segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ELVAS

Cidade portuguesa na regiom do Alentejo com 15.900 habitantes.


Às portas de Espanha, distando apenas 8 km em linha reta da cidade de Badajoz, Elvas foi a mais importante praça-forte da fronteira portuguesa, a cidade mais fortificada da Europa, ao albergar o maior conjunto de fortificações abaluartadas do mundo.

Elvas foi, durante a idade média, umha das seis mais populosas de Portugal. A influência de Árabes e Judeus, com a existência de mesquitas e sinagogas constituiu essa importância.

O vasto centro histórico é cercado de muralhas, aliás, das mais imponentes e significativas do país.

Em 1166, durante o reinado de D. Afonso Henriques, Elvas foi conquistada aos Mouros pola primeira vez. Posteriormente foi reconquistada e perdida de novo, sendo integrada de vez no território português polo rei D. Sancho em 1229, quem lhe outorgou o primeiro foral. O novo foral condedido por Manuel I em 1513 marcou a elevaçom de Elvas à categoria de cidade.

Os primeiros documentos que testemunham a presença judaica em Elvas datam de 1320-1340, e som as cantigas de amor de Vidal, judeu d’Elvas. Atualmente conservam-se no Cancioneiro da Biblioteca Nacional.

A primeira prova documental da existência dumha judiaria em Elvas é de 1340. Tratar-se-ia dumha judiaria muito velha, cuja origem se situa durante o período de ocupaçom islâmico da cidade. Desde 1386 que existem provas documentais sobre a existência de duas judiarias em Elvas. 

Porém, a localizaçom do bairro judeu de Elvas é ainda hoje problemática, pois a documentaçom é escassa e imprecisa na sua informaçom, mesmo quando se tem em consideraçom a documentaçom da Chancelaria Régia ou os Processos da Inquisiçom de Évora, fundamentais na caracterizaçom e identificaçom do perfil dos Judeus e cristão novos de Elvas. 

Nesta perspectiva, a problemática situa-se na inserçom da comunidade judaica no espaço e no tempo. Assim sendo, em torno dum espaço exterior à Alcáçova localizar-se-ia a Judiaria Velha, englobando provavelmente o espaço urbano hoje ocupado pola Praça da República, na Rua dos Sapateiros (antiga rua da Judiaria Velha), Rua de João de Olivença ou a Rua dos Açougues. 


Localizaçom da Judiaria Velha de Elvas. Foto: GoogleMaps

Sendo assim, em meados do século XIV, na parte alta da cidade e contraposta à velha, situada na baixa, levanta-se a Judiaria Nova de Elvas, junto do castelo, envolvendo a Rua das Beatas, Dr. Santa Clara e o Convento das Domenicas.


Localizaçom da Judiaria Nova de Elvas. Foto: GoogleMaps

R das Beatas na Judiaria Nova de Elvas

Assim e considerando as fontes possíveis, (as objectivas seriam as arqueológicas), regista-se um documento do séc. XVI, que identifica a Rua Nova ou Judiaria Velha na atual artéria do Alcamin, referindo ainda que muitos judeus continuavam a habitar aquela rua e que antigos descendentes de judeus tinham como residência moradas de casa, na Praça, na rua da Feira e junto das portas de Olivença e Évora.



Embora nom exista documentaçom física da existência dumha sinagoga ou Esnoga como noutras vilas e cidades portuguesas, na R. dos Açougues, em pleno centro da Judiaria Velha, conserva-se hoje um prédio de arquitetura judaica que possivelmente tenha albergado umha sinagoga. Segundo esta tese, a Judiaria Nova estaria localizada na zona da Praça Nova, Rua da Feira, Rua Carreira dos Cavalos.


À direita, prédio da possíbel sinagoga de Elvas na Rua dos Açougues. Foto: GoogleMaps

Seja como for, quando falarmos da Judiaria de Elvas, deve-se ter duas realidades distintas, a Judiaria Velha a norte da atual Praça da República centrada nas ruas onde situavam os principais ofícios artesanais e a Judiaria Nova, onde a prática mercantil e artesanal, marcava a vida económica na época fernandina. Comparado com outras judiarias portuguesas, seria umha judiaria muito grande.


Judiarias de Elvas. Foto: GoogleMaps

Já em tempos dos cristãos-novos muitos dos descendentes alastraram a habitações na Praça, Rua da Feira e junto às Portas de Olivença e Évora. Também em Vila Boim existiu uma terceira judiaria. 


Em fins do séc. XIV a vila de Elvas tal como outras de fronteira como som os casos de Trancoso, Guarda e Castro Marim eram centros de atraçom para esta populaçom flutuante clandestina que no Alentejo crescia em torno de outros centros urbanos como: Estremoz, Vila Viçosa e Beja.

Em 1438, D. Afonso V faz carta de mercê de Rabi a Mestre Abraám, como responsável dos Judeus da cidade.

Com o édito de expulsom dos Judeus de Espanha de 1492, através da fronteira de Badajoz-Elvas entraram por volta 10.000 de Judeus, ficando-se muitos deles na cidade. Há mesmo relatos que falam na existência acampamentos de refugiados perto da cidade.

À data da expulsom dos Judeus, as rendas da judiaria de Elvas, Juromenha e Vila Boim concedidas ao alcaide-mor de Elvas rendiam 113.333 reis, um rendimento muito superior comparado com o das diferentes comunas de Judeus espalhadas polo reino.


Durante o século XVII perto de 15% da populaçom de Elvas, entre 1600-1700 habitantes, eram cristãos-novos, desenvolvendo muito deles atividades ligadas com o poder. 

Entre as famílias cristãs-novas de Elvas destacou António Gomes de Elvas, descendente do Mestre Abraám, o Rabi-Mor de Elvas, que foi nomeado em 1520 polo rei D. Manuel I primeiro Correio Mor do Reino, um cargo hereditário que usufruiu a sua família até 1798. Esta indicaçom é considerada como a origem da companhia de Correios, Telégrafos e Telefones (CTT) de Portugal.

É por todo isto que a Inquisiçom desenvolveu umha importante atividade nesta cidade, promovendo até 100 processos contra cristãos-novos. Graças aos documentos desta perseguiçom sabe-se que as principais atividades dos conversos era a de mercadores, ourives ou boticários.


Na sequência da adesom do município de Elvas à Rede de Judiarias de Portugal, o concelho está a proceder ao levantamento, estudo e difusom do património judaico. Entre as atividades previstas, está a reconstituiçom da antiga sinagoga para que possa ser mais um elemento de atraçom turística e de conscienciaçom social sobre a importância da comunidade judaica outrora existente.

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