão seja capaz: Israel render-se-ia? É muito pouco crível. A maior possibilidade seria dum confronto estendido por meses.


2. O Irão destrói o Estado de Israel.


É pouco provável que o Irão tenha essa capacidade, e o país aparentemente nom conta com aliados capazes e interessados nessa tarefa. Caso tenha, seria umha tragédia, com centenas de milhares de mortos (inclusive palestinianos).


3. O Irão impõe uma situaçom de desgaste que derruba o governo de Israel.


Esta seria umha possibilidade, mas, no momento, a guerra justamente fortalece o governo israelita. É pouco crível. Mas falaremos do desgaste mais tarde. 


> Israel.

1. Israel destrói os reatores nucleares do Irão e provoca umha humilhaçom militar.


Talvez esse seja o principal objetivo, mas Israel é capaz disso? O reator de Natanz, que já foi atingido, tem as suas 20 mil centrífugas numha estrutura subterrânea fortemente protegida.


Amos Yadlin, ex-comandante da inteligência militar israelita, diz que o país nom tem condições militares de detonar o reator de Natanz como fez com Osirak (1981) e Deir ez-Zor (2007), no Iraque e na Síria. Os iranianos fortificaram os seus reatores,. aprendendo a liçom a partir da vulnerabilidade alheia. Noutras palavras, Israel precisaria da ajuda dos EUA para desencadear essa missom, algo que Trump nom parece disposto a fazer, sobretudo porque quer mudar a dinâmica de atuaçom dos EUA na regiom.


2. Israel submete um golpe forte ao Irão forçando-os a negociar um acordo nuclear.


Esse, segundo Yadlin, é o objetivo de Israel e dos EUA. Trump já disse diversas vezes que o Irão deveria voltar a negociar, caso contrário o estrago seria ainda maior. Mas é difícil acreditar que a República Islâmica se submeteria a essa humilhaçom. Por ora, nom há umha oposiçom fortemente armada no país, disposta a iniciar umha guerra civil e a derrubada do regime. E as consequências podem sair pola culatra.



Guerra de desgaste

E aí entra a outra vez a opçom da guerra de desgaste. Mesmo enfraquecido, se o regime nom está em vias de ser derrubado, o desgaste passa para o outro lado. Israel pode lidar com meses dumha guerra de desgaste, com bombardeios a cada 3 dias?


Alguns podem pensar: se o Irão pode, Israel também pode. Mas isso é um engano. A populaçom do Irão vive há décadas sob sanções o crises econômicas, ao contrário da de Israel. Israel está mais vulnerável a um forte declínio no estilo de vida dos cidadãos.


Além disso, a economia israelita depende muito da indústria de alta tecnologia, e umha longa e pesada guerra pode afetar muito o seu desenvolvimento. Umha populaçom pequena, desgastada e dividida nom é um bom cenário para umha longa guerra.


Baseado nisso está o meu pessimismo: Israel está acostumado a guerras rápidas, enquanto o Irão tem um histórico de guerras longas. O ataque do dia 13 de junho foi devastador, porque é isso o que Israel sabe e pode fazer. Pode sustentar esse ritmo por uns dias. E depois? 


O Irão certamente aposta na longa duraçom, e o que vai definir a situaçom é o tamanho do golpe que Israel conseguirá infligir. E Trump é figura essencial nessa história.


E por que eu nom estou otimista?

Porque eu no vejo esse confronto acabando rapidamente.


Eu gostaria de ver umha saída diplomática, um Próximo Oriente de paz, sem ocupaçom, massacres nem armas nucleares. Mas essa guerra nom parece que vai levar a esse fim. Na melhor das hipóteses, adia a próxima guerra, aumentando o ódio. Na pior, vira umha guerra infinita.



Nom acho que o vespeiro é maior do que a guerra Rússia x Ucrânia, mas nom dá para desprezar o tamanho da destruiçom que esse confronto ainda pode provocar.


sexta-feira, 13 de junho de 2025

ATAQUE RELÂMPAGO DE ISRAEL HUMILHA O IRÃO

 2h58

Israel iniciou esta madrugada a operação Rising Leon atacando vários pontos estratégicos no Irão. 

