quarta-feira, 2 de outubro de 2024

O REGIME DOS AIATOLÁS CONTRA A PAREDE

Irving Gatell

Telavive sob ataque da República Islâmica do Irão a 1 de outubro de 2024 

1. O Irão está contra a parede. O ataque lançado contra Israel a 1 de outubro é umha espécie de apelo para que o país finja que ainda é forte e que o assunto nom se agrava ainda mais.

É por isso que lançou um ataque que Israel poderia neutralizar sem muitos problemas.

Explico-me.


2. O Irã disparou 181 mísseis balísticos contra Israel. A maioria foi abatido polo sistema Arrow 3. Os outros nom causaram danos. Os poucos danos ocorridos foram causados ​​polos fragmentos dos mísseis abatidos. A única vítima fatal foi um palestiniano de Jericó. 

Nom tivesse Israel a mais sofisticada defesa anti-aérea do mundo e hoje Israel estaria em chamas e a chorar milhares de mortos. É isto que irrita os que defendem o Irão e os seus proxies


3. Porque é que o Irão lançou um ataque tão claramente ineficaz? Pior ainda: avisou com 72 horas de antecedência países como a Jordânia e a Arábia Saudita, que notificaram imediatamente os Estados Unidos e Israel. Desta forma, Israel conseguiu evitar qualquer eventualidade.


4. Ou seja, foi um ataque pensado para causar o menor dano possível.

O que o Irão precisava era dar a imagem de que podia atacar Israel.

Faz parte da psicologia dos muçulmanos extremistas: a imagem, especialmente a da força, é muito importante para eles. 

Um palestiniano foi a única pessoa mortalmente vitimada do ataque iraniano a Israel


5. O Irão tem sido sistematicamente humilhado por Israel nos últimos meses, começando com a destruiçom do Hamas em Gaza, e continuando com os golpes ao Hezbollah.


Isso vem acontecendo há quatro ou cinco meses, mas nos últimos dous meses as cousas aceleraram.


6. Primeiro, com a eliminaçom, a 30 de julho, de Fwad Shuker, o verdadeiro líder militar do Hezbollah (Nasrallah era o líder espiritual, mas nom o estrategista). Foi um golpe muito duro e piorou porque no dia seguinte Ismail Haniyeh foi eliminado em Teerã. 


7. Haniyeh era o líder máximo do HAMAS e presume-se que se encontrava num “lugar secreto” e com toda a proteçom do regime do aiatolá. Pois bem, umha bomba explodiu no seu quarto, e com isso os clérigos que governam o Irão ficaram como inúteis.


8. Desde entom, o Irão jurou que se vingaria, embora todos soubéssemos que o mais lógico era que a resposta passasse polo Hezbollah.

O grupo terrorista libanês estava a gabar-se do seu ataque de retaliaçom, mas demorou muito tempo a decidir fazê-lo. 


9. Quando ele finalmente quis fazer isso, Israel monitorou-o bem. Graças à proximidade entre Israel e o Líbano, a força aérea israelita atacou as bases do Hezbollah 15 minutos antes do seu ataque, e as perdas foram catastróficas. Tropas, lançadeiras e milhares de mísseis.


10. Isto humilhou ainda mais o Hezbollah e, ​​por implicaçom, o Irão. A guerra continuou com importantes bombardeamentos israelitas contra as posições do Hezbollah no Líbano e, finalmente, chegou o momento de ativar os ataques mais mortíferos. Tudo começou com a explosom dos pagers a 17 de setembro. 


11. O golpe apanhou toda a gente de surpresa, especialmente porque fez com que o Hezbollah visse que Israel estava a infiltrar-se na sua cadeia de abastecimento (algo muito perigoso). No dia seguinte, os walkie-talkies explodiram. O pânico tomou conta do Hezbollah, o que restringiu os seus métodos de comunicaçom.


12. No dia seguinte, os líderes seniores das Forças Radwan (a unidade de elite do Hezbollah) realizaram umha reuniom presencial e um bombardeamento israelita eliminou-os a todos. Depois de vários dias de mais bombardeamentos contra depósitos de armas e lançadeiras, veio o golpe principal. 


