domingo, 27 de dezembro de 2020

O TESTE 3D DE IDENTIFICAÇOM DO ANTISSEMITISMO

O Teste 3D de identificaçom do antissemitismo é um conjunto de critérios para distinguir a crítica legítima ao Estado de Israel do antissemitismo. 

Os três D's correspondem a Delegitimizaçom [de Israel], Demonizaçom [de Israel] e submeter Israel a duplos critérios; cada um deles indica antissemitismo.

O teste foi desenvolvido por Natan Sharansky, antigo refuznik, político israelita e atual presidente da Agência Judaica para Israel. Foi publicado na Jewish Political Studies Review em 2004. 

O teste serve como uma ferramenta conceitual para definir os limites entre a crítica legítima do Estado de Israel, as suas ações e políticas, e umha crítica nom legítima que se torna em antissemitismo.

O professor Irwin Cotler, professor de direito na Universidade McGill (Canadá) e importante especialista em direitos humanos, referiu que "temos que estabelecer certos limites em que [as críticas a Israel] nom ultrapassam os limites, porque sou um dos que acredita fortemente, nom apenas na liberdade de expressom, mas também no debate rigoroso, a discussom, a dialética e assim por diante. Se alguém dizer muito facilmente que tudo é antissemita, entom nada é antissemita, e nom é mais distinguível"

O Teste 3D de identificaçom do antissemitismo refuta argumentos de que "qualquer crítica ao Estado de Israel é considerada como antissemitismo e, portanto, a crítica legítima é silenciada e ignorada". Este teste foi aprovado pola Agência dos Direitos Fundamentais da Uniom Europeia e polo Departamento de Estado dos Estados Unidos. Porém, tem sido alvo de críticas pola falta de "rigor suficiente para ser usado sem modificaçom para fins académicos ou governamentais".

Principios fundamentais

A teoria pode ser implementada em muitas situações diferentes, especialmente no antissemitismo clássico; isto é, o antissemitismo mais sutil e que é mais difícil de reconhecer. Este antissemitismo, nom o clássico, assume a forma dum ataque a Israel, o único Estado Judeu. 

Como explica N. Sharansky: "escondido atrás da aparência dumha 'crítica legítima a Israel', este novo antissemitismo é muito mais difícil de denunciar". Com este teste qualquer um pode analisar umha notícia, artigo de opiniom, entrevista, manifesto ou mesmo um protesto e ver se as críticas feitas cruzam a linha de polo menos um dos seguintes D.

Manife Pró-Gaza em Washington DC, USA (2014)


Delegitimaçom

O termo "deslegitimaçom de Israel" refere-se à negaçom do direito à autodeterminaçom do povo judeu; isto é, ao afirmar que a existência de um Estado de Israel é um projeto racista. Este discurso discrimina os Judeus ao negar o seu direito básico de autodeterminação conforme determinado polo direito internacional. 

Como qualquer discriminaçom contra determinado grupo étnico, religioso, racial ou nacional é considerada como racismo, a deslegitimaçom do direito do povo judeu à autodeterminaçom é vista como racismo antijudeu, ou seja, antissemitismo.

O ex-primeiro-ministro da Suécia, Per Ahlmark, um dos principais defensores do combate ao antissemitismo, escreveu: "Em comparaçom com a maioria dos surtos antissemitas anteriores, este novo antissemitismo é muitas vezes menos dirigido contra judeus individuais. Ele ataca principalmente os Judeu de forma coletiva e o Estado de Israel e entom esses ataques iniciam umha reaçom em cadeia de ataques a Judeus individuais e instituições judaicas. [...] No passado, os antissemitas mais perigosos eram aqueles que queriam tornar o mundo "Judenrein", livre de Judeus. Porém, hoje os antissemitas mais perigosos podem ser aqueles que querem tornar o mundo "Judenstaatrein"; isto é, livre dum estado judeu"

O professor Irwin Cotler define a deslegitimaçom como umha das nove formas do que ele chama "novo antissemitismo". Cotler usa o termo "antissemitismo político" para descrever a negaçom do direito do povo judeu à autodeterminaçom e a deslegitimaçom de Israel como um estado.

