segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

GALIZA E O HOLOCAUSTO

 Xosé Luis Méndez Ferrín

Chamaram-me a atençom por escrever como Dainoff o apelido do médico de Ourense que um dia fora o primeiro neno da cidade a ser chamado de "bebé". Dainoff, carregando muito no efe geminado, diziam a minha mãe e Pilar Fernández-Barja, a qual se criara na mesma casa da Praça Maior na que tinham a clínica os dentistas russos, que, já agora, nom cobravam aos doentes em má situaçom económica.


Dainoff era como se dizia e escrevía em Ourense, mas, na realidade, ele era Volodia Dainow, e o "w" que usava deveria ler-se como lábiodental sonora ao modo alemão.


A sua dona usava o apelido de solteira e era Marie Dicker. Todo aparece muito bem explicado na bitácora ou blogue, nom sei, intitulada, ao modo Luís Pimentel, "Diario de un médico de guardia". Autor: David Simón, Ourense. Os Dainow-Dicker, e os seus filhos, fugiram da Galiza em julho de 1936. Logo foram presos na França ocupada polos nazis e internados no campo de concentraçom de Drancy, exclusivo para Judeus franceses. Desse campo particular saíam os infelizes para outros de extermínio.


Na revista "La Lettre Sepharade", da que eu fui sócio protetor, li a relaçom dos viageiros dum comboio especial que saiu de París carregado de Judeus sefarditas franceses que iam legalmente para Espanha, seguramente acolhidos ao decreto de Primo de Rivera inspirado polo doutor Pulido.


Entre muitos apelidos sefarditas eu achei os apelidos asquenazitas, e iídiche, Dainow e Dicker. Os dentistas regressavam a Ourense seguramente confiando na sua condiçom de nacionalizados espanhóis. Ela, Marie, morreu em Irún e dele, Volodia, perde-se a pista. Outros Judeus residentes na Galiza desde havia muito tempo sofreram cruel perseguiçom em 1936. É bem conhecida a sorte adversa da familia Kuper de Vigo, e dela temos tratado no Faro.

A derradeira liçom do mestre (Castelão)

No que toca aos Sbarsky de Ponte Vedra, o horror acentua-se. Abraham, o pai, vai parar à ilha de Sam Simom. O seu fillo, Jacob, julgado, junto com o dirigente galeguista Alexandre Bóveda, e, como ele, condenado a morte e afuzilado na Caeira.


Para mim seria muito importante que alguém escrevesse umha história das perseguições e crimes cometidos na Galiza dos que foram vítimas judeus nossos.


Fonte: Galiza-Israel

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