domingo, 10 de novembro de 2013

SILVES

Cidade portuguesa no Algarve com cerca de 11.000 habitantes. 

Muito provavelmente a origem da comuna judaica de Silves vem da época do domínio muçulmano (séculos VIII-XIII).

A primeira notícia escrita conhecida sobre a presença judaica em Silves encontra-se no foral dos mouros forros, dado a Silves, Tavira, Loulé e Faro, em 1269. Pouco depois, em 1276, numha carta de D. Afonso III, endereçada aos alvazis e concelho de Silves, confirma-se a presença dumha significativa populaçom de Judeus na cidade, pois controlavam alguns moinhos e fornos. A vizinhança cristã protestou polas tarifas que cobravam, passando a da moagem de 1/8 para 1/14 e a da cozedura de 1/20 pela cozedura para 1/30. Entretanto, os Judeus estavam obrigados a pagar os dízimos à igreja.  Neste século, existe um outro documento que testemunha a presença dos judeus silvenses. Trata-se dumha carta de D. Pedro I, dada em junho de 1366, confirmando à judiaria de Silves "todos os privilégios, foros, liberdades e bons costumes que sempre usaram ter".

No século XV a comuna dos Judeus de Silves era ainda umha das mais importantes do Reino do Algarve e estava organizada como entidade administrativa e jurisdicional, com os seus próprios magistrados e oficiais e circunscrita num bairro, a chamada judiaria. 

O Livro do Almoxarifado de Silves, de meados do séc. XV, faz referências ao "adro dos judeus" e à "rua que vai para a Judiaria", bem como a vários Judeus que eram nom só mercadores e artesãos, mas também agricultores. De resto, nas chancelarias régias, encontram-se muitos documentos sobre os Judeus e a Judiaria de Silves.

O bairro judeu de Silves situava-se, sensivelmente, entre as atuais ruas da Porta de Loulé, Rua Dr. Francisco Vieira e rua do Mirante, encostado à muralha a oriente da Porta da Vila. Sabe-se que os Judeus de Silves tinham a sua sinagoga e o seu cemitério (almocávar), mas ignora-se a respectiva localização precisa. 


Quando, em dezembro de 1496, o rei D. Manuel manda publicar o édito de expulsom dos Judeus e mouros do Reino, a comuna judaica de Silves mantinha umha numerosa populaçom que foi surpreendida com a ordem para abandonar o reino. Desconhece-se ao certo se houve Judeus de Silves que permaneceram por se terem convertido, ou se houve baptismos forçados de menores de 14 anos. A sinagoga de Silves foi aforada como casa particular a Fernão de Morais, moço da câmara de El-Rei.


Em meados de 2011 umha equipa de arqueólogos alemães, em colaboraçom com arqueólogos portugueses, descobriram numha villa romana do concelho de Silves umha lápide epigrafada em hebraico, com dataçom provável do século IV d.n.e. Esta descoberta representa o mais antigo vestígio cultural judaico jamais encontrado na Península Ibérica.
Placa de mármore encontrada em Silves. Foto: Público

Para além da sua idade, trata-se também do primeiro vestígio hebraico/judaico encontrado jamais numha vila romana. O nome que aparece gravado, Yehiel, talvez corresponda a um escravo a viver nessa casa ou mesmo que o dono da casa fosse judeu ou, mais provavelmente, talvez tenha havido um cemitério na proximidade da casa e a lápide veio dali. Segundo os arqueólogos a inscriçom da lápide nom esteja em hebraico, mas em aramaico ou noutra língua semítica. 

Até aqui, o vestígio arqueológico mais antigo deixado por judeus no atual território de Portugal era umha lápide funerária encontrada na basílica paleocristã de Mértola (Alentejo) com umha inscriçom em latim e umha gravura dumha menorá datada de 482 d.n.e. Existem também duas inscrições hebraicas descobertas em Espiche (Lagos) no século XIX que datam dos séculos VII ou VIII d.n.e.



Informações elaboradas a partir do artigo de José Manuel Vargas no Terra Ruiva, Jornal do Concelho de Silves

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