Duplo Criterio

O segundo 'D' refere-se à aplicaçom de diferentes princípios em situações semelhantes. Se uma pessoa criticar Israel e apenas Israel em certas questões, mas opta por ignorar situações semelhantes noutros países, ela pratica umha política de duplo critério relativamente a Israel. 

Um exemplo é a tendencia entre a mídia e determinados movimentos políticos de tratar a migraçom de civis de Israel para territórios ocupados na Palestina diferentemente dos colonatos de Marrocos no Sara Ocidental ocupado, da ocupaçom turca do Chipre do Norte ou a colonizaçom chinesa da regiom autónoma de Sinquiám (Turquestám Oriental habitado secularmente polo povo uigur) ou do Tibete. Na atualidade a populaçom de colonos nestes quatro últimos territórios ocupados supera a populaçom nativa, enquanto a populaçom de colonatos judeus na Cisjordânia representa cerca de 20% da populaçom residente. A Quarta Convençom de Genebra afirma que umha potência ocupante nom pode transplantar os seus próprios civis para as terras que ocupa.

A aplicaçom dum padrom moral diferente para os Judeus e Israel em comparaçom com o resto do mundo, como a deslegitimaçom, discrimina um grupo específico e é considerado como antissemitismo. 

Argumentos semelhantes foram desenvolvidos polo jornalista norte-americano Thomas Friedman, alegando que os movimentos de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) que ignoram a situaçom na Síria, Arábia Saudita e o Irã som hipócritas e antissemitas. No mesmo assunto, Friedman também escreveu que "criticar Israel nom é antissemita, e quem quer que diga isso é desprezável, mas tornar Israel no alvo do opróbio e sanções internacionais de forma desproporcionaa a qualquer outro país ou situaçom no Próximo Oriente é antissemitismo, e quem quer que nom o diga é desonesto. 

Assim sendo, em 2016 o Secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-Moon constatou que "decenas de manobras políticas criaram um número desproporcionado de resoluções, relatórios e comités contra Israel" (68 resoluções contra Israel contra 67 a respeito do resto do mundo entre 2006 e 2017).

Como T. Friedman, o professor Irwin Cotler também definiu os duplos critérios como um das nove formas do que ele chama de "novo antissemitismo". Cotler refere a negaçom de Israel da igualdade perante a lei na arena internacional (ou seja, "a escolha de Israel para tratamento diferenciado e discriminatório no cenário interncional") como um novo ato antissemita.


Demonizaçom

O último 'D' refere-se à representaçom de certos grupos como malignos, demoníacos ou satânicos. A Agência Europeia de Direitos Fundamentais (FRA) considera como antissemitismo o facto de "acusar frequentemente os Judeus de conspirar para prejudicar a humanidade e culpabilizar os Judeus polas as coisas estám a ir mal. Isto pode estar exprimido nos discursos, na escrita, sob formas visuais ou por ações, e emprega estereótipos sinistros e traços de caráter negativos". Se a crítica usar metáforas, imagens ou retórica que insinue que os Israelitas ou os Judeus som maus, trata-se, mais umha vez, dumha projeçom de libelos de sangue antissemitas (a acusaçom de morte ritual). 

Um exemplo disso é a alegaçom falaz, desumanizada, demonizada ou o estereótipo sobre os Judeus como povo ou sobre o poder dos Judeus como coletivo, mas nom exclusivamente, o mito da conspiraçom judaica mundial ou que os Judeus controlam a mídia, a economia, o governo ou outras instituições sociais.

Faixa usada numha manife pacifista em Sam Francisco, EUA (2003)

Reações

Para Jonathan Judaken, professor no Rhodes College, "os critérios de demonizaçom, deslegitimaçom e duplo criterio para peneirar quando a crítica a Israel se torna Judeofobia som um princípio útil, mas ainda som tênues e apresentam problemas".

Kenneth L. Marcus escreve que "embora o Teste dos 3D de Sharansky seja útil, em parte por causa de sua habilidade pmnemónica, argumentei no Jewish Identity and Civil Rights in America, que carece de rigor suficiente para ser usado sem modificaçom para fins académicos ou governamentais".


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