13. Hassan Nasrallah, símbolo do Hezbollah e líder máximo do grupo, foi eliminado a 27 de setembro no seu bunker junto com todo o comando restante do grupo terrorista, além dos conselheiros iranianos que iriam tentar reestruturar as cadeias de comando destruídas por Israel. 


14. Em cerca de duas semanas, o Hezbollah perdeu todos os seus líderes importantes e até mesmo os generais iranianos que os controlavam.

Foi um golpe devastador para o grupo, mas também para os interesses iranianos. Os aiatolás foram humilhados novamente.

O Irão mostrou a sua total incapacidade de defender e proteger o Hezbollah 


15. Pior ainda, a confiança entre o Hezbollah e os aiatolás foi profundamente prejudicada, desde que o grupo terrorista libanês sabe agora que nom pode confiar nos seus chefes iranianos, que se revelaram incapazes de os defender ou proteger.

 

16. É por isso que era urgente que o Irão lançasse um ataque, ou algo assim, para fingir que ainda pode desafiar Israel face a face.

Mas todos sabem que isso nom é verdade.

Na verdade, isso vai contra todos os planos do Irão e talvez tenha sido um dos seus piores erros estratégicos.


17. Desde 1979, o Irão construiu umha rede de grupos armados que seriam responsáveis ​​polo combate direto com Israel. Agora está claro que o plano dos aiatolás era criar um panorama no qual eles, diretamente, nom precisassem colocar as mãos. 


18. O problema é que nom só planearam assim, mas por isso também nom construíram um sistema de defesa (principalmente antiaéreo) suficientemente sólido para defender o seu próprio território. E a guerra nom precisava de chegar ao Irão.

 

19. Toda a sua bravata contra Israel foi apenas um ecrã para disfarçar o plano de ataque que, na altura, teria de ser levado a cabo polo HAMAS e polo Hezbollah, principalmente, com o apoio das milícias xiitas no Iraque, do regime sírio, e os Houthis. 


20. O plano tentou ser ativado em 7 de outubro do ano passado, mas Israel concebeu muito bem a sua estratégia de retaliaçom e o Hezbollah nom correu o risco de se envolver totalmente no conflito. O HAMAS foi deixado sozinho e destruído.

Foi aí que começaram os problemas do Hezbollah.


21. O grupo terrorista libanês envolveu-se numha guerra inútil e de baixa intensidade com Israel, que foi entom capaz de destruir à vontade umha elevada percentagem das instalações e capacidades militares do Hezbollah no sul do Líbano. Isso mudou as regras do jogo. 


22. Há 3 ou 4 meses que o Hezbollah já nom tem capacidade para entrar em confronto frontal com o exército israelita no caso dumha invasom terrestre. E menos ainda agora, porque todos os seus comandantes foram eliminados e substituídos por soldados com pouca experiência (os que ainda estão vivos). 


23. Com o HAMAS destruído e o Hezbollah limitado quase ao limite, as possibilidades de guerra passam agora para o território iraniano, exatamente o que os aiatolás nom queriam e para o qual nunca se prepararam.

É por isso que muitos consideram que o seu ataque de ontem foi estúpido.


24. Israel tem um Casus Belli legítimo e a sobrevivência do regime iraniano depende da pressom internacional para convencer Israel de que as cousas devem parar por aí.

Mas Israel já demonstrou que nom terá em conta a opiniom internacional, mas sim os seus interesses de segurança. 


25. E foi assim que chegamos a este ponto. Israel retaliará no momento e com a intensidade que considerar apropriada, e o Irão nom terá capacidade para o impedir.

Noutras ocasiões, nom o fez devido ao risco de o Hezbollah disparar milhares de foguetes imediatamente. 


26. Mas esta possibilidade já nom existe.

O Irão está totalmente exposto e literalmente dependente da pressom internacional que possa ser exercida sobre Israel.

Ou, o que dá no mesmo, da misericórdia de Israel.

O Irão era um gigante do papel e está prestes a arder.

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