sexta-feira, 26 de julho de 2024

A SUBSTITUIÇOM DO INDEPENDENTISMO POLO PALESTINISMO DO NACIONALISMO GALEGO

  Vários acontecimentos específicos mas significativos dos últimos tempos relativamente à exploraçom política da questom palestiniana polo Bloco Nacionalista Galego (BNG) e, nomeadamente, por parte da Uniom do Povo Galego (UPG), único partido e partido-guia da "frente patriótica": 

O primeiro, o uso, como carta de apresentaçom nas suas redes sociais, a partir do massacre jihadista do HAMAS de 7 de outubro, dumha figura da Palestina em que Israel é apagado do mapa sob o lema "Liberdade para a Palestina"

> Foto de capa da UPG em X:


> Foto de capa da UPG no Facebook:



O segundo, o uso e abuso da bandeira palestiniana ligada a causas que nada têm a ver com o velho conflito árabe-israelita. Assim sendo, na sequência da crise dos pellets, durante a manifestaçom em defesa do mar de 21 de janeiro de 2024, a imagem divulgada nas redes sociais por parte dum membro do secretariado político da UPG e com a máxima responsabilidade comunicacional no BNG foi a de assistentes a hastearem bandeiras palestinianas.

📸 X (antes Twitter)

A terceira, novamente a causa árabe da Palestina foi evocada através do uso e abuso da keffiyeh, o lenço associado ao movimento nacionalista palestiniano, tanto na cenografia do último Congresso da UPG, celebrado a 7 de julho, quanto no cartaz de apresentaçom do Festigal, o festival organizado pola organizaçom juvenil do BNG na véspera do Dia Nacional da Galiza: 

> Congresso da UPG


📸 UPG em X



> Cartaz do Festigal: 


Como se nom bastasse, durante o ato político do Dia da Pátria Galega, mais umha vez a keffiyeh reapareceu no atril e como complemento das oradoras:



📸 Screenshots da emissom de YouTube 
🎥 "No Dia da pátria Galega, com mais força que nunca, Palestina Vencerá. Nom ao genocídio do povo palestiniano". BNG (via X)

São vários exemplos entre muitos outros que ilustram um fenómeno crescente: a dissoluçom da causa nacional galega, e dos seus símbolos, por parte dumha organizaçom alegadamente defensora da libertaçom nacional enquanto prioriza outros sectores e causas globais. A priorizaçom do eixo direita/esquerda (no quadro estatal/espanhol) em detrimento do conflito Galiza/Espanha é a primeira e mais grave deturpaçom, seguida polo sobredimensionamento de todos os tipos de elementos do wokismo. Mesmo os líderes da UPG/BNG ignoram deliberadamente o carácter nacional da luta da Ucrânia, de Israel e de Taiwan pola sua sobrevivência como nações. Polo contrário, defendem abertamente o imperialismo russo e a política neoczarista de Putin ou desconhecem a independência dos povos outrora submetidos à Sérvia na Jugoslávia (nomeadamente  os casos de Kosovo e Montenegro).

Essa estratégia é contrária à criaçom da necessária consciência nacional que permita contar com umha base social e eleitoral sólida para construir umha Galiza independente e explica, por exemplo, que entre os meses de fevereiro e junho de 2024 o BNG tivesse recuado de 467.100 votos (31,6%) para 179.800 votos (16,1%). Nom por acaso, a tese política aprovada no XVI Congresso da UPG coloca o foco no eixo Galiza-Espanha face à “polarizaçom esquerda-dereita” na conjuntura estatal. Consoante esta reorientaçom, as teses apontam  que “a radicalizaçom para a direita expresa-se em primeiro lugar en posições cada vez mais ultraespanholistas", bem como que nom há “qualquer tipo de rutura no bloco  constitucional" espanhol a teor da "unidade básica" de PP-PSOE nas políticas de estado, concluindo que “na Galiza nom é possível fazer política transformadora sem ser em chave nacional”.

A aceitaçom acrítica e generalizada do palestinismo como um mito substituto da autodeterminaçom nacional da Galiza é a última e mais perversa auto-ilusom coletiva dumha Galiza impotente que é incapaz de se tornar independente, mas que despreza Israel para se defender. E, além disso, estéril e contraproducente, pois o palestinismo nom é recíproco, porque, nos momentos críticos, as “autoridades” do (nom)Estado são abertamente espanholistas e favoráveis ​​à unidade de Espanha.

Mais ainda, o uso e abuso do lema palestiniano "do rio ao Mar" alicerçado na defesa dumha Palestina como "estado binacional, laico e democrático" é contrário à dialética que reivindica a constituiçom de estados independentes para as nações submetidas a estados multinacionais como o espanhol. Assim sendo, a questom nacional galega nom se resolve com a constituiçom dum estado espanhol binacional Galiza-Espanha hegemonizado demografica e politicamente pola naçom espanhola, mas com o establecimento dumha República Galega lado a lado com Espanha no quadro dumha Uniom Europeia federativa. 

O que esta por trás do mote antissemita "do rio ao mar" é o desejo da derrota de Israel pola demográfica, tornando os Judeus umha minoria e dando cabo do único estado judeu existente. Ser-se antissionista é ser contra a existência de Israel como estado judeu e negligenciar o sionismo como movimento de autodeterminaçom do povo judeu.

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