Nos sovietes e contra o fascismo
Tal como aconteceu com a Revoluçom
Americana de 1776, a Revoluçom Francesa de 1789 e a revoluçom alemã de 1848,
muitos judeus em todo o mundo saudaram a revoluçom russa de 1917, celebrando a
queda dum regime tam antissemita e acreditando que a nova ordem que viria a ser
a URSS iria trazer melhorias na situaçom dos judeus naquelas terras. Graças ao
trabalho político do bundismo, os judeus, após a revoluçom bolchevique foram
reconhecidos como umha das nacionalidades da URSS. Os Batalhões Borochov,
milícias judias vermelhas, após auxiliarem na derrota dos exércitos brancos e
dos intervencionistas estrangeiros no sul da Rússia, propõem a continuidade da
marcha rumo ao Próximo Oriente alvejando implantar um Estado socialista
na Palestina, onde será reelaborada a cultura judia, retomando o hebraico e a
Ásia como opçom histórica.
Muitos judeus envolveram-se em
partidos comunistas, chegando a constituir umha grande proporçom da sua
militância em muitos países, incluindo o Reino Unido e os EUA. Mesmo houve
seções especificamente judias de muitos partidos comunistas, como o Yevsektsiya (יבסקציה) no seio do Partido Bolchevique. O regime comunista na Uniom Soviética implementou
o que poderia ser caracterizado como umha política ambivalente em relaçom aos
judeus e à cultura judaica, quer apoiando o seu desenvolvimento como umha
cultura nacional (por exemplo, o patrocínio significativo da escolarizaçom em
língua iídiche, a manutençom da estrutura partidária do Poalei Sion até 1928 e a
criaçom dum território autônomo judeu em Birobidjan), quer promovendo expurgos
antissemitas, entre os quais a trama dos médicos na URSS ou a eliminaçom dos
dirigentes comunistas de origem judaica na Checoslováquia.
Entre 1918 e 1939, com o advento do
fascismo em boa parte da Europa, muitos judeus reagiram tornando-se ativos na esquerda
e, particularmente, nos partidos comunistas, na vanguarda do movimento revolucionário (comunismo de conselhos) e anti-fascista. Por exemplo, muitos voluntários judeus lutaram nas Brigadas
Internacionais na Guerra Civil espanhola (por exemplo, na Brigada Abraham
Lincoln norte-americana ou mesmo na companhia judia Naftali Botwin). Judeus e
esquerdistas ingleses lutaram os fascistas britânicos de Oswald Mosley na
Batalha de Cable Street (Londres). Este movimento de massa foi influenciado polo
Comitê Antifascista Judeu (CAJ) na Uniom Soviética.
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Solomon Mikhoels num encontro do CAJ |
Nesse período alguns judeus ocuparam
posições proeminentes nalguns países europeus, sendo esta circunstância exagerada polos antissemitas de toda a parte. Por exemplo, na Alemanha os nazisas
sobrevaloraram propositadamente a influência dos judeus na República de Weimar ao abrigo da presença
judia na esquerda social-democrata e comunista.
Nessa altura o estereótipo antissemita ou antijudaico, sob diferentes nomes pejorativos (Yid-Commie nos países anglossaxões, Yidish communiste ou judéo-bolchévisme na França, Żydokomuna na Polónia,...) acusavam os judeus de gerar o comunismo, identificando esta ideologia como parte dum complô judeu mais amplo que visa a tomada do poder mundial.
Léon Blum foi primeiro-ministro da França eleito pola Frente Popular e socialistas judeus tiveram responsabilidades nos governos da Checoslováquia, Países Baixos e Reino Unido.
Nessa altura o estereótipo antissemita ou antijudaico, sob diferentes nomes pejorativos (Yid-Commie nos países anglossaxões, Yidish communiste ou judéo-bolchévisme na França, Żydokomuna na Polónia,...) acusavam os judeus de gerar o comunismo, identificando esta ideologia como parte dum complô judeu mais amplo que visa a tomada do poder mundial.
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Cartaz de propaganda antissemita na Polónia visando identificar o povo judeu com o comunismo |
Léon Blum foi primeiro-ministro da França eleito pola Frente Popular e socialistas judeus tiveram responsabilidades nos governos da Checoslováquia, Países Baixos e Reino Unido.
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Apesar do contexto de crescimento do antissemitismo na Europa, Léon Blum acede ao governo da França eleito pola Frente Popular. |
Durante a Segunda Guerra Mundial, a
esquerda judia desempenhou um importante papel na resistência ao nazismo. Por
exemplo, bundistas e sionistas de esquerda foram fundamentais na Organizaçom de
Combate Judia (Zydowska Organizacja Bojowa - ZOB) e no Levante do Gueto de Varsóvia.
Judeus radicais na Europa Central e Ocidental
Bem como os movimentos enraizados na
classe trabalhadora judaica, judeus de classe média relativamente assimilados na
Europa Ocidental e Central começaram a procurar fontes de radicalismo na tradiçom
judaica.
Assim sendo, Martin Buber ligou o hassidismo com a filosofia
anarquista; Gershom Scholem foi um anarquista e estudioso da cabala; Walter
Benjamin foi igualmente influenciado polo marxismo e messianismo judaico;
Gustav Landauer era um judeu religioso e um comunista libertário; Israël Jacob
de Haan combinou o socialismo com o judaísmo ortodoxo (haredim), enquanto o
esquerdista libertário Bernard Lazare tornou-se num judeu apaixonadamente
sionista. Na República alemã de Weimar, Walther Rathenau foi uma figura de
destaque do liberalismo judeu.
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