8h30

O que se sabe até agora?

O quartel-general da Guarda Revolucionária em Teerão foi atingido e o seu comandante, Hossein Salami, foi eliminado. Ali Akbar Ahmadian, Secretário-Geral do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão, Esmail Qaani, o chefe da Força Quds, Gholam Ali Rashid, e o Vice-Chefe do Estado-Maior do Irão, Gholam Ali Rashid, foram igualmente eliminados.

Fontes iranianas afirmam que todos os S-300 foram destruídos, os únicos sistemas capazes de interceptar mísseis balísticos, e que só em Teerão foram atingidos por mais de 100 ataques e consequentes explosões.

A Atomic Energy Organization of Iran (AEOI) confirmou que a Central Nuclear de Natanz, no centro do país, sofreu grandes danos como resultado dos ataques com mísseis israelitas assim como o maior local de mísseis do IRGC em Khorramabad e a base de mísseis Imam Ali. 

Como retaliação, mais de 100 drones foram lançados contra Israel a partir do Irão e do Iémen. Caças israelitas, britânicos e americanos estão preparados à espera do ataque que está previsto iniciar dentro de poucas horas.

Israel declarou Estado de Emergência e a companhia de aviação nacional, a EL AL, deixou de operar.



10h30
Foi divulgado que a Mossad estabeleceu uma base secreta de drones no interior do Irão de onde foi lançado parte do recente ataque com recurso a munições não tripuladas.
Confirmada que a instalação nuclear de Natanz foi completamente destruída.
O Major-General Mohammad Bagheri, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, foi também eliminado em Teerão.
O Irão cancelou a 6ª ronda de negociações sobre o seu programa nuclear com os EUA, agendada para domingo em Omã.
Confirmam-se intercepções sobre o espaço aéreo iraquiano e sírio numa operação aérea de defesa contra a retaliação do Irão que reuniu caças americanos, britânicos, sauditas, jordanos, israelitas, italianos e do Qatar.

11h30
Caças da Força Aérea israelita atacaram durante a noite a instalação de enriquecimento de urânio do regime iraniano na região de Natanz. Esta é a maior instalação de enriquecimento de urânio do Irão, que opera há anos para atingir a capacidade de produzir armas nucleares e alberga as infra-estruturas necessárias para o enriquecimento de urânio.
Enquanto a maioria dos oficiais da Força Aérea do IRGC foram mortos, todos os pilotos e tripulantes da Força Aérea israelita que participaram no ataque contra o Irão regressaram à base em segurança.

18h
Enquanto Israel iniciou há pouco um novo ataque ao Irão, os Houthis ao tentarem retaliar contra Israel acabaram a atingir… a vila palestiniana Sa'ir no West Bank.

19h
Enquanto Israel bombardeia a casa do líder supremo em Teerão, os mísseis que o Irão lançou em retaliação estão a cair dentro do próprio território, momentos depois de serem disparados, criando a especulação se terão sido sabotados pelas forças israelitas.

Sofia Afonso Ferreira acompanhe a conta dela para conferir mais informações!

O ANTIJUDAISMO MODERNO EM PORTUGAL

 Maria Jose Ferro Tavares

As representações mentais, sejam elas quais forem, pertencem à história da longa duraçom e, por isso, a sua mudança ocorre num tempo muito lento. Neste caso, encontra-se a imagem que a cristandade forjou para o judeu e, também, a que este criou para os indivíduos daquela. O cristão novo designava os cristãos velhos por «goim», enquanto estes o apelidavam de judeu herege.


Numha tentativa de afirmaçom histórica como povo, definido por umha religiom e por uma tradiçom ancestral, os cristãos novos procuraram no hermetismo e na endogamia as razões da sua sobrevivência histórica e do seu direito à diferença, apesar da proibiçom legal que os caracterizava, depois do batismo, como gente nom distinta dos cristãos de origem.


Ao encerramento sobre si próprios correspondia a suspeita, por parte dos cristãos velhos, de práticas religiosas judaicas e da esperança na vinda do Messias. As acusações de criptojudaísmo começaram a avolumar-se e a comunidade cristã de origem rejeitava os recém convertidos por hereges.


