Vários acontecimentos específicos mas significativos dos últimos tempos relativamente à exploraçom política da questom palestiniana polo Bloco Nacionalista Galego (BNG) e, nomeadamente, por parte da Uniom do Povo Galego (UPG), único partido e partido-guia da "frente patriótica":
O primeiro, o uso, como carta de apresentaçom nas suas redes sociais, a partir do massacre jihadista do HAMAS de 7 de outubro, dumha figura da Palestina em que Israel é apagado do mapa sob o lema "Liberdade para a Palestina"
> Foto de capa da UPG em X:
> Foto de capa da UPG no Facebook:
O segundo, o uso e abuso da bandeira palestiniana ligada a causas que nada têm a ver com o velho conflito árabe-israelita. Assim sendo, na sequência da crise dos pellets, durante a manifestaçom em defesa do mar de 21 de janeiro de 2024, a imagem divulgada nas redes sociais por parte dum membro do secretariado político da UPG e com a máxima responsabilidade comunicacional no BNG foi a de assistentes a hastearem bandeiras palestinianas.
📸 X (antes Twitter) |
A terceira, novamente a causa árabe da Palestina foi evocada através do uso e abuso da keffiyeh, o lenço associado ao movimento nacionalista palestiniano, tanto na cenografia do último Congresso da UPG, celebrado a 7 de julho, quanto no cartaz de apresentaçom do Festigal, o festival organizado pola organizaçom juvenil do BNG na véspera do Dia Nacional da Galiza:
> Congresso da UPG
📸 UPG em X |
> Cartaz do Festigal:
Como se nom bastasse, durante o ato político do Dia da Pátria Galega, mais umha vez a keffiyeh reapareceu no atril e como complemento das oradoras:
📸 Screenshots da emissom de YouTube |
São vários exemplos entre muitos outros que ilustram um fenómeno crescente: a dissoluçom da causa nacional galega, e dos seus símbolos, por parte dumha organizaçom alegadamente defensora da libertaçom nacional enquanto prioriza outros sectores e causas globais. A priorizaçom do eixo direita/esquerda (no quadro estatal/espanhol) em detrimento do conflito Galiza/Espanha é a primeira e mais grave deturpaçom, seguida polo sobredimensionamento de todos os tipos de elementos do wokismo. Mesmo os líderes da UPG/BNG ignoram deliberadamente o carácter nacional da luta da Ucrânia, de Israel e de Taiwan pola sua sobrevivência como nações. Polo contrário, defendem abertamente o imperialismo russo e a política neoczarista de Putin ou desconhecem a independência dos povos outrora submetidos à Sérvia na Jugoslávia (nomeadamente os casos de Kosovo e Montenegro).
Essa estratégia é contrária à criaçom da necessária consciência nacional que permita contar com umha base social e eleitoral sólida para construir umha Galiza independente e explica, por exemplo, que entre os meses de fevereiro e junho de 2024 o BNG tivesse recuado de 467.100 votos (31,6%) para 179.800 votos (16,1%). Nom por acaso, a tese política aprovada no XVI Congresso da UPG coloca o foco no eixo Galiza-Espanha face à “polarizaçom esquerda-dereita” na conjuntura estatal. Consoante esta reorientaçom, as teses apontam que “a radicalizaçom para a direita expresa-se em primeiro lugar en posições cada vez mais ultraespanholistas", bem como que nom há “qualquer tipo de rutura no bloco constitucional" espanhol a teor da "unidade básica" de PP-PSOE nas políticas de estado, concluindo que “na Galiza nom é possível fazer política transformadora sem ser em chave nacional”.
A aceitaçom acrítica e generalizada do palestinismo como um mito substituto da autodeterminaçom nacional da Galiza é a última e mais perversa auto-ilusom coletiva dumha Galiza impotente que é incapaz de se tornar independente, mas que despreza Israel para se defender. E, além disso, estéril e contraproducente, pois o palestinismo nom é recíproco, porque, nos momentos críticos, as “autoridades” do (nom)Estado são abertamente espanholistas e favoráveis à unidade de Espanha.
Mais ainda, o uso e abuso do lema palestiniano "do rio ao Mar" alicerçado na defesa dumha Palestina como "estado binacional, laico e democrático" é contrário à dialética que reivindica a constituiçom de estados independentes para as nações submetidas a estados multinacionais como o espanhol. Assim sendo, a questom nacional galega nom se resolve com a constituiçom dum estado espanhol binacional Galiza-Espanha hegemonizado demografica e politicamente pola naçom espanhola, mas com o establecimento dumha República Galega lado a lado com Espanha no quadro dumha Uniom Europeia federativa.
O que esta por trás do mote antissemita "do rio ao mar" é o desejo da derrota de Israel pola demográfica, tornando os Judeus umha minoria e dando cabo do único estado judeu existente. Ser-se antissionista é ser contra a existência de Israel como estado judeu e negligenciar o sionismo como movimento de autodeterminaçom do povo judeu.
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