Foi dentro deste clima psicológico a que se veio juntar a fome e a peste, assim como a ausência da corte de Lisboa, que ocorreu o massacre dos cristãos novos, em 1506. As descrições desta tragédia foram transmitidas por cronistas portugueses de ascendência cristã e judaica, e por um anónimo alemão. Entre mil e quatro mil teriam sido as vítimas.



Pola primeira vez, materializava-se num levantamento popular de consequências graves para a minoria a consciencializaçom dum antijudaísmo no seio do povo miúdo, empolado e levado às últimas consequências polas pregações inflamadas de frades mendicantes, neste caso, os de S. Domingos de Lisboa. Para D. Manuel foi o primeiro sinal de que a integraçom pretendida podia falhar, de ambas as partes.


A partir deste momento a contençom para com os antigos Judeus, por parte da maioria cristã velha, era difícil e o antijudaísmo enveredou por um crescimento galopante, durante o período moderno, com cristas de afirmaçom violenta em períodos de crise social, política ou económica que se viriam a manifestar em uniões populares. A denúncia fácil de heresia, os escritos e panfletos antijudaicos, os sermões contra os falsos cristãos, as visitações diocesanas e as inquisitoriais, os autos públicos da fé, etc, exacerbaram este antijudaísmo a que nom foi estranha a velha rivalidade social e económica, quer entre cristãos velhos e cristãos novos, quer entre estes últimos.

A Inquisiçom, com os autos públicos da fé, veio a aumentar o antijudaísmo popular 


A Inquisiçom, com o seu clima de medo e dumha compulsom pola força de todo o comportamento religioso, social e cultural, entendido como anómalo ao padrom estabelecido polo estado e pola Igreja, iria alimentar este ódio popular, estendê-lo a outras franjas sociais que inicialmente lhe eram alheias e transformá-lo no sentir generalizado de quase todos os portugueses. A este sentimento coletivo nom foram estranhos também os próprios cristãos novos, quando rejeitavam exteriormente os que se afirmavam pola diferença.



A segregaçom dos hereges era exigida para a preservaçom da cristandade. A rejeiçom social viria a conduzir, paulatinamente, a partir da segunda metade do século XVI, à exclusom de certas funções a qual se veio a agravar com a dominaçom espanhola e durante o século XVII com as inabilitações para as honras, cargos eclesiásticos e universitários. Tentou-se igualmente impedir que, polo casamento, os cristãos novos continuassem a entrar na nobreza de linhagem. Para tudo passaria a ser necessária a carta-certidom de limpeza de sangue.


A esta exclusom social e mental contrapunha o doutor Fernando Cardoso, médico das cortes de Filipe III e Filipe IV, ou Isaac Cardoso, como viria a ser conhecido como judeu, a obra apologética intitulada «As excelências dos Judeus».

Em 1773 o Marquês de Pombal aboliu a distinçom legal entre cristãos novos e cristãos velhos


A segregaçom da «gente de nação» viria, legalmente, a acabar, depois de muito combatida por jesuítas e alguns políticos dos séculos XVII e XVIII —que relacionavam a decadência de Portugal com a saída para outras regiões dos cristãos novos—, em 1773, com a aboliçom polo Marquês de Pombal, primeiro ministro de D. José I, da distinçom entre cristão novo e cristão velho.


Maria José Pimenta Ferro Tavares (Lisboa, 1945) é umha historiadora e professora portuguesa, especialista na história dos Judeus e dos cristãos novos em Portugal. Em 1998 foi a primeira reitora dumha universidade ou instituiçom de ensino superior em Portugal. As principais obras dela são "Os Judeus em Portugal no século XIV", Lisboa, Guimarães Editores (2000) e "Os Judeus em Portugal no século XV", Universidade Nova de Lisboa  (1982-1984).

Fonte: Linhas de Força da História dos Judeus em Portugal UNED

quarta-feira, 11 de junho de 2025

ABORTADO COMPLÔ ANTISSEMITA EM PORTUGAL

 Umha mulher, que preferiu nom se identificar, revelou um grave plano para envenenar e atacar israelitas que comparecerão ao "Boom Festival", evento de música eletrónica em Portugal, programado para julho. 



Ela relatou à KAN News que se infiltrou num grupo de WhatsApp de ativistas anti-Israel, onde os participantes discutiam o uso de estricnina -um veneno letal que causa convulsões e morte por asfixia –contra os participantes judeus. Além do envenenamento, os planos incluíam atos degradantes como defecar em barracas, urinar na comida e incendiar tendas de israelitas. A mulher, que é judia e se infiltrou no grupo por meio de seu trabalho como artista, descreveu a escalada das discussões de "ideias bobas" para "planos sinistros".


Capturas de ecrã divulgadas pola KAN expõem a natureza odiosa do complô. Umha das mensagens sugere "dar umha amostra do próprio veneno" a veteranos das Forças de Defesa de Israel (IDF), ameaçando incendiar barracas e usar a estricnina. Outra mensagem desumaniza os israelitas, justificando a violência e o envenenamento. Umha terceira incita a um boicote global "onde quer que israelitas sejam encontrados", evidenciando a motivaçom antissemita e de ódio.


A denunciante, que recentemente deixou Portugal devido ao antissemitismo do qual foi vítima no país – incluindo ser alvo de cuspes por usar a Estrela de David–, expressou profunda consternaçom. Ela alertara a organizaçom do festival e a polícia portuguesa, mas lamentou que as suas preocupações nom foram levadas a sério. Esses planos para atacar o povo israelita são ainda mais chocantes e revoltantes após os brutais ataques de 7 de outubro  de 2023 em Israel, sublinhando a urgência de levar a sério tais ameaças.


Fonte: Stand With Us Brasil 

Via: The Jerusalem Post

sábado, 7 de junho de 2025

O RELATO GENOCIDIÁRIO CONTRA ISRAEL

 Acadêmicos de estudos do Holocausto explicam porque é errado afirmar que há genocídio na Faixa de Gaza.



Esta semana, os historiadores Norman Goda e Jeffrey Herf publicaram um artigo no The Washington Post que contesta o uso do termo "genocídio" para descrever a guerra de Israel contra o HAMAS na Faixa de Gaza. Os autores argumentam que as acusações, amplificadas por ativistas, acadêmicos e influenciadores no Ocidente, desconsideram a definiçom legal do crime, distorcem dados e ignoram a natureza genocida dos ataques promovidos polo HAMAS, especialmente os massacres de 7 de outubro de 2023.


"Historiadores, jornalistas e governos devem encarar com grande ceticismo todas as declarações feitas por essa organizaçom terrorista abertamente antissemita. Também devem dar o devido peso às declarações do governo de Israel, que, ao contrário do HAMAS, está sujeito à oposiçom política e a umha imprensa livre. Isso nom significa negar que a guerra trouxe enorme sofrimento ao povo de Gaza —mas a causa central desse sofrimento é o conflito iniciado polo HAMAS, que, como observou Tal Becker há 18 meses, se recusa a encerrar."




O texto destaca que o termo "genocídio" passou a ser utilizado como instrumento político para deslegitimar Israel, e que os dados de vítimas civis usados para alicerçar tais acusações são provenientes do Ministério da Saúde de Gaza -entidade controlada polo próprio HAMAS—, que se recusa a distinguir entre civis e terroristas. Segundo os autores, o sofrimento de civis palestinianos é real, mas é resultado direto da estratégia do HAMAS de usar a própria populaçom como escudo, impedindo o acesso aos túneis subterrâneos usados polos seus militantes.

A tese islamo-nazista -cacarejada pola esquerdalha- alastra em nível global 

No plano político, os acadêmicos alertam que a repetiçom acrítica dessas acusações tem efeitos concretos: alimenta o antissemitismo, transfere a culpa da guerra do agressor para a vítima, e ameaça Judeus na diáspora, como demonstrado no assassinato recente de dous funcionários da embaixada israelita nos EUA. O artigo conclui que, diante da gravidade do conflito, é necessário mais rigor na apuraçom dos factos e maior ceticismo diante das narrativas dum grupo terrorista que nom presta contas a ninguém —ao contrário do Estado de Israel, que opera sob pressom dumha imprensa livre e dumha democracia ativa.


 Fonte: Stand With Us Brasil